quarta-feira, 6 de agosto de 2014

MARTHA MEDEIROS - Era uma vez Torres

Zero Hora 06/08/2014

Tenho acompanhado o debate em torno do novo plano diretor de Torres, cidade onde passei os melhores momentos da infância e adolescência, e que se mantém viva na minha memória afetiva. Até 2006, tinha apartamento na cidade, e ainda sonho em ter outro refúgio onde possa estar perto do mar, porém não mais lá.

Ao ler sobre a possível autorização para construir prédios de até 10 andares na orla, minha primeira reação foi ser contra. Concordei com quem é desfavorável à mudança da lei: haverá menos tempo de sol batendo na praia, descaracterização do cenário, menos ventilação natural etc. Mas, depois, com desânimo, refleti: a esta altura, que diferença faz?

Já viajei bastante e posso dizer que, em termos de belezas naturais, Torres é páreo para vários outros cartões-postais do planeta. As formações rochosas que se estendem da praia da Cal até a praia da Guarita, e as dunas logo atrás, produzem um efeito dramático espetacular. O mar pode não ser cristalino, mas compõe a cena dignamente. Seria um dos pontos turísticos mais valorizados do Brasil, não fosse todo o resto.

E o resto são ruas esburacas e desniveladas, cômoros que se amontoam calçadão adentro, pouca arborização, nenhum cinema, vida noturna precária, comércio idem (estou falando como turista, não como moradora, pois imagino que os moradores tenham reivindicações mais urgentes).

Ainda na visão de turista: surpreende que sejam os donos de bares e restaurantes os maiores apoiadores da urbanização vertical a fim de alavancarem seus negócios. Logo eles, que, salvo exceções, não investem em seus próprios estabelecimentos, ignorando questões como boa iluminação, boa música, aconchego, fachada decente. Torres parece ter esquecido noções básicas de bom gosto. Quer ser grande sem atentar para o quanto se tornou feia, desprezando sua vocação para ser um hot spot. Cidades feias não atraem visitantes, não geram comentários positivos, não viram destino de lua de mel.

Sei que não adianta ser nostálgica e querer que Torres volte a ser aquela charmosa praia familiar onde aconteciam os campeonatos de surf, as festas na sede da SAPT, os piqueniques em Itapeva, os jogos de vôlei nos amplos quintais das casas dos veranistas. Foi outro tempo, e não se pode deter o desenvolvimento, mas pode-se tentar preservar o espírito do lugar, crescendo ordenadamente e com foco: Torres não é um subúrbio qualquer, e sim um local diferenciado pelo seu recorte geográfico. Isso não deveria ter sido desconsiderado.

Mas foi. Torres perdeu o timing, cresceu demais sem elaborar um projeto para honrar a cidade privilegiada que era. Agora é difícil recuperar o potencial desperdiçado. Já que não vingou como merecia, talvez seja mesmo hora de um plano B – vá que funcione imitar Camboriú.

JK e a revolução sobre rodas - Mario Garnero

JK e a revolução sobre rodas
Mario Garnero
Estado de Minas: 06/08/2014


Tive o privilégio de ouvir do presidente Juscelino Kubitschek e do ministro Lúcio Meira, que criaram a indústria automobilística, uma fascinante história daquilo que representou o grande salto para a frente no desenvolvimento nacional. Histórias que demonstram como JK, ao criar os grupos de trabalho encarregados de cumprir as metas do seu plano, driblou a burocracia nacional, já desde o império consolidada, e encontrou homens do caráter e competência do almirante Lúcio Meira para chefiar o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia).

No planejamento de sua implantação, o caminhão seria o primeiro e primordial instrumento da penetração para as estradas que seriam abertas, ligando a futura capital Brasília a todos os mais remotos pontos do país. Depois viriam os automóveis e, por último, os tratores, tudo isso em quatro anos que, por fim, viram a caravana da integração nacional unir o país de ponta a ponta com carros e caminhões made in Brazil.

Dessa saga, da qual participaram todas as empresas que, na época, eram as maiores fabricantes mundiais de veículos, uma faltou. A Fiat, que, depois, se redimiria lançando o primeiro carro 100% movido a álcool, em julho de 1979. Houve antes um curioso episódio, na campanha presidencial JK 65, que eu coordenava em São Paulo. Organizei uma visita do presidente`a Fiat, em Turim.

Recebidos pelo presidente Vittorio Valetta, que havia reconstruído a empresa no pós-guerra, e por Gianni Agnelli, só então membro da diretoria, durante o almoço JK perguntou: “Presidente Valetta, por que apenas a Fiat, entre as mais importantes produtoras de veículos do mundo, não atendeu ao meu chamado para instalar-se no Brasil?”. E Valleta respondeu: “Presidente, a colônia italiana na Argentina era muito mais influente e forte que a brasileira e nos empurrou para lá”.

E se arrependimento matasse, anos depois Gianni Agnelli, já na condição de presidente da empresa, corrigiu o tiro investindo mais de um US$ 1 bilhão na construção de uma fábrica de veículos que se instalou, pela força política dos mineiros e com participação societária do governo estadual, na cidade de Betim. A fábrica da Fiat foi inaugurada em julho de 1976 e seu primeiro produto foi o compacto Fiat 147.

Coube a mim, em 1983, negociar com o então governador Tancredo Neves o acordo final que, permitindo a recompra das ações do governo pela Fiat contra o pagamento de créditos fiscais acumulados, poôde dar asas livres para a sua expansão vitoriosa no país, líder que é, atualmente, do concorrido mercado automobilístico brasileiro.

Lúcio Meira foi, por 10 anos, meu companheiro de diretoria no Grupo Monteiro Aranha, no Rio de Janeiro. Amável, discreto, decisivo e grande trabalhador, foi o primeiro chefe do Geia e o absoluto responsável pelo êxito da meta estabelecida por JK de dotar o país continente de meios de transportes modernos e eficientes.

Vencer a batalha de trazer as multinacionais para um país ainda carente de estradas, de energia, de aço, de mão de obra qualificada, de processos de produção e gestão foi um grande desafio. Desde a sua criação, por decreto, em junho de 1956, até o final do governo JK, em 1960, mais de 300 mil carros, camimhões e tratores foram produzidos a partir de um sonho tornado realidade.

Desse mesmo sonho desfrutei quando, indicado por Olavo de Souza Aranha e Joaquim Monteiro de Carvalho, que se associaram ao sonho desde o início, detendo participação societária de 20% do capital inicial da Volkwagen do Brasil, fui indicado, em 1970, para assumir a diretoria de relações industriais da VWB e, depois, por indicação de Rudolf Leiding, então presidente no Brasil e mais tarde presidente mundial da VW, assumi a presidência da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). E daí nasceu o carro a álcool.

TeVê

TV paga


Estado de Minas: 06/08/2014



 (Jorge Bispo/Divulgação)

Mistério


Estreia hoje, às 23h, no canal GNT, a série de ficção Animal, protagonizada por Edson Celulari e Cristiana Oliveira (foto). Celulari faz o papel de um biólogo que volta à sua cidade natal em busca da cura para sua rara doença, a teriantropia. Em momentos de crise, ele acredita ser um puma e se comporta como o animal. Cristiana Oliveira é a prefeita da cidadezinha, uma ex-delegada de polícia que ajuda o biólogo nessa procura que envolve seu passado. Em tempo: também hoje, às 20h, estreia a nova temporada de Chuva de arroz.

Confira as novas séries do Animal Planet e TLC

Novidade também no Animal Planet, que estreia, às 21h, a série Vida nos rios, acompanhando a rotina de quatro aventureiros que aliam práticas ancestrais e ferramentas modernas para, assim como seus antepassados, tirar seu sustento de rios em várias regiões do território americano, do Alasca ao Delta do Mississipi. No canal TLC, às 21h30, estreia Tatoo rescue, em que o especialista Joey Tattoo tenta salvar estúdios de tatuagem condenados à falência.

A Inusitada Superbanda dá show na TV e na web

Para quem está a fim de música, o canal Bis transmite ao vivo, na TV e na internet (canalbis.com.br), a partir das 21h, o show A inusitada superbanda, com astros do rock em uma apresentação inédita, com Bi Ribeiro e João Barone, dos Paralamas, dividindo a cena com Dado Villa-Lobos, Baby do Brasil, Pedro Baby, Frejat, Paulo Miklos, Evandro Mesquita, Andréa Coutinho e Liminha. No Arte 1, às 22h30, vai ao ar o documentário Nelson Freire: vida e obra, de João Moreira Salles.

Pedro Juan Gutiérrez dá  entrevista na TV Cultura


O escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez, autor da Trilogia suja de Havana, é o entrevistado de hoje do programa Entrelinhas, às 23h30, na Cultura. Ele fala sobre seu último romance, Nosso GG em Havana, que narra as aventuras do escritor britânico Graham Greene na capital cubana, em 1955, ao mergulhar no submundo de artistas pornô, travestis, mafiosos, agentes do FBI e da KGB. No canal Curta!, a dica são três filmes ambientados no circo e exibidos em sequência, a partir das 20h: O canto da lona, de Thiago Mendonça; O maior espetáculo da Terra, de Marcos Pimentel; e A mulher do atirador de facas, de Nilson Villas Boas.

Telecine exibe seleção  dos mestres do cinema

O Telecine Cult exibe este mês o especial Ao mestre com carinho, uma dobradinha de grandes nomes da sétima arte, começando hoje com Alfred Hitchcock (Janela indiscreta, às 19h55) e François Truffaut (O homem que amava as mulheres, às 22h). No Film&Arts, o destaque é A história de Stephen Hawking, às 22h. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: Meu passado me condena, no Telecine Premium; Procura-se um amigo para o fim do mundo, no Telecine Touch; Terapia de risco, na HBO; Celeste e Jesse para sempre, na HBO 2; Quem quer ser um milionário?, no MGM; Simplesmente complicado, no Studio Universal; A outra história americana, no TCM; e Entre os muros da escola, no Arte 1. Outras atrações da programação, todas às 22h30: O gângster, no Universal Channel; O dono da festa: a vez dos calouros, no FX; e London Boulevard – Crime e redenção, na TNT.


CARAS & BOCAS » Trilha rouba a cena
Simone Castro

Heloísa Périssé marca presença como a dona de casa submissa Beatriz em Boogie oogie (João Miguel Júnior/Globo)
Heloísa Périssé marca presença como a dona de casa submissa Beatriz em Boogie oogie

Os anos 70 voltaram! E Boogie oogie (Globo), que estreou anteontem, logo situou o telespectador. A substituta de Meu pedacinho de chão soltou de imediato a trilha que marcou a década – até no exagero de dois a três hits para duas cenas –, que cumpriu a missão de transportar o público para os anos 1978, devidamente anunciados com o registro feito em uma máquina de escrever. Era um dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo, realizada na Argentina. A Seleção venceu e a cidade do Rio de Janeiro estava em festa, sob chuva de papel picado.

O charme máximo do capítulo ficou por conta da trilha sonora, do figurino e da cenografia. Tudo muito bem cuidado e encaixadinho. A discoteca, que era o point da época, não faltou, tanto na abertura, que, ao contrário de outras novelas, apareceu logo no começo da narrativa – talvez por ser embalada pelo clássico That’s the way (I like it), do grupo KC & The Sunshine Band, e assim conseguiu aguçar a memória musical –, quanto em cena com uma festa que reuniu parte do elenco. A música foi a grande personagem. A protagonista Sandra (Ísis Valverde) foi logo colocando um LP para tocar, e Inês (Deborah Secco) comprou um de Pepeu Gomes para ofertar a um amigo.

O produtor musical Eduardo Queiroz explicou, no site da trama, que a trilha sonora teve o mesmo cuidado que outras áreas, como figurino e cenografia, para chegar o mais próximo possível do universo da década de 1970. “Foi uma preocupação do Ricardo (Waddington, diretor). Não tem nenhuma música que não seja dos anos 70 na trilha”, afirma. Além dos sucessos internacionais, que incluem Elton John, Marvin Gaye e Donna Summer, o telespectador também vai se deliciar com Tim Maia, Gal Costa, Rita Lee e Lady Zu. “Queríamos músicas que as pessoas reconhecessem imediatamente”, disse Queiroz. Não deu outra. Um revival e tanto!

A febre dançante começou em 1977, com o lançamento de Os embalos de sábado à noite, estrelado por John Travolta. Em 1978, foi ao ar a novela Dancin’days, de Gilberto Braga. A trama habita o imaginário popular e ganhou novos adeptos com a reprise atual no canal Viva (TV paga). Agora, na primeira trama solo do moçambicano Rui Vilhena, em termos de cenário, é claramente uma referência. Como a Frenetic Dancing Days, pilotada por Hélio (Reginaldo Faria), temos a Boogie Oogie, discoteca dirigida por Amaury, interpretado por Junno Andrade, namorado de Xuxa. Com os figurinos não foi diferente. Calça de cintura alta, jaquetas de couro, brilho intenso, óculos degradê, tudo moldado nos anos dançantes.

Também no site oficial da trama, a figurinista Marie Salles, de Boogie oogie, revela uma homenagem à amiga Marília Carneiro, figurinista de Dancin’days: “A Vitória (Bianca Bin) é uma homenagem a ela!”. Segundo Marie, “quando comecei a fazer a pesquisa, a Marília me explicou sobre a época e como foi na época da novela”. Ela pediu autorização à veterana para tomar emprestado algumas referências da novela de 78. Pedido aceito, está tudo lá. Daí que a primeira roupa usada por Vitória na boate é uma grata homenagem a Júlia Mattos, personagem de Sônia Braga, na cena emblemática de Dancin’days, mas limitada à calça, ao bustiê e ao casaco. Ainda quanto à caracterização, vale ressaltar a realidade crua, já que, segundo Marie e como foi visto, pouco se usa de maquiagem nos atores. “Queremos mostrar como era no dia a dia mesmo de 1978”, conta.

Como a trilha, o cenário também está perfeito. Pode ser que num olhar mais detalhado e exigente nos deparemos, ao longo da novela, com algo fora do lugar. Mas o primeiro capítulo registrou a época, com seu carros particulares, como os fuscas, táxis amarelos, máquina de escrever, crianças se divertindo com patins, orelhão, etc. O que se mostrou para lá de batida foi a trama. Vingança já é um prato que se come gelado de tanto que é utilizada nos folhetins. Toda novela tem a sua porção. Agora, a vingativa é Susana, vivida por Alessandra Negrini. Já o triângulo amoroso será formado por Sandra, Vitória e Rafael, de Marco Pigossi, o galã dos últimos tempos. Em comum: as moças foram trocadas na maternidade, por obra da vingativa ex-amante de Fernando (Marco Ricca), pai biológico de Sandra. Espera-se uma reviravolta significativa. Em se tratando de destaque, o voto vai para Beatriz, de Heloísa Périssé, que promete uma dona de casa daquelas bem típicas da época, inclusive sufocada por um marido mandão, o militar linha-dura Elísio (Daniel Dantas). No mais, entre no ritmo da música e divirta-se.


FIQUE POR DENTRO DAS
NOTÍCIAS NA ALTEROSA


Jornal da Alterosa – 2ª edição repassa as principais notícias do dia, atualizando o que se destacou em Minas Gerais e na capital. A apresentação é de Ana Cristina Pimenta.

VIVA
Algumas reprises de entrevistas no Programa do Jô (Globo), que se recupera de uma pneumonia, como o bate-papo com Ariano Suassuna e Ana Paula Arósio.

VAIA
Turma do Pânico na Band precisa se mancar que assediar pessoas, como fizeram com Luana Piovani, para forçar uma entrevista, é inadmissível. E não tem graça. 

Contato essencial‏

Contato essencial 

Não só o leite materno, alimento completo e fundamental para o desenvolvimento cognitivo e visual, faz bem. Movimentos do bebê para mamar no peito também trazem benefícios para a saúde bucal

Carolina Cotta
Estado de Minas: 06/08/2014


A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta: o leite materno é um alimento completo e deve ser exclusivo durante os primeiros seis meses de vida. O reforço do vínculo entre mãe e filho, a proteção contra infecções e a prevenção da mortalidade infantil são benefícios conhecidos do aleitamento materno. Mas nem todos sabem que a amamentação traz ganhos importantes também para a saúde bucal. Quando mama, o bebê desenvolve a capacidade de mastigar, deglutir, falar e respirar. Além disso, mamar no peito ajuda a posicionar os dentes, prevenindo uma desarmonia entre as arcadas dentárias e os distúrbios da fala.

Segundo Sylvia Lavinia Martini Ferreira, doutora em odontopediatria e vice-presidente da Associação Paulista de Odontopediatria, o ato de mamar exige da criança um enorme esforço muscular. Para sugar o leite, ela ajusta os lábios ao seio da mãe e mantém a respiração pelo nariz, contribuindo para o adequado crescimento dos maxilares, com espaço suficiente para a erupção dos dentes de leite. Ao avançar e retrair a mandíbula, o bebê exercita todo o sistema muscular, preparando a boca para a função mastigatória e respiratória. “Muitos odontopediatras consideram o aleitamento materno o primeiro aparelho ortodôntico”, explica.

Isso porque o ato de mamar estimula, direta ou indiretamente, o desenvolvimento da boca, evitando maloclusões e contribuindo para o equilíbrio da postura do bebê. Na ordenha do leite, o bebê trabalha a musculatura, fazendo com que os dentes cresçam. “O desenvolvimento crânio-facil é estimulado exatamente por esse esforço. Fora isso, o aleitamento materno consegue estimular uma respiração correta, que por sua vez ajuda no crescimento ósseo, diferente do que ocorre com os que respiram pela boca e pelo nariz. Quando mama, o bebê aprende a alternar mamada e respiração”, explica.

O aleitamento materno satisfaz, ainda, o reflexo de sucção no recém-nascido. Assim, o bebê fica menos propenso a adquirir hábitos nocivos como chupar o dedo ou a chupeta, considerados hábitos de sucção não nutritiva. “De acordo com estudos científicos, crianças que mamaram menos de seis meses têm sete vezes mais chances de chupar o dedo e a chupeta, além de morder objetos”, afirma Sylvia. Esse risco sobe para quase 10 vezes em crianças que tomaram mamadeira por mais de um ano, quando comparadas àquelas que nunca utilizaram essa forma de aleitamento.

Também odontopediatra, Luciana Quintão, de 37 anos, está amamentando Beatriz, de dois meses. Quando teve o primeiro filho, uma enfermeira, ainda no hospital, alertou que ela teria problemas por não ter o bico do seio muito definido. Mas nada disso aconteceu. Enquanto Beatriz mama, Luciana tenta observar se ocorre a vedação entre a boca e o seio, pois esse selamento é essencial. É esse movimento fisiológico, que não pode ser reproduzido nas mamadeiras, um dos diferenciais da amamentação materna. “Fora a troca de carinho, de cheiro, de olhar. A criança reconhece a mãe, mas também não acho que quem não mama no peito não tem esse vínculo”, defende.

Luciana, feliz por poder amamentar os filhos, defende que o limite de cada mãe seja respeitado. “Tenho uma amiga com depressão que não está dando conta. As pessoas têm um limite físico e emocional. É preciso acordar, colocar a criança no peito, esperar. Não é todo mundo que consegue. Eu vou tentar que minha filha se alimente exclusivamente de leite materno até os seis meses, mas se perceber que ela está com fome ou sem ganhar peso, farei a complementação. Existe muito tabu na amamentação, uma pressão muito grande, e muitas mulheres têm medo de um julgamento. Mas a mãe é uma pessoa com limites, antes de tudo”, defende.

Higienização Os minerais presentes no leite materno ajudam na formação do esmalte dos dentes, o que tem início ainda na vida intrauterina. Os defeitos nos esmaltes dos dentes, em geral, são mais prevalentes nas crianças que mamaram pouco tempo no seio materno. E a contribuição do leite materno chega até aos dentes permanentes que virão na sequência. “Ao nascer, eles aproveitam muitos dos nutrientes do leite materno, indiscutível do ponto de vista de benefícios. Ele tem a composição de cálcio e fosfato adequadas. Estudos mostraram que crianças que de uma população desnutrida da América Latina que foram aleitadas por mais de quatro meses tiveram menos defeitos nos esmaltes que aquelas que não tiveram amamentação materna”, alerta.

O surgimento de cáries também é mais comum em crianças que tomam mamadeira, do que as que se alimentam do leite materno. “Normalmente, as outras opções de leite são oferecidas ao bebê com adição de açúcar, tornando-o uma substância que favorece o surgimento da doença cárie”, explica. Mas para garantir a saúde bucal da criança não basta o aleitamento materno. As mães precisam ser orientadas a higienizar os dentes de seus filhos e fornecer a eles uma alimentação saudável. Para Sylvia Ferreira, dentes de leite saudáveis são fundamentais para o desenvolvimento satisfatório da mastigação e da fala. “Boa saúde na infância evita sofrimentos desnecessários causados pela dor, desconforto e longos tratamentos”, argumenta. 

Cérebro e visão fortalecidos‏

Cérebro e visão fortalecidos
Estado de Minas: 06/08/2014


Amamentar, como fizeram mães mineiras no último %u201CMamaço%u201D, na Praça da Liberdade, é fortalecer e prevenir doenças  ( Leandro Couri/EM/D.A Press)
Amamentar, como fizeram mães mineiras no último, na Praça da Liberdade, é fortalecer e prevenir doenças

Além de anticorpos, fatores imunomoduladores e anti-inflamatórios exclusivos, que não podem ser reproduzidos, o leite materno é fonte do ácido docosahexaenoico (DHA), um lipídio da série Ômega-3 que promove o desenvolvimento cognitivo e visual na infância, que perdura por toda a vida. O DHA do leite materno é frequentemente apontado como responsável pela relação causal entre aleitamento materno e QI (quociente de inteligência) mais alto. No entanto, os níveis de DHA presentes no leite materno dependem dos alimentos consumidos pela mãe.

O DHA representa cerca de 97% do Ômega-3 localizado no cérebro e 93% no olho. Por mais de uma década, cientistas de todo o mundo têm demonstrado os benefícios desse lipídio durante a gestação e amamentação, ressaltando a importância de fortalecer a suplementação de DHA a partir do último trimestre de gravidez, quando ocorre um crescimento importante do bebê, até os cinco primeiros anos de vida. Segundo o pediatra e nutrólogo Mário Cícero Falcão, para o bebê ter acesso à quantidade ideal do nutriente a mãe deve ingerir alimentos ricos em DHA na gravidez e na lactação.

Professor da Faculdade de Medicina da USP, Falcão explica que, durante a gravidez, o DHA tem efeitos positivos relacionados à prematuridade e baixo peso ao nascer. Em estudo feito na Universidade de Kansas (EUA), mulheres que receberam a suplementação de DHA tiveram gestação mais longa, bebês maiores e mais pesados. Também foi observada menor incidência de baixo peso e parto prematuro em comparação com o grupo que não recebeu o suplemento. “Isso é especialmente importante porque a prematuridade é a principal causa de mortalidade neonatal e morbidade neurológica”, diz.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo diário de 200 a 300mg de Ômega-3 do tipo DHA por dia, durante a gravidez, lactação e, para as crianças até os cinco anos, quando o cérebro atinge 85% do seu tamanho final. “É nessa fase que a alimentação, os estímulos e o carinho construirão as bases para um desempenho neurológico saudável que se refletirá por toda a vida,” explica Falcão, que defende ainda que mais fórmulas infantis, prescritas por médicos e nutricionistas quando a mãe não consegue amamentar, tenham, em sua composição o DHA em quantidades recomendadas por entidades reconhecidas internacionalmente.

“As fórmulas infantis, embora não possam substituir o leite materno em suas propriedades imunológicas, têm os nutrientes corretos para a nutrição do bebê. Já leite de vaca é contra-indicado para o consumo de crianças em fase de amamentação e não tem as características nutricionais adequadas para o desenvolvimento infantil,” comenta o médico. O aleitamento materno também apresenta benefícios, a longo prazo, na diminuição dos riscos de doenças crônicas decorrentes da alimentação inadequada, como obesidade e hipertensão.

Luta A Semana Mundial de Aleitamento Materno, comemorada até o dia 7, está sendo marcada por uma série de ações de conscientização e luta por direitos, caso da proposta de lei, que já tramita no congresso federal, que prevê proteção à mãe que amamenta em qualquer hora e em qualquer lugar. A semana começou com uma Hora do Mamaço, evento idealizado pela comunidade Aleitamento Materno Solidário para mobilizar e sensibilizar para a importância de amamentar. No sábado, em 25 cidades brasileiras, mães se reuniram para amamentar seus filhos em espaços públicos. Em Belo Horizonte, o movimento ocorreu na Praça da Liberdade.


Consumo de DHA

» A ingestão de duas porções de peixe marinho de águas profundas por semana, equivalente a 99 gramas, fornece um suprimento adequado de DHA. O nutriente é encontrado naturalmente em peixes gordurosos de águas salgadas e frias, como salmão, bacalhau, atum, arenque, sardinha, cavala e também nas algas, das quais esses peixes se alimentam.

» Para quem não tem acesso às fontes naturais de DHA, estão disponíveis suplementos com as quantidades ideais do nutriente.

» No Brasil, segundo dados do Ministério da Pesca, são consumidos 9kg de peixe por habitante. A quantidade está bem abaixo da recomendada pela Organização Mundial da Saúde, que é de 12 kg por habitante. Como se trata de uma média nacional, nos estados não banhados pelo mar o consumo é ainda mais baixo. 

Eduardo Almeida Reis-Televisivas‏

Televisivas 

Toda mulher séria deve sonhar com um marido robô, que não ronque, não emita ventosidades com estrépito e trabalhe 24 horas por dia para sustentar o lar realmente feliz 
 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 06/08/2014




Sou homem: não julgo alheio a mim nada do que é humano, disse Publius Terentius Afer na comédia Heautontimoroumenos, mas escreveu pelo menos outras cinco: Andria, Hecyra, Eunuchus, Phormio e Adelphoe. Como não nasceu em Contagem, MG, mas em Cartago, na Tunísia, e foi dramaturgo e poeta romano morrendo em 159 a.C., escreveu em latim: Homo sum: humani nihil a me alienum puto. Machado de Assis, carioca educadíssimo, nada menos que quatro vezes cita esse texto latino, mas temendo escandalizar os ignorantes com a grafia de uma palavras suscetível de ser mal interpretada, terminava: “...a me alienum, etc.”. Presumo que hoje, liderando a equipe que simplifica Machado sob os auspícios do Ministério da Cultura, a professora Patrícia Cresppo tenha adotado “...a me alienum gay”.

Isto posto, devo dizer que não julgo alheios a mim os anúncios de relógios publicados nas revistas semanais. Philosopho pontual, vivo consultando meu Festina comprado há dois anos por R$ 250. É discreto, bonito e funciona com a exatidão de um Patek Philippe moderno. Sim, porque o Patek antigo atrasava dois minutos por semana.

Meu Festina é a glória!, mas um tiquinho de consumismo, que não me prejudique as finanças, faz parte. Tanto assim que venho trazendo d’olho um Tommy Hilfiger anunciado por R$ 350 em 10 prestações de R$ 35. De aço inox, rivaliza em boniteza com o Festina. Compro de presente pelo meu aniversário.

Robótica

Ciência e técnica da concepção, construção e utilização de robôs, a robótica está revolucionando o planeta. O criador da palavra robô foi Karel Capek (1890-1938), escritor tcheco, autor de uma peça teatral intitulada R.U.R., iniciais de Rossum’s Universal Robots, contando a história de um cientista chamado Rossum criador de uma substância para construção de humanóides (robôs) obedientes para realizar todos os trabalhos físicos. A palavra Robot foi inspirada em robota, que em tcheco e noutras línguas eslavas pode significar trabalho compulsório ou escravo.

Peço ao caro e preclaro leitor que não conte isso aos senhores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego. Se informados, os fiscais sairão prendendo empresários que utilizam robôs trabalhando em condições análogas às da escravidão. Por falar neles, é tempo de adotar digitais naquela que chamam de condições análogas. Se possível, em full HD. Aí mesmo é que o trabalho escravo vai ficar chique.

O certo é que a robótica lá vai tomando conta do espaço laboral, reduzindo custos, aumentando a produtividade, evitando os problemas trabalhistas que infernizam as empresas. Toda mulher séria deve sonhar com um marido robô, que não ronque, não emita ventosidades com estrépito e trabalhe 24 horas por dia para sustentar o lar realmente feliz.

Mecanismos comandados por controles automáticos são muito complexos para o entendimento de um ex-produtor de leite. Por isso, peço licença para falar de outro engenho em que o brasileiro é mestre desde o tempo do padre Vieira (1608-1697), a roubótica, ciência e técnica da concepção, execução e utilização da roubalheira.

No Sermão do Bom Ladrão, referindo-se a uma lição de São Basílio, o padre Antônio Vieira, gênio lisboeta criado na Bahia, constatou: “Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, e espreitam os que se vão banhar, para lhes colher as roupas; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e as legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo; ou outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam”.

Se o leitor mudar, no sermão de Vieira, “os reis encomendam” para “os povos elegem”, terá o retrato do país que inventou, aperfeiçoou e não dispensa a roubótica. Tenho dito e philosophado.

O mundo é uma bola

6 de agosto: faltam 147 dias para acabar o ano e dois para uma das datas mais importantes da história. Em 1661, assinatura da Paz de Haia entre Portugal e a Holanda. Em 1813, após vencer a Batalha de Taguanes, Simón Bolivar entra em Caracas e recebe o título de Libertador. Em 1825, independência da Bolívia. Em 1890, William Kemmler foi executado numa cadeira elétrica, inaugurando esse método de execução. Kemmler matou a machadadas sua companheira Tillie Ziegler no dia 29 de março de 1889. Às 7 da matina do dia 6 de agosto de 1890, na prisão Auburn, estado de New York, depois de 17 segundos com um choque de mais de 1.000 volts voltou a respirar, tomou novo choque durante dois minutos e passou desta para a pior. Matasse Tillie Ziegler no Brasil, seria solto depois de uns seis anos de cadeia, quatro dos quais trabalhando como gerente de um restaurante ou na biblioteca de um escritório de advocacia.

Em 1966, inauguração da Ponte Salazar sobre o Rio Tejo, em Lisboa, atual Ponte 25 de abril. Hoje é feriado num monte de cidades brasileiras, por ordem e conta do Bom Jesus.

Ruminanças

“... As cousas árduas e lustrosas, / Se alcançam com trabalho e com fadiga”. (Camões, 1524-1580)

Parasita da leishmaniose deixa mosquito mais forte‏

Parasita da leishmaniose deixa mosquito mais forte
Cientistas do Brasil e do Reino Unido descobrem que a leishmânia faz com que o inseto reaja melhor à ação de micro-organismos ameaçadores, como bactérias, disseminando a doença

Vilhena Soares
Estado de Minas: 06/08/2014


Brasília – O mosquito Lutzomyia longipalpis, uma das espécies do inseto flebotomíneo, é um dos principais transmissores da leishmaniose visceral e tem sido alvo de várias pesquisas que buscam combater a doença. Uma das estratégias estudadas pelos pesquisadores é atacar a própria leishmânia — o protozoário causador da enfermidade passado aos humanos pelo inseto. Durante muito tempo, ele foi considerado um vilão para o mosquito. Mas um novo estudo feito em parceria com pesquisadores do Reino Unido e do Brasil mostra que essa tática pode ser ineficaz. Os cientistas realizaram um experimento que teve efeito contrário: ao ser contaminado pelo parasita, o animal se tornou ainda mais forte.

 No trabalho, os cientistas dividiram uma comunidade de Lutzomyia longipalpis em dois grupos. O primeiro foi alimentado com sangue infectado pela Leishmania mexicana. Algum tempo depois, os mosquitos receberam uma solução contendo a bactéria Serratia marcescens, principal micro-organismo causador de morte desses insetos. O segundo grupo recebeu apenas a solução com a bactéria.

Comparando os dados, os cientistas verificaram que, diante do micro-organismo letal, os insetos infectados pela leishmania tiveram uma taxa de sobrevivência cinco vezes maior: 56% contra apenas 11% no grupo sem a bactéria. “Antes, pensava-se que a leishmania poderia ser prejudicial aos insetos, mas, agora, vemos que ela serve como um protetor. Torna o mosquito mais forte frente a uma bactéria”, destaca Fernando Genta, pesquisador do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos do Instituto Oswaldo Cruz e um dos autores do artigo.

 Genta explica que os protozoários funcionam como um probiótico, por se instalarem dentro do estômago dos insetos. “Eles preenchem um espaço que não pode ser ocupado por outras substância e geram efeito benéfico à flora intestinal, contribuindo para um melhor funcionamento do organismo do mosquito”, explica. Antes, acreditava-se que o parasita comprometia a alimentação da fêmea do inseto e reduzia quantidade de ovos gerados por ela, prejudicando a disseminação da doença. “Com esses novos dados, vemos que essa teoria inicial não está correta”, destaca o pesquisador.

Para Marcelo Mendonça, infectologista do laboratório Exame, a importância do estudo do Instituto Oswaldo Cruz está no fato de descrever que a leishmania exerce um efeito imunoestimulante ao mosquito parasitado. “Ou seja, mosquitos infectados pelo protozoário morrerão menos de infecção bacteriana quando comparados aos não infectados”, destaca o especialista que não participou do estudo. Mendonça observa ainda que a adoção dessa prática pode facilitar a propagação do mosquito causador da leishmaniose.

Estratégia futura No experimento, os cientistas também notaram que os insetos infectados primeiro com as bactérias, ao serem expostos ao parasita da leishmaniose, não foram contaminados, uma informação que pode ser valiosa para estratégias futuras de combate à doença. “A infecção inicial pelas bactérias poderia proteger os animais de outro patógeno, nesse caso, a leishmania. Essa estratégia tem sido utilizadas para outras doenças, como a de Chagas, mas isso seria algo a ser desenvolvido a longo prazo”, explica Genta.

Vítor Márcio Ribeiro, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), aponta uma outra vantagem da intervenção. Ela pode tornar desnecessário o sacrifício de animais que têm a doença. “Em vez da morte de cachorros, seria eliminada a capacidade dos mosquitos de ter o vírus, evitando, assim, a evolução da doença.” A leishmaniose é transmitida tanto para o animal quanto para o homem por meio da picada do flebotomíneo.

O especialista também acredita que, futuramente, será possível controlar o contágio da enfermidade combatendo o parasita com técnicas voltadas à forma que os insetos reagem a substâncias específicas. “Temos trabalhos focados na análise do genoma desse mosquito que podem apontar como eles respondem a determinados elementos químicos e que serão de grande ajuda na elaboração de produtos de combate à doença”, exemplifica.

 Além dos pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/ Fiocruz), participaram do estudo cientistas da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Saiba mais
Avanço nas cidades
 A leishmaniose visceral é causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi. No Brasil, a principal espécie de inseto responsável pela transmissão dela é o mosquito Lutzomyia longipalpis. A doença foi considerada durante muito tempo rural, mas tem se expandindo para áreas urbanas, se tornando um problema de saúde pública. Tem como sintomas febre de longa duração, anemia e perda de peso. Se não for tratada, pode causar óbito em até 90% dos casos. No ambiente urbano, os cães são a principal fonte de infecção. Contaminado, o bicho emagrece, perde pelos e tem o crescimento comprometido. De acordo com o Ministério da Saúde, a leishmaniose visceral é endêmica em 76 países. No continente americano, está descrita em pelo menos 12 nações. Dos casos registrados na América Latina, 90% ocorrem no Brasil. A leishmaniose cutânea ou tegumentar não é contagiosa e também é transmitida por diversas espécies de protozoários do gênero leishmânia. Nesse formato, os sintomas provocados são úlceras na pele e feridas nas vias aéreas, como boca, garganta e nariz, que podem até desfigurar o rosto.  

Diário da Dilma

Edição 95 > _diário da Dilma > Agosto de 2014 - Revista Piauí
Diário da Dilma - Pode fechar o caixão e beijar a viúva


1º DE JULHO_Aécio Neves e Aloysio Nunes. Serra e Indio da Costa eram uma dupla mais divertida.
Depois da cerimônia de comemoração dos 500 mil barris diários do pré-sal, eu e a Gracinha saímos de fininho e entornamos dois barris de chope na Cinelândia. Somos da pá-virada, mano. #vidaloka.

2 DE JULHO_Mandei o Aldo dar o recado para o Felipão: não quero ver choro em campo. Se alguém ameaçar, é olhar feio e dizer “Engole!”. Aqui no Planalto não falha. Se não resolver, cascudo no intervalo. Só choro quando ouço aquela música do Taiguara, “É teu corpo amante, amigo, em minhas mãos...”. Assim mesmo depois de uma noitada de caipirinhas de maracujá.
Me mandaram até Vila Velha para entregar 496 unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida. Só em época de eleição a gente lembra que o Espírito Santo existe. Com a minha vida ninguém se preocupa.

3 DE JULHO_Ave, creme! Me livrei do Joaquim Barbosa. Mandei mamãe acender três velas na capela do Alvorada. Hoje vou rezar em latim. Libera nos, Domine!
Não sabia que a Jequiti revendia a Colônia Desodorante Feminina Adriane Galisteu. Mandei comprar uma dúzia.

4 DE JULHO_Brasil e Colômbia daqui a pouco, ninguém quer saber do batente. Pra mim esse jogo não tem a menor graça. Felipão pode escalar quem quiser: Paulinho, Fernandinho, Neymarzinho: ninguém supre a ausência do Luiz Gustavo. Aquele bigodinho bate um bolão. Achei muito injusto o cartão amarelo contra o Chile.

5 DE JULHO_Ando tão assoberbada com inaugurações de obras pelo país que resolvi dar uma incerta no meu gabinete. Não deu outra. Tinha mais espécimes do PMDB do que argentinos em Copacabana. Botei pra correr.

6 DE JULHO_“Cem homens podem formar um acampamento, mas é preciso uma mulher para se fazer um lar.” Sugeri esse provérbio chinês para o Franklin Martins colocar naqueles blogs dele.
Dei uma olhada nas notícias e vi que a Charlize Theron está com o Sean Penn... Que coisa selvagem! Parece que ela é burra, já disse que a capital da Turquia era Budapeste.

7 DE JULHO_Mandei uma junta de médicos cubanos para tratar essa vértebra do Neymar. Se der certo, estoy reelecta.

8 DE JULHO_Preparação a todo vapor para ver Brasil e Alemanha aqui em casa. É a volta do Luiz Gustavo! Mandei enfeitar o Nego com as cores da bandeira. Mamãe achou um pouco over. Ideli telefonou logo cedo, disse que vai trazer um cuscuz de quinoa e uma torta de alho-poró orgânico. Na dúvida, encomendei um sanduíche a metro e falei pra caprichar na batida. Que horas mesmo começa esse jogo?
Que que é isso!??? Onde foi que esses loirinhos aprenderam a fazer gol desse jeito??? Alguém pode me explicar??? No quatro a zero liguei para o Mercadante, a voz dele sumiu dentro do bigode. Já vi que vai sobrar pra mim! Nessas horas é que um homem faz falta.

9 DE JULHO_Misturei batida de kiwi com Amarula. Acordei numa ressaca braba. Quando dei por mim, estava no gabinete diante de um tal Arthur Chioro. Jesus do céu, será que me deram um Boa Noite, Cinderela? O garçom logo me disse que o homem era ministro da Saúde. Ufa!
Como assim, apagão? Será que o Felipão mandou uma indireta pra mim? A Gracinha diz que estou paranoica.

10 DE JULHO_Estou há três dias com um emplastro Sabiá no ombro. Tudo por causa da foto do “É tóis”. Tive que repetir dez vezes até acertar a pose. Deu nisso.

11 DE JULHO_Recebi aquela menina Lo Prete, da GloboNews, aqui na biblioteca. Que pele boa, fiquei boba, mas mantive a pose. O Thomas Trau... – não gosto nem de falar o sobrenome dele – veio me dizer que foi ela quem fez a entrevista do mensalão com o Roberto Jefferson. Virei meu bracelete de olho grego na direção dela. Quem não deve não teme.

12 DE JULHO_Levamos só três da Holanda, ufa! E que elegância do Van Persie na hora de bater o pênalti. Isso, sim, é centroavante. Já vi o gol que ele fez de peixão contra a Espanha umas duzentas vezes.
Estou pensando em convidar o Felipão pro Ministério da Pesca.

13 DE JULHO_Vi a final ao lado da Merkel, e no ti-ti-ti recomendei a Colônia Desodorante Feminina Adriane Galisteu. Ela a-m-o-u.
Na hora de entregar a taça, fiz uma associação mnemônica involuntária: será que entregarei também a faixa presidencial? Fechei o semblante e passei logo aquela batata quente.

14 DE JULHO_Vesti vermelho para receber o Putin. Passei a manhã tentando convencer o homem a anexar São Paulo. Pelo menos até o final das eleições.
Que luxo essa novela O Rebu. Parece coisa de Primeiro Mundo. Era o afago que faltava para lubrificar a autoestima do brasileiro.

15 DE JULHO_A gente traz Copa, Olimpíadas, Jornada Mundial da Juventude e a imprensa reclama que a sede do banco dos Brics ficou com a China. Que falta de assunto, meus filhos!
Coisa mais jeca esse pessoal criticando a Sandy por ter feito cesariana. E ainda enaltecem a Wanessa Camargo por ter tido parto normal. No meu governo, cada mulher tem o direito de parir como bem entender.

16 DE JULHO_Ou recorro a mais drenagem linfática ou então só me resta usar meia preta. Meu pé parece um pãozinho nas fotos.
17 DE JULHO_Temos de encarar os grandes problemas como banhos frios: entrar e sair rapidamente. Descobri que o presidente da China se chama Xi Jinping. Vou ter que prender o riso e falar o mínimo possível.

18 DE JULHO_Acabou a Copa e o chato do Lula voltou a me importunar. Quer que eu libere a Granja do Torto para ele jogar uma pelada. Só se ele levar o Van Persie. O Moreno que me perdoe.

19 DE JULHO_Garotinho, Crivella, Pezão e Lindberg disputando meu apoio no Rio. Preferia abraçar os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Voltei a tomar antidepressivo.

20 DE JULHO_Ainda bem que acabou esse carma chamado Em Família. Falei para o João Roberto: essa novela estava minando o otimismo da nova classe C.

21 DE JULHO_Fiquei morrendo de inveja desse aeroporto do Aécio. Como é que o Lula não pensou em fazer um igual aqui atrás do Alvorada?
Se disser o que eu penso sobre a prisão dos manifestantes no Rio, eu perco a eleição. Pode fechar o caixão e beijar a viúva.

22 DE JULHO_Gilbertinho acaba de me dizer que puseram o Dunga para dirigir a Seleção. Depois o povo reclama que sou muito centralizadora. Dei autonomia para a CBF e terminou nisso.  

24 DE JULHO_Viramos o capacho do mundo depois desse 7 x 1. Só pode. Primeiro, vem aquele inglesinho serelepe do Jamie Oliver criticar o nosso brigadeiro. Agora, Israel me aparece com essa de “anão diplomático”. O Amorim tomou as dores. Mandei ele segurar as tropas na Defesa até segunda ordem.

25 DE JULHO_Autorizei o Itamaraty a enviar meu recado final a Israel: “As grandes essências estão nos pequenos frascos.”

28 DE JULHO_Para perguntas diretas, respostas genéricas; para perguntas genéricas, respostas diretas. Menina, adorei essa dica do João Santana. Repeti cem vezes antes de dormir. Não é que funcionou que foi uma beleza na sabatina da Folha e do UOL. Segurei o zero a zero no tempo regulamentar e papei eles todos nos pênaltis. Vai que é tua, presidenta!
Aquele cavanhaque grisalho do Josias quase me tirou do sério. Parecia o Amigo da Onça. Vou sugerir ao Franklin. Só faltou mesmo uma alma feminina. Foi uma gafe diplomática isso de só colocarem jornalistos pra me entrevistar.