segunda-feira, 30 de junho de 2014

Pode diminuir a corrupção? - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico 30/06/2014

Microgravadores e amores líquidos podem constituir uma forte arma para apurar a corrupção - e reduzi-la

Levanto aqui uma questão controversa: com o avanço das tecnologias de gravação e o enfraquecimento dos laços conjugais, será que ficou mais fácil desmascarar a corrupção? Essas duas mudanças, uma técnica, outra social, diminuirão o desvio de recursos públicos?
Primeiro ponto. Hoje, não há praticamente mais conversa secreta, salvo entre duas pessoas nuas na água. Fora deste caso, um dos participantes - ou uma terceira pessoa - sempre pode gravar a conversa. Esse registro poderá servir para negociar um acordo de delação premiada ou, antes mesmo, pressionar e chantagear a outra parte. Um caso exemplar é o do mensalão do DEM, quando se descobriu uma rede de corrupção no Distrito Federal. Pudemos até ver dois políticos agradecendo a Deus pelo dinheiro roubado que recebiam. Sem câmeras portáteis de vídeo, não haveria o escândalo nem o castigo.

Tivemos, no começo da Nova República, uma novela emblemática da exaustão de nossa paciência com a corrupção: "Vale Tudo" (1988). Faz já mais de um quarto de século! Nela, a vilã Odete Roitmann forçava o genro Ivan a corromper um funcionário público - mas ela mandava gravar a cena, de modo que Ivan acabava preso. Na vida real, funcionários paulistanos chantagearam o empresário Ricardo Semler - que os filmou e denunciou. A corrupção se tornou mais arriscada. Mas a tecnologia complexa que foi usada nesses casos hoje é banal. Está ao alcance de qualquer um. Qualquer smartphone registra qualquer malfeito.

O corrupto não rouba supérfluos mas o essencial

Quer dizer que todo ato de corrupção hoje é denunciado? Não. Mas a facilitação de seus registros cria um risco maior para o corrupto. Ele sabe que tudo pode ser revelado. A única forma de evitar isso é as pessoas estarem sem roupa e num lugar - como uma piscina ou o mar - em que aparelhos eletrônicos não possam ser utilizados.

A corrupção, no Brasil, foi tolerada porque parecia não prejudicar ninguém. Furtava-se dinheiro da Viúva; ora, por que dar esse nome ao Tesouro Público? Porque, se um galã leva uma viúva a festas e jantares, para pegar o dinheiro dela, não estaria prejudicando ninguém, a não ser sobrinhos ou netos que só querem que ela morra logo para herdarem um dinheiro que não merecem. Mas essa é a mesma justificativa do fiscal que, para não emitir uma multa, aceita ou cobra um agrado: todos saem ganhando, pensa ele. Ele não entende que sai perdendo o Tesouro, o dinheiro de todos, o bem comum. Esse descaso criminoso pela coisa pública só é igualado pela sua aparente inocência - um crime que seus autores não percebem como crime, que prejudica milhões de pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, sem eles o notarem.

O dinheiro da viúva é estéril. Se eu não pegá-lo, ele não será usado. Mas a analogia não cabe com a Viúva, isto é, o tesouro público. O dinheiro de todos é, ou deve ser, tudo, menos improdutivo. Quando se rouba a Viúva, perdem-se obras, perdem-se serviços. O corrupto não furta indolentes, mas contribuintes. Não rouba o supérfluo, mas o essencial. Não tira de ninguém o que este não merece, mas sim o que poupou, pagou, constituiu. Por isso, seu crime é horrível. Por isso, a China os executa.

Mas esta consciência parece estar longe do "nosso" corrupto. Daí que tantos deles flutuem vagamente entre a corrupção deslavada e o simples descaso no trato dos dinheiros. Daí que alguns sejam simpáticos e até generosos. Daí que seu crime não seja "hediondo". O hediondo é quem afirma, na sua cara, que não preza a sua vida, ou mesmo sente prazer em matar, em torturar. Lembra a "Anedota Búlgara", de Carlos Drummond de Andrade, sobre o czar naturalista que caçava homens: "Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,/ ficou muito espantado / e achou uma barbaridade". Pois é, o corrupto pratica dois pesos e duas medidas. Ele, como o sonegador, não se reconhece como criminoso.

Por isso, no patrimonialismo brasileiro, e em sua derivada a corrupção, o uso da crueldade parece raro, ao contrário da Máfia. A doutrina que sustenta patrimonialismo, nepotismo e corrupção é a da bondade de quem os pratica: se rouba o que é de todos, é porque é de nenhum. Daí que seja importante enfrentá-lo num de seus pontos mais fracos, a rede de confianças entre cúmplices que permite funcionar a corrupção. Ele precisa desconfiar do sócio e da mulher.

Assim, o segundo elo fraco que um bom investigador pode atacar é o enfraquecimento dos laços antes pouco dissolúveis do amor, como o casamento. O corrupto confiava na esposa, porque ela pertence a sua vida doméstica, privada, íntima, não ao mundo público. Se na política alianças se fazem e desfazem, a aliança na vida pessoal era permanente. Isso valia não só para o casamento mas, até mesmo, para o estatuto duradouro de certas amantes. Ora, acabou esse asilo íntimo contra as agruras do mundo. As mulheres deixaram de assegurar o repouso do guerreiro. A insegurança pública invadiu a alcova. Relações se desfazem com uma raiva que não poupa segredos. A crise que derrubou o senador Renan da presidência do Senado foi exemplar. Acabou o papel secundário da mulher, que sustentava acordos num meio em que a palavra era constantemente quebrada; por que arcaria ela, sozinha, com tudo?

Microgravadores e amores líquidos expõem mais a corrupção a uma investigação bem conduzida. Mas a investigação tem que ser de primeira. Tem de jogar um contra outro. Tem que dissolver as alianças, premiando a denúncia do parceiro ou mesmo do amor. É o que a legítima defesa da sociedade exige. Mas qual o impacto destas mudanças que vulneram o segredo sobre a corrupção? Espera-se que consigam reduzi-la.


Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. 
E-mail: rjanine@usp.br


TeVê

TV paga

Estado de Minas: 30/06/2014



 (Globo Filmes/Divulgação )

Mestre Cartola


Dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, o documentário Cartola – Música para os olhos é a atração de hoje, às 19h, no Film&Arts. A produção retrata, por meio de imagens de arquivo e depoimentos, a vida de um dos compositores mais admirados da música brasileira. A maior qualidade é evitar uma simples biografia ou registro do processo criativo do artista, mas destacando a importância do personagem na própria história do samba.

Série do A&E promove
desfile de belas pin-ups


A série Caos, exibida pelo canal A&E, emenda dois episódios a partir das 21h30. No primeiro, Tibira, proprietário da loja-bar na Rua Augusta, sai pelos antiquários e feiras à procura de réplicas de armas antigas, incluindo espadas e facas. No segundo, a sócia dele, Carrô, tem a ideia de fazer uma noite de cabaré no Caos e convida um grupo de pin-ups para promover um leilão do cor set, peça básica da indumentária burlesca.

Pequi é saboroso, mas
disso o mineiro já sabia


No episódio de hoje de Fominha, às 18h, no GNT, Ana Luiza vai a Brasília investigar as origens do pequi, fruta típica do cerrado – inclusive em terras mineiras. Ela conversa ainda com a chef que comandou a cozinha do Palácio da Alvorada e prepara uma galinhada especial para o músico Dado Villa-Lobos. No mesmo canal, às 22h, Grazi Massafera recebe a atriz e apresentadora Ana Furtado, que fala sobre flacidez, no programa Superbonita.

Atriz interpreta menino
que virou um mulherão


Daniele Winits faz o papel de um transexual no episódio desta noite de As canalhas, às 22h30, no GNT. Seu personagem é Gil, que foi hostilizado na adolescência por ser gay, deixou sua cidade no interior e retorna adulto, para o enterro da mãe, mas como Gilda, sua nova identidade, louca para se vingar de seus agressores do passado. Na sequência, às 23h, em Surtadas na yoga, a academia corre o risco de fechar por causa de problemas financeiros.

Muitas alternativas na
programação de filmes


Num dia sem estreias, destaque para oportunas reprises de filmes importantes, como os anunciados para a faixa das 22h: Falsa loura, no Prime Box Brasil; Minority report – A nova lei, no MGM; Assassinato em primeiro grau, no Studio Universal; É o fim, na HBO 2; E estrelando Pancho Villa, no Max Prime; O lado bom da vida, no Telecine Premium; Gabriela, no Telecine Cult; e Um dia de cão, no TCM. Outras atrações do pacotão de cinema: Um encontro com seu ídolo, às 20h30, no Universal Channel; O palhaço, às 21h25, na TNT; e 2012, às 22h30, no Megapix.


CARAS & BOCAS » Enfim, o beijo
Simone Castro
Estado de Minas: 30/06/2014


Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) trocam carinho: gravação surpresa    (TV Globo/Divulgação )
Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) trocam carinho: gravação surpresa

Acabou o suspense: o casal homossexual Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) troca, finalmente, o beijo. A cena será exibida no capítulo de hoje de Em família (Globo), que já está na reta final. Especulava-se que, talvez, o carinho não fosse ocorrer, visto que há uma rejeição de parte do público ao relacionamento das personagens. Na trama, a fotógrafa quer oficializar a união e compra uma aliança para a namorada. Em clima romântico, ela oferece a joia e pede que Clara a use na mão direita e mostra uma igual já no próprio dedo. Clara percebe que é um pedido de casamento e aceita. Marina põe a aliança no dedo da dona de casa e elas selam o compromisso com um beijo. A gravação teria ocorrido de surpresa para as atrizes, combinada apenas entre o autor, Manoel Carlos, e os diretores Jayme Monjardim e Leonardo Nogueira, marido de Giovanna. Vale lembrar que as atrizes não trocaram o primeiro beijo gay feminino da TV aberta, que foi registrado em 2010 na novela Amor & revolução, do SBT/Alterosa, entre as personagens de Luciana Vendramini (Marcela) e Gisele Tigre (Marina). Já na Globo, o beijo inédito entre homens foi realizado por Mateus Solano (Félix) e Thiago Fragoso (Niko) em Amor à vida, antecessora de Em família.

TUDO O QUE ROLOU EM
NOVA FASE DO MUNDIAL


O Alterosa no ataque desta segunda-feira, às 19h10, na TV Alterosa, coloca o telespectador na cara do gol mostrando – e repercutindo – tudo o que rolou em campo e nos bastidores de Brasil e Chile, no sábado, no Mineirão. E os destaques vão além, com os outros jogos das oitavas de final da Copa do Mundo no fim de semana.

TRAMA DE WALCYR SUPERA
A DE MANECO EM PORTUGAL


Amor à vida registra mais do que o dobro de audiência de Em família, ambas da Globo, em Portugal. A primeira é de Walcyr Carrasco e a outra de Manoel Carlos. As novelas são exibidas pelo canal SIC, às 22h55 e às 18h45, respectivamente. De 2 a 25 de junho, segundo o GFK, instituto que mede a audiência da TV portuguesa, a trama de Walcyr marcou 11,2 pontos de média, contra 5,4 da novela de Maneco. Em família ainda perde para Salve Jorge, de Glória Perez, por lá chamada de A guerreira, exibida à meia-noite. E só vence Senhora do destino, de Aguinaldo Silva, reprise que vai ao ar à tarde.

PERSONAGEM RETORNA
EM QUINTA TEMPORADA


Covert affairs, série do canal AXN (TV paga), vai contar com o ator Oded Fehr em sua quinta temporada. Ele retorna à atração no papel de Eyal Lavin, um ex-agente da Mossad, a divisão de inteligência de Israel. Eyal ajuda Annie Walker, jovem agente da CIA, em algumas missões arriscadas.

NOVELAS MEXICANAS NA
SUCESSÃO DE CHIQUITITAS

O SBT ainda não definiu, mas estão cotadas as tramas mexicanas Carinha de anjo e Patinho feio para substituir Chiquititas. Especula-se, no entanto, que a mudança pode demorar, pois há interesse em prorrogar o remake de Íris Abravanel durante todo o ano que vem.

GILBERTO BRAGA
NO CANAL VIVA


O dono do mundo, trama de Gilberto Braga, vai substituir História de amor, de Manoel Carlos, no canal Viva (TV paga), no ar às 15h30. No elenco, entre outros, Antônio Fagundes, Glória Pires, Malu Mader e Fernanda Montenegro. Exibida na Globo em 1991, conta a história do pedante cirurgião Felipe Barreto, personagem de Fagundes, machista e mulherengo, que decide conquistar a noiva de seu funcionário em pleno dia do casamento, a fim de transar com ela depois de descobrir que a moça é virgem. Ao perceber que foi usada, Márcia, vivida por Malu Mader, passa a tramar uma vingança contra o safado. Detalhe: O dono do mundo patinou na audiência, assombrada por um fenômeno, nada menos do que a mexicana Carrossel, exibida na época pelo SBT/Alterosa. A estreia está prevista para agosto.

VIVA

Gina (Paula Barbosa), que rouba a cena de coadjuvante e acaba no posto de mocinha em Meu pedacinho de chão (Globo).


VAIA

Megan, personagem de Isabelle Drummond, precisa de uma virada em Geração Brasil (Globo). Ô garota sem noção!

LEGADO » O mais corajoso dos homens [ Bobby Womack]

LEGADO » O mais corajoso dos homens
Com a morte de Bobby Womack, a soul music perde um de seus mais influentes artistas. Cantor gravado pelos Rolling Stones mostrou capacidade de dar a volta por cima e vencer o ostracismo 

Mariana Peixoto
Estado de Minas: 30/06/2014


Bobby Womack tocou com Aretha Franklin e Ray Charles e teve canções gravadas por Janis Joplin e George Benson     (Paul Bergen/AFP)
Bobby Womack tocou com Aretha Franklin e Ray Charles e teve canções gravadas por Janis Joplin e George Benson


Ninguém se torna o homem mais corajoso do universo à toa. Bobby Womack sofreu com diabetes, conseguiu superar a cocaína e o câncer. Até o Alzheimer, que o alcançou mais recentemente, não foi capaz de tirá-lo dos palcos. Foi visto pela primeira vez no Brasil em novembro, no Rio e em São Paulo, no festival Back2Black. Mas até o homem-coragem sucumbe. Womack morreu sexta-feira, aos 70 anos. No entanto, um dos últimos grandes remanescentes da era de ouro da soul music partiu deixando um legado que vai sobreviver a ele. E um canto dos cisnes que o recuperou do ostracismo e o apresentou, da maneira devida, às novas gerações.

Lançado em 2012, The bravest man in the universe, presente em todas as listas de melhores discos de 2012, foi cria de Damon Albarn. O líder do Blur tirou Womack do limbo dois anos antes para uma participação em Plastic beach, álbum de sua segunda banda, o Gorillaz. Albarn, aqui em parceria com Richard Russell, repetiu a dobradinha de produção que também tirou outro velho herói da música americana do esquecimento. Os dois produziram I’m new here (2010), de Gil Scott-Heron. Coincidência infeliz, foi também o derradeiro disco de Scott-Heron, que morreu um ano mais tarde.

Voltando a Womack, The bravest man in the universe, seu primeiro álbum em 13 anos, começa com a faixa homônima, com a interpretação a capela, com sua voz de barítono ainda potente, porém um tanto descarnada, que explicita a acidentada biografia do cantor, compositor e guitarrista. A canção continua num clima quase trip-hop, que está em função da voz de Womack. A dupla de produtores não o atropela em momento algum, só atualizando, sem forçar a barra, uma obra que sempre foi moderna. Promove ainda encontros inusitados, como a de Womack dividindo uma canção (Dayglo reflection) com a então estrela em ascensão Lana Del Rey. E até o embate entre os monstros Womack e Scott-Heron numa pequena vinheta (Stupid introlude).

Ao longo de sete décadas, Womack renasceu várias vezes. Nascido em 4 de março de 1944, o filho de um metalúrgico de Cleveland não fugiu à regra no início de carreira. A rígida educação religiosa o levou, ainda criança, a se unir aos quatro irmãos – Cecil, Curtis, Harry e Friendly Jr. – e formar o quinteto gospel The Womack Brothers. Foi Sam Cooke, considerado o inventor da soul music, quem levou os irmãos, a contragosto do pai, para o caminho da música secular. Rapidamente, os Womack se tornaram The Valentinos. Mas a estrela de Bobby começou a brilhar realmente por meio de terceiros. Foi guitarrista da banda de Cooke e, depois do assassinato deste, os Valentinos não renderam muito tempo. Surpreendentemente, Womack, a despeito da tragédia com o mentor, não esperou muito para se casar com a viúva de Cooke, Barbara Campbell, o que deixou a comunidade R&B consternada.

Nas paradas


Como guitarrista, Womack gravou com Aretha Franklin, Ray Charles, Dusty Springfield e Wilson Pickett. Este último, por seu lado, registrou 17 canções de autoria de Womack, I’m a midnight mover entre elas. Suas composições foram também ouvidas nas vozes de George Benson (Breezin’) e Janis Joplin (Trust me). Mas foi com os Rolling Stones que Bobby chegou ao topo das paradas. O primeiro hit da banda de Mick Jagger e Keith Richards foi uma gravação de It’s all over now, que os Valentinos haviam registrado anteriormente.

Como artista solo, só estreou em 1968, numa carreira discográfica cujo auge ocorreu nos anos 1970, com álbuns como Communication (1971) e Understanding (1972). Quando entrou para o Hall da Fama do Rock, em 2009, Womack declarou: “Se você é abençoado por ser capaz de esperar o que é importante para você, um monte de coisas vão mudar na vida.” Infelizmente, a morte chegou para Womack em meio à produção de seu novo álbum, projeto que contaria com a participação de Stevie Wonder e Rod Stewart. O título anunciado é The best is yet to come (O melhor ainda está por vir). Pura ironia.

Biomassa como combustível para aciaria‏

Equipe de pesquisadores mineiros apresenta uma solução na área de engenharia de materiais, com foco nas energias renováveis, e vence prêmio da Associação de Aço e Tecnologia dos Estados Unidos

Augusto Pio
Estado de Minas: 30/06/2014



A partir da esquerda, Thales Leal, Paulo Assis, Tiago Oliveira e Jaderson Ilídio (arquivo pessoal)
A partir da esquerda, Thales Leal, Paulo Assis, Tiago Oliveira e Jaderson Ilídio

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) conquistou o 3º lugar na categoria Graduate Student Poster Contest, na 10ª edição do prêmio dado pela Associação de Aço e Tecnologia dos EUA (AISTech), evento realizado em Indianápolis, nos Estados Unidos. O grupo da Ufop apresentou um projeto sobre o uso de biomassa na aciaria elétrica, que busca a utilização de fontes renováveis de combustível para geração de energia elétrica e aproveitamento dos gases de combustão na queima do material. “Os combustíveis propostos neste trabalho foram biomassas, no caso, capim-elefante, casca de arroz e casca de feijão. Esse processo trata da substituição de fontes não renováveis, como gás natural e petróleo, por renováveis, que seriam resíduos de agricultura, já que o Brasil é rico nessas fontes”, explica Jaderson Ilídio, estudante de matemática que integra o grupo, formado ainda pelo professor da Ufop e coordenador da Rede Temática em Engenharia de Materiais (Redemat) Paulo Santos Assis e pelo doutorando da Redemat Tiago Luis de Oliveira. A Redemat é fruto de uma parceria entre a Ufop e a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg).

O projeto usa conceitos da lei da termodinâmica para realizar os cálculos. “Aplicamos diretamente a fórmula para encontrar a quantidade de energia necessária e a quantidade de material a ser utilizado, podendo avaliar, assim, o custo de material gasto para a produção de aço. Pretendemos usar, futuramente, a fumaça das caldeiras para fornecer energia térmica para outro processos da aciária elétrica. Os resíduos que servem como matéria-prima são, em geral, desperdiçados, e com sua reutilização há uma reciclagem e ganho de crédito de carbono”, ressalta o estudante.

Jaderson esclarece quer o projeto tem como pretensão apresentar vantagens para o uso de biomassas como capim-elefante, cascas de arroz e de café na geração de energia térmica e elétrica dentro da cadeia de produção do aço. A geração da energia elétrica se dá pela queima do material diretamente dentro de uma caldeira, e quanto à energia térmica, a biomassa poderia ser aplicada pela injeção desse material dentro dos fornos utilizados para refinar ou fundir o aço, como principal exemplo, e forno elétrico a arco. A indústria do aço é muito dependente do uso de gás natural e outros combustíveis de origem fóssil, como carvão mineral, e esse projeto abre as portas para a substituição desses poluentes atmosféricos por produtos renováveis, que não agridem a natureza”, acrescenta o estudante.

Aluno de iniciação científica no grupo de pesquisa do professor Paulo Assis, atualmente Jaderson Ilídio trabalha na continuidade e no aprimoramento desse projeto e colabora com mais um outro na mesma área de estudos, de energias renováveis. “Conjuntamente com os alunos de graduação em metalurgia, foi desenvolvida a pesquisa teórica sobre o tema e feita uma base para cálculo do custo de material necessário para cada 100 toneladas de aço produzida. Uma pesquisa atual dos preços de mercado das biomassas e gás natural foi feita para aplicarmos aos artigos produzidos”, diz Jaderson.

O doutorando Tiago Oliveira salienta que o projeto tem como pano de fundo uma dissertação de mestrado em engenharia de materiais sobre o uso de biomassa como fonte energética sustentável na cadeia da fabricação do aço. “Esse artigo foi elaborado com a minha supervisão e coordenação do professor Paulo, com alunos de graduação em engenharia metalúrgica da Escola de Minas de Ouro Preto.” Sua contribuição foi orientar os estudantes Thales Leal, Ramon Pasquali, Lucas Gibram e Renan Artilha, fornecendo elementos teóricos e práticos relativos ao processo de fabricação de aço empregando um forno elétrico a arco que tem uma tecnologia de pré-aquecer sucata, usando a energia elétrica.

“Outra tecnologia é o uso de lanças no forno para injeção de oxigênio e gás natural. Tudo isso é objeto de estudo no processo de fusão e produção de aço dentro do forno. Essa tecnologia já existe e é empregada nos mais de 190 fornos dos EUA, porém a utilização de biomassa em substituição ao gás natural e integrado ao sistema ainda é inédito. Nosso objetivo é aprofundar as discussões, como no último congresso da Associação de Aço e Tecnologia dos EUA”, salienta Tiago. “Atualmente, estamos trabalhando juntos em um projeto de utilização de biomassa para geração de energia elétrica, via forno de micro-ondas”, revela.


Protocolo de Kyoto

Criado em 1997, em Kyoto, no Japão, esse documento foi assinado pela Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas e definiu metas de redução de emissões para os países desenvolvidos, responsáveis históricos pela mudança atual do clima. Esses países se comprometeram a reduzir suas emissões totais de gases de efeito estufa a, no mínimo, 5% abaixo dos níveis de 1990, no período compreendido entre 2008 e 2012. Os países não listados no chamado Anexo I, entre eles o Brasil, tiveram estabelecidas medidas para que o crescimento necessário de suas emissões fosse limitado pela introdução de medidas apropriadas, contando, para isso, com recursos financeiros e acesso à tecnologia dos países industrializados. O protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005, mas nem todos os países industrializados, como os Estados Unidos, assinaram o documento.


Objetivo é associar ideia ao agronegócio

Paulo Assis esclarece que o projeto visa ainda ao aproveitamento do potencial do agronegócio em uma sinergia com o setor siderúrgico e metalúrgico. “Existe no país uma produção agrícola bastante pujante, notadamente, cana-de-açúcar, café, arroz e outros. Esses produtos, durante seu processamento, geram resíduos. Parte deles não é aproveitada e muitas vezes constituem um passivo ambiental, que além de contaminar o solo, prejudica a atmosfera, através da emissão de metano, que é 24 vezes pior que a emissão de gás carbônico.”

O professor ressalta que a contribuição do grupo foi exatamente avaliar esse potencial e encontrar alternativas de uso no setor siderúrgico, que sempre consome muita energia. As vantagens são sociais, econômicas, financeiras e ambientais e, segundo ele, a viabilidade técnica do projeto é inquestionável pelos estudos até então realizados. “Temos recebido muito apoio pela maior associação mundial de ferro e aço do mundo, que é a Association for Iron and Steel Technology, sediada nos EUA. Este ano, o grupo recebeu, pela terceira vez, o prêmio de reconhecimento técnico. Isso, em um país que tem toda a sua matriz energética fundamentada em combustíveis não renováveis, mostra que os norte-americanos estão atentos às produções científicas que estão sendo desenvolvidas no mundo para minorar o impacto ambiental de um consumo exacerbado de combustíveis não renováveis, a despeito de não terem assinado o Protocolo de Kyoto.”

Assis ressalta que o grupo envolvido nesses projetos é bastante eclético e tem trabalhado desde 2004, com as alternativas do uso da biomassa. “Inicialmente, nosso foco foi o carvão vegetal, visto que a indústria siderúrgica nacional atualmente tem uma participação desse redutor bastante notável (cerca de 25%) e posteriormente, outros materiais da biomassa foram sendo anexados ao projeto”. A produção de ferro-gusa no Brasil é dependente de dois redutores. O primeiro, o coque, é um material derivado da transformação do carvão mineral, e responsável por cerca de 75 % de toda a produção de gusa. O segundo, o carvão vegetal, derivado da carbonização da madeira (eucalipto principalmente) é o responsável pelo restante. A grande vantagem do segundo em relação ao primeiro é que ele é genuinamente nacional e oriundo de florestas plantadas, amenizando a pressão sobre o carvão vegetal de florestas nativas.

Opções - Eduardo Almeida Reis‏

Estado de Minas: 30/06/2014 



Engraçado: com boneca de silicone pode, mas com caixa eletrônico é proibido transar. Como noticiou o Daily Mail, Mr. Lonnie Hutton, de 49 anos, estava em um restaurante na cidade de Murfreesboro, Tennessee, EUA, quando tirou suas calças e cuecas e começou a fazer movimentos como se estivesse transando com um caixa eletrônico. A polícia conseguiu encontrar Hutton nas proximidades do restaurante ainda sem roupas, balançando os quadris, exibindo badalhocas e pirilau, com bafo de álcool e dificuldade de movimentos.

Quando estava sendo preso ainda tentou transar com uma mesa de madeira. Foi multado em US$ 250. Maldade das leis do Tennessee, pois Hutton não sequestrou a mesa nem o caixa eletrônico, que, por seu turno, não se queixaram da tentativa de estupro.

Muito mais grave do que o sexo do americano foi a decisão do STF sobre os envolvidos na Operação Lava Jato, mandando soltar o mais perigoso dos ladrões de alto coturno para ajeitar seus negócios em liberdade, enquanto Hutton não passa de um bêbado inofensivo. É óbvio que todo brasileiro, em seu juízo perfeito, não sabe que Murfreesboro, fundada em 1811 e incorporada em 1817, fica no condado de Rutherford e é uma das cidades de mais rápido desenvolvimento populacional dos Estados Unidos. Em 2012, tinha alcançado 114 mil moradores, a quinta parte da população de Juiz de Fora, MG. Desde 1977, a cidade americana tem um time de futebol, o Murfreesboro Soccer Club. Juiz de Fora tem o Tupi Football Club, fundado em 1912, que tem como mascote o Galo Carijó: “que ou o que possui penas pintalgadas de branco e preto. Diz-se especialmente do galináceo, mas se aplica aos mestiços de índio com branco, bem como a diversas madeiras, aos índios guaranis que nos séculos 16 e 17 ocupavam diversas regiões brasileiras e aos índios escravizados pelos colonos paulistas. Etimologia: do tupi cari-yó – procedente do branco; a ave pedrês”.

Religião

Afamanado bispo evangélico, que amealhou pessoalmente uma das maiores fortunas deste país grande e bobo graças a um ardil que comentei na coluna de ontem, publicou no YouTube diversos vídeos afirmando que o candomblé e a umbanda não são religiões. Deu um bololô dos diabos, sobretudo depois que o juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio, atestou que manifestações religiosas afro-brasileiras não constituem religiões. Em sua opinião, só seriam religiões aquelas que tivessem um texto-base como a Bíblia ou o Corão, uma estrutura hierárquica e um deus a ser venerado. Afirmou e voltou atrás, como virou moda até no STF.

Com todo o respeito devido ao magistrado federal, ao bispo bilionário, aos umbandistas e aos candombes praticantes, acho que erraram pelo seguinte motivo: tudo é religião. O autor destas bem traçadas, que tem horror a todas as religiões, é o mais religioso dos brasileiros. Observo desde sempre aquilo que considero obrigação moral, dever inelutável, e desafio os religiosos, todos eles, num teste de princípios morais e éticos.

Obrigação moral, princípios morais e éticos, isso tudo é religião. Tenho defeitos, é lógico, muito menos que os dos tais religiosos. E me permito dizer ao papa Francisco: enquanto philosopho penso que ele enveredou com muito entusiasmo pela trilha das canonizações.

Ouço falarem das canonizações de cavalheiros e damas que não resistem a um advogado do diabo reprovado nos exames da OAB: tenha o papa Francisco a santa paciência. Em sua igreja, canonização é assunto sério. Aventando a hipótese de canonizar bandidos, traquinas ou idiotas, desmoraliza os outros santos.

Crime e castigo

Não há dia em que não se veja na mídia a lenga-lenga criminológica sobre recuperação de bandidos, ressocialização, licenças para deixar a cadeia pela Páscoa, pelo Natal, pelo Dia das Mães. Todo mundo opina e acha que entende do assunto, que se resume ao seguinte: cadeia não recupera ninguém, mas é ótima para isolar o criminoso do convívio social. Só isso: o isolamento basta para justificar a prisão. O resto é piu-piu, como dizia Ibrahim Sued, meu contemporâneo nas redações cariocas. O Turco humilhava a plebe com os seus charutos: “Estou queimando cinco dólares”. Bons tempos! Hoje, por cinco dólares só encontramos charutos de macumba.

O mundo é uma bola 

30 de junho de 1559: o rei Henrique II, da França, é seriamente ferido numa justa contra Gabriel de Montgomery. Justa era torneio em que dois cavaleiros armados de lanças, indo um na direção do outro, procuravam desmontar o oponente. Morreu 10 dias depois. Em 1793, inauguração do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa. Algumas das passagens mais deliciosas dos livros do Eça ocorreram em São Carlos, localizado no centro histórico de Lisboa, zona do Chiado. Foi construído para substituir o Teatro Ópera do Tejo, destruído no terremoto de 1755. No mesmo largo, em frente ao teatro projetado pelo arquiteto José da Costa e Silva, nasceu uma das mais importantes figuras da poesia portuguesa, Fernando António Nogueira Pessoa.

Em 1908, no Evento de Tunguska, a explosão de alguma coisa na atmosfera terrestre destruiu milhares de quilômetros quadrados de florestas na Sibéria e o tremor foi sentido até no centro da Europa. Hoje é o Dia do Biotécnico, do Economista e do Caminhoneiro.

Ruminanças
“Um tolo sempre encontra outro mais tolo que o admira” (Boileau, 1636-1711).

Mulheres no futebol - Maria das Graças Brasil Pinto

Estado de Minas: 30/06/2014


Contrariando a visão utópica de que o futebol é um esporte exclusivamente masculino, cada dia mais mulheres garantem seu espaço como apreciadoras e praticantes da modalidade, participando ativamente tanto nas arquibancadas quanto dentro das quatro linhas. Muito antenadas, algumas delas se mostram profundas conhecedoras das regras, do esquema tático e do posicionamento dos jogadores de cada time. Atualmente, a participação feminina é aprovada e exigida pela maioria dos homens. Alguns, aliás, acreditam que elas dão o charme que o esporte precisava.

Registros do século 19 confirmam a longevidade dessa relação. Nessa época, porém, a participação das mulheres nos jogos se restringia à socialização em busca de bons pretendentes. Durante muito tempo elas exerceram um papel secundário no esporte, limitando-se à torcida ou aos concursos de madrinhas de clubes. Pequenas exceções tiveram a oportunidade de participar com o pontapé inicial ou na disputa de tiros livres.

Com o tempo, o interesse ultrapassou as arquibancadas e as mulheres passaram a praticar a modalidade. No Brasil, há registros de partidas mistas em 1908 e 1909. Oficialmente, a primeira partida de futebol feminino no país ocorreu em 1921, entre as senhoritas dos bairros Tremenbé e Cantareira, atual Santana – zona norte de São Paulo.

Durante um tempo, o preconceito e o machismo fizeram com que a prática do esporte pelo público feminino no país fosse proibida. Especificamente, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, por meio de um decreto de 14 de abril de 1940. Somente em 1979 o veto foi revogado e as mulheres puderam voltar a se divertir com a modalidade.

Atualmente, as mulheres completam a torcida nas arquibancadas dos estádios de todo o país. Aproximadamente, 30% delas acompanham de perto campeonatos e jogos, inclusive, da Seleção Brasileira, segundo pesquisa realizada pela Sophia Mind com 2.084 mulheres entre 18 e 60 anos, em todo o Brasil.

Ainda de acordo com o levantamento, pelo menos 80% delas torcem por algum time. A ironia é que os homens, que tempos atrás proibiam a participação delas, hoje a influenciam desde pequenas a escolher o time do coração.

Contudo, o que percebemos é que a participação delas no esporte ainda é pequena. Em pesquisa divulgada pela Pluri Consultoria, as mulheres relatam os motivos de não ir aos jogos. A maioria alega que falta infraestrutura nos estádios, como condição de uso dos banheiros (81%), segurança (64%), falta de cobertura nos estádios para situações de chuva (34%), preços dos ingressos (32%), falta de companhia (14%) e outros fatores somados (21%). A pesquisa foi realizada em seis cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Salvador) e ouviu 1.122 mulheres acima de 16 anos.

Mesmo que a participação ainda seja pequena, podemos nos orgulhar de diversas mulheres que praticam o esporte profissionalmente e levam o nome do Brasil por todo o mundo. Um grande exemplo é a meia-atacante da Seleção Brasileira Marta, considerada a maior jogadora de futebol de todos os tempos. Marta já conquistou o prêmio de melhor do mundo entre 2006 e 2010, além de dois pan-americanos e dois sul-americanos e duas medalhas de prata olímpica.

Em tempos de Copa do Mundo no país, a expectativa é que a participação feminina aumente cada vez mais com as melhorias realizadas nos estádios que sediam o evento e, claro, a abolição do preconceito contra elas dentro ou fora de campo.

Cabelo Cabeleira Cabeludo Descabelado Lilian Monteiro

Estado de Minas: 30/06/2014 


Além do futebol e do toque de bola, os jogadores na 20ª Copa do Mundo despertam interesse também pela personalidade e estilo. É o momento de eleger os mais gatos, os corpos mais sarados e, claro, os donos das madeixas mais descoladas e ousadas, para o bem ou para o mal. A cabeleireira Dani Ribeiro, sócia do salão Tif’s , unidade Mangabeiras, define: “O cabelo é a escolha perfeita e rápida para se criar estilo e se destacar, ainda mais no ambiente do futebol, onde todos usam uniformes. Um bom look simboliza poder, gera mudança e faz nascer um personagem, seja para intimidar o adversário ou ajudar no marketing pessoal do atleta”. Ela analisa a escolha de alguns astros que desfilam pelos gramados do Brasil.


Pranjic (Croácia)
Conhecido estilo moicano, mas levado ao extremo


Gervinho (Costa do marfim)
Talvez o mais radical, pois tem trancinhas, dreads e também a testa raspada


Debuchy (França)
Lindo, um ar de Mauricinho, vanguardista, cabelo arrumado, gel e pomada


Beckerman (Estados Unidos)
Muito cool, passa uma impressão de poder e segurança com seu grande rastafári


Nestor Pitana (árbitro argentino)
A dificuldade em assumir a calvície o faz ser criativo; acha outro caminho para os fios


Pogba (França)
O mais divertido, estiloso, e parece ter uma pegada cultural, da sua origem

 (Mike Blake/reuters)

Cavani (Uruguai)
Cabelão longo, descontraído e bem ao estilo uruguaio


Raul Meireles (Portugal)
O moicano hipster radical


Assou-Ekotto (Camarões)
No estilo black power, exala charme e usa faixa para o cabelo não atrapalhar o jogo


Sagna (França)
Talvez o mais exótico de todos com suas tranças. Puro estilo e personalidade

 (Marcelo Del Pozo/reuters)

Neymar
Com sua franja lateral ou cada visual que tem feito, cria estilo próprio, supercopiado


David Luiz
Com seu cabelo longo e anelado, passa uma imagem de inocência, lúdica e juvenil

Zona Mista

Zona mista
kelen cristina (Com Paulo Galvão)
Estado de Minas: 30/06/2014


 ( Twitter/Reprodução de internet)


Batalha aérea

O confronto entre Holanda e México não se limitou aos quase 100 minutos que as equipes disputaram no gramado do Castelão. Se em terra a parada foi disputada, com a vitória de virada dos europeus por 2 a 1, no ar o voo também não foi em céu de brigadeiro. Empresas aéreas dos dois países acabaram duelando no mundo virtual, ainda que indiretamente. Tão logo acabou a partida, a holandesa KLM resolveu fazer uma brincadeira, postando no Twitter um letreiro de sala de embarque e os dizeres: “Adiós, amigos”. Muitos mexicanos se revoltaram, entre eles o ator Gael García Bernal, que escreveu: “Nunca mais viajo por essa companhia aérea. Vão se f…”. A repercussão foi tão negativa que a KLM retirou o tuíte do ar. Momentos depois, coincidência ou não, a Aeroméxico foi ao Twitter e, também exibindo um letreiro de aeroporto (de desembarque), postou uma singela mensagem aos compatriotas: “Obrigado por este grande campeonato, estamos orgulhosos e os esperamos em casa. #VivaMéxico”.

Na trilha dos vencedores

O técnico da França, Didier Deschamps, lançou mão de um artifício diferente para inspirar seus jogadores na busca pelo título da Copa do Mundo em gramados brasileiros. Nada de mensagens da família ou filmes motivacionais. Ele deu a cada atleta da seleção um exemplar da biografia do ex-técnico Alex Ferguson, que durante 26 anos comandou o Manchester United, e um do livro escrito por Phil Jackson (Onze anéis: a alma do sucesso), treinador 11 vezes campeão da NBA – seis com o Chicago Bulls e cinco com o Los Angeles Lakers.

Amor à camisa

Normalmente bastante procuradas por turistas, as boates de striptease do Rio registram aumento do movimento com a Copa. No fim de semana, foi possível ver filas na porta de algumas delas, como Barbarella e Cicciolina, ambas no Leme. Uma prova de que muitos dos que estavam ali eram estrangeiros que vieram acompanhar o Mundial eram as camisas de seleções usadas por eles – todos ávidos por provar o amor à camisa.

Sem bicho...

Chegar ao mata-mata pela primeira vez na história não foi o único mérito da Seleção Grega no Mundial. Na véspera do confronto contra a Costa Rica, pelas oitavas de final, os jogadores divulgaram uma carta na qual recusavam qualquer premiação em dinheiro pela campanha no Brasil – o bônus, segundo a imprensa do país, teria sido oferecido pelo primeiro-ministro Antonis Samaras. “Não queremos bônus extra ou dinheiro. Queremos apenas jogar pela Grécia e seu povo. Tudo o que queremos é que apoiem nosso esforço e achem um terreno para criar um centro esportivo para hospedar nossa seleção”, dizia o comunicado.

… E quase sem casamento

O zagueiro Sokratis Papastathopoulos, autor do gol grego que levou a partida contra a Costa Rica para a prorrogação (o jogo acabou definido nos pênaltis, com vitória costa-riquenha) enfrentou um grande dilema ontem: ou a sonhada vaga nas quartas de final da Copa ou o casamento. Certamente sem acreditar muito no desempenho da Seleção da Grécia no Brasil, ele marcou seu matrimônio numa igreja de Cape Sounio – paradisíaca península a 65 quilômetros de Atenas – para sábado, mesma data do confronto com a Holanda, pela próxima fase do Mundial. O destino quis que Sokratis subisse ao altar. Azar no jogo, sorte no amor, decretariam os românticos.

 (Instagram/Reprodução de internet)


Tietagem

Aos 39 anos, o volante Zé Roberto, do Grêmio, comprovou ontem o quanto ainda é respeitado na Alemanha, onde atuou por 12 temporadas. Ele foi “tietado” pelo volante Schweinsteiger, o armador Götze e o atacante Podolski   em visita ao hotel da Seleção Alemã, em Porto Alegre.   Ex-companheiro do brasileiro no Bayer, Schweinsteiger  até posou (foto) vestido com uma camisa do tricolor gaúcho. Podolski rasgou elogios a Zé Roberto em sua conta no Instagram: “Ele ainda está top! Ótimo encontrar meu ex-companheiro de equipe Zé Roberto aqui no Brasil”. Até o jovem Götze, de 22 anos, revelou sua admiração pelo brasileiro, chamando-o de “lenda”.

# BOMBANDO

“Vamos embora com a cabeça erguida. Muito orgulhoso com o que os meninos conseguiram. Obrigado  à torcida, que está sempre conosco”
• Miguel Herrera (@MiguelHerreraDT), técnico da Seleção Mexicana, no adeus    ao Brasil

“Deixamos o Brasil, estamos eliminados, mas tranquilos por saber que este grupo deu o máximo. Graças ao Senhor por me permitir esta experiência”
• Cavani (@EcavaniOfficial), atacante da Seleção Uruguaia, que também se despediu do Mundial

COLUNA DO JAECI » Não vendo ilusão.Sou realista‏

Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 30/06/2014



Neymar é supercraque; Oscar, o melhor armador do mundo; Paulinho, Fernandinho e Luiz Gustavo lembram Cerezo, Ryjkaard e Davids; Fred e Jô são semelhantes a Ronaldo; Felipão se compara ao saudoso mestre Telê Santana. É o que alguns idiotas querem ler e ouvir deste escriba, mas não posso mentir. A distância do Fenômeno para os centroavantes citados é abissal. Entre os volantes é como daqui a Marte. E de um técnico para outro mais ou menos cinco voltas em torno do mundo. Muitos dirão: Felipão foi campeão em 2002. Sim, está na história, como também está que a Seleção de Telê em 1982 foi escolhida entre as três melhores de todos os tempos, mesmo sem ganhar.

Infelizmente, na Copa em nosso país, temos a pior safra da história. O único com pinta de craque – vejam bem, pinta – é Neymar. Mas se ele continuar caindo em vez de procurar chutar, vai se perder. Lembro-me de Bismark. Apontado como craque na década de 1980, não passou de bom jogador. Muitos que surgiram foram lá no alto e se apagaram.

Um amigo a meu lado me lembrava sábado, na tribuna, no jogo contra o Chile, que Ronaldo na área sempre arrumava um jeito de chutar: de bico, canela, peito do pé. Já Neymar até consegue entrar na área, pois é habilidoso, mas cai sempre. No primeiro tempo, ainda conseguiu algo. Depois, foi apenas mais um. Acho que encheram demais a bola desse rapaz. Vejo excepcional qualidade nele, mas se continuarem tratando-o como gênio não irá a lugar nenhum. Muito oba, oba, comerciais, exposição na mídia. Esperava mais, porém, já escrevi que marcado ele não consegue jogar. Messi, por exemplo, não tem feito boa Copa, mas decidiu dois jogos para a Argentina.

Nosso próximo adversário será a Colômbia. Em Mundiais anteriores, vibrávamos ao pegar dois sul-americanos, mas hoje a realidade é outra. Tememos o Chile, que só não nos eliminou porque o chute de Pinilla explodiu no travessão, no último lance da prorrogação. Nos pênaltis, fizemos o possível para sair, com Willian e Hulk, mas havia Júlio César, a quem devemos a classificação. Os colombianos têm 100% de aproveitamento, grande futebol e James Rodríguez. O primeiro gol dele contra o Uruguai, para mim, é o mais bonito da Copa. Aquela matada no peito, ajeitando para chutar no ângulo, é de craque. Artilheiro da competição, com cinco gols, é parceiro, no Monaco, de Falcao García, que não veio porque se recupera de contusão. Mas, com a mesma idade de Neymar, 22 anos, o amigo assumiu o posto de melhor do time.

Repito o que escrevi sobre o Chile: se a Colômbia nos respeitar, mesmo sendo melhor no momento, o Brasil avança. Se jogar como no primeiro tempo contra o Uruguai, nos derrota. Que time bem treinado por José Pékerman, mais um da excelente safra de técnicos argentinos. Estudioso, põe o time pra frente. Cada um sabe o que deve fazer, não há ligação direta defesa-ataque. Não o vi dar chutão nesta Copa. Fruto de trabalho. Já o Brasil não tem organização e competência do meio para a frente. Quem sabe Neymar desencabule na sexta-feira, dê show e leva a equipe às semifinais? É o mínimo que esperamos de alguém com tanto marketing, mas com futebol aquém do que dele se fala.

Aos que me contestam por dizer a verdade, um conselho: ganhar a qualquer preço foi o que fez o Brasil virar o que virou. Quero ser campeão do mundo jogando bem, mostrando o que nos fez respeitados pelo mundo. O time pode até ganhar, pois sorte não falta, mas convencer jamais. Não estou aqui para iludir ou jogar confetes em quem não merece. Torcer é o que nos resta. De cada 10 pessoas que encontro, nove concordam comigo, até quem não gosta de futebol.