quinta-feira, 10 de julho de 2014

Impacto da derrota nas urnas deve ser nulo






 César Felício e Renata Batista | De Brasília e do Rio
A população brasileira se envolveu menos do que seria de se esperar na realização de uma Copa no próprio país e este é um dos fatores que pode levar a desclassificação para a Alemanha a não ter efeito político e eleitoral, segundo publicitários e cientistas políticos envolvidos com a eleição. "Ninguém vai acender velas no Maracanã", comentou André Torreta, que trabalha em campanhas em Sergipe e no Rio Grande do Sul. É uma alusão às romarias que alguns torcedores fizeram ao palco da derrota brasileira na Copa de 1950, mesmo tempos depois da vitória da seleção uruguaia.
"Não houve uma catarse porque, ao contrário da realidade de 64 anos atrás, o Brasil já encontrou diversas maneiras de autoafirmar-se, inclusive no futebol. Nossa relação com o torneio se aproximou da existente em outros países que sediaram a Copa nos últimos anos, como Itália, Alemanha e França", disse o sócio do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra. Para Torreta, o clima de descrédito em relação às obras de infraestrutura para receber a Copa, crescente entre as manifestações de junho do ano passado e o primeiro semestre deste ano, contribuiu para frear o entusiasmo popular.
Para Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, a goleada de 7 a 1 de anteontem tende a não ter consequências até mesmo dentro dos gramados. "Não existe divisor de águas. E nem aprendizado. Em termos históricos, considerando o retrospecto brasileiro, isso não é nada. Haverá muita discussão e a repetição dos mesmos erros", comentou o cientista político.
Segundo Almeida, a ausência de problemas de impacto na organização da competição impede que a oposição consiga algum dividendo. "Foi gerado um clima de que haveria discursos, houve uma torcida pelo fracasso. Como não houve problemas relevantes em relação à infraestrutura, a politização da Copa se deteve. O impacto na conjuntura eleitoral foi anulado", disse.
Tanto Almeida quanto Coimbra e Torreta afirmaram que a correlação entre o desempenho esportivo e o resultado eleitoral tende a ser nulo. "A emoção não sobrevive a uma distância de 90 dias do pleito. Outubro será um momento completamente diferente", disse Coimbra. "Hoje este é o assunto de todas as rodas, mas dizer que há um clima de luto é exagero. Como era exagero dizer que havia uma euforia, também é demasiado falar em comoção", comentou Torreta.
Segundo um publicitário próximo ao governo federal, a presidente Dilma Rousseff chegou a capitalizar a realização do torneio em função de um episódio inesperado: o insulto que recebeu de parte da plateia na abertura da Copa do Mundo, em São Paulo. De acordo com este especialista, Dilma foi bem sucedida em vitimizar-se ao ser alvo de palavrões. Mas a presidente teria se exposto de maneira excessiva nos últimos dias, ao demonstrar solidariedade com o atacante Neymar, que ficou fora do último jogo.
Com este movimento, a presidente teria demonstrado interesse em fazer uso político do evento, o que é rejeitado pela população, conforme teria ficado evidente em pesquisas qualitativas conduzidas pelo núcleo próximo ao Planalto. Com a derrota para a Alemanha, o efeito inicial benéfico provocado pela solidariedade à presidente na abertura do evento tende a se perder.
Na contramão da maioria de seus colegas, o sociólogo Fabio Gomes, da empresa de pesquisa Informa, do Rio de Janeiro, acredita que a presidente Dilma Rousseff poderá arcar com prejuízo eleitoral em função do impacto do placar de anteontem. Uma vitória brasileira na Copa do Mundo não teria o mesmo efeito. "O futebol é muito usado como mecanismo didático. A derrota pode trazer algumas reflexões sobre como as coisas no Brasil precisam de mudanças, tema salientado nas manifestações de junho de 2013", diz. Para Gomes, "o problema foi a dimensão que a partida ganhou com os sete gols", completa.
No Congresso Nacional, pouco frequentado na tarde de ontem, as avaliações foram divergentes: o líder do governista PDT na Câmara, Felix Mendonça Júnior (BA), disse que a goleada pode ter impacto negativo na candidatura da presidente Dilma Rousseff. "O humor das pessoas sempre afeta a política, e hoje todo mundo acordou de mau humor", disse. Já o líder do oposicionista PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), foi na direção oposta: "Não creio que o povo brasileiro misture as bolas. Futebol é futebol. A vida de todos nós tem outros componentes", afirmou. "O povo brasileiro sabe que, acabou a Copa, vai pisar o chão da realidade do país e ter que viver seus problemas". (Colaboraram Raphael di Cunto e Vandson Lima)


 Valor Econômico.

Leia mais em:
http://www.valor.com.br/eleicoes2014/3609102/impacto-da-derrota-nas-urnas-deve-ser-nulo#ixzz375of82dM

MARTHA MEDEIROS - Homens

Zero Hora - 09/07/2014

Mulheres, não reclamem. Nunca se viu tanto homem, ao menos na tevê. Viva a Copa, que deixará saudades. Mas quem quiser se aprofundar um pouquinho no mundo masculino, troque a tevê pelo cinema, a fim de assistir ao filme espanhol O que os Homens Falam. Nele, cinco esquetes expõem as crises de meia-idade dos nossos queridos. A presença do argentino Ricardo Darín é a cereja do bolo, mas os demais atores são excepcionais também.

Divertido, inteligente e enternecedor. Quando cheguei em casa, ainda trazia um sorriso no rosto, tal é a leveza desse filme que desmistifica o macho alfa, revelando os homens como realmente são: falíveis, infantis e doces, até mesmo os cafajestes. Até eles.

A luta feminina pela conquista de direitos é legítima e necessária, mas criou uma atmosfera de campo de guerra – o homem passou a ser visto como o predador que deve ser combatido, o responsável por todas as infelicidades que nos atormentam. Se são, é porque damos a eles o protagonismo de nossas histórias românticas e eles acabam se transformando em inimigos íntimos, mas culpa, culpa mesmo, ninguém tem de nada. Tanto eles como nós somos igualmente cerebrais e emotivos. O que nos difere, talvez, seja o humor, que é a maneira como externamos nosso ponto de vista sobre o que acontece.

E aqui entro em campo minado, prestes a receber uma saraivada de insultos das minhas parceiras de gênero: considero o humor masculino mais interessante. Há quem diga inclusive que não existe humor feminino – quando ele funciona, é porque é masculino também. Pode ser. A mulher recorre à caricatura e ao exagero para tornar-se engraçada – somos as rainhas do drama, como se sabe. Já o humor masculino é reflexo de uma observação realista – eles extraem graça do inevitável, e isso me parece extremamente comovedor.

Homens riem de si próprios com economia, sem excessos. Puro charme. É isso que encanta nos personagens de O que os Homens Falam. Não são inflamáveis, e sim discretos, falam com poucas palavras, e também através de gestos e olhares sutis. O humor deles seduz (ao menos a mim) porque não é cênico, teatral, e mesmo quando existe a intenção de fazer rir, o fazem sem alarde – Woody Allen e Luis Fernando Verissimo têm isso em comum, para exemplificar. É um humor que não sei como adjetivar de outra forma, a não ser dizendo o óbvio, que é um humor masculino no que o homem tem de melhor: a desafetação.

Do cinema realista para uma tragédia grega contemporânea: a peça A Vertigem dos Animais antes do Abate, mais um projeto liderado por Luciano Alabarse, fica em cartaz no Theatro São Pedro de amanhã até domingo. A nossa bestialidade primitiva em cima do palco, a nu, com elenco, direção e música de primeira. Para adultos de estômagos fortes – masculinos ou femininos.

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 10/07/2014

 (Discovery/Divulgação )

Donas de casa


Alison Victoria (foto) e Candice Olson estão de volta com muitas novidades no Discovery Home & Health. Às 19h50, vai ao ar a série inédita Reforma-relâmpago – Cozinhas, seguida da terceira temporada de Ao estilo de Candice, às 20h15. As duas apresentadoras têm em comum a combinação entre perfil analítico e disposição para colocar a mão na massa. Elas não só sugerem soluções inteligentes para remodelar espaços – incluindo dicas que podem ser aplicadas pelos telespectadores –, como também participam de todas as etapas da execução dos projetos.

Quem dá mais? emplaca
outro ano no canal A&E


No canal A&E, às 22h30, estreia a quinta temporada de Quem dá mais?, aquele programa em que comerciantes oportunistas procuram por algo de valor em depósitos abandonados ou guarda-móveis confiscados por falta de pagamento. O grupo de rastreadores que estrela o programa vai atrás de leilões de depósitos em busca de tesouros cobiçados por colecionadores, que pagam somas inimagináveis de dinheiro por esses itens.

Documentários e curtas
dominam programação


A paixão pelo futebol é tema de três documentários em curta-metragem que estreiam no SescTV: Futebol é pai, com direção de Lina Chamie; Comercial F.C. – A equipe fantasma, de Ugo Giorgetti, e O poeta americano, de Lírio Ferreira. No canal Futura, A noiva de São João, de Priscila Midori e Victor Marcello, é a atração do Sala de notícias, às 14h35. Já às 22h, no mesmo Futura, estreia a nova temporada de Mundo.doc, com o filme Basquiat, de Jean Michel Vecchiet. No canal Curta!, o destaque é o documentário Só dez por cento é mentira, de Pedro Cezar, às 21h30.

Aventureiros exploram
as cavernas do Peruaçu


No episódio de hoje de Grutas e cavernas, às 22h, no canal Off, Rodrigo Thomé e Rodrigo Figueiredo partem em direção à Gruta do Tatu, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no Norte de Minas, no município de Itacarambi. A trilha é longa e no fundo da gruta tem um tronco no meio do caminho. Eles passam por uma área em que Figueiredo tenta uma pequena escalada por uma nascente. Dentro da gruta, bem maior do que o nome sugere, eles encontram um ponto de observação ótimo para tirar uma foto do alto.

Pacote de cinema vai do
humor à ficção científica


Outra produção brasileira, o longa Mutum, de Sandra Kogut, é atração do canal Arte 1, às 22h. No mesmo horário, o assinante tem mais oito boas opções: Elysium, na HBO 2; Amor pleno, no Max; A casa dos horrores, no MGM; Música e lágrimas, na Cultura; O operário, no Glitz; Todo mundo em pânico 5, no Telecine Premium; O casamento do ano, no Telecine Pipoca; e Melinda e Melinda, no Telecine Cult. Outras atrações da programação: Padre, às 22h30, no FX; A última bala, também às 22h30, no Space; e O procurado, às 22h35, no Megapix.




CARAS & BOCAS » Conflitos à vista
Simone Castro

Juliana (Bruna Linzmeyer) quer se casar com o capataz, mas teme ter que morar com a sogra   (Globo/Divulgação-21/3/14)
Juliana (Bruna Linzmeyer) quer se casar com o capataz, mas teme ter que morar com a sogra

Em Meu pedacinho de chão (Globo), Zelão (Irandhir Santos) está prestes a realizar um sonho: casar-se com a professorinha. Juliana (Bruna Linzmeyer) é pura animação com a ideia e não esconde a euforia de ninguém. Mas, de acordo com o site oficial da trama, na casa de Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi) a primeira a ir contra a união é Gina (Paula Barbosa). Acreditando que os dois não combinam em nada, ela tenta alertar a amiga: “Se ocê me permite, eu acho que é um pouco cedo demais pra ocê ficá falando em se casá com ele. Isso não tem nenhum cabimento, como falô a minha mãe”, diz a moça. A professorinha não gosta das críticas e diz que andou conversando com o capanga sobre o assunto. E admite que tem um problemão pela frente. “Quem casa quer casa, não é mesmo? Pois começa por aí, o Zelão não tem casa onde possa me levar e, além do mais, na casa onde ele mora agora vai ser simplesmente impossível.” Gina não entende, mas Juliana explica o motivo para não querer morar na casa do amado. “Porque eu mal conheço a mãe dele e já não gosto daquela mulher!”, confessa, prevendo conflitos com Mãe Benta (Teuda Bara), que nunca viu com bons olhos o amor do filho pela professora.

MOTORISTAS TEMEM PASSAR
PERTO DO VIADUTO QUE CAIU


Confira no Jornal da Alterosa – 1ª edição desta quinta-feira: reportagem mostra que os motoristas estão com medo de passar pela avenida onde um viaduto caiu matando duas pessoas, em Belo Horizonte. A previsão é de que a Avenida Pedro I seja liberada no sábado. Mas, quem passa pelo local está apreensivo. O Jornal da Alterosa – 1ª edição vai ao ar logo depois do Alterosa esporte.

EM FAMÍLIA VAI TER MUITO
MOVIMENTO NA RETA FINAL


Juliana (Vanessa Gerbelli) e Nando (Leonardo Medeiros) devem voltar a viver juntos, depois que ficar provado que Bia (Bruna Faria) é mesmo filha do advogado. Já Jairo (Marcello Melo Jr.), inconformado com a traição da ex, Gorete (Carol Macedo), viverá dias turbulentos. Até acabar mal. Especula-se que ele morrerá depois da explosão de um botijão de gás que transportava em sua moto. Esse é um dos desfechos de Em família (Globo), que está na reta final. Outro drama dá conta de que Luiza (Bruna Marquezine), como sua mãe, Helena (Júlia Lemmertz), há 20 anos, também ficará presa no fundo de um lago, com Shirley (Viviane Pasmanter) observando seu sofrimento de longe, assim como fez com a rival na adolescência. A loira má não moverá uma palha para salvar a noiva de Laerte (Gabriel Braga Nunes).

FINAL DE AVENIDA BRASIL
FEZ SUCESSO NA ARGENTINA


O último capítulo de Avenida Brasil, exibido na segunda-feira na Argentina, teve quase o dobro da audiência do principal programa de TV do país. Exibido pela Telefé, a produção da Globo registrou 28,2 pontos, contra 15,7 conquistados pelo ShowMatch, versão de Dança dos famosos, do canal Trece. Foi a maior liderança da novela sobre o ex-líder de audiência. Na média, a trama de João Emanuel Carneiro, com Adriana Esteves, Débora Falabella e Murilo Benício nos papéis principais, registrou 27,1 pontos, segundo dados consolidados do Ibope. Cada ponto equivale a cerca de 96 mil telespectadores na Grande Buenos Aires, ou seja, mais de 2,7 milhões de argentinos curtiram as últimas emoções da famosa novela.

SONY CONFIRMA O REALITY
MUSICAL THE X FACTOR UK


O The X Factor UK, versão inglesa do reality show musical criado por Simon Cowell, já tem lugar garantido na grade do canal Sony (TV paga). A emissora atende aos muitos pedidos que recebeu via redes sociais. A atração, que reproduz o formato do badalado American Idol, é a primeira versão a ir ao ar no mundo. Nesta temporada, estão no júri Simon Cowell, Louis Walsh, a ex-Spice Girl Mel B e Cheryl Cole, cantora pop de grande sucesso na Europa.

ÚLTIMA TEMPORADA

A atriz Naya Rivera está confirmada na sexta e última temporada de Glee. Mas, de acordo com o site TV Line, sua participação na comédia será reduzida e a aparição será em poucos episódios. A própria atriz teria solicitado isso aos produtores do seriado, alegando motivos pessoais. Boatos davam conta de que um dos motivos seria uma briga entre ela e Lea Michele, protagonista da atração, o que foi negado por ambas. Naya Rivera interpreta Santana Lopez, parte do trio de torcida. A personagem se assumiu lésbica. No Brasil, Glee é exibida pela Fox (TV paga).

VIVA
Herval, personagem de Ricardo Tozzi em Geração Brasil (Globo): merece espaço maior na trama.

VAIA
Marasmo da trama de Geração Brasil, que perdeu o pique que tinha durante o reality da Marra. 

Genes ajudam a diferenciar o eczema da psoríase‏

DERMATOLOGIA » Genes ajudam a diferenciar o eczema da psoríase
Estado de Minas: 10/07/2014


A edição de hoje da revista Science Translational Medicine traz também novas informações sobre psoríase e eczema. Estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Munique, na Alemanha, revela que é possível diferenciar entre as duas doenças tendo como base a expressão de apenas dois genes. Algumas formas das enfermidades são tão semelhantes que há uma dificuldade de diagnóstico até entre os clínicos especializados. A identificação correta do problema é importante porque as terapias para cada uma delas, além de específicas, são caras.

Em nível molecular, as duas doenças inflamatórias crônicas de pele têm características pouco conhecidas por cientistas. Em busca de respostas mais sólidas, Maria Quaranta e colegas compararam as marcas moleculares de 24 pacientes com eczema e psoríase. A análise de ambas as condições envolveu principalmente componentes genéticos do sistema imunológico e epidérmico de cada voluntário.

Os autores consideraram dois genes, o NOS2 e o CCL27, para distinguir formas gerais de psoríase e eczema. Essas estruturas foram escolhidas por mostrar uma diversidade forte entre psoríase e eczema em todos os pacientes investigados e se opor em termos de regulação da pele. Os resultados iniciais desse método sugerem que ele pode ser mais eficiente do que as técnicas-padrão como avaliação clínica e histológica.

A partir do perfil genético de cada voluntário, os autores demonstraram que, ao contrário do eczema, a psoríase se assemelha largamente a uma reação de cicatrização da ferida, com uma superativação das respostas imunitárias na camada superior da pele. Essa é a razão do surgimento de placas escamosas sob a pele. Já o eczema é caracterizado por outros subtipos de células imunitárias que prejudicam a barreira epidérmica e a resposta imune na pele. Consequentemente, as reações cutâneas do eczema são quase sempre infestadas por bactérias, fungos ou vírus, que agravam a inflamação.

Tomados em conjunto, os resultados mostram que é possível desmembrar essas duas condições da pele a partir da análise genética de cada paciente. Os resultados, acreditam os pesquisadores, definem o cenário para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas baseadas nas diferentes assinaturas moleculares de psoríase e eczema.

Descoberto o esconderijo do causador da malária‏

Descoberto o esconderijo do causador da malária Cientistas dos EUA identificam o local na medula óssea onde o protozoário se esconde até ficar maduro o suficiente para dar continuidade à infecção

Isabela de Oliveira
Estado de Minas: 10/07/2014


O protozoário Plasmodium falciparum causa a forma mais grave da malária, uma doença que mata 1 milhão de pessoas a cada ano e custa pelo menos US$ 12 bilhões aos governos dos países afetados. Conhecer como o micro-organismo se reproduz dentro do corpo humano e do Anopheles gambienses, mosquito transmissor da enfermidade, é fundamental para o desenvolvimento de tratamentos mais eficientes. Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriram um aspecto crucial do ciclo de reprodução do parasita, uma questão aberta há 100 anos e para qual os cientistas ainda não têm muitas respostas.

O novo estudo, publicado hoje na revista Science Translational Medicine, confirma que os patógenos causadores da malária têm a capacidade de se esconder dentro da medula óssea da pessoa infectada para escapar do sistema imunológico dela. Estudos anteriores já haviam apontado para essa direção. Entretanto, a equipe liderada por Regina Joice sugere que, nesse processo, os micro-organismos usam uma alternativa de defesa e ataque.

Reginaapresentou evidências de que alguns parasitas na forma sexuada (macho e fêmea) do Plasmodium, etapa em que são chamados de gametócitos, se desenvolvem no sistema que produz as células do sangue, na medula óssea humana. Esses, entretanto, são imaturos e não têm capacidade de atacar o sistema sanguíneo. Por isso, permanecem nos tecidos do corpo até oito dias, tempo necessário para atingir a maturidade e recomeçar o ciclo de infecção.

O conhecimento sobre os mecanismos que permitem essa evolução, entretanto, é limitado. Os cientistas supunham, por exemplo, que a circulação e o desenvolvimento dos parasitas no corpo humano se restringiam ao sistema intravascular, isto é, ocorriam apenas dentro dos vasos sanguíneos. O raciocínio tem base no fato de esses parasitas se ligarem e atacarem justamente os glóbulos vermelhos, destruindo-os.

Agora, Regina Joice e colegas acrescentam uma informação nova a esse processo: a diferenciação de parasitas imaturos para maduros ocorre também fora do sistema circulatório da medula óssea, uma estratégia para evitar o ataque dos anticorpos. “Esse achado sugere que novos mecanismos podem estar envolvidos na diferenciação desse estágio de transmissão e que o sistema hematopoiético (que ocorre na medula óssea e produz os glóbulos vermelhos) pode ser um dos principais locais de formação, desenvolvimento e maturação das fases de transmissão da malária”, sugere Matthias Marti, coautor sênior do estudo.

Os pesquisadores ainda não sabem ao certo como esse processo ocorre. Mas sugerem que os gametócitos sejam retidos na região extravascular depois de se ligar com células precursoras dos glóbulos vermelhos, os eritroblastos. Eles se associam a um macrófago – estrutura do sistema imunológico produzida na medula, que “come” os corpos estranhos que entram no organismo – e formam as ilhas eritroblásticas. É possível que elas sejam atacadas pelos invasores, que são “mais duros” do que os encontrados em outros tecidos, dificultando mais ainda a ação dos macrófagos.

Em outros órgãos A ideia de que os gametócitos do Plasmodium se esquivam do sistema imune se escondendo dentro do osso – a medula óssea, também chamada de tutano, é um tecido gelatinoso que fica no interior da cavidade interna de vários ossos – surgiu em 1900, quando as primeiras suspeitas sobre o mecanismo apareceram. O local exato e como o processo ocorre, contudo, não tinham sido esclarecidos. Estudos recentes, como o de Joice, têm lançado luz sobre o assunto.

Em 2012, Eric Farfour e Pierre Buffet, do Hospital de Paris, também demonstraram que os gametócitos se escondem no sistema extravascular da medula óssea, e levantaram a hipótese de que o mesmo pode ocorrer em outros órgãos. Eles utilizaram tecidos coletados de um osso retirado de um paciente do sexo masculino de 42 anos, e também encontraram gametócitos imaturos nele. Os pesquisadores acreditam que esse indício proporciona uma explicação plausível para o fato de não serem encontradas formas sexuais imaturas do Plasmodium circulando no sangue.

“Os espaços extravasculares podem proporcionar um melhor nicho para a sobrevivência prolongada do que o interior dos pequenos vasos. Drogas que modifiquem essa característica influenciam a capacidade do parasita de cruzar barreiras. Essa observação destaca um aspecto singular dos gametócitos de Plasmodium e tem o potencial de gerar uma melhor compreensão desses mecanismos. Em última análise, podem auxiliar no progresso de erradicação da malária”, ressaltaram os autores no estudo publicado na revista especializada Malaria Journal.

O infectologista Alberto Chebabo acredita que estudos como esses abrem as portas para a busca por novos procedimentos terapêuticos. Entretanto, segundo ele, os resultados têm mais impacto nas pesquisas acadêmicas do que no dia a dia dos médicos que trabalham diretamente combatendo a malária.

“Esses pesquisadores sugerem nova forma de ligação do parasita, e essa é uma área que pode ajudar muito as pesquisas voltadas para o desenvolvimento de medicamentos. Mas ainda não podemos falar em alterações na prática clínica”, pontua o também professor e médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Bilhões de ameaçados

A cada ano, 1 milhão de crianças que vivem na África Subsaariana têm malária, doença que ameaça a vida de 3,4 bilhões de pessoas no mundo. O perigo que a enfermidade oferece – 1,2 bilhão de pessoas vivem em regiões do planeta consideradas de alto risco de contaminação – tem exigido trabalho árduo de cientistas na busca por uma solução capaz de combatê-la. Há 100 candidatos a vacina. Entretanto, 60% das pesquisas investigam apenas quatro antígenos contra o Plasmodium, parasita causador da doença. 

Tumor ocular: raro, mas letal‏

Tumor ocular: raro, mas letal
Prevenção se faz com a redução da exposição dos olhos aos raios solares 
 
Charles Pádua
Oncologista, diretor do Cetus-hospital dia, especializado em medicina oncológica
Estado de Minas: 10/07/2014


A medicina comemora hoje, o Dia da Saúde Ocular e vale enfocar o melanoma ocular, que é considerado um dos cânceres de olho mais raros e letais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a doença tem uma incidência anual baixa, de aproximadamente seis casos para cada 1 milhão de habitantes, mas é o tumor intraocular mais comum e o mais frequente em indivíduos com idade média de 55 anos. Esse tipo de neoplasia desenvolve-se nos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção da melanina ocular. O melanoma ocular é mais raro do que o de pele e se comporta de forma bastante diferente. A doença pode se desenvolver tanto na úvea, que é a porção interna do globo ocular que se compõe da íris, do corpo ciliar e da coroide, como na conjuntiva, membrana que recobre a parte branca do olho e a superfície interna das pálpebras. Normalmente, é assintomático, mas pode se manifestar com a diminuição da visão associada ao descolamento da retina ou, quando ele é muito grande, produzindo uma sombra na visão.

Segundo a Ocular Melanoma Foundation, cerca de 50% dos casos registram a propagação de células malignas a outros órgãos e podem levar o paciente à morte. Mas, se for diagnosticado nos estágios iniciais, o melanoma ocular não é propenso a se espalhar para o fígado ou para qualquer outro órgão. O tamanho do tumor é geralmente o preditor mais preciso de uma metástase futura. Ou seja, quanto maior o tumor for ao ser detectado, maior a chance de ele afetar outras partes além do olho. Sua ocorrência se dá devido a erros em nível do ácido desoxirribonucleico (DNA) das células, que fazem com que elas se multipliquem e cresçam descontroladamente. A neoplasia também é mais comum em indivíduos afetados pela síndrome do nervo displásico, que são lesões disformes, em vários tons, e que crescem com rapidez por todo o corpo. Existem evidências de que pessoas de etnia branca, idade avançada e quantidade de pintas ou manchas na coroide, estão mais propensas a desenvolver esse tipo de tumor. Nos Estados Unidos, há mais de 50 mil casos da doença ao ano e cerca de 8 mil mortes. Os principais fatores de risco do melanoma são a pele clara e a exposição ao sol, uma vez que os raios ultravioleta provocam alterações ou mutações no DNA, e as pessoas de pele escura têm melanina que absorve a maioria desses raios UV antes de eles provocarem danos. Por ser uma doença fatal, as opções de tratamento da neoplasia são bastante limitadas. Quando o tumor ainda é pequeno é indicada a braquiterapia, que consiste em aplicar radiação apenas no local do tumor. Para tumores maiores costuma ser necessária uma remoção do olho afetado, seguida da colocação de uma prótese.

A precocidade do diagnóstico é importante, pois 25% dos pacientes desenvolvem metástase e, desses, quase 100% não sobrevivem, no caso do melanoma de coroide. Vale destacar que quanto antes detectar a doença, maiores serão as chances de cura. A probabilidade de desenvolver a neoplasia cresce com o avanço da idade. Por isso, é válido enfatizar que fazer exames oftalmológicos periódicos pode ajudar a detectar a doença na fase inicial e prevenir o desenvolvimento da doença. Como forma de prevenção é importante reduzir a exposição solar e usar frequentemente chapéus e óculos de sol que protejam totalmente os olhos dos raios ultravioleta.

Eduardo Almeida Reis-Tabaquice‏

Dizem que a sensação é emocionante e um cavalheiro pardo, gordo, bons dentes, com a filhinha no colo, disparou a chorar pelo fato de ter visto a taça


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 10/07/2014



O médico Ademar Arthur Chioro dos Reis, que não é parente, titular do Ministério da Saúde do governo Rousseff, acaba de prestar relevantíssimo serviço ao país com as providências antitabaco que tomou. Talvez sem querer, porque é filiado ao PT há muitos anos, vem de transferir milhões de votos para os candidatos oposicionistas.

Vejamos. Se 15% dos brasileiros são fumantes totalizam 30 milhões de pessoas. Como é pequeno o número de fumantes menores de idade, podemos dizer que os 30 milhões são eleitores, porque maiores de 16 anos, naquela faixa em que o jovem pode votar, mas é inimputável quando comete um crime hediondo.

Mantida a proporção das últimas eleições presidenciais, 17 milhões de fumantes são eleitores do PT, exatamente o número de votos que Ademar Arhur Chioro dos Reis acaba de transferir para a oposição. Seus argumentos antitabaco são pueris e não condizem com um cavalheiro que, mal ou bem, tem mestrado e doutorado em medicina. Deixou de explicar, por exemplo, se a proibição se limita ao tabaco ou também inclui a maconha muito fumada por aí.

Se tivesse lido Jean-Louis Besson em “A ilusão das estatísticas”, Ademar Arthur Chioro dos Reis teria aprendido o seguinte: “/.../ se admitimos a hipótese de que o fumo é responsável pelas mortes prematuras, é preciso então colocar na relação o sobrecusto social (cuidados médicos etc.) e os ganhos realizados. /.../ As mortes prematuras evitam as despesas dos outros doentes, sem falar da economia nas aposentadorias!” Enquanto ao mais, ouçamos Marlene Dietrich: “As pessoas acreditam que, deixando de fumar, deixam de morrer. É falso, claro; elas morrerão de outra coisa”, cujo tratamento, evidentemente, também tem um custo, acrescenta Jean-Louis.

Pleonasmos
Redundância de termos no âmbito das palavras, mas de emprego legítimo em certos casos, pois confere maior vigor ao que está sendo expresso (por exemplo: ele via tudo com seus próprios olhos), o pleonasmo é malvisto por muita gente e é dispensável quando falamos ou escrevemos. Tão condenável quanto o parequema, que dói nos leitores lúcidos. Parequema é a repetição de sons ou da sílaba final de uma palavra, no início da palavra seguinte (por exemplo: voltou outro, virar artista, deixe a mala lá). O parequema pode ser explorado expressivamente, mas deve ser evitado por criar ecos e cacófatos.

Circula na internet, sem indicação de autor, um texto divertido: “Você já pleonasmou hoje?”. Deve ser de autor português por dizer que a pleonasmite é “doença congénita”. Diz que a doença não tem cura, mas também não mata. Não sendo controlada, chateia quem convive com o paciente.

Fala em verbalização de pleonasmos (ou redundâncias), mas não devemos esquecer as redundâncias e os pleonasmos escritos. Dia desses, um leitor do EM criticou meu redundar num texto em que não havia redundância. Deletei seu e-mail para não me aborrecer. O autor luso dá quatro exemplos de pleonasmos óbvios: subir para cima, descer para baixo, entrar para entro e sair para fora.

E prossegue: recordar o passado, pequenos detalhes, laranja partida em metades iguais, sentidos pêsames, viúva do falecido. A lista é imensa: acabamento final, surpresa inesperada, principal protagonista, ver com os seus próprios olhos, elo de ligação, arder em chamas, país do mundo, consenso geral, relações bilaterais entre dois países, sorriso nos lábios, hemorragias de sangue, habitat natural, adiar para depois, encarar de frente, maluco da cabeça.

Inexplicável

Mais de 400 mil brasileiros, 10% da população da Nova Zelândia, enfrentaram horas em filas quilométricas para ver de perto a taça da Fifa. Em Brasília, capital da República, correram o risco de ser flechados pelos nossos irmãos indígenas que faziam manifestação lá perto. Por enquanto, os indígenas não estão usando nas pontas de suas flechas aquele veneno de ação paralisante, de tom marrom-escuro ao negro, resinoso e aromático, extraído de plantas da família das estricnáceas e das menispermáceas, especialmente dos gêneros Strychnos e  Chondrodendron, vulgo curare; o temível urari (veneno), de um dialeto caribe das Guianas, com provável influência do tupi amazônico.

Inexplicável, no meu entendimento de philosopho, tem sido a reação de muitas pessoas depois de ver a taça. Dizem que a sensação é emocionante e um cavalheiro pardo, gordo, bons dentes, com a filhinha no colo, disparou a chorar pelo fato de ter visto a taça. É de cabo de esquadra.

O mundo é uma bola

10 de julho de 1553: início do reinado de Jane Grey na Inglaterra, deposta por Mary I nove dias mais tarde, até porque seria impossível depor alguém antes de subir ao trono. Em 1859, o Big Ben soou em Londres pela primeira vez. Ao contrário do que supunha um philosopho amigo nosso, o Big Ben não é o relógio, mas o sino que fica atrás dele. Em 1938, o milionário Howard Hughes bate o recorde completando a volta do mundo em 91 horas. Em 1991, Boris Yeltsin (1931-2007) é eleito presidente da Rússia. Bebia mais que o analfa boquirroto. Hoje é o Dia do Truco.

Anúncio do fim do Orkut mostra que as redes sociais estão fadadas a acabar

O inevitável adeus
 
Fim do Orkut mostra que mesmo com atualizações, redes sociais estão fadadas a acabar. Especialistas dizem que, em menos de três anos, Facebook pode ir pelo mesmo caminho 
 
Correio Braziliense : 10/07/2014

Brasília – O anúncio feito na semana passada de que o Orkut vai acabar – em 2008, chegou a ter 40 milhões de usuários no Brasil, segundo Pesquisa Brasileira de Mídia 2014, publicada no início do ano pelo governo federal – traz à tona uma questão nem tão anormal assim no mundo cibernético: o fim de uma rede social. Haja vista o sumiço do ICQ, do MySpace, Fotolog e outros tantos.

Para analistas de mídias sociais, os usuários querem sempre novidades – e as páginas precisam se atualizar a todo momento. E, embora quase ninguém leia os termos de adesão na hora de se cadastrar em uma plataforma, dificilmente haverá uma cláusula vitalícia impedindo que os internautas procurem novos sites adequados ao que buscam. A dança das cadeiras é cruel e quem não entra na ciranda da atualização constante pode perder o lugar.

Há pesquisadores dizendo até que, em menos de três anos, o Facebook perderá 80% dos usuários. Alguém aí se lembra do Fotolog, MySpace ou Formspring? As redes sociais têm um prazo de validade. O funeral do Orkut está marcado para 30 de setembro. A partir dessa data, não será mais possível acessar a página, criada há 10 anos. A Google, empresa que mantém o Orkut, orienta os usuários a salvarem as informações de perfil, recados, comunidades e fotos que estão guardadas no site, além de que, desde já, não é possível realizar novos cadastros.

 “Esperamos que vocês encontrem outras comunidades on-line para alimentar novas conversas e construir ainda mais conexões, na próxima década e muito além”, anunciou a Google, que mantém o site, no blog do serviço. O estudante Gustavo Menezes, de 21 anos, era um dos poucos sobreviventes por lá. “Fiquei um tempo sem acessar, mas um dia bateu a curiosidade de procurar as comunidades que eu frequentava e descobri que ainda eram movimentadas. Achei curioso e resolvi participar também.”

Ele é mais um entre os tantos que vão sentir falta do sistema de comunidades existentes no site. “Não há nada assim em outros lugares, funciona bem melhor do que os grupos do Facebook.” Outras 75 mil pessoas, que sofrerão do problema a partir de setembro, assinaram uma petição para convencer a Google a manter o site.

O especialista em marketing Gabriel Rossi considera coerente a posição da Google de descontinuar o Orkut. “Por mais que eles criem diversos aplicativos e outras empresas, a plataforma de buscas é o principal foco da companhia, a missão deles é ser um grande indexador da internet. A rede, então, fica perdida nessa história, não se encaixava nas posições da gigante.”

Para a analista de mídias sociais Marina Magalhães, a rede social foi de fundamental importância para a consolidação da internet no Brasil. “O Orkut revolucionou todas as mídias, que, na época, não eram tão interativas como hoje, e trouxe a inclusão digital para a vida dos brasileiros. Foi o primeiro a fazer isso. Fora daqui, havia somente o MySpace, por exemplo, mas a gente não usava.”

passado recente O MySpace, criado em 2003, foi uma das primeiras redes sociais a fazer sucesso globalmente. Embora não tenha chegado com força ao Brasil, que tinha todas as atenções voltadas para o Orkut, a plataforma chegou a ter 300 milhões de usuários registrados em 2007. O êxito foi tamanho que, apenas dois anos depois de ser lançado, o site foi comprado pelo conglomerado de mídia News Corp. por US$ 580 milhões. A ascensão do Facebook, no entanto, cooptou os usuários da plataforma, que, entre 2010 e 2011, perdeu 43% dos usuários. Em queda vertiginosa, o site foi vendido por apenas US$ 35 milhões em junho de 2011. A página foi reformulada no ano seguinte e, desde então, tornou-se um portal, basicamente, de streaming de música.

Outra rede social que fez muito sucesso por aqui foi o Fotolog. Criado em 2002, a plataforma registra 33,4 milhões de fotos publicadas e, em 2008, ostentava 22 milhões de membros registrados, boa parte deles do Brasil. Seu esquecimento pode ser explicado porque as funções que oferecia, postar fotografias e acompanhar a atividade de amigos, foram integradas em outras plataformas, como o próprio Orkut e o Facebook.

Redes sociais mais efêmeras ainda encantaram internautas e foram substituídas em pouco tempo. O Formspring, por exemplo, site em que se podia, basicamente, fazer perguntas e respostas, explodiu no fim de 2009, angariando mais de 25 milhões de usuários registrados em pouco mais de um ano e meio. As poucas funções do site, entretanto, podem explicar a breve decadência e posterior descontinuamento, em 2013.

Futuro Embora não pareça, as gigantes da área também precisam ficar de olho. Segundo pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, o Facebook perderá 80% dos usuários até 2017. O resultado foi obtido analisando o número de buscas no Google pela plataforma e comparando com os mesmos dados nos últimos dias do MySpace. Em resposta, o site usou a mesma fórmula para calcular que a universidade perderia todos os alunos até 2021.

Para Gabriel Rossi, o Facebook acertou em um ponto essencial para conquistar o 1,23 bilhão de usuários que tem. “Eles criaram uma internet dentro da internet. É possível ouvir música, assistir a vídeos, acompanhar notícias e até ter uma conversa despretensiosa com amigos, tudo em um único site.”

Marina Magalhães concorda. “Eles têm uma percepção muito boa sobre o que as pessoas querem em uma rede social. Acho que se o Orkut tivesse percebido isso, poderia ter durado mais. É uma mídia que está sempre mudando.”

USUÁRIOS MIGRAM
PARA NOVA REDE

Os órfãos do Orkut não estão desamparados. Os poucos usuários ainda ativos, que não se sentem contemplados pelo que oferece o Facebook, já escolheram um novo lar: o VK. A rede social russa tem mais de 100 milhões de usuários ativos e foi escolhida como porto seguro por apresentar um sistema de comunidades próximo ao existente no futuro falecido.

E não precisa correr para o curso de russo mais próximo: o VK está disponível em diversos idiomas, incluindo o português. Segundo o próprio site, o número de inscrições de usuários do Brasil aumentou 2.000% nos dois dias depois do anúncio do fim do Orkut, e continua a crescer.
Outra rede social que deve ajudar a minimizar o luto é o Reddit, que funciona como um grande fórum sobre praticamente tudo, separado por assuntos e tópicos de discussão. Se você acaba de descobrir uma banda e quer conhecer pessoas que também gostam dela, lá você pode encontrar tudo isso. 

A QUERIDINHA » Se sentindo em casa‏

Apontada como a seleção mais simpática da Copa, a Alemanha é "adotada" por brasileiros

Renan Damasceno
Estado de Minas: 10/07/2014


Na baiana Santa Cruz de Cabrália, onde alemães estão hospedados, dança do Lepo Lepo e com os índios (FABRICE COFFRINI/AFP)
Na baiana Santa Cruz de Cabrália, onde alemães estão hospedados, dança do Lepo Lepo e com os índios


Aplaudida de pé no segundo tempo da acachapante vitória por 7 a 1, terça-feira, no Mineirão, a Alemanha se tornou, ao longo do último mês, uma das seleções mais admiradas pelos brasileiros. Desde que desembarcaram no país – estão na vila de Santo André, na pequena Santa Cruz de Cabrália, no Sul da Bahia –, os alemães se revelaram verdadeiros relações públicas, deixando de lado o estereótipo da sisudez.

Ontem, a Federação Alemã de Futebol (DFB, na sigla em alemão) fez mais uma demonstração de política de boa vizinhança. No começo da tarde, postou em sua conta no Facebook uma mensagem aos brasileiros. A entidade agradeceu a recepção e prestou solidariedade ao Brasil. “Sabemos como é doloroso perder uma semifinal no próprio país. Desejamos tudo de bom e o melhor para o futuro para vocês.”

Apesar de ser algoz das semifinais, a Alemanha criou forte relação com os brasileiros. Em um mês em Santa Cruz de Cabrália, os jogadores dançaram com os índios, que foram levados ao CT para uma apresentação, tiraram fotos com policiais, aprenderam a soltar pipa, jogar capoeira e a dançar o Lepo Lepo, hit do Carnaval. E ainda receberam e retribuíram o carinho de crianças, moradores e funcionários do hotel.

Curiosamente, durante as oitavas de final entre Brasil e Chile, no Mineirão, a Federação Alemã divulgou um vídeo de Schweinsteiger e Podolski torcendo pelos anfitriões, abraçados à bandeira brasileira e comemorando com empregados do hotel. Dentro de campo, terça-feira, no Mineirão, a simpatia foi deixada de lado. Para os cerca de 5 mil torcedores alemães presentes, os jogadores também fizeram um gesto de gentileza: muitos deles voltaram ao gramado, cerca de uma hora depois da partida, para cumprimentar a torcida, que permaneceu nas arquibancadas cantando e comemorando o triunfo.

TRANQUILIDADE A Alemanha voltou para o Sul da Bahia na noite de terça-feira e teve dia de folga ontem, no resort construído para receber a delegação. Durante a tarde, os jogadores assistiram ao jogo entre Argentina e Holanda. “Quem será o oponente de domingo?”, escreveu o atacante Podolski. Um dos destaques da vitória sobre o Brasil, o armador Toni Kroos postou uma foto descansando e mostrando quatro dedos, em alusão à chance do tetracampeonato alemão que estará em jogo no Maracanã contra a Argentina.

ZONA MISTA » O dia da Dona Lúcia‏

ZONA MISTA » O dia da Dona Lúcia

Kelen Cristina
Estado de Minas: 10/07/2014



 (Fotos: Twitter/Reprodução de internet)

Comissão técnica brasileira em peso para uma entrevista coletiva na Granja Comary, em Teresópolis, pós-desastre no Mineirão. A derrota para a Alemanha por 7 a 1 ainda ecoava pelo Brasil e lá estava o pelotão, perfilado, à espera do bombardeio. E quando todo mundo pensava que sairia algum tipo de explicação para a goleada histórica que tirou a Seleção da Copa, surge a singela carta da Dona Lúcia, lida por Carlos Alberto Parreira, com palavras de conforto e um ombro amigo para o técnico Luiz Felipe Scolari. A admiradora anônima de Felipão acabou sendo o assunto mais comentado ao longo do dia. Ganhou até perfil fake no Twitter, que em quatro horas no ar já tinha quase 4 mil seguidores. Tão doce quanto a verdadeira autora da missiva, a Dona Lúcia tuiteira foi criação do paulista Renan Thierre, de 18 anos, estudante de história e que se diz viciado em futebol e Twitter. Tanto Dona Lúcia quanto seu mentor ganharam fama instantaneamente. Deram entrevista e tudo, por causa dos hilários posts. “Entendo de futebol sim, acompanho Copa desde 1950. Estive no Maracanazo”, “Tenho 99 anos e nunca vi o Brasil tomar tantos gols” e “Parreira declamando minha carta como se fosse poesia, que homem! Mas meu coração é do Felipão”. Definida a vitória da Argentina sobre a Holanda, na outra semifinal, “ela” logo emendou: “Querido Van Gaal…”.


Inspiração até na culinária
Técnico da Seleção dos Estados Unidos, Jürgen Klinsmann extravasou ontem seu orgulho alemão e ainda fez propaganda dos negócios da família, na esteira do sucesso de seus compatriotas em gramados brasileiros. Em foto publicada nas redes sociais, ele mostrou a padaria mantida pelos parentes em Stuttgart enfeitada com as bandeiras da Alemanha e dos EUA e um dos produtos que ganharam lugar especial na vitrine: guloseimas personalizadas com o placar da estrondosa goleada germânica e decoradas com granulados com as cores alemãs.

Campeões de audiência
A semifinal contra o Brasil teve a maior audiência da história na televisão da Alemanha: 32,6 milhões de espectadores. Em outras palavras, nove entre 10 pessoas que assistiam à TV no país, momento do jogo, estavam ligadas na partida no Mineirão. O confronto também bateu recorde em países que nada tinham a ver com a peleja, como Áustria, República Tcheca, Romênia, Sérvia, Eslováquia, Eslovênia e Turquia.


Sucesso na internet
Nas redes sociais não foi diferente. Apenas no Twitter, foram mais de 35,6 milhões de comentários sobre Brasil x Alemanha– batendo o recorde de  24,9 milhões registrado na final do Super Bowl. A semifinal entre Argentina e Holanda teve 14,2 milhões de posts, ficando em terceiro lugar na Copa, atrás ainda de Brasil x Chile (16,4 milhões). O jogo em BH também foi o assunto dominante no Facebook. Curiosamente, apesar de nem sequer ter jogado, Neymar foi 10 vezes mais citado que qualquer outro atleta em campo. Em todo o mundo, 66 milhões de pessoas tiveram mais de 200 milhões  de interações (posts, comentários e curtidas).


 Alegria e tristeza
Os jogadores da Seleção Argentina externaram toda a felicidade pela classificação à decisão da Copa pelas redes sociais. O lateral Zabaleta mostrou que o machucado na boca em nada atrapalhou a festa, aparecendo até com uma peruca azul (foto). Já Lavezzi postou foto dos companheiros no vestiário, alguns quase sem roupa – Maxi Rodríguez só de sunga e Demichelis com uma toalha enrolada na cintura. Na contrapartida da alegria, estava a tristeza pela morte do repórter argentino Jorge López, correspondente dos jornais Sport (Espanha) e Olé (Argentina), em um acidente de trânsito na madrugada de ontem em São Paulo. Vários companheiros de profissão lamentaram a tragédia, que deixou viúva Verónica Brunatti, também jornalista e que está na cobertura da alviceleste para o diário esportivo espanhol Marca. Não foi o único dissabor de Verónica no Brasil: em 8 de junho, o carro em que ela estava foi alvo de tiros em uma rua de Vespasiano, município onde fica a Cidade do Galo, concentração da Argentina. Mesmo assim, naquela mesma semana ela recebeu a mãe e os filhos, de 3 e 4 anos, que estão hospedados em um hotel-fazenda na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

COLUNA DO JAECI » Os piores também no futebol‏

COLUNA DO JAECI » Os piores também no futebol

Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 10/07/2014



Depois da acachapante goleada que a Alemanha nos impôs, recebemos muitas mensagens dizendo que se trata de país sério, estável economicamente, com alto nível de educação, onde o futebol não é a coisa mais importante e com uma presidente, Angela Merkel, que orgulha sua gente. Tenho inveja do povo de lá e da grande líder do país. Somos um povo sofrido, com educação, saúde e segurança sucateados, que tinha, no passado, um dos poucos orgulhos no futebol. Mas o de décadas passadas, em que o jogador ganhava bons salários, amava o clube e o defendia até o fim da carreira. O contrário dos mercenários de hoje, que beijam o escudo de uma equipe e em seis meses fazem o mesmo com o de outra. Na verdade, é um beijo ao dinheiro, nada mais.
E não é que nem o futebol nos orgulha mais? Já não somos os melhores há tempos. Dunga, Mano Menezes e Felipão nos ajudaram a desaprender. Éramos copiados no mundo, mas hoje nem copiar o que há de melhor no esporte bretão conseguimos. Temos a pior safra da história, dos dirigentes, técnicos e jogadores.

Vi um jornalista desinformado dizendo que houve um “Minerazo”. Seria se perdêssemos uma final no estádio e fôssemos superiores ao adversário. Fomos humilhados pela melhor Seleção da Copa. Só não caímos antes porque pegamos rivais ainda piores ou que nos respeitaram em demasia. Pois até Chile e Colômbia jogaram mais neste Mundial. Não venham falar em apagão. Isso é quando uma equipe é boa e nada dá certo para ela numa partida.

Pedi que não imputem a Neymar, nosso melhor jogador, mas não craque, a responsabilidade de ganhar a Copa. A culpa é dessa comissão técnica medíocre, ultrapassada, arrogante e despreparada. Deixar de fora jogadores como Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Robinho, Luís Fabiano e outros experientes foi erro grave, pago com o maior vexame da história. E agradeçamos aos alemães, que tiraram o pé e ficaram só nos sete. Tínhamos caixa para 12. Mais parecia futebol americano.
Mudanças drásticas ocorrerão na CBF. Se fosse o presidente, eu demitiria o técnico hoje mesmo e poria Alexandre Gallo, das divisões de base, para dirigir o time na disputa do terceiro lugar. Felipão disse em entrevista, quando fomos mal contra o México, que perder ou ganhar era problema dele e que não daria satisfação a ninguém. Então, que seja mandado embora sem receber satisfação. Ele fracassou com a Seleção Portuguesa, com o Chelsea e ajudou a rebaixar o Palmeiras. O treinador e esse bando de jogadores medíocres são os maiores culpados por essa vergonha.

Para mim, essa derrota é reflexo de um país mal cuidado, com muita corrupção. Agora, somos os piores também no futebol. Não chorem, garotos e garotas, senhoras e senhores. Temos coisas mais importantes para conseguir do que um simples título mundial. Queremos ser campeões em educação, cidadania, segurança e saúde, como os alemães. No dia em que tivermos essas prioridades, aí sim vamos pensar em recuperar o futebol.