domingo, 4 de janeiro de 2015

Maçada - Eduardo Almeida Reis

Visando a enriquecer este belo suelto, fui ao Google procurar o significado de amor socrático. Encontrei 179 mil entradas e saí de lá sem entender absolutamente nada. Melhor assim


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 04/01/2015




Golpe dado com maço ou maça, maçada também significa, como regionalismo brasileiro, “situação embaraçosa, de conluio entre duas ou mais pessoas com vistas a enganar ou prejudicar outrem”. José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, que nasceu no Vilar de Maçada, Alijó, no dia 6 de setembro de 1957, é a fina flor do socialismo português e foi primeiro-ministro de Portugal de março de 2005 a junho de 2011. Está preso e ameaçado de passar alguns anos engaiolado.

Com ele, foram presos o motorista José Perna e mais dois sujeitos que não entraram na história como Pilatos no Credo, mas pela formação de quadrilha “com vistas a enganar ou prejudicar alguém”. Citado ora como José, ora como João ou Pedro Perna, o motorista de José Sócrates é apontado como o correio que levava de automóvel o dinheiro do patrão para Paris. Sendo socialista, só pode ser perna esquerda: foi apanhado em escutas e seguido durante meses. Creio desnecessário lembrar que o socialista José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa é amigo dileto do honoris causa Luiz Inácio Lula da Silva, que assinou o prefácio de um livro publicado pelo português.

Releva notar que o economista Antonio de Oliveira Salazar conduziu os destinos de Portugal durante várias décadas, num período dificílimo da história da Europa, e saiu do governo sem ter sido acusado de roubar um tostão, um único ceitil. Visando a enriquecer este belo suelto, fui ao Google procurar o significado de amor socrático. Encontrei 179 mil entradas e saí de lá sem entender absolutamente nada. Melhor assim.

Samsung

Vira e mexe o terrorismo internético nos mostra fotos de smartphones de última geração que entortam no bolso ou explodem quando expostos a temperaturas elevadas no porta-luvas de um carro. Também nos mostra fotos de celulares que salvaram as vidas de seus donos desviando balas de revólveres e noutras situações em que permitiram telefonemas salvadores de pessoas em situações de risco.

Escrevo na noite de uma quinta-feira em que fiz a besteira de comprar um Samsung baratinho, em 10 prestações, que deve ter sido lançado há quatro ou cinco anos e já é considerado “ultrapassado”, dois chips, liberado para todas as operadoras, aparelho ininteligível para maiores de 18 anos. Despedi-me do último Nokia comprado há dois anos, que funcionava como telefone celular, isto é, fazia e recebia chamadas. Com ele foi-se a paz do philosopho.

O Samsung ultrapassado faz coisas tão complicadas que o leitor sério nem pode imaginar e o novo proprietário, pela amostra, jamais aprenderá. Filma, exibe vídeos, baixa aplicativos, pega a internet, fotografa à perfeição e deve fazer selfies, que obviamente não farei porque sou cavalheiro seríssimo. Você não clica, não aperta nem preme: corre o dedo na tela. Como virtudes, tem um toque de chamada audível a uma légua e a voz do interlocutor chega no volume de um megafone berrado a cinco metros.

Disseram-me que na primeira noite deve carregar a bateria durante oito horas. Já está carregando. Se tocar enquanto o novo dono estiver dormindo, nem lhe posso dar um tiro porque preciso do chip para voltar ao Nokia que funcionava à maravilha.

Menino

O planeta ficou revoltado com a notícia de que policiais norte-americanos mataram um menino de 12 anos, que portava uma pistola de plástico. Menino negro, o que nos Estados Unidos pode significar mulato claro. O mulato Barack Obama, filho de mulher branca, é considerado negro, mesmo com o nariz mais fino que o meu e 100 vezes menor que o do peemedebista Paulo Skaf, paulista de família árabe.

Imagens das câmeras de segurança dos prédios próximos mostraram o “menino” à noite numa praça, nevando e chuviscando, metido numa porção de agasalhos contra o frio, apontando a tal pistola sem a faixa cor de laranja, que caracteriza as armas de brinquedo.

Ora, sem a faixa, a pistola é indistinguível da arma de verdade e um menino de 12 anos, à noite, metido naquelas roupas, também é indistinguível de um bandido quarentão. Duvido, outrossim, que desse para distinguir, naquela situação, um guineano de um norueguês. Os policiais ordenaram que o cidadão jogasse fora a arma e levantasse as mãos. O cidadão encapotado não obedeceu. Levou uns tiros e morreu no hospital. Paciência.

O mundo é uma bola


4 de janeiro de 1558: chegada de Mem de Sá ao Brasil. Epa, que todo dia escrevo sobre a chegada de Mem de Sá ao Brasil. Tudo bem, nada contra o irmão do poeta Sá de Miranda, mas sua chegada, do tanto que é citada na Wikipédia, ficou parecendo com o enterro do Roberto Gómez Bolaños no México.

Em 1721, foi editado o decreto que confirmava os estatutos da Academia Real de História Portuguesa, como se essa notícia interessasse a alguém que não seja acadêmico da Real, se é que ela ainda existe. Em 1950, a RCA Victor informou que começaria a produzir discos de longa duração, os LPs de vinil.

Ruminanças


“Com raras exceções, a imbecilidade dos letristas brasileiros neste século XXI vem fazendo de nossa música um castigo” (R. Manso Neto). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário