terça-feira, 1 de julho de 2014

Professor ‘dá uma aula’ de Revolução Francesa para não ser linchado

Confundido com ladrão, ele improvisou sobre conteúdo para não ser espancado


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O professor André Luiz Ribeiro teve que dar uma aula sobre Revolução Francesa para não ser linchado - Reprodução/Facebook

SÃO PAULO — Confundido com um ladrão, um professor de História foi espancado por moradores da periferia de São Paulo e só conseguiu se livrar do linchamento quando, segundo ele, foi obrigado a dar uma aula sobre Revolução Francesa. Ainda assim, André Luiz Ribeiro, mulato de 27 anos, foi levado para a delegacia, onde ficou por dois dias, já que o dono do bar assaltado confirmou em depoimento que André seria o ladrão.
O professor contou que, socorrido por bombeiros, teve de falar sobre a Revolução Francesa para provar sua inocência. Os bombeiros informaram que não houve “desrespeito ou deboche”. André conta que estava correndo na última quarta-feira no bairro Balneário São José, quando um bar foi assaltado.

— Eu corro dez quilômetros todos os dias, estava de fone de ouvido, sem identificação porque moro por perto, e fui confundido com um dos três assaltantes. O dono do bar e o filho dele me acorrentaram. Vinte pessoas me cercaram e começaram a me bater.
O professor foi socorrido por bombeiros que passavam no local. Um deles, segundo Ribeiro, teria dito: “Se voce é professor de História, então dá uma aula sobre Revolução Francesa”.
— Falei que a França era o local onde o antigo regime manifestava maior força, e que a burguesia comandou uma revolta junto com as causas populares, e que havia fases da revolução. Falei por uns três minutos e perguntei se já estava bom. Aí me desacorrentaram, mas fui levado para a delegacia.

DRAMATURGIA » Palavras ganham vida‏

DRAMATURGIA » Palavras ganham vida
Carolina Braga
Estado de Minas: 01/07/2014


In Detalhes, de Júlio Vianna, parte de situações pessoais para trazer o absurdo para a cena (Fotos: Ethel Braga/Divulgação)
In Detalhes, de Júlio Vianna, parte de situações pessoais para trazer o absurdo para a cena

 O projeto Janela de dramaturgia apresenta hoje no Teatro Espanca! a terceira rodada de leitura de textos de 2014. As obras selecionadas são In Detalhes, de Júlio Vianna, e Três tristes tigres, de Vinícius Souza. Como é de praxe, são textos inéditos e terão a participação de atores de Belo Horizonte na leitura. Embora de maneiras muito diferentes, os dois trabalhos falam sobre os rumos imprevisíveis que a vida pode tomar.

In Detalhes será apresentado pelo autor e pelos atores Brisa Marques, Bruno Colares, Ludmila Ramalho. O texto trata de um grupo de pessoas comuns afetadas por um detalhe capaz de mudar o curso da rotina pitoresca deles. Com leitura de Vinícius Souza, Chico Pelúcio, João Filho e Marcelo Castro, Três tigres tristes narra a rotina de três atores que decidem abrir um bar e ganhar a vida.

Com a carreira como diretor mais conhecida, Júlio Vianna reconhece que está ansioso para apresentar In Detalhes. Este é o segundo texto escrito por ele e o primeiro selecionado pelo Janela de dramaturgia. Já que se trata de um projeto aberto às experimentações, o autor diz ter aproveitado a oportunidade para arriscar. “Escrevi uma história que trabalha com hipérboles, com traços de absurdo, usando algumas coisas biográficas”. O ponto de partida de IN Detalhes é a teoria do efeito borboleta, de Edward Lorenz.

“Escrever para teatro não é novo, mas o Janela dá uma revitalizada na leitura dramática. Na maneira como estamos repensando e reconstruindo esses textos”, comenta Vinícius, idealizador do projeto ao lado da também dramaturga Sara Pinheiro. De acordo com ele, o que tem chamado atenção nos primeiros encontros do projeto este ano é a qualidade dos debates realizados depois das apresentações dos textos. “As conversas estão muito ricas. Como chamamos pessoas muito diferentes, isso se desdobra em outras coisas”, completa. A convidada de hoje é a diretora Cida Falabella, fundadora do grupo Zap 18.

O Janela de dramaturgia foi idealizado em 2012. Em sua terceira edição, até setembro pretende revelar ao todo 12 textos de 13 dramaturgos de Minas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Uma vez por mês, são realizadas duas leituras seguidas de debates. A cada encontro, críticos especializados são convidados para a produção de uma análise, a ser publicada no site do projeto.

Vinte textos inéditos foram apresentados no Janela de dramaturgia desde a primeira edição. A expectativa é de que no fim desta temporada seja lançado o livro das leituras dos dois primeiros anos. De acordo com Vinícius Souza, o formato ainda não está definido. “Estamos avaliando se é melhor lançar os textos separados ou em dois volumes, pensando nas estratégias de distribuição”, diz.
Vinícius Souza, em Três tristes tigres, conta a história de atores que decidem abrir um bar
Vinícius Souza, em Três tristes tigres, conta a história de atores que decidem abrir um bar

Janela de Dramaturgia
Hoje, no Teatro Espanca!, Rua Aarão Reis, 542, Centro, (31) 3347-3653. R$ 2.
. 20h – Leitura dos textos In Detalhes, de Júlio Vianna e Três tristes tigres, de Vinícius Souza
. 22h – Debate e bate-papo com o público com a participação da diretora Cida Falabella

Ateliê de textos

O projeto Janela de dramaturgia renovou o interesse dos artistas locais pela produção de textos para o palco. É nesse contexto que o Ateliê de dramaturgia firma parceria com o Galpão Cine Horto na 3ª Edição do Núcleo de Pesquisa em Dramaturgia. A coordenação é de Vinícius Souza, em parceria com Assis Benevenuto. O objetivo é trabalhar a prática da escrita, com realização de dinâmicas e discussões que estimulem a experimentação textual, o aprofundamento de linguagens e modos de produção, a interlocução entre dramaturgos e interessados em dramaturgia. Os encontros serão às segundas-feiras, das 15h às 18h, entre 4 de agosto e 3 de dezembro. As inscrições estão abertas até o dia 7 no site www.galpaocinehorto.com.br.

TeVê

TV PAGA » Noite de estreias
Estado de Minas: 01/07/2014
 (NatGeo/Divulgação)


O NatGeo começa o segundo semestre com nada menos que três estreias. Às 20h45, a série Os fiscais acompanha inspetores de saúde na linha de batalha contra a sujeira e poluição. Às 23h15, o assinante entra no mundo da magia com Barry Jones e Stuart MacLeod em Os ilusionistas (foto). E à meia-noite tem Negócio fechado, que mostra a aventura de verdadeiros caçadores de
tesouros urbanos.
ID reconstitui os passos do
sequestrador de Cleveland

No Investigação Discovery, a novidade de hoje é o especial Reféns, às 23h. A produção conta como Ariel Castro manteve três mulheres presas por mais de 10 anos em sua própria casa, na cidade de Cleveland (EUA), até que uma delas conseguiu pedir ajuda, elas foram libertadas e o sequestrador preso. Segundo os relatos de Amanda Berry, Michelle Knight, e Georgina de Jesus, elas foram submetidas a uma rotina de abusos e violência ao longo de todo esse tempo de cativeiro.

Arte 1 exibe documentário
sobre Caio Fernando Abreu

A série Revelando mergulha no método e na abordagem artística de alguns dos maiores fotógrafos contemporâneos. Hoje, a francesa Sarah Moon, especializada em fotografia de moda nos anos 1970, e a norte-americana NanGoldin, que documentou o cenário pós-punk e a cultura gay entre os anos 1970 e 80, falam sobre suas obras e processos criativos. O programa vai ao ar às 22h no Arte 1, e na sequência, às 22h30, o documentário Sobre sete ondas verdes espumantes traça o perfil do escritor, poeta e dramaturgo gaúcho Caio Fernando Abreu.

Série Várzea F.C. chega ao
fim hoje no canal History

Aproveitando o clima da Copa do Mundo, o Provocações leva ao ar edições com jogadores e personalidades ligados ao universo do futebol. Hoje, Antonio Abujamra conversa com os jornalistas Jorge Kajuru e Alberto Helena Junior, à meia-noite, na Cultura. Pouco mais cedo, às 23h, no canal History, será exibido o episódio final de Várzea F.C., que companha
a batalha de quatro jogadores de um time sem nenhuma expressão da periferia
de São Paulo.

Ação, drama e bom humor
na programação de filmes

O Canal Brasil agendou para hoje, às 22h, o drama As tranças de Maria, de Pedro Carlos Rovai, com Patrícia França, José Dumont e Ilya São Paulo. No mesmo horário, o assinante tem mais cinco opções: Prometheus, no Telecine Action; O ditador, no Telecine Fun; Sangue no gelo, no Telecine Premium; No rastro da bala, no MGM; e Perigo por encomenda, na HBO. Outros destaques da programação: As férias de Mr. Bean, às 20h45, no Megapix; O homem sem sombra, às 22h30, no FX; e Acerto de contas, também às
22h30, no Space.

Pacotão sonoro tem forró,
samba e música erudita

Um recital do duo Alexandre Gismonti & Michel Maciel é a atração de hoje de Movimento violão, às 20h, no SescTV. Já às 21h, o mesmo canal apresenta os curtas Fez a barba e o choro, de Tatiana Nequete; e O maior samba do mundo, de Naira Martins. No Multishow, às 20h30, Thiaguinho recebe Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo no programa Música boa ao vivo. 

CARAS E BOCAS » Bom Rapaz



Davi (Humberto Carrão) entra na briga para defender Megan (Isabelle Drummond) a patricinha provocadora (Alex Carvalho/TV Globo - 22/5/14)
Davi (Humberto Carrão) entra na briga para defender Megan (Isabelle Drummond) a patricinha provocadora

Mocinho da trama, Davi (Humberto Carrão) vai partir para a briga no capítulo de hoje de Geração Brasil (Globo), a fim de livrar Megan (Isabelle Drummond) do cerco de Vander (Bernado Marinho). Tudo começa quando é divulgada a notícia sobre a doença de Jonas (Murilo Benício). Todos ficam apreensivos e Pamela (Cláudia Abreu) tenta falar com Megan (Isabelle Drummond) para saber se ela já soube sobre o pai. Ela pede ajuda a Rita (Gisele Fróes), que conta para Davi. O rapaz vai atrás da patricinha na festa junina da Gambiarra e quando chega lá a vê dando em cima de Vander, que está cheio de gracinha. Danilo (Miguel Roncato) vê tudo de longe e fica revoltado com a situação. Mas tudo muda quando Pamela, finalmente, consegue falar com ele e conta sobre Jonas. Danilo tenta pedir que Megan volte para casa com ele, mas a loira o ignora. “Megan, é que saiu uma notícia-bomba sobre seu pai”, explica. Já um tanto animadinha, ela pergunta qual a novidade e ainda debocha. “Como se os podres de Jonas Marra me assustassem. Deve ser mais um...”, diz. Em seguida, porém, ela lê a notícia pelo celular e sai desesperada. É quando Vander a segue e a agarra. “Achou que ia fugir de mim, gringuinha gostosa?”, pergunta. A jovem tenta afastá-lo, quando Davi aparece e discute com Vander: “Larga a garota, mané! Tá na cara que ela não tá legal”. Como
Vander não obedece, os dois partem para a briga, trocando socos e xingamentos.


CONFIRA EXPECTATIVA DO
ÚLTIMO JOGO NO MINEIRÃO

Confira no Jornal da Alterosa – 1ª edição desta terça-feira: depois de muitos dias de festa, animação e jogos, Belo Horizonte vive a expectativa de sediar a última partida pela Copa do Mundo. Uma semana de calmaria e torcida para receber, mais uma vez, a Seleção Brasileira no Mineirão, agora valendo uma vaga na grande final, Como está o movimento nos hotéis, albergues campings? E no comércio? Veja logo depois do Alterosa esporte.


PRIMEIROS NOMES PARA
O DANÇA DOS FAMOSOS

Vanessa Gerbelli e Bruno Gissoni, atores de Em família (Globo), nos papéis de Juliana e André, estão cotados para integrar o time do quadro “Dança dos famosos”, edição 2014, do Domingão do Faustão. A estreia está prevista para agosto.


FESTA DO ENCONTRO
FICOU PARA SEGUNDA

O Encontro com Fátima Bernardes (Globo) vai festejar dois anos da atração na segunda-feira. A data oficial foi 25 de junho, mas a comemoração acabou transferida em função da Copa do Mundo, que mobiliza toda a emissora. Apesar de não estar na
linha de frente da cobertura do Mundial, Fátima sempre realiza programas com o tema. 


NO ARMÁRIO


Aguinaldo Silva contou à revista Marie Claire de julho que pediu ao ator José Mayer (foto) que desse logo um beijo gay na primeira cena de Império, novela que vai substituir Em família a partir do dia 21. “Brinquei com o Zé Mayer e disse para ele agarrar o (ator) Klebber (Toledo) e beijá-lo na primeira cena e acabar logo com isso”, disse. A provocação tem endereço certo: o beijo gay feminino da novela atual, que custou a sair já na reta final da trama de Manoel Carlos. A cena foi ao ar ontem e as personagens Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) trocaram apenas um selinho. O sai ou não sai o tal beijo tornou-se outra novela. “Falando sério. Nunca descrevo uma cena – hétero ou gay. Escrevo: começam a se amar. Isso vai da sensibilidade dos atores e do diretor. Mas, se tiver, vou adorar”, afirmou Aguinaldo à publicação. Em Império, José Mayer será um gay enrustido, casado com uma mulher, que sabe da sua orientação e com quem tem um filho. Ele mantém um relacionamento extraconjugal com o personagem de Klebber Toledo. Segundo o autor, a inspiração da história veio de um casal que ele conheceu recentemente. E Silva avisa: “Vou tratar dos direitos que os gays têm de não sair do armário.”


VIVA

Leandro Hassum protagoniza cenas divertidas como o Barata de Geração Brasil. O reality que montou na tentativa de imitar o de Jonas Marra (Murilo Benício) e assim chamar a atenção de Verônica (Taís Araújo) foi bem engraçado. 


VAIA

Overdose de Marcius Melhem na Globo. O humorista, em menos de 24 horas, deu a cara em três programas: Central da Copa, Altas horas e Esquenta. Mesmo com toda a boa intenção do participante, as aparições cansaram um bocado.  

Viagem no tempo

Viagem no tempo
José Israel Abrantes lança Tesouro de Minas, em três volumes, com fotografias de cidades coloniais do estado. Trabalho registra paisagens externas e interior de igrejas e museus

Ailton Magioli
Estado de Minas: 01/07/2014


Igreja de São Francisco de Assis, em São João del-Rei, enfeitada pelos devotos para as festas de celebração da semana santa na região do Campo das Vertentes (Fotos: José Israel Abrantes/Autêntica/Divulgação)
Igreja de São Francisco de Assis, em São João del-Rei, enfeitada pelos devotos para as festas de celebração da semana santa na região do Campo das Vertentes


O acúmulo de material que vinha registrando desde 2000 nas cidades coloniais do estado levou José Israel Abrantes a um projeto inexplicavelmente inexistente até então. Graças à iniciativa das editoras Autêntica (apoio técnico) e Conceito (coordenação de textos), que resolveram investir no trabalho independente do fotógrafo, chega às livrarias Tesouros de Minas, série de três livros bilíngues (português-inglês) de fotografias sobre o patrimônio artístico-cultural mineiro, que ele está lançando, com textos (apresentação histórica e legendas) de Mauro Werkema.

“Um fenômeno atual, denominado a ‘fuga do urbano’, tem proporcionado a popularização do turismo cultural, com aumento extraordinário de publicações do gênero”, constata Mauro Werkema, presidente da Belotur, a empresa de turismo de BH, salientando que a internacionalização do conhecimento, associada à propagação pela internet, também tem contribuído para o incremento do mercado editorial. “A ideia é mostrar os verdadeiros museus ao ar livre que são as nossas cidades, com a maior concentração de igrejas e museus por metro quadrado do país”, afirma José Israel, cuja incursão na área fotográfica se deu por meio da arte gráfica e publicidade.

Mineiro de Malacacheta, no Vale do Jequitinhonha, radicado na capital, o fotógrafo, graduado em comunicação visual pela extinta Fundação Universitária Mineira de Artes Aleijadinho (Fuma, atual Uemg), é viúvo da artista plástica Ana Horta (1957-1987), com quem começou a fazer catálogos para exposições de artistas como Amílcar de Castro (1920-2002) e Fernando Velloso, entre outros. Contemporâneo dos fotógrafos Paulo Laborne, Cristiano Quintino, Odilon Araújo e Miguel Aun, entre outros, ele estreou em livro em 1994, com o independente Visitando Ouro Preto, Mariana e Congonhas, que lhe abriria caminhos para uma série de publicações do gênero, fortalecida, principalmente, a partir da valorização do circuito da Estrada Real.

Detentor do Prêmio Jabuti de 2006, Os caminhos do ouro e a Estrada Real, do professor Antonio Gilberto Costa, por exemplo, reúne fotografias de José Israel. Assim como Rochas e histórias do patrimônio cultural do Brasil e de Minas Gerais, da parceria com o mesmo autor. Com o escritor e contador de causos Olavo Romano, o fotógrafo publicou São Francisco rio abaixo, que ganhou o prêmio de melhor livro de arte de 2006 da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf). “Como já estava com material acumulado das cidades históricas, surgiu a ideia de completá-lo com os museus, que eu ainda não havia feito”, recorda sobre o surgimento do novo projeto, que, além de externas das cidades e de igrejas, reúne fotografias de museus.

Como frequentador assíduo dos festivais de inverno de Ouro Preto, a cidade acabou se tornando a mais frequente na vida de José Israel Abrantes. “É a mais importante em termos de patrimônio”, justifica, lembrando que cada um dos três volumes de Tesouros de Minas exibe cidades diferentes: Ouro Preto, Mariana e Sabará; São João del-Rei, Tiradentes e Congonhas; e Diamantina, Circuito dos Diamantes e Serro. Com cerca de 350 fotografias, cada volume reúne de 120 a 130 fotos, todas historicamente identificadas pelos textos de Mauro Werkema. O primeiro volume dedica-se a três das mais importantes e antigas cidades históricas mineiras: Ouro Preto, Sabará e Mariana. A primeira, conhecida como a antiga Vila Rica, abriga o maior conjunto arquitetônico do Barroco brasileiro, reconhecido internacionalmente (a cidade detém o título de Patrimônio Cultural da Humanidade), pelo inestimável valor artístico e histórico.

Próximo a Ouro Preto está Mariana, que foi a primeira vila e a primeira capital de Minas Gerais. Já Sabará, que também contabiliza 300 anos de história, viveu o seu apogeu no chamado Ciclo do Ouro, ao lado de Mariana. O segundo volume percorre as vertentes da Serra do Espinhaço, na entrada do Vale do Jequitinhonha, passando pelo Serro, por Diamantina e por pequenos vilarejos que compõem o Circuito dos Diamantes, onde a natureza exuberante é parceira da história. Já o terceiro e último volume da série passa pela região do Campo das Vertentes, onde estão São João del-Rei e Tiradentes, que integram o Circuito da Estrada Real.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto: desenho circular a torna uma construção peculiar no Barroco mineiro, próxima a templos do Norte da Europa (José Israel Abrantes/Autêntica/Divulgação)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto: desenho circular a torna uma construção peculiar no Barroco mineiro, próxima a templos do Norte da Europa
Casa da Ópera ou Teatro Municipal de Sabará, que, pela influência dos palcos ingleses da época de Elizabeth I, é também conhecido como Teatro Elizabetano (José Israel Abrantes/Autêntica/Divulgação)
Casa da Ópera ou Teatro Municipal de Sabará, que, pela influência dos palcos ingleses da época de Elizabeth I, é também conhecido como Teatro Elizabetano


Teto e luz

Para fugir dos altos custos do aluguel de helicópteros, José Israel evitou as fotografias aéreas, optando pelo registro terrestre do patrimônio mineiro, que fotografou com o auxílio da mulher, Cláudia Couto. Um dos maiores desafios, como revela, foi o teto da Igreja de São Francisco de Assis, de Ouro Preto, cujas pinturas são de autoria do mestre Athayde. “Visitei a igreja umas três vezes antes de fotografá-la”, recorda, atribuindo o trabalho redobrado à necessidade de aperfeiçoamento dos ângulos a serem adotados. “A gente vai limpando cada vez mais, para evitar qualquer tipo de interferência”, justifica, lembrando da busca por ângulos mais puros e atrativos. “No caso do teto de São Francisco, tem de deitar no chão, levar tripé e cuidar de toda a iluminação”, explica.

À exceção de uma vista noturna de Diamantina, todas as fotografias para a série foram feitas durante o dia. “Gosto das fotos diurnas, que têm cores mais vivas. Uso muito o céu como fundo”, diz José Israel, lembrando que a interferência da luz pode prejudicar o trabalho do fotógrafo. “A intenção é mostrar a obra artística, os detalhes do trabalho de mestres como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814)”, afirma o fotógrafo, consciente de que o resultado do trabalho não deixa de ser a reprodução fiel do que o mestre do barroco brasileiro fez no século 18, apesar do olhar do fotógrafo sobre a obra. “Tesouros de Minas é, na verdade, uma espécie de catálogo de artes”, conclui, de olho no potencial de Salvador (BA), Rio de Janeiro e Paraty (RJ) e Região das Vertentes (RS) para publicações do gênero.

%u201CA ideia é mostrar os verdadeiros museus ao ar livre que são as nossas cidades, com a maior concentração de igrejas e museus por metro quadrado do país%u201D    . José Israel Abrantes, fotógrafo   (Jair Amaral/EM/D. A. Press)
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TESOUROS DE MINAS
. Ouro Preto, Mariana, Sabará
. Diamantina e Circuito dos Diamantes, Serro
. São João del-Rei, Tiradentes, Congonhas
Editora Autêntica, R$ 39 (cada volume)

HIV impede ação do vírus da gripe‏

HIV impede ação do vírus da gripe
Brasileiros descobrem mecanismo que barra patógeno da influenza A em soropositivos. Pesquisa poderá estimular novas terapias contra replicação viral 

 
Bruna Sensêve
Estado de Minas: 01/07/2014


Uma briga de titãs dentro do organismo de soropostivos que chamou a atenção de cientistas durante a pandemia de influenza A em 2009 acaba de ser desvendada por pesquisadores brasileiros. De um lado, o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Crônico, mas sob controle. Do outro, o destruidor H1N1, que se instala principalmente em pessoas com o sistema imune comprometido. O vencedor? O dono da casa há mais tempo e até hoje imbatível, o HIV. Ao que parece e foi comprovado em laboratório, a infecção pelo micro-organismo causador da Aids impede que o da influenza se replique dentro do organismo de pacientes inicialmente soropositivos. O segredo está em um tipo específico de resposta imune liberada pelo corpo na presença constante do patógeno até hoje indebelável.

Os resultados foram encontrados por um grupo de cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) no Rio de Janeiro. Liderados pelo virologista e pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC Thiago Moreno, eles têm publicado o estudo sobre esses achados na edição de hoje da revista científica Plos One. “Em 2009, já foi surpreendente observar que soropositivos aparentemente estavam sendo menos afetados em termos de mortalidade pela pandemia que outros grupos imunocomprometidos, como pacientes com câncer e transplantados”, lembra Moreno.

A observação clínica foi revelada por estudiosos de diferentes partes do mundo, incluindo o Brasil e a Argentina. A equipe do IOC ficou com a incumbência de desvendar os mecanismos celulares e moleculares que justificassem o fenômeno. “De fato, identificamos alguns mecanismos que o HIV é capaz de induzir no hospedeiro e acabam provocando a inibição ou impedindo a replicação do H1N1”, conclui. O cientista explica que a primeira diferença observada entre as duas infecções é que a provocada pelo HIV é crônica, enquanto a do H1N1 é aguda.

Quando o vírus da Aids contamina uma pessoa, o sistema imune quer combatê-lo, da mesma forma que o patógeno quer vencer os ataques imunológicos do hospedeiro. Entre as diversas respostas geradas pelo organismo, é induzido um grupo de proteínas coletivamente chamado de fatores de restrição. O HIV resiste bravamente, porém, por ser uma condição crônica, é como se essa batalha nunca terminasse. O corpo se mantém em um estado de infecção, sempre produzindo os fatores de restrição e um em especial, o IFITM3, que consegue bloquear a replicação do influenza.

Sem competição Thiago Moreno acredita que, pela ótica de uma “lógica viral”, a ação faz sentido, pois convém ao vírus não competir com outro pelo domínio do hospedeiro. Para compreender melhor esse processo, a equipe fez experimentos em células in vitro infectadas pelo HIV. Elas foram analisadas quanto aos níveis de IFITM3. Em seguida, foram desafiadas com uma coinfecção pela influenza para investigar a capacidade do segundo vírus de contaminá-las. Em paralelo, outro grupo de células, no caso epiteliais, foi somente exposto ao HIV, em vez de infectado. “A gente só expôs ao HIV ou só à proteína de superfície do HIV, a gp120. Só essas partes foram suficientes para induzir o aumento dos níveis de IFITM3”, detalha o cientista.

Essa direção da pesquisa é extremamente importante para o desenvolvimento de terapias. Isso porque a principal estratégia de combate ao H1N1 seria gerar uma imunomodulação a partir da menor parte do HIV, estimulando, assim, a produção da proteína que bloqueia a influenza sem que, necessariamente, a pessoa precise ser infectada. Utilizar somente o fator ou, de alguma forma, sintetizá-lo seria praticamente impossível, já que é algo produzido pela própria célula. “Então, se você for administrar isso, seja qual for a via que imaginar, dificilmente conseguiria chegar à célula e inserir no local exato para inibir a replicação do influenza. O que nosso estudo poderá responder no futuro é qual seria o pedaço do HIV que poderia induzir esse fenômeno.”


Em humanos O trabalho seguinte da equipe de Moreno foi analisar amostras de pacientes nas quais se percebeu que a evolução do vírus da influenza estava prejudicada. A característica é um indicador da inibição da replicação viral. Vale observar que, mesmo em pacientes sob tratamento com antirretrovirais e cargas indetectáveis do patógeno no sangue, a produção do fator de restrição se mantém, pois é dependente da condição que o micro-organismo induz no corpo simplesmente por estar presente e não pela quantidade de vírus. O pesquisador afirma que é possível o organismo produzir esse fator sob outras condições infecciosas. No entanto, é preciso perceber algumas particularidades do HIV.

Quando a pessoa é soropositiva, ela tem uma infecção sistêmica, isto é, o HIV é encontrado no sangue, no trato gastrointestinal, no trato respiratório, no cérebro. Ao ser contaminado pelo influenza, adquire uma doença exclusiva do trato respiratório, considerado um reservatório do HIV. “Nesse contexto, o aumento de IFITM3 está em todo o corpo. Quando a influenza chega, tem um bloqueio na sua capacidade de infecção. Se formos pensar nisso para outros vírus que causam uma resposta imune crônica, como o da hepatite, ele é localizado no fígado e, talvez, não tenha o aumento também no trato respiratório”, compara.

Segundo o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e infectologista do Hospital Sírio-Libanês Esper Kallás, o trabalho é muito interessante e a única ressalva é ter dados apenas laboratoriais. “Ao traduzir esse conceito para o dia a dia, a gente tem essa preocupação. Se o vírus vai se comportar da mesma forma”, pondera. Kallás diz que a observação em pacientes na época da pandemia foi feita em poucas séries de casos em que surgiram outros fatores intrigantes sobre a infecção pelo H1N1 que ainda precisam ser investigados. “É possível ver alvos do H1N1 que podem ser desenvolvidos com base nessas observações. Porém, depois de ver no laboratório, agora, é preciso desenhar um estudo para avaliar as pessoas que têm HIV e H1N1 para, então, ver prospectivamente fatores descritos no trabalho.” A briga de vírus, segundo o especialista, é comum e ocorre em outras situações. “Em todos os sistemas sempre existe essa competição. Há vários exemplos, alguns para o bem e outros para o mal. Entender como funcionam é o principal.”

Palavra de especialista
Unaí Tupinambás, professor
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
Interessante

“A pesquisa indica que o próprio HIV altera a patogênese do H1N1. Não se sabe se tem impacto na prática porque outros fatores também são associados ao adoecimento: se o paciente é tabagista, tem bronquite ou asma. Outros fatores que podem ser tão ou mais importantes que esse achado no laboratório. Só por esse estudo não podemos, por exemplo, deixar de vacinar os pacientes com HIV. O achado é muito interessante porque altera a imunogenecidade, mas é preciso que seja melhor comprovado, observar se teve um impacto importante na evolução da doença. Essa é uma briga de vírus e, no caso, atrapalha o H1N1, e o impacto certo ainda não dá para saber. É bom ter essas informações, mesmo que ainda em nível molecular, para podermos ter diferentes terapias no futuro.” 

Odor corporal indica existência de malária

ATRATIVO DE MOSQUITOS » Odor corporal indica existência de malária
Estado de Minas: 01/07/2014


Ao picar um ser humano, a fêmea infectada do mosquito Anopheles transmite o micro-organismo responsável pela malária e adoece o hospedeiro final. O parasita do gênero Plasmodium causa uma doença infecciosa febril aguda que deve ser tratada o mais rápido possível. Mas não acredite que ele está satisfeito. Para completar o ciclo de vida, esse protozoário deve, eventualmente, ser adquirido por outro mosquito. Isto é, a pessoa infectada precisa ser picada novamente para que ocorra a retransmissão. Em um artigo publicado hoje na revista científica Pnas, pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, mostram que, pelo cheiro, mosquitos encontram a vítima correta para atacar.

O parasita parece manipular características de seu hospedeiro, alterando aspectos de odor corporal da pessoa infectada, o que torna o portador mais atraente para os insetos famintos. Experimentos feitos em laboratório com camundongos mostraram que uma alta concentração de gametócitos, células reprodutivas do Plasmodium no sangue, tornou os animais mais atraentes. Quando o mosquito consome essas células, um novo ciclo de desenvolvimento começa no intestino dele. “Como esses bichos provavelmente não se beneficiam se alimentando de pessoas infectadas, pode fazer sentido para o patógeno exagerar pistas de odor existentes”, declarou o líder do estudo, Mark Mescher, à imprensa.

O que os pesquisadores descobriram e é ainda mais surpreendente é o fato de a infecção por malária deixar sua marca no odor corporal para sempre. Mesmo quando camundongos infectados não tinham mais sintomas, pelo cheiro pôde-se detectar que eles tinham o patógeno no corpo. Embora os resultados obtidos com ratos não possam ser transferidos diretamente para humanos, eles sugerem que efeitos similares podem estar envolvidos na atração de mosquitos para pessoas infectadas. Mescher e sua equipe investigam essa possibilidade em uma pesquisa envolvendo voluntários na África. (BS)

Prática esportiva em ano de Copa‏

Prática esportiva em ano de Copa
Ildeu Almeida
Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia- Regional MG (Sbot-MG)

Daniel Baumfeld
Membro do Comitê de Ensino e Treinamento da Sbot-MG
Estado de Minas: 01/07/2014


O grande interesse pelo esporte nos últimos anos tornou a atividade física um dos pilares da nossa sociedade moderna. A prática de atividade física exerce poder preventivo, curativo e é de suma importância na reabilitação de pacientes. Entretanto, em tempos de Copa do Mundo, uma reflexão sobre a prática de esportes é muito positiva, pois as pessoas estimuladas pelo momento podem exagerar e ficar com sequelas. Dados epidemiológicos evidenciam que as atividades esportivas mais comuns são futebol, corrida, basquete e exercícios em academias. Mas qualquer atividade, quando praticada sem preparo ou de forma incorreta, pode levar a lesões, principalmente nos membros inferiores.

Desde a antiguidade, os grandes eventos esportivos nos estimulam e ensinam sobre a melhor forma de exercitar o nosso corpo. Estamos em época de um grande evento esportivo, que apresenta uma grandeza singular para nós, brasileiros. Sem dúvida, com os jogos da Copa, há também um aumento da prática esportiva. Os estímulos visuais que nos são apresentados estão relacionados à exposição constante de atletas de alta performance e muito bem preparados.

Todos esses estímulos visuais se transformam em estímulos físicos, nosso corpo pede por atividade. Os riscos relacionados à prática esportiva são uma consequência natural dos esforços a que nosso corpo é submetido. O reconhecimento e o controle dos fatores de risco de cada atividade são importantes para diminuir o número de acidentes esportivos.

Para qualquer tipo de atividade, devemos seguir um check list universal: saber das nossas limitações, estar em dia com os exames médicos, alongar e aquecer a musculatura e vestir a armadura correta para a atividade. Devemos escolher, com cuidado, o tênis esportivo, as meias, o short e a blusa. Tudo deve estar adequado para a boa prática. Falando tudo isso, pode até dar preguiça de começar a se exercitar, mas uma atividade bem feita é mais prazerosa e menos arriscada.

A idade também está relacionada com o tipo de cuidado que devemos tomar para realizar exercícios. Crianças sofrem quedas mais frequentes, portanto, as fraturas e traumas nos membros superiores são mais comuns que nos adultos. Já os adultos apresentam uma distribuição de lesões relacionadas ao tipo de atividade praticada. Corredores têm maior incidência de fraturas por estresse dos membros inferiores e fascite plantar.

Praticantes de atividades esportivas com mudança de direção como basquete e futebol são mais susceptíveis a entorses de joelho e tornozelo e lesões musculares. Outras lesões mais graves, como rupturas ligamentares do joelho e tornozelo, ruptura do tendão calcâneo e fraturas, estão relacionadas a um evento específico e apresentam uma incidência menor.

Hoje, a medicina esportiva apresenta uma abrangência global e não está relacionada somente ao tratamento das lesões dos atletas. De uma forma geral, a abordagem é preventiva e terapêutica. Para prevenção, podemos utilizar exames de sangue e testes de força e fadiga muscular com o objetivo de identificar os fatores de risco responsáveis pelas lesões e atuar antes que elas aconteçam. A abordagem terapêutica é direcionada para um evento específico, e com o auxílio dos exames de imagem atuais, abordagem artroscópica das articulações e tratamentos minimamente invasivos, o retorno para as atividades dos atletas ocorre de forma precoce e segura. Para esse período de intensa atividade, é importante ficarmos atentos para não exagerar. Pratique atividade esportiva dentro dos seus limites e evite as lesões. 

ZONA MISTA » De James Bond a Wolverine‏

ZONA MISTA » De James Bond a Wolverine

Kelen Cristina
Estado de Minas: 01/07/2014

O corte de cabelo inusitado (um moicano com linhas douradas) já rendeu ao volante francês Paul Pogba até uma conta personalizada no Twitter – o Pogba’s hair. Mas o visual está longe de ser o único motivo para o jogador da Juventus chamar a atenção na Copa do Mundo. Aos 21 anos, ele é considerado o francês mais promissor da nova geração, e ontem apresentou suas credenciais. Autor do gol que abriu o caminho da vitória dos Bleus por 2 a 0 sobre a Nigéria, em Brasília, e da classificação para as quartas de final, Pogba foi eleito o melhor da partida, sedimentando um pouco mais sua caminhada rumo ao troféu de Jogador Jovem da competição, concedido pela Fifa ao melhor estreante em Mundial nascido depois de 31 de dezembro de 1992.

Em 2012, ao trocar o Manchester United, onde iniciou a carreira, pela Juventus, Pogba bateu de frente com ninguém menos que Alex Ferguson, ex-técnico da equipe inglesa. Ferguson sabia que tinha uma joia em mãos, e se sentiu traído ao ver seu pupilo recusar a renovação de contrato e rumar para a Itália. Desde então, a ascensão apenas se consolida. Capitão da Seleção Francesa campeã mundial Sub-20 no ano passado, volante de 21 anos levou o prêmio Golden Boy de 2013, entregue ao melhor jogador jovem da Europa. Chegou ao Brasil cercado de muita expectativa, trouxe a família (os pais e os irmãos mais velhos, gêmeos, são nascidos na Guiné) e já avisou que pretende voltar para casa só depois da final, em 13 de julho, no Rio.

Voltemos, então, ao corte de cabelo. A irreverência do estilo é apenas uma das maneiras de Pogba se expressar. E toda essa descontração ele leva também para as redes sociais. Em sua conta no Twitter, além de postar fotos, o volante encarna personagens em forma de desenhos a cada partida: já foi um jedi, da série Star Wars; James Bond, Indiana Jones e Wolverine. Apareceu comendo churrasco em Porto Alegre e jogando capoeira em Salvador. Pogba, dentro e fora de campo, é atração à parte na Copa.


Em defesa de Suárez
A Rede Latino-americana de Juízes (Redlaj), entidade internacional composta por magistrados representantes de 19 países da América do Sul, América Central, Caribe e México, entrou em campo e está questionando o conjunto de sanções impostas pela Fifa ao atacante uruguaio Luis Suárez. “Em atenção a importantes aspectos jurídicos e sociais implicados, assinalamos algumas reflexões como operadores do sistema jurídico de cada um dos nossos países”, diz a nota. Entre os aspectos discutidos está a desproporcionalidade entre a falta e a punição, “no limite da medida justa e que não provoque estigmas, discriminações (…) ou afete outros direitos além dos da própria competência esportiva, a saber o direito de trabalho e o de transitar livremente pelo território de um estado”. Ainda no Brasil, Suárez foi proibido pela Fifa de almoçar com os companheiros de Seleção Uruguaia no hotel e até de entrar no mesmo avião da delegação.


Mea-culpa nas alturas
A empresa aérea holandesa KLM se retratou da brincadeira feita no Twitter depois da eliminação da Seleção do México nas oitavas de final da Copa, com a derrota de virada por 2 a 1 para a Holanda, no domingo. O tuíte com a imagem de um letreiro de sala de embarque (Departures) com um sombrero e um bigode e os dizeres “Adiós, amigos”, revoltou muitos mexicanos. “Tratava-se de uma piada, mas a reação negativa foi muito intensa”, declarou Lisette Ebeling Koning, porta-voz da KLM. “Oferecemos nossas profundas desculpas a quem se sentiu ofendido”, disse Marnix Fruitema, diretor-geral da empresa para a América do Norte.

 (Fotos: Twitter/Reprodução de internet)

Craque na telona
A Copa é no país de Pelé, Neymar e cia., mas a estrela de futebol que ganhará as telas do cinema será um argentino. Será amanhã, no Rio, a estreia mundial do filme Messi, com roteiro do ex-jogador Valdano e depoimentos de pessoas próximas ao craque, além de jornalistas e personalidades do esporte como Maradona, Cruyff, Menotti, Iniesta, Piqué, Mascherano e Alejandro Sabella – grafado Xabella no pôster que caiu na rede ontem. A película aborda a carreira do camisa 10 argentino desde a infância, com reconstituições em Rosário (terra natal do craque), Buenos Aires e na Espanha, filmadas por atores, e cenas reais.

“Respeito aos meus irmãos argelinos. Jogaram firmes, como soldados!”

Demba Ba (@dembabafoot), atacante senegalês, reconhecendo a luta da Seleção da Argélia, que só sucumbiu ao poderio da Alemanha na prorrogação

“Parabéns aos bravos heróis da Argélia, que honraram o futebol da equipe”
Raymond Domenech (@Raymon_Domenech), ex-técnico da Seleção Francesa, se rendendo à surpreendente campanha dos argelinos no Brasil

“Nas quartas de final. Exausto, cansado e, sim… orgulhoso!! Obrigado pelo apoio e por acreditar nesse time”
Mertesacker (@mertesacker), zagueiro da Alemanha, aliviado depois da sofrida classificação para as quartas de final

COLUNA DO JAECI » Muitos gols e mau futebol. Que Copa estranha‏

COLUNA DO JAECI » Muitos gols e mau futebol. Que Copa estranha
"A Colômbia tem mostrado o melhor futebol do Mundial, com quatro vitórias convincentes, belos gols e James Rodríguez se candidatando a craque da competição" 
 
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 01/07/2014


Esta Copa apresenta números curiosos. Excepcional média de gols, porém, sem equipe-referência. Alguns favoritos deram adeus ainda na primeira fase, e quem ficou não empolga. Vamos por etapas. Espanha, Inglaterra e Itália normalmente figuram entre os mais cotados em Mundiais, mas já foram embora. A primeira, atual campeã, foi um fiasco. Humilhada pela Holanda na estreia, não teve forças para reagir diante do Chile e partiu sem deixar saudades. A segunda foi campeã uma vez, em 1966, e nunca mais confirmou a fama. A terceira jamais foi brilhante, embora seja perigosa, com seu esquema defensivo e os contragolpes mortais. Agora, contudo, nada feito. Venceu os ingleses e perdeu de Costa Rica e Uruguai. Pena ver Pirlo, seu melhor jogador, dizer adeus de forma melancólica, pois a Azzurra esteve instável o tempo todo.

Há boas surpresas. A Costa Rica teve o mérito de se classificar no grupo da morte, com o Uruguai em segundo, passou pela Grécia nas oitavas e nas quartas vai enfrentar a Holanda. A Colômbia tem mostrado o melhor futebol do Mundial, com quatro vitórias convincentes, belos gols e James Rodríguez se candidatando a craque da competição. O jogador do Monaco já desperta o interesse de gigantes europeus. O técnico argentino José Pékerman montou esquema ofensivo, que privilegia o gol. O resultado é um belo futebol.

Holanda e França também seguem. A primeira foi arrasadora nos 5 a 1 sobre a Espanha e correta nos jogos seguintes. Ganhou do México nos minutos finais com a velocidade e malandragem de Robben. Diante da surpreendente Costa Rica, acredito que avance. No outro lado da tabela, creio numa semifinal Argentina x Holanda. Os hermanos, também sem convencer, dependem do genial Messi.

A Alemanha também começou a toda: 4 a 0 sobre Portugal. Mesmo sem o brilho que se previa, vai fazer as quartas de final com a França. É o time com mais conjunto, porque tem uma base de oito anos, embora não consiga entusiasmar. Bem treinado, pragmático, tem grandes valores individuais, mas ainda lhe falta aquela arrancada de grande campeão.

Já o Brasil, eterno favorito e único pentacampeão, é outro que atua muito mal, sem conjunto, sem meio-campo e ataque. Depende exclusivamente de Neymar, projeto de craque, que bem marcado não aparece. Com a ligação direta defesa-ataque, a bola volta o tempo todo para sua própria área. Chegou às quartas graças a Júlio César e à sorte, pois no último lance da prorrogação a bola chilena carimbou o travessão. Mas ressurge com esperanças de derrotar a Colômbia, que tem mais time e grupo. Mas terá camisa para superar os anfitriões? A Copa é atípica, o baixo nível técnico contrasta com os muitos gols e o show das torcidas.

Penso que o futebol no mundo precisa ser repensado. A distância das equipes de primeira linha para as de segunda e terceira encurtou sensivelmente. Não dá mais para arriscar um campeão, embora mantenha meu palpite numa final Alemanha x Argentina. Na hora que o Mundial afunila, quem tem camisa cresce. Se isso não acontece, a arbitragem ajuda. Uma decisão Costa Rica x Colômbia não seria nada mal, mas acho quase impossível. Poderemos ter numa semifinal Argentina x Holanda. Na outra, Brasil x Alemanha ou França ou Colômbia x Alemanha ou França. Pena que justamente em casa tenhamos safra tão ruim e técnico tão primitivo e fraco.

Tivéssemos time um pouco mais qualificado, com os homens certos no meio-campo, iríamos facilmente à final. Pelo que estamos vendo, será bem difícil. Numa Copa em que favoritos não confirmam isso, tudo pode ocorrer, até o Brasil levantar a taça. Aí decretaremos o fim do futebol, pois jamais vi equipe desorganizada e mal arrumada ganhar nada.