sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Eike e Márcio - Eduardo Almeida reis

Em rigor, nada tenho contra o Eike e acho que houve muita inveja do mineiro de Governador Valadares


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 16/01/2015




Numa livraria estive com o livro sobre o Eike nas mãos. Parece que foi bem escrito pela jornalista de Veja, mas são 600 páginas em letrinhas miúdas: não comprei. Em rigor, nada tenho contra o Eike e acho que houve muita inveja do mineiro de Governador Valadares. Tentou ficar bilionário, sonho de muita gente, casou-se com moça bonita e pobre depois de deixar no altar outra igualmente bela e bilionária, teve filhos bonitos, divorciou-se, parece que se casou de novo e lá vai tocando sua vida sem ter conseguido alcançar o topo dos que têm mil biliões. Se andou praticando estripulias e malfeitos, o problema é da Justiça, não meu.

Passo ao advogado Márcio Thomaz Bastos. Recebi diversos e-mails descendo o pau no finado. Não repassei nenhum. Pouca gente gostou menos do ex-ministro da Justiça do que o autor destas bem traçadas. Disse do advogado e do ministro, por escrito, quase tudo que achava, enquanto ele andou por aí. Morreu, fim de papo. Leio os e-mails que recebo, concordo com o que está escrito e os deleto sem repassar. São águas passadas. Os moinhos atuais estão sendo movidos por águas de reuso e de esgotos sem tratamento. Cuidemos delas e deles, que estão acabando de acabar com este pobre país.

Audiência

Decorridos sete anos de sua invenção, a TV do Lula, hoje administrada pela senhora Rousseff, ainda não emplacou. A constatação é de Nelson Hoineff, jornalista, produtor e diretor de televisão. Investindo mais de R$ 400 milhões no primeiro ano, a TV Brasil andou aos trancos e barrancos sem conseguir veicular sua imagem em São Paulo, construir uma programação inovadora e fazer jornalismo isento. Hoje, a EBC tem 2.300 funcionários, 48 equipes em três praças e mais recursos do que muitas redes privadas.

Ninguém fala da TV Brasil ou recomenda seus programas, entre os quais há uma novela angolana produzida pelo filho do presidente José Eduardo dos Santos, que está no poleiro de Angola há 37 anos. Novela falada no português de Portugal, em que os putos são os filhos, cacete é pão francês e pica é injeção.

Raros programas ficam acima de 0,5 ponto de audiência. O presidente da TV Rousseff foi assessor de imprensa do ex-ministro José Dirceu e secretário de imprensa do ex-presidente Lula. No Conselho Curador, 16 dos 22 conselheiros não tiveram passagens pela televisão. Até agora, a empresa consumiu R$ 4,5 bilhões de dinheiro público.

Sete anos de pastor Jacó serviu Labão de olho em Raquel. Labão, chefe arameu, em lugar de Raquel lhe deu a Lia, sua outra filha. A TV do Lula, hoje TV Rousseff, serve ao PT há sete anos, custa uma fortuna, foi inventada por um carismático que não lia e não consegue um ponto de audiência, mas dá de mamar a 2.300 funcionários. O país é grande, bobo e corrupto.
Progresso

Se ainda não tem, BH logo terá nas ruas um negócio chamado em inglês traffic calming, que já consta de um Manual de Medidas Moderadoras de Tráfego divulgado pela BHTrans, Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte.

Trocado em miúdos é um quebra-molas mais largo e mais educado, feito de material diferente do calçamento da pista, que visa a diminuir a velocidade dos veículos. Moro numa cidade mineira que tem diversos trecos desse gênero nas avenidas centrais, feitos de tijolinhos especiais para distinguir do asfalto normal. E já tem há vários anos. Acabo de visitar o dicionário do doutor Bill Gates para ver o plural de traffic calming, que não encontrei. Mas lá está: slowing of traffic - the use of obstructions such as speed bumps to force drivers to slow down, especially in residential areas. A julgar pela definição de Bill, um quebra-molas é um traffic calming e vice-versa.

Dia desses, depois de três horas num consultório médico, desci para tomar um táxi do outro lado da avenida principal aqui da cidade. Não havia sinal, semáforo, lamparina, farol: só um largo traffic calming e motoristas brasileiros. Sim, porque na Alemanha, sem farol, lamparina, semáforo ou sinal, se o pedestre põe o pé na pista os motoristas param. No Brasil, sei não.

O belo suelto que você acaba de ler veio a propósito de uma faixa de pedestres em xis, azul e branca, ideia japonesa copiada pelo prefeito paulistano Haddad. No Japão funciona, mas é a tal história: as ruas japonesas são limpíssimas. Compete ao leitor tirar as suas conclusões.

O mundo é uma bola


Em 16 de janeiro de 27 a.C. o senado romano vota a atribuição do cognome Augustus a Octávio; a partir de então, ele ficará conhecido como César Augusto e a data convenciona o início do Império Romano. No ano de 929, o emir Abd ar-Rahman III reclama o título de califa de Córdoba. Em 1391, Yusuf II se torna o 11º rei nasrida de Granada. Em 1547, Ivan, o Terrível, se proclama czar da Rússia. Como se vê, o 16 de janeiro é dia de muitas reivindicações.

Ruminanças

“O economista é um sujeito que, quando vê uma coisa funcionando na prática, pergunta se vai funcionar na teoria” (Walter Heller, 1915-1987).

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