segunda-feira, 23 de junho de 2014

Precisamos vencer de goleada - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico - 23/06/2014


O futebol é uma boa metáfora para pensar nossa dificuldade de vencer de goleada os problemas do país



Um ignorante em futebol, como eu, não pode discutir táticas de jogo. Mas posso dizer qual imagem me vem, como espectador e torcedor de Copas do Mundo: a de uma tendência de nossas seleções e times a buscarem o placar estritamente necessário para vencer. Frequentemente, quando pedimos uma dose de bebida, ganhamos um "choro", um adicional; mas não no futebol. Se o Brasil precisar de 1 a 0 para vencer a Croácia, não dará o sangue por um segundo gol; se um empate com o México não nos desqualificar, derrotá-lo não será questão de vida ou morte. Com isso, perdem-se a arte, a festa. Lembremos quanto se depreciou o futebol-arte, que dava beleza mas não vitória; no seu lugar, veio um pragmatismo imediato. Imediato, mas arriscado, porque se perde, também, a garantia da vitória. A vantagem obtida não é sustentável. Pode ir para o ralo se, no final do segundo tempo, o adversário empatar e depois virar o jogo.

Não é assim nossa política, nossa sociedade? Muitos procuram compreender o Brasil tendo o futebol como metáfora de nossa ação, ou inação. Aqui me concentro num ponto só: a satisfação apressada com um trabalho ainda não garantido. Uma certa preguiça de ir além, e de arrematar com fecho de ouro, definitivo, o esforço. Um contentamento com o mínimo. Uma desistência de dar o sangue. Uma indisposição a ir além do exigido. O que traz um risco sério e claríssimo, mas ao qual não prestamos a atenção devida: o de perdermos tudo o que fizemos. Como não completamos o necessário, como minimizamos as tarefas que devemos empreender, acabamos deixando tudo mal amarrado. Talvez o nojento comentário sobre aqueles que, se não sujam na entrada, sujam na saída, seja uma forma de atribuir aos mais vulneráveis dentre os brasileiros - aos mais nobres de nós, aos que com seu trabalho forçado construíram este país e foram mal pagos com séculos de preconceito - uma falha de caráter grave que, na verdade, é de quem poderia ir além, e não vai.

Dou um exemplo da mídia. Dois meses atrás, o jogador Daniel Alves inverteu o gesto racista de torcedores europeus que lançaram uma banana em sua direção e simplesmente a comeu. Desarmou o que era uma metáfora dirigida contra ele - como negro, seria macaco e deveria comer bananas. O genial de seu ato foi reduzir a banana metafórica ao que ela é na realidade, apenas um alimento. Transformou um símbolo hostil em coisa benéfica. O ato, como se diz, bombou. Foi até mesmo aproveitado por uma grife de roupas. Pois bem, uma revista afirmou que esse ato acabou com o racismo. Ora, é óbvio que não. O racismo continua presente em toda a parte e, embora tenha sofrido um golpe com a banana de Daniel Alves, permanece forte e nocivo. Mas o comentário do órgão de imprensa exprime bem essa preguiça brasileira: se temos um problema sério, tentemos dizer que ele já está resolvido. Não nos empenhemos em medir os danos que ele causa, que são altos, em avaliar as medidas requeridas para resolvê-la, que são custosas, ou as compensações a pagar pelo histórico de prejuízos causados, que são elevadas. Uma solução apenas simbólica se torna muito adequada, porque nos desresponsabiliza a todos. Diremos então que não há mais problema, que um único homem, por sua presença de espírito, nos dispensou a todos do trabalho de lutar contra essa praga que nossos antepassados criaram e que continua presente numa hierarquia social em que a maior parte dos negros tem pouco acesso aos escalões superiores da sociedade - uma das exceções sendo, justamente, os jogadores de futebol.

Brasil tem de mirar mais alto seus problemas

E não é isso o que acontece com a infraestrutura econômica? A região metropolitana de São Paulo está a um passo do colapso, por falta d'água. O sistema Cantareira mal aguenta um ano sem chuvas - mas perde 30% da água em vazamentos nas tubulações da Sabesp. Faltou planejamento? Faltou ação do poder público, que nos fez reféns de São Pedro. A culpa não é do acaso pluvial, não é da natureza, mas do trabalho humano insuficiente, que nos deixou à mercê do calendário das chuvas. Ou vejamos o mais de que os empresários se queixam: falta de estrutura nas estradas, energia, educação da mão de obra; de que reclamam os movimentos sociais: falta de transporte público, educação pública, saúde pública decentes; e ainda muitos leitores deste jornal: falta de uma segurança pública suficiente.

Gosto de "Macunaíma", de Mário de Andrade. No "Manifesto Antropófago" de Oswald de Andrade vejo um país rico culturalmente, com grandes potencialidades devidas, justamente, a comer, digerir, alterar os insumos que recebe do resto do mundo. Temos uma civilização original, que não por acaso impressiona tantos estrangeiros. Mas uma de nossas falhas graves está nesta preguiça, neste contentamento com o pouco.

Devemos ir além da gambiarra, consertando ou mesmo refazendo tudo o que é preciso. E devemos fazer isso com técnica e arte. Ao contrário de 200 milhões de compatriotas, não sou técnico de futebol, mas - como a maior parte deles - aprecio o empenho, o esforço, a garra, a satisfação do trabalho bem feito. Goleadas são isso. Abastecimento de água e eletricidade suficientes, sistema viário que funcione também são isso. E no trabalho bem feito há arte. Culpa-se muito o impedimento - que a meu ver tem mais o espírito do cricket, esse incompreensível esporte inglês, do que o do futebol... - por não haver mais goleadas. Mas temos de criar goleadas na vida social, conseguindo que nossas políticas sociais e econômicas sejam tão garantidas, tão consolidadas - e tão belas - quanto uma vitória destas que nos enchem o coração.


Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. 
E-mail: rjanine@usp.br


TeVê

TV PAGA » Vale a pena ver de novo
Estado de Minas: 23/06/2014


 (Ique Esteves/Globo)


O episódio “A noiva do Catete” abre a minissérie As cariocas, produção da Rede Globo que volta em cartaz no canal Viva hoje, às 23h10. Aline Moraes (foto) interpreta Nádia, uma bela jovem comprometida com Carlinhos (Ângelo Antonio), que fica paraplégico depois de defendê-la de um assalto. A moça se esconde atrás da fachada de mulher perfeita, mas vive enlouquecendo os homens ao seu redor. No total, são 10 episódios, dirigidos por Daniel Filho e estrelados por musas como Paolla Oliveira, Adriana Esteves, Grazi Massafera e Deborah Secco.

Funk ostentação domina
até o mundinho fashion

O GNT fashion vai mostrar hoje como o funk ostentação invadiu as trilhas de novelas e as passarelas nas semanas de moda. O programa apresenta a coleção masculina de Alexandre Herchcovitch, que vestiu e colocou o rapper MC Guimê na primeira fila de seu desfile. No clima da ostentação, Caio Braz vai até o centro de São Paulo para conhecer o ourives Luiz Fernando, o Ita, que faz as joias enormes e com muito outro de MC's como Gui e o próprio Guimê. No ar às 21h30, no canal GNT.

Programação de música
tem para todo os gostos

A música entra com força na programação. No canal Curta!, às 21h, serão exibidos dois curtas-metragens em sequência: Martinho da Vila, Paris 77, de Ari Cândido Fernandes; e Raimundo Fagner, de Sérgio Santos. Às 22h40, a emissora exibe o documentário Jards Macalé: um morcego na porta principal, de Marco Abujamra e João Pimentel. Já o canal Film&Arts anuncia para as 19h o documentário A alma roqueira de Noel, dirigido por Alex Miranda, em que o titã Paulo Miklos mergulha no universo do samba e cria um show em homenagem ao centenário de Noel Rosa. No Canal Brasil, às 22h, a atração é Jorge Mautner – O filho do holocausto.Centenário da 1ª Guerra
Mundial na pauta do dia

O centenário da 1ª Guerra Mundial será lembrado pelo programa Milênio hoje, às 23h30, na GloboNews. O repórter Silio Boccanera foi à Universidade de Oxford, na Inglaterra, para conversar com a professora Margaret MacMillan, autora do livro  A guerra que acabou com a paz,  considerada uma das maiores autoridades sobre o assunto. No
 livro, ela reconstitui as transformações políticas e tecnológicas que a Europa sofreu nos anos que antecederam a grande guerra. Na entrevista, Margaret faz uma análise de como a guerra contribuiu para a Revolução Russa, em 1917, e de como o senso de humilhação de uma Alemanha vencida criou um ambiente propício para a ascensão política
de Adolf Hitler.

Drama, ação e comédia  no pacotão de cinema

Os melhores filmes estão na faixa das 22h. Anote aí as dicas de hoje: Terror na ilha, no Telecine Premium; O verão de Sam, no Telecine Cult; Violet & Daisy, na HBO; O incrível mágico Burt Wonderstone, na HBO 2; Pequenos segredos, no Sony Spin; e Escritores da liberdade, na MGM. Outras atrações da programação: Garoto prodígio, às 21h no Cinemax; Billi Pig, às 21h30, na TNT; Histeria, às 21h45, no Max; e Missão impossível: protocolo fantasma, às 22h30, na Fox.

CARAS E BOCAS » Dia de decisão

Publicação: 23/06/2014 04:00

Davi (Humberto Carrão) e Manu (Chandelly Braz): agora é tudo ou nada (Ique Esteves/Globo)
Davi (Humberto Carrão) e Manu (Chandelly Braz): agora é tudo ou nada


A grande final do reality que vai decidir o destino de Manu (Chandelly Braz) e Davi (Humberto Carrão) no desafio proposto por Jonas Marra (Murilo Benício) agita o capítulo de hoje de Geração Brasil (Globo), que volta a ser exibida normalmente, depois de 10 dias indo ao ar apenas em "pílulas" por causa dos jogos da Copa do Mundo. Será que o aplicativo criado pela dupla, o "Filma-e", infringindo as regras da competição, mas aceito por Jonas, foi um sucesso? As coisas não serão tão fáceis para os pombinhos, pois a infração trouxe Ernesto (Felipe Abib) de volta à final do concurso, numa resposta de Jonas. A palavra final é do boss. Já a apaixonada Verônica (Taís Araújo), com todos os segredos do milionário nas mãos, inclusive a informação de que ele tem um aneurisma cerebral, fica dividida entre dar um furo de reportagem ou resguardar a privacidade do amado. Por sua vez, Pamela (Cláudia Abreu) não perdoa o afastamento do marido e estreita cada vez mais os laços amorosos com Herval (Ricardo Tozzi).

JORNAL DA ALTEROSA MOSTRA A
ROTINA EM MAIS UM DIA DE COPA

No Jornal da Alterosa desta segunda feira, as expectativas para mais um jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, desta vez, contra a República de Camarões. Mais um dia de rotina alterada, trabalho que termina mais cedo, correria para ver a partida, torcer e festejar. Confiram também todas as informações sobre trânsito, protestos e pontos de comemoração e encontro com turistas em BH. O jornal vai ao ar logo depois do Alterosa esporte.

ATRIZ VIVERÁ DELEGADA
EM SÉRIE DO CANAL GNT

Priscila Fantin, que participou de alguns capítulos da última temporada de Malhação (Globo), vai voltar à cena em série do GNT (TV paga). No papel de uma delegada, a atriz integra o elenco de Lili, a ex, produção da O2 para a emissora. A protagonista será vivida por Maria Casadeval.

SEGREDO VEM À TONA EM
MOMENTO DE DESESPERO

Nos próximos capítulos de Em família (Globo), um segredo guardado a sete chaves por Miss Lauren (Beth Gofman) virá à tona. Crente que está muito doente, a diretora do lar dos idosos revelará ao médico Felipe (Thiago Mendonça) que tem um filho, fruto de um relacionamento com um seminarista. Todos pensam que o jovem rapaz é namorado dela. Miss Lauren lamentará ter falado demais quando for avisada pelo médico de que seu estado não é grave. 


RETORNO PRECIOSO

Depois de episódios e episódios da atual temporada de Pé na cova (Globo) sem ela, Darlene está de volta. Ou melhor, Marília Pêra (foto), intérprete da divertida alcoólatra. O dia do retorno promete. Ruço (Miguel Falabella) está às voltas com a organização de um enterro que mexe muito com ele, pois se trata de um velho amigo da juventude. No papel, Chico Diaz, que viverá Damasceno. Emotivo, o dono da F.U.I. também está preso às lembranças dos bons momentos que viveu ao lado de Darlene, mãe de seus filhos. E nessa, eis que alguém bate à porta. Para alegria de Ruço, nada menos do que a maquiadora que anuncia seu retorno. É amanhã, em episódio imperdível. 


VIAV

Fernanda Gentil é pura simpatia. A repórter da Globo, que vive colada na Seleção Brasileira,
é também competente. E faz ótimo trabalho.

VAIA

Murilo Benício bancando o adolescente de 19 anos, em Geração Brasil. Pensaram que só o boné para trás
bastaria... Forçada e tanto! 

UM SONHO REAL

UM SONHO REAL
 
Costa-riquenhos chegam a BH embalados pela boa campanha da sua seleção, querendo mais e já fazendo amizade. enquanto isso, presença do príncipe harry desperta fantasias


Marcelo da Fonseca e Mateus Parreiras
Publicação: 23/06/2014

Marco Hernandez, Alejandro Kuhn e Gabriel Gonzales já estão em BH e elogiam clima de confraternização (Tulio Santos/EM/D.APRESS )
Marco Hernandez, Alejandro Kuhn e Gabriel Gonzales já estão em BH e elogiam clima de confraternização

Todd (camisa vermelha e preta) e Danny (de camisa vermelha) se juntaram a outros torcedores em BH (TÚLIO SANTOS/EM/D.APRESS)
Todd (camisa vermelha e preta) e Danny (de camisa vermelha) se juntaram a outros torcedores em BH

O torcedor inglês Todd Wilde, de 23 anos, planejou sua viagem ao Brasil há quatro meses e uma grande festa em BH para celebrar a classificação da Inglaterra à próxima fase da Copa do Mundo. Já o costa-riquenho Alejandro Kuhn, de 32, tinha expectativa humilde para a competição e programou sua vinda à capital mineira para uma despedida honrosa do Mundial, no chamado “grupo da morte”, que inclui ainda Itália e Uruguai. O futebol, no entanto, driblou os planos dos dois torcedores que chegaram sábado à cidade e se divertiram na Savassi, a poucos metros um do outro. Enquanto o britânico irá ao Mineirão amanhã apenas para ver sua seleção cumprir tabela, o costa-riquenho viverá mais um capítulo do que definiu como “sonho brasileiro”. Na verdade, um sonho real, embora, ironicamente, a realeza seja britânica, inclusive, o príncipe Harry desembarca amanhã em BH para assistir à partida Inglaterra x Costa Rica, no Mineirão.

Acompanhado dos amigos compatriotas Gabriel Gonzales e Marco Hernandes, que aproveitaram a noite de sábado para participar da festa argentina na Savassi, o costa-riquenho aprovou a estrutura montada na cidade para a Copa. “O clima é da mais pura amizade. Tanto os argentinos, como os brasileiros estão muito contentes em fazer parte desse evento. Esperamos fechar com chave de ouro este sonho brasileiro e surpreender também os ingleses”, disse o torcedor, que momentos antes trocou uma camisa da Costa Rica por uma da Argentina.

Para os súditos da rainha Elizabeth II, o encerramento do Mundial em BH terá um gosto amargo. Mas a animação dos torcedores mineiros contagiou Todd e Danny, fanáticos pelo Leeds United, time da segunda divisão do futebol inglês. Já enturmados com um grupo de brasileiros, eles preferem esquecer o desempenho ruim do time. “O plano inicial era fechar uma ótima primeira fase aqui. De todo jeito, vamos em peso (ao Mineirão) e terminar de forma honrada”, afirmou Todd.

Outros ingleses pensam assim também. Mesmo com a eliminação precoce na competição, os ingleses começaram a marcar presença na festa desde sábado. “Já que não vamos bem em campo, vamos aproveitar para curtir a celebração dos brasileiros”, brincou o britânico Ben Whitmore, que ficará na capital até quarta-feira. Ele veio com o amigo Luke Wheatley da cidade de Leicester e ambos aprovaram também a organização do evento em BH. “Foi muito fácil chegar ao hotel e conhecer alguns pontos da cidade, sem nenhum problema. Talvez o que falta por aqui sejam mais pessoas que falem outras línguas”, comentou Ben.

Michael (com a bandeira do Brasil) está em BH há três dias e foi a Confins receber Joel (E), Will e Paul  (GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.APRESS )
Michael (com a bandeira do Brasil) está em BH há três dias e foi a Confins receber Joel (E), Will e Paul


RICHA HISTÓRICA Ao saber que os torcedores argentinos haviam invadido a praça da Savassi, o inglês Michael Rowan, de 40 anos, ficou apavorado e pediu para que o taxista desse meia volta. As torcidas dos dois países costumam se estranhar mundo afora numa rivalidade que se sucedeu à Guerra das Malvinas, em 1982. “Há muita apreensão sobre a hostilidade dos argentinos. Como meu hotel fica justamente na Savassi, não tive como evitar o encontro com eles”, conta Michael. Mas, em vez de violência, o inglês se surpreendeu ao ver que os argentinos eram amigáveis e acabou festejando com os rivais. “Acho que a Copa é sobre amizade, não sobre rivalidade. Todos que vêm para o Brasil ,querem ver um bom futebol e confraternizar, conhecer as cidades e a cultura”, definiu.

Michael está na capital mineira há dois dias e ontem foi a Confins buscar três amigos que vieram de Londres. Em comum, nutriam dúvida sobre a hostilidade dos argentinos. “Soubemos pela internet que os torcedores da Argentina promoveram muita bagunça. Vimos imagens deles atirando garrafas na Savassi, onde vamos nos hospedar. É preocupante,”, disse um deles, o empresário Will Doans, de 56, ao lado de, Joel Holmes, de 26, o mais novo do grupo.

O príncipe em BH

Junia Oliveira
Estado de Minas: 23/06/2014


Harry vai ao minas Tênis e ao mineirão (SUZANNE PLUNKETT/REUTERS %u2013 19/6/2014)
Harry vai ao minas Tênis e ao mineirão

A Seleção Inglesa joga amanhã no Mineirão com as malas prontas para voltar para casa, já eliminada da Copa. Caberá à realeza britânica a tarefa de sacudir a passagem do time de Sua Majestade por BH. O príncipe Harry desembarca amanhã com a missão de apoiar os jogadores e conhecer as instalações do Minas Tênis, local de treinamento da equipe inglesa Olímpica e Paralímpica em 2016. Na cidade e no clube, o clima é de euforia para receber o filho de Charles e Diana. Entre as garotas, a expectativa é se tornar a mais nova princesa do Reino Unido. E para as crianças, o sonho de conhecer um príncipe de verdade tem levado o imaginário para outro continente.

Harry chega a BH vindo de Brasília, onde assiste hoje ao jogo Brasil x Camarões. Ele entrará no Minas pela Rua Espírito Santo, às 9h, onde será recebido pelo presidente do clube, Luiz Gustavo Lage. Tudo será absolutamente cronometrado. A primeira parada será na piscina, onde o campeão olímpico César Cielo estará com as crianças. De acordo com a programação divulgada pelo clube, o príncipe dará o tiro de largada para os pequenos nadadores se jogarem na água e, no fim da demonstração, ele e Cielo premiarão os campeões.

Na sequência, ele passará pelo espaço da criança, onde 200 meninos e meninas estarão participando das clínicas de esporte. Em seguida, vai para a Arena JK, onde interagirá com a garotada em três espaços: tatame de judô, basquete e rugby. Para a decepção de muitos, a agenda oficial não inclui pronunciamento do príncipe. A última passagem de Harry será pelo Teatro Bradesco, onde haverá um evento de negócios.

Trinta e oito policiais federais farão a segurança de Harry. As quatro ruas do entorno do clube (Antônio de Albuquerque, Espírito Santo, Bahia e Antônio Aleixo) estarão bloqueadas ao trânsito a partir das 4h de amanhã. Só será permitido o tráfego de veículos de moradores e de sócios que deverão, obrigatoriamente, parar os carros no estacionamento do Minas. Todas as ruas ficarão vazias.

O clube está convocando os frequentadores a participar e a levar os filhos para as clínicas de esporte. A advogada Mônica Arreguy, de 36, pensa em ir com a filha Maria Luísa, de 4. “É uma outra cultura que se apresenta a nós. Será interessante”, diz. A menina vibra com a ideia de ver um príncipe de perto. A pequena nem titubeia quando a mãe pergunta se ela se mudaria para um castelo na Inglaterra. Sorridente, ela diz sim. A engenheira eletricista Júlia de Castro Johnsson, de 34, e o marido dela, o sueco Bjorn Johnsson, de 35, também se animaram com a notícia. A pequena Laura, de 1 ano e 1 mês, é praticamente presença confirmada. “O pessoal todo está comentando sobre isso. Será bem diferente, diz Júlia.

César Cielo também está na expectativa. “Acho que será muito interessante para meu treinador, que é australiano e ligado a essas tradições. Ainda não sei qual será meu papel nem se chegarei perto do príncipe, mas será legal poder participar”, disse, antes de ser informado sobre sua participação no evento.


Maria Luísa, de 4, ao lado da mãe, Mônica, vibra com a ideia de ver um príncipe bem de perto (BETO MAGALHÃES/EM/D.APRESS )
Maria Luísa, de 4, ao lado da mãe, Mônica, vibra com a ideia de ver um príncipe bem de perto

Triagem fundamental - Celina Aquino

Exames do olhinho, coração, orelhinha e pezinho devem ser feitos assim que o bebê nasce, na maternidade, posto de saúde ou laboratório. Porém, eles não definem diagnóstico, apenas levantam suspeitas



Celina Aquino
Estado de Minas: 23/06/2014

Evaldo e Flávia Portela, com o filho, Caio, de duas semanas de vida, ficaram atentos aos testes ainda no hospital (Jair Amaral/EM/D.A Press)
Evaldo e Flávia Portela, com o filho, Caio, de duas semanas de vida, ficaram atentos aos testes ainda no hospital

Não dá para perder tempo. Muitas doenças precisam ser detectadas logo nos primeiros dias de vida para que não prejudiquem o desenvolvimento da criança. Por isso, os pais precisam ficar atentos a quatro exames básicos neonatais, na maioria das vezes realizados na maternidade: os testes do olhinho, do coraçãozinho, da orelhinha e do pezinho. “Os exames são importantes porque muitas doenças só vão apresentar sinais com alguns meses de vida, ou seja, elas passam silenciosas e você pode perder tempo precioso sem tratar os recém-nascidos”, explica o pediatra neonatologista Cláudio Drummond Pacheco, do Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte. Nenhum dos testes, porém, define um diagnóstico. Eles são considerados de triagem, pois apenas levantam uma suspeita que deverá ser confirmada por exames complementares e avaliação de especialista.

O mais conhecido dos exames neonatais é o teste do pezinho, obrigatório no Brasil desde 2001. “Apesar de não ser definitivo, é capaz de prevenir problemas mais sérios no futuro, porque leva ao tratamento precocemente”, alerta o secretário do Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) Adauto Dutra Morais Barbosa, professor de neonatologia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Basicamente, o teste do pezinho detecta quatro doenças: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, anemia falciforme e fibrose cística. Minas Gerais já entrou na fase IV do Programa Nacional de Triagem Neonatal e também oferece o exame para hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Dependendo do caso, o médico indica a avaliação de risco de outras doenças mais raras.

Normalmente, o teste do pezinho não é realizado na maternidade. A responsabilidade de levar a criança ao posto de saúde ou a um laboratório particular é dos pais, pois eles recebem alta com o pedido em mãos. “O pediatra é obrigado a solicitar o teste, mas não significa que ele será realizado, a não ser que o recém-nascido passe muito tempo internado na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal”, pontua Barbosa.

Recomenda-se que o teste do pezinho seja realizado na primeira semana de vida do bebê. Cláudio Drummond reforça que o exame deve ser feito o quanto antes porque, caso seja observada alguma alteração, a indicação é repeti-lo. Além disso, o resultado pode demorar 10 dias. “É raro haver alteração, mas, quando encontramos algo no teste do pezinho, pode ser que precisemos correr contra o tempo”, destaca. Por outro lado, não dá para fazer o exame logo depois do nascimento porque algumas doenças, como a fenilcetonúria, dependem do contato do bebê com o leite para que sejam detectadas corretamente.

Os pais também devem saber que o recém-nascido precisa ser submetido aos testes do olhinho e do coraçãozinho ainda na maternidade. Atenta aos procedimentos, a psicóloga Flávia Andrade Franco Portela, de 29 anos, alertou o pediatra, antes de receber alta, de que não haviam feito a avaliação cardíaca do seu filho. “Soube dos exames em dois cursos que fiz durante a gravidez. Quanto mais informação, melhor”, comenta. Na primeira ida ao posto de saúde, Flávia aproveitou para fazer o teste do pezinho e marcar o da orelhinha, que pode ser realizado até um mês depois do nascimento. “É uma tranquilidade saber que dá para agir o mais rápido possível”, completa a mãe do pequeno Caio, que tem duas semanas de vida.

Apesar da abrangência dos testes de triagem, nenhum deles substitui o exame clínico. “De modo geral, costuma-se dar mais importância aos exames laboratoriais, mas antes de tudo existe uma avaliação física do recém-nascido, que é essencial”, destaca o neonatologista do Hospital Mater Dei, que considera complementares os testes neonatais. Geralmente, o exame clínico é realizado algumas horas depois do parto para dar tempo de o corpo do bebê se adaptar ao ambiente fora do útero. O pediatra ausculta o coração, escuta sons respiratórios e abdominais, observa o interior da boca e avalia os reflexos primitivos do recém-nascido, que mostram como está a parte neurológica. De qualquer maneira, os exames neonatais devem ser realizados na sequência, para descartar qualquer suspeita.

PRÉ-NATAL DE QUALIDADE De acordo com Adauto Barbosa, os exames de triagem não excluem a necessidade de a gestante fazer um pré-natal de qualidade. “É claro que nem tudo pode ser diagnosticado antes, mas o pré-natal ajudar a neonatologia a fazer um diagnóstico precoce, diminuindo a mortalidade e a morbidade. Hoje, por exemplo, fazemos diagnóstico de cardiopatia congênita intraútero”, comenta. Barbosa se diz assustado com o número de crianças com sífilis congênita, casos em que a mãe não passou por exame ou não se tratou adequadamente. É necessário que todas as gestantes façam exames no pré-natal, incluindo HIV, toxoplasmose, hepatite B e citomegalovírus, menos de 30 dias antes do parto. Caso o resultado seja positivo, o recém-nascido terá que fazer testes específicos ao nascer.

O que eles podem indicar

» TESTE DO OLHINHO

(reflexo vermelho)

É rápido, simples e indolor. Utiliza-se um aparelho chamado oftalmoscópio para analisar o eixo óptico do recém-nascido. O normal é enxergar um reflexo vermelho, mesmo efeito do flash de uma câmera fotográfica, ao mirar a fonte luminosa na direção dos olhos do bebê. Quando o reflexo é branco, semelhante ao do olho de gato, pode haver alguma obstrução do eixo óptico causada por doenças como catarata, glaucoma e retinoblastoma, tumor maligno que se desenvolve na retina. A recomendação é realizar o teste do olhinho com poucas horas de vida do recém-nascido, ainda na maternidade. Exames complementares devem ser feitos por um oftalmologista para confirmar qualquer suspeita.

» TESTE DO CORAÇÃOZINHO

(oximetria de pulso)

Deve ser realizado mesmo que o exame clínico não levante suspeitas, pois consegue detectar cardiopatias congênitas graves não identificadas com a ausculta. Um sensor é aplicado na pele do bebê, sem a necessidade de retirada de sangue. Chamado de oxímetro de pulso, o equipamento mede na mão direita e em um dos pés do recém-nascido a saturação de oxigênio, geralmente acima de 94%, que é a capacidade da hemoglobina de carregar oxigênio. O teste do coraçãozinho costuma ser feito depois de 24 horas do nascimento, já que o processo de adaptação à vida fora do útero pode atrapalhar o resultado. É preciso dar tempo para que ocorram as adequações fisiológicas esperadas logo depois do parto.

» TESTE DA ORELHINHA
(emissões otoacústicas evocadas)

Antigamente restrito a grupos de risco, entre eles filhos de pais com deficiência auditiva e de mães que tiveram rubéola congênita durante a gestação, hoje é indicado para todos os recém-nascidos. Uma espécie de fone é colocado no ouvido do neném para avaliar a probabilidade de haver um problema de audição. O resultado varia de acordo com a maneira como o som emitido é captado. O teste da orelhinha pode ser realizado em até 30 dias depois do nascimento, mas a recomendação dos médicos é submeter o quanto antes o recém-nascido ao exame para que uma possível surdez seja detectada precocemente e o tratamento possa ser iniciado com rapidez, melhorando a qualidade de vida da criança.

» TESTE DO PEZINHO

Detecta uma série de doenças metabólicas, genéticas e infecciosas que podem gerar graves consequências. No exame básico, é possível descobrir a probabilidade de a criança desenvolver hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, anemia falciforme e fibrose cística. Os mais completos incluem, por exemplo, doenças como toxoplasmose e galactosemia. Precisa-se de uma gota de sangue do recém-nascido, normalmente retirada da sola do pé por ser a maneira mais fácil de fazer a coleta. O teste do pezinho deve ser realizado a partir de 48 horas de vida do bebê, para que dê tempo de haver contato com o leite da mãe, até uma semana depois do nascimento. O resultado demora cerca de 10 dias.

hipotireoidismo congênito: a falta de hormônios da tireoide, que normalmente não se manifesta nas primeiras horas de vida, pode comprometer o desenvolvimento mental da criança.

fenilcetonúria: as altas concentrações do aminoácido fenilalanina, presente no leite da mãe, detectadas quando a criança não consegue metabolizá-lo, causam déficit neurológico

anemia falciforme: doença genética que altera a formação de hemoglobinas, fazendo com elas fiquem com forma de foice, dificulta a oxigenação dos tecidos.

fibrose cística: doença incurável que se manifesta nos pulmões, pâncreas e glândulas sudoríparas e necessita de diagnóstico precoce para melhorar a qualidade de vida do paciente.

hiperplasia adrenal congênita:
levam à masculinização do corpo da criança, à medida que o mau funcionamento das glândulas suprarrenais ou adrenais faz aumentar a produção de hormônios.

deficiência de biotinidase: é a falta da vitamina biotina, que resulta em convulsões, fraqueza muscular, queda de cabelo, surgimento de espinhas, acidez do sangue e baixa imunidade.

galactosemia: doença genética que dificulta a conversão de galactose
(açúcar presente no leite) em glicose,
podendo levar, por exemplo, a icterícia, catarata e hipoglicemia.



Entrevista Especialista sugere teste da língua

Roberta Martinelli, Fonoaudióloga

 (arquivo pessoal)



 Mais um exame pode ser incluído na triagem neonatal. A fonoaudióloga Roberta Martinelli, articuladora da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), propõe a obrigatoriedade do teste da linguinha, que consiste na avaliação do frênulo lingual, pequena membrana que conecta a língua ao assoalho da boca. Ela defende que a língua presa prejudica a amamentação e pode comprometer a fala. Apesar de ter sido aprovada por unanimidade no Senado, necessitando apenas de sanção da Presidência, a proposta ainda é polêmica. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por outro lado, alega que a língua é avaliada rotineiramente no primeiro exame físico e não necessariamente uma alteração no frênulo lingual gera consequência imediata para o recém-nascido.

Humilhação - Eduardo Almeida Reis‏

Humilhação
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 23/06/2014


Com a inauguração do Templo de Salomão, em São Paulo, o piedoso bispo Macedo tenta humilhar, sem sucesso, o apóstolo Valdemiro Santiago, aquele das toalhinhas bentas, que já inaugurou um templo em Guarulhos para 100 mil crentes, numa noite em que engarrafou a Via Dutra. Circula na internet um vídeo com o depoimento de um crente que tinha dívidas, passou a toalhinha benta na porta do banco às 11 da noite e as dívidas sumiram de sua conta bancária no dia seguinte: aleluia!

Corre por fora nessa disputa outro santo, o pastor R. R. Soares, cunhado de Macedo, que tem a cautela de recomendar aos fiéis que deixem os dízimos em cobrança bancária. Apesar de especialista em desencapetamento total, R. R. Soares sabe que o capeta faz que o crente se esqueça de levar o dízimo em dinheiro vivo quando vai aos templos.

Se Dilu, na flor dos seus 51 aninhos, ex-mulher de Zezé di Camargo, já tem dinheiro suficiente para os netos dos seus netos, os pastores têm fortunas para os tetranetos dos seus bisnetos, mas gostam de humilhar os concorrentes com a inauguração de templos cada vez maiores e mais luxuosos.

Surpresa para mim foi a notícia de que nos Emirados Árabes Unidos inauguraram a Mesquita Sheikh Zayed para humilhar os dois tapetinhos orientais que embelezaram o piso do apê onde me escondo. Embelezaram, já não embelezam: humilhado, dei os dois a uma filha. Tapetes orientais baratinhos comprados em BH: um de 2m x 1,5m, outro de 80cm x 50cm.

Como sabe o leitor, ou saberia se consultasse a Wikipédia, o xeique Zayed bin Sultan Al Nahyan foi o principal articulador dos sete Emirados Árabes Unidos, governou Abu Dhabi e foi presidente da União dos Emirados por mais de 30 anos. Nascido em 1918, morreu em 2004. A mesquita que leva seu nome é a mais luxuosa de que há notícia e tem um tapete de 5.627m2, que pesa 47 toneladas e foi feito por mais de 1.200 artesãs. Quer dizer: foi pensado para humilhar os meus dois tapetinhos.

Barbárie?
Paulo da Silva Henrique, de 32 anos, natural de Ipatinga, cumpria pena por roubo no presídio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. Obteve autorização da Justiça para sair no Dia das Mães e não voltou, como sói acontecer, verbo soer, em nosso idioma desde o século 13, significando “acontecer com frequência, ser hábito ou costume”.

Na Avenida Pedro I, em BH, empurrou uma estudante para roubar-lhe o celular. A moça caiu na pista, no meio dos carros, e o ipatinguense saiu correndo com o telemóvel roubado. Perseguido pelo povo, foi alcançado quando levou um tombo na Rua São João da Vereda e teve pés e mãos amarrados até a chegada da polícia, que o encaminhou para o Ceresp, Centro de Remanejamento do Sistema Prisional, da Gameleira.

Barbárie? Claro que não! Foi o povo prendendo e amarrando até chegar a polícia, que não pode estar em toda parte. Barbárie foi aquilo feito pelos moradores do Guarujá (SP), quando prenderam, torturaram e mataram uma dona de casa, mãe de dois filhos, confundida com suposta sequestradora de crianças para rituais de magia negra.

A reação dos populares belo-horizontinos foi de lucidez e justiça, digna dos maiores encômios, salvo pelos proxenetas dos direitos humanos. Afinal, Paulo da Silva Henrique fora liberado para visitar aquela que o pariu. Escusado é dizer que a mídia chamou o ipatinguense de “suspeito”, como suspeito era e continua sendo o cirurgião plástico Farah Jorge Farah, condenado mês passado a 16 anos de reclusão pelo assassinato de uma paciente-namorada, autor confesso do homicídio seguido pelo esquartejamento da moça.

O mundo é uma bola
23 de junho de 1314: Batalha de Bannockburn, ao sul de Stirling, primeira guerra da independência escocesa. Até hoje, a Escócia pensa na independência, em vez de ficar bebendo os seus ótimos uísques. Independência não existe. É utopia. Você, caro e preclaro leitor do Estado de Minas, conhece alguém independente? Conhece um país independente? Até o andarilho imundo, que circula sem rumo pelas estradas, é dependente de sua loucura. O assunto é fascinante e dá samba.

Em 1483, o papa Sisto IV excomunga e interdita Veneza, que continua firme e forte recebendo 20 milhões de turistas/ano.

Em 1565, durante o cerco de Malta, morre Turgut Reis, comandante da marinha do Império Otomano. Reis em turco é “almirante” e Turgut podia ser Dragut, Torgut, Darghouth. Nasceu em 1485 e morreu vítima de estilhaços de artilharia na flor dos seus 80 aninhos. Sua ferocidade assustava os inimigos.

Em 1794, Catarina, a Grande, da Rússia, permite que os judeus possam morar em Kiev, uma das maiores e mais antigas cidades da Europa Oriental. Kiev, Kyiv e outro nome que não sei escrever no computador, foi fundada no século 7 e tem hoje cerca de 2,8 milhões de habitantes. No inverno, faz um frio danado.

Hoje no Brasil é o Dia Nacional do Desporto (Lei Pelé) do Migrante e do Lavrador.

Ruminanças
“Há mortos que é preciso matar” (Fernand Desnoyers, 1828-1869).

Copa, verdade e as ideologias - Lucas Soares Rodrigues

Copa, verdade e as ideologias
Debate a favor ou contra o evento acabou sendo chato

Lucas Soares Rodrigues
Professor de filosofia
Estado de Minas: 23/06/2014


Entre os séculos 11 e 7 a.C., a verdade era representada pelos mitos. Com o nascimento da filosofia, a razão (logos) ganhou importância na busca pela verdade, sobrepondo-se à prioridade mitológica. Sócrates e, principalmente Platão, com a Alegoria da Caverna, levaram a razão/saber ao mais alto posto da teoria do conhecimento. Entretanto, havia também os sofistas, outro grupo – contemporâneo dos dois filósofos mencionados – que detinha um enfoque diferente sobre a verdade. A ascensão sofística ocorreu devido à crise aristocrática na Grécia Antiga, iniciada por volta do século 5 a.C. Com a decadência da pólis, também declinou a antiga concepção de areté(virtude), baseada nos valores tradicionais. Diante disso, os sofistas afirmavam que a verdadeira virtude se fundava no saber. Assim, para esse grupo, o saber consistia, principalmente, em ter a habilidade de defender seu ponto de vista. Protágoras afirmava que “o homem é a medida de todas as coisas” e Górgias asseverava que a palavra pode ser portadora de persuasão, crença e sugestão.

Com isso, os sofistas questionam a verdade absoluta, defendida por Sócrates/Platão (há alguns textos aporéticos de Platão, mas sua filosofia, em essência, não é relativista), na qual a palavra “verdade”, em grego, é alétheia. E, etimologicamente, a significa negação e lethesignifica esquecimento. Na mitologia grega, existia o Rio Lethe, um dos rios de Hades, no qual aqueles que bebessem ou tocassem em suas águas de tudo esqueceriam. Assim, se se nega o esquecimento, atinge-se a verdade (alétheia) e ela é universal, uma vez que todas as pessoas não esquecidas detém a capacidade de conhecer. No mundo contemporâneo, as teorias universalistas socrático-platônicas, hegeliana e kantiana, entre outras, cada vez mais perdem terreno, mediante a pluralidade social, de pensamento, política, enfim, cultural. Isso resulta em várias ideologias (não no sentido de Karl Marx, mas sim de ideais) defendidas. Em época de Copa do Mundo no Brasil, pulula em redes sociais partidários de ideologias contra e a favor da realização do evento: #vaitercopa e #nãovaitercopa, em que os primeiros defendem e se empolgam com o fato de a Copa ser no Brasil e os últimos criticam, uma vez que o país necessita de cuidar de várias outras prioridades, em vez de ocultar as várias mazelas políticas e sociais do país, bem à moda dos filósofos da Escola de Frankfurt (aqui, sim, no sentido de existir uma ideologia marxista, ou seja, uma dissimulação da realidade).

A ideologia dos #nãovaitercopa é caracterizada por membros mais ativos, isto é, notam-se, claramente mais críticas destes do que apoio daqueles. Noves fora, o fato inconteste de que o crítico é bem mais contumaz, além de a Copa no Brasil notadamente escancarar dezenas de problemas do Brasil para o mundo, é muito chato ver esses ideólogos com discursos inflamados, bem à moda sofística e, não obstante, como se possuíssem a verdade absoluta por serem contra a questão, e, como se não bastasse, ainda se colocarem como mais inteligentes do que aqueles que estão em êxtase com o evento. Muito chato, mesmo. Essa é a verdade.

COLUNA DO JAECI » Goleada e ilusão‏

COLUNA DO JAECI » Goleada e ilusão
É verdade que o Mundial tem empolgado pelo número de gols, mas ele se deve mais à fragilidade dos adversários do que à qualidade das equipes


Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 23/06/2014



Escrevi neste espaço e falei no Alterosa no ataque: Felipão escalaria hoje o mesmo time que estreou na Copa do Mundo. Conheço bem o treinador, que não perderia a chance de consagrar Fred, Hulk e Paulinho, já que o Brasil deverá golear os Leões indomáveis, postos pela Fifa sob suspeita de manipulação de resultados em casas de apostas, antes de a própria entidade voltar atrás. O técnico vai olhar os repórteres na coletiva com aquele ar superior de quem diz: “Eu estava certo o tempo todo. Goleamos, e vocês vão falar o que agora?”

Será o momento também de os jogadores questionarem os que afirmaram não haver mais craques no nosso futebol. E alguns jornalistas vão fazer perguntas idiotas, para agradar aos entrevistados. Aí, o Brasil vai se iludir com a possível goleada – sugeri 5 a 0 – e entrar nas oitavas de salto alto. A probabilidade de pegar o Chile é grande, mas o time de Jorge Sampaoli, com bons jogadores, faz ótima Copa e não deverá ser a galinha morta de outrora. Além disso, disputa o primeiro lugar do grupo e pode jogar a Holanda para cima de nós no sábado, no Mineirão.

Imaginem Robben arrancando do meio-campo na “Avenida” Daniel Alves? Vai deitar e rolar. Ou na “Avenida” Marcelo, também fraco e mascarado. Já pensaram Van Persie em cima de Thiago Silva e David Luiz? Temo sermos goleados por uma equipe muito acima do nosso futebol. Ela atua com pontas, enquanto a gente joga com Hulk, Paulinho e Fred.

É verdade que o Mundial tem empolgado pelo número de gols, mas ele se deve mais à fragilidade dos adversários do que à qualidade das equipes. Já disse que o período da disputa é inconcebível. Os jogadores terminam a temporada europeia exauridos. Alguns, como o terceiro melhor do mundo, o francês Ribéry, nem vieram. Em outubro, época ideal, não seria tão frio na Europa e os craques estariam em forma. Mas a Fifa é arcaica e só vê na sua frente os cifrões.

O jogo de hoje é como aquele em que o paciente sai do coma, dá esperança de sobreviver, mas morre no dia seguinte, deixando a família arrasada. Estou certo de que o Brasil vai golear e dar a ilusão de que melhorou, mas nas oitavas, contra rival mais qualificado, voltará ao que é.
Dizem que a Alemanha tropeçou em Gana. Que nada! Os africanos também jogaram muito. Se fosse contra o Brasil, não tenho dúvidas de que venceriam. Bem preparados fisicamente, eles têm Asamoah Gyan, superior a muitos jovens do nosso time. Mas Felipão, teimoso e arrogante, deixou R10, Kaká, Robinho e até Alex de fora. Os germânicos têm Klose, de 36 anos, agora maior artilheiro dos Mundiais, ao lado de Ronaldo, com 15 gols. Caro Fenômeno, prepare-se para perder seu reinado, que durou apenas oito anos. O polonês naturalizado alemão vai fazer mais, pois é centroavante nato. Vejam que os experientes ainda são úteis a outras seleções, ao contrário do Brasil.

Vamos ao pão e ao circo. Diria o palhaço: “Hoje tem goleada?”. “Tem, sim senhor”, responderá a plateia. Não vejo outra possibilidade que não bela vitória, com show de Neymar, que será comparado a Pelé. Será uma tarde-noite de glória, com comemoração nas ruas e nas Fan Fests. Depois, teremos cinco dias até as oitavas, no lindo e confortável Mineirão. Será a semana da empolgação, das análises de que vamos pegar velho freguês e já estaremos nas quartas, em que, com muita sorte, poderemos pegar a Colômbia ou mesmo o combalido Uruguai. De qualquer maneira, uma semana diferente, com elogios superando as críticas, deixando Felipão um pouco mais calmo e educado. Mas, se não golearmos Camarões, que andam em guerra entre si, é melhor fechar as portas e pedir para sair da Copa.

Zona Mista

ZONA MISTA 
 
Kelen Cristina - com Marcos Paulo Lima e Paulo Galvão


Estado de Minas: 23/06/2014

Doce presente

 (André Usagi/Divulgação)


Não vai ser por falta de doce de leite que os uruguaios não vão engrenar na Copa do Mundo. A Celeste Olímpica estava desfalcada da tradicional sobremesa desde a chegada ao Brasil, já que os 39kg que haviam trazido de seu país ficaram retidos no aeroporto de Confins, por falta da documentação sanitária exigida pela Receita Federal. Pois o problema foi resolvido por uma empresa mineira, que entregou no JN Resort, onde os uruguaios estão concentrados, em Sete Lagoas, um carregamento de 40kg da iguaria, também destaque na culinária do estado. Produzido no câmpus da Universidade Federal de Viçosa, cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, o doce de leite caiu no gosto da turma, segundo o chef Felipe Rangel (foto), que cuida da alimentação de Suárez e cia. “A delegação uruguaia ficou frustrada com a situação no aeroporto e a nossa cozinha precisava responder à altura. O doce é ótimo e acredito que os uruguaios também gostaram”, disse, revelando que quase quatro quilos do doce foram consumidos logo na primeira vez em que foi servido.


Globetrotter no gol
Em sua terceira Copa do Mundo com a Seleção dos EUA, o goleiro Tim Howard bem que poderia estar viajando o mundo com outra equipe norte-americana: a dos Harlem Globetrotters, time de basquete profissional da terra do Tio Sam famoso pelas performances acrobáticas em quadra. Em 2009, o arqueiro foi selecionado pelo grupo, mas já era jogador do Everton, da Inglaterra. Fã confesso de basquete e torcedor do New York Knicks, Howard praticou o esporte na infância e na adolescência, só parando para se dedicar integralmente ao futebol.


Em caso de Brasil x Argentina...
A invasão do Centro de Mídia da Fifa na partida entre Chile e Espanha deixou a entidade e o Comitê Organizador Local do Mundial (COL) em uma sinuca de bico, no caso de uma final        Brasil x Argentina. Manter as torcidas unidas ou separá-las? Houve briga dentro do estádio na vitória dos hermanos sobre a Bósnia,    no domingo. Na terça-feira, também foram registrados desentendimentos entre argentinos e brasileiros dentro do Mineirão, no jogo contra o Irã.

Pé de guerra

 (Twitter/Reprodução de internet)

O atacante Sergio Agüero publica diariamente, nas redes sociais, uma selfie ao lado de algum integrante da Seleção Argentina. Ontem, no entanto, ele abriu uma exceção, postando foto com o filho Benjamin,   de cinco anos, fruto de seu relacionamento com Gianinna, com quem ficou casado por quatro anos. “Foto com meu jogador favorito”, escreveu, aproveitando   a visita do garoto à Cidade do Galo, à tarde. A ex-mulher do jogador é filha de ninguém menos que Diego Maradona – ela acompanhou o pai no jogo entre Argentina e Irã, no Mineirão. Agüero e Gianinna se separaram no início do ano passado, num divórcio nada amigável. Pelas últimas declarações de Gianinna, a relação continua estremecida. Pelo Twitter, ela tornou público o estranhamento com a família do ex-marido. “É normal que mande um WhatsApp ao pai do meu filho e a irmã dele me responda? Me chamaram de ‘bosta’    na frente do Benja. Que vergonha! Passa o tempo e as máscaras caem”, esbravejou a moça. Benjamin também  esteve no estádio de BH, mas junto dos parentes de Agüero.


Sonegação
Os frequentadores dos estádios da Copa estão sofrendo. Primeiro, muitas lanchonetes não têm alguns dos produtos que constam do cardápio, como um simples cheeseburguer ou cachorro-quente. E quem der a sorte  de encontrar o que comer, não poderá levar a nota fiscal do produto, pois os locais simplesmente não emitem o documento – como foi notado ontem, no Maracanã. Desrespeito completo ao Código do Consumidor!


É o amor

 (MARTIN BUREAU/AFP)

O armador belga Axel Witsel procurou uma cara conhecida nas cadeiras do Maracanã para comemorar a vitória da seleção de seu país sobre a Rússia por 1 a 0, pelo Grupo H. A alegria pela classificação dos Red Devils às oitavas de final Witsel dividiu com a namorada, numa cena bem romântica (foto acima), registrada pelas câmeras de vários paparazzi anônimos.