quinta-feira, 12 de março de 2015

Angolanas - Eduardo Almeida Reis

Angolanas Será que um criminoso é suficientemente burro para guardar documentos e valores em casa, no escritório ou nos arquivos do computador?


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 12/03/2015




Um beijo casto entre dois cavalheiros, pouco mais que um selinho tão comum no Brasil de hoje, enfureceu a população de Angola. Foi numa novela produzida naquele país africano superiormente presidido nos últimos 37 anos pelo engenheiro José Eduardo dos Santos, pai da linda Isabel dos Santos, mulher mais rica da África. Os produtores da novela se desculparam e modificaram o roteiro. Em nossa tevê, comentaristas criticaram os preconceituosos telespectadores angolanos, de mesmo passo em que elogiaram o telespectador tupiniquim – na mesma semana em que renomados escritores brasileiros, em diversos textos, encheram páginas de jornais examinando, à luz da economia, da política e dos destinos da nacionalidade nada menos que a bunda de Paolla Oliveira.

O além-paraibano Zuenir Ventura, da Academia Brasileira de Letras, 83 anos, abundou nos elogios à bunda da atriz. Mas ficou devendo aos seus leitores uma informação basilar: a bunda de Paolla é ou não é Friboi?

Nada sei do traseiro de Caroline Paola Oliveira da Silva, paulistana de 32 anos, 1,70m de altura, que teve como companheiro Joaquim Lopes de 2009 até 2015. Só agora, no Google, vejo o rosto da bonita moça e me lembro de uma cena que assisti, rapazola, numa tarde em que fui ao Centro da cidade do Rio, então Capital Federal.

Na Avenida Rio Branco as pessoas paravam, assobiavam, comentavam, seguiam de perto uma jovem senhora. Motivo: estava de calça comprida no Centro do Rio. Calça que nada tinha de escandalosa, blusa idem, mas foi um escândalo. Indumentária que já era permitida em Copacabana, Ipanema e Leblon, mas inadmissível no Centro da cidade, o que me permite supor que dentro de alguns anos, 20 ou 30, a tevê angolana possa transmitir sem escândalos não um selinho inocente, mas beijos gays gulosos e demorados como aqueles que Bruno Chateaubriand e André Ramos deram no réveillon de 2014 festejando seus primeiros 15 anos de casamento.

Mandados


Morro de rir dos mandados de busca e apreensão nas casas e nos escritórios de suspeitos dos mais diversos crimes. Será que um criminoso é suficientemente burro para guardar documentos e valores em casa, no escritório ou nos arquivos do computador? Realmente alguns guardam, na certeza de sua impunidade, mas a maioria maloca o que deve ser malocado. Nada mais fácil do que ter uma casa e um escritório limpos de malfeitos e malfeitorias. E um computador, se necessário, tecnicamente camuflado de tal forma que sua identificação seja impossível para investigações normais. Como? Não sei e se soubesse não diria.

O que sei e o leitor também sabe é que no Brasil tudo termina em águas de bacalhau. O novo líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães, além de ser irmão do notório José Genoino Guimarães Neto, condenado no processo do mensalão, teve um assessor preso com 150 mil dólares na cueca. Em notas velhas de 100 dólares, um milhão pesa 13 quilos. Famoso construtor me disse que pesou o milhão antes de entregar ao subornado.

A julgar por essa informação, 150 mil dólares pesam mais que dois quilos e ocupam espaço, transformando o traseiro do assessor do deputado José numa bunda mais expressiva que a da senhora Valesca Popozuda, cantora, compositora, produtora musical e empresária nascida Valesca Reis Santos.

Concomitantemente, a Europa, a Otan, a ONU e os Estados Unidos se preocupavam com os 5 mil mortos em dois anos de guerra civil na Ucrânia. Grosso modo, a população daquele país, 45 milhões de pessoas, é a quarta parte da brasileira. Cinco mil mortos multiplicados por quatro dariam 20 mil em dois anos de guerra civil, blindados e soldados russos, separatistas ucranianos de língua russa, mísseis e o escambau.

No Brasil democrático, país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza, em dois anos têm sido anotados 112 mil homicídios. É mole ou alguém quer mais?

O mundo é uma bola

12 de março de 1514: dá entrada em Roma uma embaixada de obediência ao papa Leão X enviada por dom Manuel I, o Venturoso, rei de Portugal, repleta de presentes originais: elefantes, onças, rinocerontes e outros bichos. Em 1535, a pernambucana Olinda é elevada à categoria de vila. Dois anos depois, fundação de Recife, pertinho de lá. Entra ano, sai ano, um grupo de mineiros aluga casa em Olinda para passar o carnaval. É gostar muito da folia olindense.

Em 1572, publicação de Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões. Em 1894, o refrigerante Coca-Cola é vendido em garrafas pela primeira vez. Foi na cidade de Vicksburg, Mississippi ou Mississipi. Hoje, pertinho de BH e Alphaville, às margens da BR-040, a Coca-Cola está construindo imensa fábrica.

Em 1912, início da construção de Camberra, futura capital da Austrália. Em 1918, Moscou volta a ser a capital russa depois de 215 anos em São Petersburgo. Em 1994, a Igreja Anglicana ordena sua primeira sacerdotisa. Hoje é o Dia do Bibliotecário, profissão dificílima.

Ruminanças

“A preguiça anda tão devagar, que a pobreza facilmente a alcança” (Confúcio, 551-479 a.C.).