sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Licitação - Eduardo Almeida Reis

Se a autoridade que contrata a grande obra for honesta, obra sem licitação é mais barata. Deu para entender?


Estado de Minas: 23/01/2015 




Na rubrica administração, licitação é a escolha, por concorrência, de fornecedores de produtos ou serviços para órgãos públicos, de acordo com edital publicado previamente em jornais. Se os produtos são comuns, o processo funciona. Contudo, quando se trata de uma obra que só pode ser executada por empresa muito grande, uma poderosa empreiteira, a licitação é uma tolice.

Explico: são poucas as grandes empresas capazes de executar grandes obras. Nada mais fácil para elas, concorrentes sem que sejam inimigas, do que uma reunião discreta para combinar o negócio em que uma vírgula pode significar 100 milhões de dólares. Daí o paradoxo, que, sabemos todos, é uma contradição, é aparente falta de nexo ou de lógica: se a autoridade que contrata a grande obra for honesta, algo raro sem que seja impossível mesmo no Brasil, obra sem licitação é mais barata. Deu para entender?

Fantástico


Tudo bem, sei que ainda estamos em janeiro, mas você deve se acostumar com a ideia de que no próximo 25 de outubro vai celebrar um dia fantástico neste país grande e bobo. Um dia que desmente a maledicência midiática, quando acusa o Congresso Nacional de nada fazer a não ser malfeitos, de mesmo passo em que acusa a senhora Rousseff de não saber administrar esta República Federativa.

Refresco sua memória com a notícia de que no dia 25 de outubro de 304 morreu o papa Marcelino; em 625, foi a vez do papa Bonifácio V; em 1154, foi a óbito o rei Estêvão da Inglaterra; em 1359, esticou as reais canelas dona Beatriz, mulher do rei Afonso IV de Portugal, e, em 1400, o poeta inglês Geoffrey Chaucer. É chato ficar falando de mortes em 25 de outubro, por isso encerro a lista com o rei João II, de Portugal, em 1495.

Dia que é também de aniversário de diversos municípios brasileiros. Permito-me destacar os mineiros São João do Paraíso e Guanhães.

Na gelada Islândia, é o Dia da Fonte dos Desejos, e no Cazaquistão, país que existe, é o Dia da Proclamação da República, festejado por 17 milhões de cazaques ou cavaleiros das estepes descendentes de tribos nômades de origem turca e religião islâmica.

É o Dia de São Crispim. Como você deve estar lembrado, Crispim e Crispiniano eram irmãos romanos e se converteram ao cristianismo na adolescência. Sapateiros, eram populares e caridosos, pregando com ardor as solas dos sapatos e a fé que abraçaram. Fugiram para a França quando começou a perseguição aos cristãos.

Acabaram sendo alcançados na França, então chamada Gália, foram torturados para abandonar sua fé e acabaram, coitados, degolados. Crispiniano é festejado junto com o irmão como santos padroeiros dos sapateiros.

Até aí temos um dia parecido com os outros. É chegada a hora de comentar sua importância a partir de 2015, com a notícia que recebi pela internet nos seguintes termos: Lei nº 13.050, de 8 de dezembro de 2014, institui o dia 25 de outubro como Dia Nacional do Macarrão.

A presidenta da República faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Fica instituído o Dia Nacional do Macarrão, a ser celebrado em todo território nacional, anualmente, no dia 25 de outubro. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 8 de dezembro de 2014; 193º da Independência e 126º da República. Dilma Rousseff.

Durmam com esta os maledicentes que vivem falando mal do Congresso e da presidente reeleita. Na falta de um PIB decente e de uma inflação controlada, temos o dia do macarrão.

O mundo é uma bola

23 de janeiro de 1368 – Zhu Yuánzhang ascende ao trono da China como imperador Hongwu, dando início à Dinastia Ming, que governaria a China por quase 300 anos. E dizer que o leitor, bem como o seu philosopho, chegou a janeiro de 2015 jejuno em Dinastia Ming.

Já que o assunto é China, em 1556, um terremoto ocorreu nas províncias de Shaanxi, Shanxi e Henan matando cerca de 830 mil pessoas. Oitocentas e trinta mil! Foi o sismo que mais matou gente em toda a história.

Em 1637, João Maurício, conde de Nassau-Siegen, chega ao Recife.

Em 1769, decreto português que cria, em Pombal, uma fábrica de chapéus finos de propriedade régia.

Em 1808, o príncipe-regente dom João, futuro João VI, e toda a família real portuguesa desembarcam na Bahia.

Em 1918, beatificação de dom Nuno Álvares Pereira pelo papa Bento XV. Dom Nuno, como o leitor deve estar lembrado, foi o condestável (no século XIV, posto militar de maior graduação no exército de Portugal, abaixo apenas da suprema chefia do rei) que na Batalha de Aljubarrota, quando avisado de que os espanhóis haviam rompido uma das linhas portuguesas, respondeu: “Homens sem fé, deixem-me orar”). Terminando sua reza, tomou da espada pesadíssima e saiu matando espanhóis. Se Nuno andasse por aí, o craque Messi, mesmo nascido na Argentina, não escaparia das espadadas do santo.

Ruminanças

“Pois os políticos não amam, nem odeiam” (Dryden, 1631-1700). 

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