domingo, 11 de maio de 2014

TeVê

TV PAGA
Estado de Minas: 11/05/2014


 (Laura del Rey/Divulgação )
 O MELHRO DO JAZZ NO SESCTV
Ganhador do Grammy 2014 pelo disco com o saxofonista cubano Paquito D’Rivera, o Trio Corrente é atração hoje, às 21h, no SescTV. Para começar, um documentário com os bastidores do show, e em seguida a própria apresentação do grupo (foto), formado por Edu Ribeiro, Fabio Torres e Paulo Paulelli, no Instrumental Sesc Brasil.


MONSTROS
Como vive um ditador como Stalin, Idi Amin e Muammar Kadafi? Desde quando acorda até a hora de dormir, como é o dia a dia de um monstro no poder? Quais são os mecanismos que movem a espiral de crueldade e excesso? Essas e outras perguntas serão respondidas em Um dia na vida de um ditador, que o canal History estreia hoje, às 22h.


MUNDO ANIMAL
O NatGeo sempre seleciona alguns de seus melhores documentários para exibição nas noites de domingo, agrupados por temas. Para hoje foi escolhido o especial Evite encontrá-los, emendando, a partir das 21h15, os programas Desafios mortais, com os episódios “A enguia elétrica” e “O crocodilo de uma tonelada”, e Ataque animal, com “Orcas”, “Leão” e “O grande tubarão branco”.

ENLATADOS » Dois lados da lei

Mariana Peixoto


Criador da franquia Law & order, Dick Wolf assina a série Chicago P.D., que estreia terça-feira, às 23h, no Universal Channel. Também um spin-off (de Chicago fire, em cartaz no mesmo canal), acompanha o dia a dia do Distrito 21 do Departamento de Polícia de Chicago, que está dividido em dois grupos. Um reúne policiais que fazem ronda pela cidade; o outro é a Unidade de Inteligência, que combate o crime organizado, tráfico de drogas e assassinatos. O primeiro ano, ainda no ar nos Estados Unidos, terá 15 episódios e a segunda temporada já foi confirmada.


Inéditos
Já na quinta-feira, às 22h, o Universal volta a exibir episódios inéditos de Chicago fire (o 18º da segunda temporada). No sábado, a partir das 14h30, reprisa os capítulos 15 a 17 da série. Na sequência, a partir das 17h, vão ao ar os episódios 15 ao 17 de Law & order: SVU.

Direção
Ainda SVU: sua estrela, Mariska Hargitay, dirige o 18º episódio da 15ª temporada, no ar na terça-feira, às 22h, que conta com a participação de Alec Baldwin. Em “Criminal stories”, Olivia (Hargitay) fica sabendo pelo comissário de Relações Públicas Hank Abraham (Josh Pais) que o colunista de jornal Jimmy MacArthur (Baldwin) quer escrever sobre o trabalho de sua unidade e entrevistar a equipe. Só que ela é o foco da matéria. Será a estreia da atriz na direção.

Vida e obra
Terça-feira, às 23h15, na Fox, começa a segunda temporada de Da Vinci’s demons, que conta a trajetória de Leonardo Da Vinci. Serão 10 episódios de uma hora.

Brasuca
A cota obrigatória de produções nacionais nos canais pagos gera mais um filho. O Sony estreia sábado, às 19h30, (Des)encontros. O primeiro capítulo é na verdade um curta-metragem, que será seguido de quatro episódios. O fio condutor da narrativa é a história de Gael (Paulinho Vilhena) e Lara (Thaila Ayala), que foram feitos um para o outro mas, por uma série de circunstâncias, nunca se conhecem.


DE OLHO NA TELINHA » Fica a saudade
Simone Castro

Dona Picucha (Fernanda Montenegro) é um achado e tanto! (Fábio Rabelo/TV Globo)
Dona Picucha (Fernanda Montenegro) é um achado e tanto!

Quem acompanhou a saga de Dona Picucha, a adorável senhora interpretada por Fernanda Montenegro, já deve estar sentindo um vazio. E não há nada de exagero nisso. Afinal, bons personagens e programas de qualidade andam raros na TV. Desde que estreou em um especial de fim de ano, em dezembro de 2012, a série Doce de mãe (Globo), de Jorge Furtado, mostrou ser uma produção trabalhada com esmero, com elenco pequeno e escolhido a dedo, e uma história aparentemente comum, mas que encantou de cara por ser protagonizada por nada menos do que aquela senhora de idade avançada, mas de espírito tão livre e jovem aos 85 anos.

Um papel talhado para Fernanda Montenegro e escrito para ela. Quando, no final do ano passado, veio o prêmio Emmy Internacional de melhor atriz para ela, ninguém obviamente se surpreendeu. Mas se para muitos passou despercebido, o telefilme exibido pouco depois daquele Natal de dois anos atrás, logo transformado em série, com a estreia da primeira temporada em janeiro deste ano, cairia no gosto popular.

Doce de mãe toca direto ao coração. Primeiro, porque mãe é alguém que nos é tão caro, a gente se derrete logo. E se emociona só de falar. Depois, porque a trama é boa demais. Aquela família gira em torno da matriarca independente, mandona, equilibrada, louquinha muitas vezes, mas tão, tão ternura à flor da pele e cheia de amor para dar. Os quatro filhos, como tantos por aí, vivem suas vidas e o conflito de ter que cuidar da mãe idosa e viúva. Ah, como Dona Picucha já ficou de lá para cá! E como aqueles filhos perceberam – a tempo, ainda bem! – como ela era imprescindível.

Eles são quatro: Marco Ricca é Sílvio; Louise Cardoso, Elaine; Matheus Nachtergaele é Fernando, e Mariana Lima, Susana. Entre os agregados está Jesus, um ex-morador de rua resgatado por Dona Picucha, que se tornou seu genro, marido de Susana. Drica Moraes, que não estava no telefilme, se juntou à trupe na série no papel de Rosalinda, e acabou fisgando o Sílvio. Não antes de Dona Picucha esclarecer que eles não eram meio-irmãos, a pediatra fruto de uma suposta pulada de cerca do falecido marido, Fortunato (Francisco Cuoco), como ela desconfiava no início.

Entre tantas aventuras e peripécias de Dona Picucha chegou, infelizmente para seus inúmeros fãs, na quinta-feira, o final da temporada de Doce de mãe. Não se sabe se haverá outras, embora temas para realizá-las não faltam. E o que é importante destacar: quantas vezes o idoso aparece na linha de frente de um bom programa de TV? Acertou quem respondeu nunca. Então, tem o seu lugar.

O último episódio deixou sensações contraditórias. Com o vazio de uma aparente despedida da atração, também o prazer de assistir ao fecho de uma trama que tocou em assuntos delicados às vezes, mas sempre calcada no humor, sem nenhum momento perder de vista o entretenimento. Quando tudo indicava que Maria Izabel, a Picucha, passaria desta para melhor, levada pelo falecido, e com a felicidade do dever cumprido ao ver os filhos realizados, eis que ela avisa que ainda quer aprender italiano e fazer vatapá. Uma pista de que voltará a dar o ar da graça daqui a um tempo? Fica a torcida e, desde já, uma saudade danada dessa velhinha tão querida.

PLATEIA

VIVA
- Rodrigo Pandolfo, o Shin-Soo de Geração Brasil (Globo), colunista de TV sempre na cola da família Marra. Impagável!

VAIA - Meu pedacinho de chão (Globo) esteticamente é maravilhosa, mas a trama, às vezes, não sai do lugar. E aí começa a cansar.



Caras & Bocas
Simone Castro - simone.castro@uai.com.br


Homenagem às mães


O Domingo legal, hoje, a partir das 11h, no SBT/Alterosa, será dedicado às mães. Na data especial, a atração mostrará histórias de vida de mulheres guerreiras que desempenham o papel de mãe com amor incondicional e receberá ainda aquelas que brilham na TV. O apresentador Celso Portiolli bate papo com Adriane Galisteu, mãe de Vittório; Karyn Bravo, mãe de Eduardo (fotos); e Eliana, mãe de Arthur. Elas se emocionam ao recordar bons momentos com seus pequenos com a exibição de vídeos e fotos. No quadro “A princesa e o plebeu”, a participante Giselle será surpreendida em um reencontro com sua mãe, que ela não via há muitos anos e virá de Recife para comemorar a data com a filha.

SHOW DE ANDRE RIEU  É MAIS UM PRESENTÃO


O Multishow (TV paga) também comemora o Dia das Mães com um especial inédito do violinista e maestro holandês Andre Rieu, acompanhado da Johann Strauss Orchestra, hoje, às 21h15. No repertório, versões dos clássicos The blue Danube, Nessun dorma e Hallellujah, além de músicas brasileiras como Ai, se eu te pego.


REDE MINAS LEMBRA O GRANDE JAIR RODRIGUES



O cantor Jair Rodrigues, que morreu na quinta-feira, aos 75 anos, recebe homenagem hoje na Rede Minas. A emissora reapresenta, às 20h, em lugar do programa Ensaio, o Hipershow especial com a Família Rodrigues, que reuniu o cantor e os filhos Jair Oliveira e Luciana Mello em Ouro Preto, durante o
Festival de Inverno, em 2013.


ABAETÉ É O DESTINO DE  HOJE DO VIAÇÃO CIPÓ



Uma plantação de maracujá onde tudo se aproveita é só uma das atrações da cidade de Abaeté, reveladas pelo Viação Cipó, hoje, às 9h, na Alterosa. O telespectador acompanha ainda a pesca do tucunaré, uma cavalgada de muita tradição e o “Cipó cidadania”. Confira também uma saborosa receita.


PRELÚDIO ABRE SELEÇÃO  DE TALENTOS MUSICAIS


A oitava temporada do Prelúdio, da TV Cultura, está com inscrições abertas até dia 16. O programa, idealizado como um concurso para novos talentos da música clássica, tem direção artística do maestro Júlio Medaglia, que apresenta
a atração ao lado de Roberta Martinelli. Podem participar da seletiva jovens músicos, instrumentistas, regentes e cantores líricos de até 28 anos. Os interessados devem preencher a ficha de inscrição no site www.cmais.com.br/preludio.


CARLA CAMURATI FALA A GABI NO CANAL GNT



O Marília Gabriela entrevista deste domingo, às 22h, no GNT (TV paga), recebe a atriz e diretora Carla Camurati. Ela realizou um dos mais importantes filmes nacionais da década de 1990, Carlota Joaquina: princesa do Brasil. Atualmente no comando de uma empresa de produções, Carla organiza um festival internacional de cinema infantil e é diretora do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

FERNANDO GABEIRA VAI ATRÁS DOS REFUGIADOS



Um novo país sem parentes ou conhecidos. Esse é apenas um dos desafios enfrentados pelos refugiados que chegam ao Brasil. Fernando Gabeira (foto) mostra em seu programa, hoje, às 18h30, na GloboNews (TV paga), os problemas enfrentados pelos haitianos e sírios que pediram asilo ao governo brasileiro. Ao mesmo tempo em que se mostram animados com a ideia de morar aqui, país que aparentemente os recebe de braços abertos com vistos especiais, eles constatam outra realidade: o documento só permite a entrada no Brasil. A dificuldade em regularizar a situação é só um dos muitos problemas da lista. Outros são a omissão do governo e o excesso de burocracia. Na área de moradia, por exemplo, o desafio está nas exigências das imobiliárias, como fiador e comprovação de renda. 

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Elas merecem‏

EM DIA COM A PSICANáLISE » Elas merecem
Regina Teixeira da Costa


Estado de Minas: 11/05/2014





Recebi esta semana dois vídeos cômicos e que ao mesmo tempo exibem para um ponto trágico. No primeiro, exibido no Jornal sensacionalista, do canal Multishow, uma mulher, mãe de três filhos, com dois empregos, casada há 13 anos, resolve sair da escola onde lecionava e roubar um objeto numa loja. Foi presa pelo roubo e recusou o advogado que o marido contratou para retirá-la da prisão.

Alegou que só gostaria de sair da prisão depois que lesse Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, e Crime e castigo, de Dostoiévski, e mais uma lista de outros livros interessantes que nunca podia ler. Além disso, depois também que tivesse tempo para escutar todos os CDS que não pôde durante esses 13 anos de casada e mãe.

Na reportagem, o marido se queixava de que agora não tinha mais condições de ir trabalhar e nem de ler jornais com tranquilidade e sequer jogar a pelada semanal com os amigos. Uma “socióloga” entrevistada na matéria afirmava que o ato desta mulher era mais simbólico do que a queima dos sutiãs no início do movimento feminista.

No segundo vídeo, vários candidatos eram entrevistados para um trabalho muito importante de diretor de operações de uma multinacional. Para ocupar a vaga seria preciso como prioridade a mobilidade, ser capaz de trabalhar em pé a maior parte do tempo, com constantes inclinações e agachamentos e com alto gasto de energia.

Disponibilidade: 24 horas por dia, sete dias na semana, sem intervalos. As mais diversas reações dos candidatos e questionamentos deixarei a cargo da imaginação dos leitores. Mais: durante o almoço, o diretor deverá orientar os subordinados em suas necessidades. São imprescindíveis habilidades em negociação e relações interpessoais. Conhecimentos e graduação nas áreas de medicina, gastronomia e finanças.

Observação importante: em algumas situações será preciso permanecer com os funcionários a noite toda, estar preparado para trabalhos em ambientes caóticos, abrir mão da vida particular em feriados, férias, natais etc.

Enfim, os candidatos começam a se rebelar dizendo que condições assim são insanas, inaceitáveis, absurdas, ao que o entrevistador responde que os funcionários têm necessidades imensuráveis.

Por fim, o salário: não há salário e milhares de pessoas já ocupam este cargo agora. Os candidatos perplexos perguntam: “Quem?”. O entrevistador responde: as mães... Incrível, eles caem na risada e se emocionam. Agradecem às mães por tudo, reconhecendo a verdade desta “brincadeira” realizada pela potencialgestantes.com.br.

Como dizemos, o humor ajuda a tornar a vida mais leve, mesmo a de uma mãe. Além dele, o amor torna todo o processo penoso e cansativo, mas também recompensador, pois as mães, mesmo cansadas, se realizam nesta tarefa heroica ao ver suas crias humanizadas, crescidas e bem na vida. Como diz Chico Buarque, filhos são pedaços de nós, continuidade narcísica pura.

Aliás, muitas mães se esforçam demais, talvez até um pouquinho mais do que o necessário, por serem dotadas de uma devoção incansável. Seria bom se além de mães fossem também mulheres, não esquecessem seus desejos e reservassem um pouco de tempo para si. A cria suportará e sobreviverá com um substituto. A exaustão vem da abnegação aos próprios desejos e portanto pelo abandono do desejo. O desejo é vital.

Toda a família agradece quando a mãe é feliz e vive para além da maternidade. Como disse o psicanalista francês Jacques Lacan, toda mãe é uma bocarra cheia de dentes, pronta para devorar a cria, voltando com ela para seu ventre e assim, dotadas do filho-falo, recobrir seu vazio existencial. É preciso um pai, ou mesmo outros desejos, para interferir ocupando a mãe como mulher e livrando a cria para sua própria vida. Isto coloca a família em ordem.

Desejo a todas as mães um dia reservado para si mesmas. Dia das Mães bem pode ser um dia de folga. Que os filhos e o marido, se for o caso, façam tudo para que ela se sinta recompensada por seus tantos esforços.

>>  reginacosta@uai.com.br

PERFIL/TONINHO FERRAGUTTI/ACORDEONISTA » Profissão de fé‏

PERFIL/TONINHO FERRAGUTTI/ACORDEONISTA » Profissão de fé
Músico paulista explora o rico universo do acordeom, das orquestras sinfônicas à gafieira 

Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 11/05/2014


 (Gal Oppido/divulgação)


Toninho Ferragutti é a famosa “figurinha fácil” – no bom sentido. Viajando pelo país inteiro com seu acordeom, esse paulista de Socorro pode ser encontrado em festivais de música instrumental, concertos de orquestras sinfônicas, discos de artistas da MPB e até em espetáculos de flamenco, além de oficinas dedicadas a interessados em aprender a tocar o instrumento. É bom deixar claro: graças ao talento de artistas assim, capazes de atuar em diversos contextos, a sanfona deixou de ser apenas “boa e velha” para se destacar na cena musical contemporânea.

“Acredito que contribuo ao gravar e tocar com várias formações, como sinfônicas; a orquestra da americana Maria Schneider; os duos com o violonista Marco Pereira, o acordeonista Bebê Kramer e o violeiro Neymar Dias; quinteto de cordas; e, por último, noneto com piano, clarinete e percussão. O acordeom serve a todas as formações – da música de câmara à gafieira – e é apenas mais um instrumento com grandes possibilidades de dinâmicas e timbres”, resume.

Família


Filho de saxofonista que compunha valsas, choros, dobrados e marchas, Ferragutti se envolveu com a música ainda criança. Incentivado pela família a estudar acordeom, complementou sua formação em rodas de choro, bailes, grupos de música gaúcha e gafieiras. Estudou em conservatório e teve aulas particulares com Dante D’Alonzo e de harmonia com Claudio Leal Ferreira.

Curiosidade: antes de se profissionalizar, Toninho Ferragutti estudou veterinária, curso que abandonou no último ano, em 1983, para se mudar para São Paulo. Finalmente, começava sua carreira artística.

Mais importante do que desenrolar a longa lista de colaborações relevantes do acordeonista (já tocou com Gilberto Gil, Hermeto Pascoal, Dominguinhos, Maria Bethânia e Grupo Corpo, por exemplo) é lembrar sua curta, mas consistente, discografia solo. Ela inclui álbuns como Sanfonemas, Nem sol nem lua e, mais recentemente, O sorriso da Manu, fruto do espetáculo de dança cuja trilha sonora foi assinada por ele, gravada com seu grupo e quarteto de cordas.

Erudito


Habituado a tocar com orquestras, Ferragutti acredita que, apesar de esse nicho ser mais comum na Europa que no Brasil, há potencial de trabalho por aqui. Entretanto, pondera que ainda há muito a ser feito antes que sejam criadas essas oportunidades. “É um instrumento de afinação fixa, tem que estar sempre muito bem afinado e o material deve ser muito bem escrito. Os compositores têm dificuldade de compreender melhor a mão esquerda do acordeom para se aproximar e criar para ele levando em conta todas as suas possibilidades.”

O artista já estudou partituras escritas para o instrumento (sobretudo transcrições de piano), mas não se animou muito com elas. “O mais criativo e instigante, que leve em conta as possibilidades técnicas do acordeom, ainda está para ser feito em quantidade. É necessário que as orquestras tenham interesse nesse caminho, que estejam dispostas a correr riscos e encomendem peças a acordeonistas e compositores”, conclui.

Homenagem para Sivuca

Hoje de manhã, Toninho Ferragutti encerra, no Parque Municipal, a segunda edição do Festival Internacional de Acordeom, que, desde quinta-feira, atraiu artistas nacionais e internacionais à capital. Ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), regida por Osman Gioia, o artista tocará peças do paraibano Sivuca, também acordeonista, o homenageado desta edição do evento.

“São, em sua maioria, músicas conhecidas. Ao receberem tratamento sinfônico, elas aproximam o público desse universo, agregando imponência e grandeza a composições importantes para a formação cultural do país. É um concerto muito bonito e um pouco raro de se ver”, avalia Ferragutti.

O acordeonista explica que Sivuca iniciou esse trabalho em 1985, a convite do irlandês Eugene Egan, na época regente da Orquestra Sinfônica do Recife. A série de oito peças estreou com o Concerto sinfônico para Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e a maioria delas foi registrada no CD Sivuca sinfônico, regido e dirigido por Osman Gioia.

“Sivuca era um músico genial, compositor de sucessos consagrados. Violonista e pianista, fez a direção musical por muitos anos da cantora Miriam Makeba, além de ser showman de qualidade insuperável”, destaca.

PROGRAMAÇÃO
Rapsódia gonzaguiana – Juazeiro, Lá no meu pé de serra, Baião, Assum preto, A volta da Asa Branca e Boiadeiro (Luiz Gonzaga e parceiros)
Aquariana (Sivuca)
João e Maria (Sivuca e Chico Buarque)
Quando me lembro (Luperce Miranda)
Feira de mangaio (Sivuca e Glorinha Gadelha)
Concerto sinfônico para Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)

2º FESTIVAL INTERNACIONAL DE ACORDEOM
Concerto de Toninho Ferragutti e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Hoje, às 10h, no Parque Municipal (Avenida Afonso Pena, Centro). Informações: (31) 3270-8100. Entrada franca.

três perguntas para...

TONINHO FERRAGUTTI
ACORDEONISTA E COMPOSITOR


Você circula por outros países. Que tendências em torno do acordeom tem visto por aí?

Muitos músicos estão se aproximando e reconhecendo a riqueza do acordeom, independentemente da importância dele na música regional. São pessoas que tocam piano e outros instrumentos. É por aí que o acordeom seguirá.

O que você acha da nova geração de acordeonistas brasileiros? Há características em comum entre eles? Pode destacar alguns nomes?

São excepcionais, todos muito bem informados, com um conhecimento grande da tradição e antenados com tudo o que está ocorrendo. A característica comum é estarem bem informados em relação ao cenário musical e não apenas nas áreas de interesse de cada um. É injusto ficar citando nomes, pois certamente vou cometer injustiças, mas de pronto posso dizer que gosto de Bebê Kramer, Luciano Maia, Mestrinho, Chico Chagas, Adelson e por aí vai.

Cite três acordeonistas que você tem gostado de ouvir.

Dominguinhos, sempre. Um gênio pela qualidade de seus CDs e pela técnica, harmonia e ritmo. Sivuca pelo repertório, concepção do instrumento e muita música instrumental. Por fim, o francês Lionel Suarez com o cantor Andre Menvielle. Tudo o que eles fazem é muito bonito. Ambos são do Sul da França, onde se tem muita proximidade com as músicas árabe, judaica e do Mediterrâneo. Pesquise no YouTube, você vai ver como é legal!


ENCONTRO DE CRAQUES

 (Gal Oppido/divulgação  )


A última empreitada de Toninho Ferragutti é Comum de dois, disco gravado com outro ícone da cena instrumental brasileira, o violonista Marco Pereira. Além de músicas escritas pelos dois (como Bate-coxa, de Pereira, e Sanfonema, de Ferragutti), o repertório traz composições de Zé do Norte (Mulher rendeira) e medley reunindo Dorival Caymmi (Maracangalha e Você já foi à Bahia) e Ernesto Nazareth (Escorregando).

É tudo muito mágico [trilha sonora] - Ailton Magioli

É tudo muito mágico 
 
A exemplo dos cenários e figurinos, a trilha sonora também ganha vida própria e quase assume status de personagem na onírica novela Meu pedacinho de chão, da Rede Globo


Ailton Magioli
Estado de Minas: 11/05/2014


Tim Rescala, compositor (Estevam Avellar/Globo)
Tim Rescala, compositor

O lançamento de dois discos – um pop, de canções, e outro instrumental – com a trilha da novela Meu pedacinho de chão, da TV Globo, pela Som Livre, chama a atenção por vários aspectos. “A começar do diferencial presente na obra do diretor Luiz Fernando Carvalho, que busca um apuro com a música que não há em outras produções do gênero”, detecta o compositor Tim Rescala, de 52 anos, autor da trilha instrumental da trama das seis, que é quase um personagem da novela, tamanha é a ingerência dela nas cenas.

Segundo Tim, ao valorizar a música de suas microsséries, minisséries e novelas, Luiz Fernando Carvalho busca algo já na concepção. “Há uma ideia ali, no caso de Meu pedacinho de chão”, acrescenta o compositor, salientando não se tratar da chamada “música sem rosto”, regularmente utilizada por Hollywood. “Não há como tirar a trilha que eu fiz para esta novela e colocar em outra”, explica Tim Rescala, lembrando que trilhas de filmes americanos de aventura são como uma “receita de bolo”, podendo, portanto, ser substituídas uma por outra.

Faz sentido “Quando se busca uma cara específica para a trilha, ela se transforma quase em texto. É como ocorre no teatro, onde se trabalha com elementos tão importantes quanto o texto. Ou seja, a trilha adquire sentido”, observa o compositor, que, anteriormente, havia trabalhado com o mesmo diretor em Hoje é dia de Maria (I e II) e Afinal, o que querem as mulheres?. “Entendo a música para a imagem como sendo o tradutor do que o diretor quer”, afirma Tim, lembrando que a obra de audiovisual é uma obra coletiva.

No caso específico de Meu pedacinho de chão, segundo conta, ele recebeu o pedido de Luiz Fernando Carvalho para que fizesse uma música que fosse encantatória, orquestral (sinfônica). “Em Hoje é dia de Maria já havíamos feito algo do gênero, mas esta agora é essencialmente orquestral. “Ele me pediu um trilha colorida, no conceito dos figurinos e cenário”, acrescenta Tim Rescala, lembrando da abordagem infantil da atual trama das seis, protagonizada por duas crianças.

“É uma fábula, então é uma maneira diferente de fazer novela”, avalia o compositor, recordando-se dos pedidos do diretor, que queria, por exemplo, uma música de fada para a professora Juliana. Há casos, também, como o do personagem Zelão, quando o compositor teve a chance de brincar com o western. “Neste caso, há espaço para citar inclusive Ennio Morricone, via clichês”, repara Tim, salientando, no entanto, que é necessário, sempre, tentar produzir uma coisa nova. Em Meu pedacinho de chão ele teve a oportunidade de contar com a participação da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, de São Paulo, incluindo o coro de 30 vozes.

Enquanto o CD com as canções do quarteto norte-americano DeVotchka reúne 13 faixas de música pop, o instrumental vai juntar as 28 músicas incidentais que Tim Rescala compôs especialmente para a trama das seis. “A ideia é promover um diálogo da música sinfônica com o universo pop, que está presente inclusive no figurino”, diz o compositor, que fez a trilha com antecedência. Segundo conta, as composições ficaram prontas em um mês e meio, enquanto as gravações foram feitas em uma semana, dois dias dos quais gravados em São Paulo, na sede da orquestra.

Música feita para ficar

Apesar de ser possível localizar a música sinfônica dentro da história da música clássica, por períodos, Tim Rescala lembra que o estilo possibilita uma dimensão atemporal. “A música sinfônica permite a você não se fixar em uma época”, afirma o compositor, que, não por acaso, batizou uma das faixas da trilha da novela das seis de Adágio atemporal.

“Não há uma época específica na narrativa”, ressalta Tim Rescala, lembrando que Meu pedacinho de chão mistura carro, trem, charrete e cavalo. “A trama não tem necessariamente uma data específica. No caso da música sinfônica, ela pode ir no tempo tanto à frente quanto atrás”, explica o compositor, que também, não por acaso, usa e abusa de referências na trilha de sua autoria, na qual vai do western às composições mais cômicas.

No caso da música da personagem da atriz Juliana Paz, por exemplo, ele adotou um estilo mexicano, que classifica de algo “meio western espagueti italiano”. Já a música da professora é mais encantatória. “Fiz A chegada para quando ela chega na cidade. É a música de fada”, diz, salientando a capacidade maleável da música sinfônica.

No caso do vilão interpretado pelo ator Osmar Prado, o compositor fez duas músicas: Epa, o todo poderoso, que classifica de “mais pesadona”, e A solidão de Epaminondas, que reflete os momentos de tristeza e introspecção do personagem. Segundo revela, depois de uma conversa com o diretor Luiz Fernando Carvalho, ele decidiu colocar as faixas do CD em ordem, como se tivesse contando uma história.

Tim Rescala, que desenvolveu trabalho com o Grupo Galão, de BH, em Um trem chamado desejo, está de volta à capital mineira para participar do FIT – Festival Internacional de Teatro – Palco & Rua com o musical Era uma vez... Grimm, da parceria com José Mauro Brant. Baseado na obra dos irmãos Grimm, o espetáculo tem música original e direção musical de Tim.

Ela faz história Carla Camurati‏

Ela faz história 
 
Carla Camurati avalia os rumos do cinema brasileiro 20 anos depois da retomada, que tem como marco seu filme Carlota Joaquina - Princesa do Brazil. Atriz é produtora de Getúlio 

 
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 11/05/2014


Carla Camurati, atriz e cineasta (Marcos de Paula/AE)
Carla Camurati, atriz e cineasta

Sem Embrafilme (extinta em 1990) e Lei do Audiovisual (criada em 1993), os primeiros anos da década de 1990 passaram, para a cinematografia nacional, quase em branco. Até mesmo os mais tradicionais festivais de cinema tiveram que se adaptar à quase inexistência de uma produção efetiva de filmes brasileiros. Gramado, até então um dos mais populares, abriu em 1992 sua programação para longas-metragens de origem latina. Nos três anos seguintes, todos os filmes vencedores eram estrangeiros. Pois nesse cenário nada animador, Carla Camurati, então uma atriz de prestígio no meio noveleiro, resolveu remar contra a corrente.

Ainda que seu filme de estreia, Carlota Joaquina – Princesa do Brazil, tenha chegado aos cinemas em janeiro 1995, quando já havia uma regulação para a produção cinematográfica, foram três longos anos para que ele ficasse pronto. Diretora estreante, ela largou tudo para se dedicar ao projeto. Hoje, duas décadas mais tarde, Carla define de forma singular o processo de produção. “Carlota foi filmado em sete semanas ao longo de oito meses, pois eu só conseguia trabalhar uma semana em cada mês.”

Bem, não foi realmente assim, mas também não muito diferente. O projeto teve início em 1992; no ano seguinte, foram realizadas as filmagens – primeiro, duas semanas, mais tarde, outras três e, no final, uma semana a cada mês –; e, em 1994, o filme foi montado. Vinte anos atrás, com pouco dinheiro e experiência, Carla se virou como podia. “Na realidade, o filme se reinventou dentro dele mesmo. Tudo era refeito”, conta ela. Filme-marco da chamada retomada do cinema nacional, Carlota Joaquina, que mostra a chegada da corte portuguesa no Brasil de maneira farsesca, levou 1,4 milhão de espectadores aos cinemas.

O longa-metragem, que tinha apenas 40 cópias e orçamento de R$ 600 mil, ficou em cartaz no país durante 11 meses. Era outro tempo, tanto por isso os números são tão diferentes dos atuais. Até agora, o filme mais visto no Brasil em 2014, Noé, blockbuster de orçamento de US$ 125 milhões, está na sétima semana em cartaz e o número de sessões vem diminuindo rapidamente. Não é uma questão de comparar, mas de mostrar o quanto o cinema mudou em 20 anos. “O mercado hoje é volátil e Carlota fez história porque atingiu um patamar que o cinema brasileiro não atingia há algum tempo. Hoje, o país olha mais para o audiovisual, o parque exibidor é muito maior, existe a agência reguladora da atividade (Ancine)”, comenta Carla.

Os processos de produção, distribuição e lançamento mudaram, mas há questões que permanecem. “Sempre acho que as pessoas se interessam pela história do nosso país. A experiência me diz isso, a vida mostrou que dá certo. E quando se traceja a história de um país, vendo o DNA do que ele veio a ser, compreendemos uma série de coisas”, afirma Carla. Ainda que o discurso possa ser utilizado para a sua experiência na direção de Carlota, ela está falando, aqui, de outro filme, Getúlio, dirigido pelo marido, João Jardim, e produzido pela Copacabana Filmes, empresa que a própria Carla fundou justamente na época em que estava dirigindo seu primeiro longa-metragem.

Em Belo Horizonte, Getúlio, que mostra os 19 dias que antecederam o suicídio do presidente Getúlio Vargas, em agosto de 1954, entrou na segunda semana em cartaz com o mesmo número de salas da estreia. Resultado que espelha a boa acolhida que o filme vem tendo, mesmo lutando num esquema de Davi e Golias (estreou no mesmo dia que o blockbuster O espetacular Homem-Aranha 2). No primeiro fim de semana, foi visto por 155 mil pessoas. Carla só tem a comemorar. “Quando o filme acaba, ele está sendo muito aplaudido, acho que também pela dimensão que as pessoas estão tendo agora do que foi aquele momento para o Brasil. E a questão é que não se mergulha dramaturgicamente na história do Brasil.”

O fato de Getúlio estar caminhando bem na bilheteria é ainda mais aplaudido, porque o cinema brasileiro, nos últimos anos, vem sofrendo com a ditadura da comédia descartável. “Tanto diretores quanto produtores são vítimas de uma situação. O que se precisa entender é que para levantar uma atividade, você tem que fazer isso como um todo. Quando se fala na produção de cinema, seja o americano ou o indiano, que manipulam grandes quantidades de pessoas, fala-se numa indústria que investe em todos os gêneros. Você tem cinema-catástrofe, suspense, musical, drama, ou seja, há uma cartela enorme de possibilidades para o público. O que não se pode é determinar qual prateleira é que vai dar certo.” Por experiência própria, Carla sabe que isso realmente acontece. É só saber fazer.

Carlota Joaquina - Princesa do Brazil, com Marieta Severo, é um marco da retomada  (Ed Super/Divulgação)
Carlota Joaquina - Princesa do Brazil, com Marieta Severo, é um marco da retomada


“Nunca digo nunca”

Depois de Carlota Joaquina, Carla Camurati dirigiu outros três longas-metragens: La serva padrona (1999), o primeiro filme-ópera do país; Copacabana (2001), comédia dramática sobre o envelhecimento; e Irma Vap – O retorno (2006), comédia inspirada nos personagens do teatro. Há oito anos sem dirigir e mais de 10 sem atuar, Carla não volta tão cedo a essas atividades. Desde 2007, é presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cargo em que permanece até o fim deste ano. Num futuro próximo, já tem convites para assumir atividades que também não têm relação com o cinema.

“O teatro é a parte que a gente mais vê, mas nos últimos sete anos assumi uma fundação que tem escola de balé e três corpos artísticos. Quando entrei, não só a parte física estava muito ruim (foi sob a administração de Carla que o Municipal sofreu sua ampla reforma e restauração), mas os salários defasados, contratos desatualizados. Então foi feito um trabalho de gestão grande e não dá para dirigir um filme fazendo tudo isso”, diz ela. Se a função de diretora não permite outras atividades, já como produtora a carga não é tão pesada.

Além de Getúlio, Carla, na Copacabana Filmes, produziu ou distribuiu filmes como Amor? e Janela da alma (ambos de João Jardim), Feminices (de Domingos Oliveira), entre outros. Ainda criou o Festival Internacional de Cinema Infantil (Fici), que no segundo semestre ganha sua 12ª edição. “Eu me divirto em todas as artes, seja produzindo, dirigindo ou cuidando da gestão de um bem como o Teatro Municipal. E quando falo em diversão, é no sentido do prazer mesmo, de dedicar seu tempo e sua vida a uma atividade.” Atriz que na década de 1980 teve seu momento de musa, Carla, aos 53 anos, fala que pode voltar a atuar. “Venho recebendo convites ao longo dos anos para atuar, mas eram coisas que me fariam parar de fazer atividades que eu tinha que continuar. Não tenho uma atitude de dizer nunca mais, não abandonei nada”, finaliza.

Eduardo Almeida Reis - Propaganda‏

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Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 11/05/2014




Num dos intervalos comerciais da ótima entrevista de Michel Legrand, 82 anos, na Semana do Jô, o GNT exibiu chamada do chef Claude Troisgros para o programa Que Marravilha! Programa que foi ótimo quando feito com o jornalista Renato Machado comentando os vinhos selecionados para acompanhar os pratos de Troisgros. Foi ótimo e faz tempo que é uma porcaria, opinião aqui do “assinante” da tevê a cabo.

Renato é jornalista fino, alfabetizado, homem capaz de gestos da maior dignidade, como demonstrou num episódio triste, que prefiro não comentar: Tiro&Queda é coluna amena escrita por um philosopho geralmente alegre e de bem com a vida.

Na chamada para o seu programa, o chef Troisgros enfileirou à sua frente, em indecoroso merchandising, quatro frascos de 500ml do azeite Gallo – Grande Escolha, Azeite Novo, Colheita ao Luar e Colheita Madura –, como, de resto, revistas e jornais brasileiros têm veiculado páginas e mais páginas de propaganda do mesmo azeite. A empresa, que o produz desde 1919, anda empenhadíssima em tentar neutralizar, via propaganda maciça, as análises da Proteste-Associação de Consumidores englobando 19 marcas de azeites supostamente extravirgens para descobrir que 58% delas não são o que dizem ser. As marcas Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real são de azeites lampantes, palavra que ninguém conhece, mas o Google nos ajuda: “Se denomina aceite de oliva lampante al aceite virgen que se presenta defectuoso por distintos motivos, puede ser un aceite resultante de haber utilizado aceitunas degradadas, problemas o defectos en los procesos de elaboración etc.”

Azeites não virgens, com 0,8% a 2% de acidez, ainda de acordo com a Proteste, são: Borges, Carbonell, Beirão, Gallo, La Espanhola, Pramesa e Serrata. Os extravirgens, com até 0,8% de acidez, são: Olivas do Sul, Carrefour, Cardeal, Cocinero, Andorinha, La Violetera, Vila Flor e Qualitá. Daí a fortuna que a produtora do Gallo está gastando em publicidade para tentar provar que seu azeite é virgem. Inventou uma espécie de himenoplastia industrial, a cirurgia que refaz o hímen, permitindo que a noiva se case “virgem” mesmo sendo muito rodada.

Dizem que a Coca-Cola é outra que se prepara para investir bilhões ou trilhões em propaganda, depois de constatar que suas vendas despencaram nos Estados Unidos e no resto do planeta. Realmente, não existissem a propaganda e o marketing, será que alguém tomaria Coca-Cola?

Exageros

Penso que há certo exagero nas denúncias de bullying e de assédio sexual feitas por aí. Em inglês fica melhor: sexual harassment, acho que de harass, que entrou no idioma de Shakespeare no século 17 através do francês harasser, verbo que significa moer, cansar, estafar, extenuar, esfalfar. Se o sexo extenua é sinal de que foi ótimo.

E tem dado oportunidade, nas chamadas redes sociais, de divulgação de uma tolice chamada after sex selfie, em que o casal hétero ou homo se autorretrata na cama depois de fazer amor, que o mais chato dos gramáticos brasileiros condenava dizendo que o amor não se faz. Não lhe digo o nome porque li no Google que morreu ainda moço.

Volto ao bullying, que sempre existiu e agora virou moda. Por qualquer motivo e até sem motivo algum fala-se em bullying, condena-se o bullying, atribui-se ao bullying tudo de ruim que se vê por aí. Ora bolas, as provocações e as implicâncias infantojuvenis sempre existiram.

Quebrei a perna esquerda numa noite de réveillon, quando tinha 10 anos. Engessado pelo catedrático de ortopedia de famosa faculdade de medicina, passei quase quatro meses na cama, porque o mestre não viu na radiografia que parti dois ossos, tíbia e perônio, hoje fíbula, e só engessou pensando na tíbia, o maior e mais interno dos dois ossos da perna.

Tratado a vela de libra, engordei e manquei durante meses. No curso de admissão do novo colégio convivi com os apelidos Maria Gorda e Mula Manca. Parei de mancar, deixei de ser mula, continuando burro; quando emagreci, voltei a ser o Eduardo. Aparentemente sem marcas do “terrível” bullying sofrido.

O mundo é uma bola

11 de maio de 824: eleição do papa Eugênio II, que morreu três anos depois na flor dos seus 47 aninhos. Nascido em Roma, foi eleito com o apoio dos francos e assinou a Constitutio Romana imposta por Ludovico Pio, que prometo apurar quem foi. Eugênio II reorganizou os Estados Pontifícios e se opôs ao reavivar, na Igreja Oriental da controvérsia dos iconoclastas. Atribui-se a ele a instituição dos seminários. Ao descobrir que muitos presbíteros e bispos ignoravam as verdades básicas da fé, ordenou sua suspensão temporária até que fossem devidamente instruídos. Formou uma comissão para rever os cânones e leis, origem da atual Cúria Romana. Fez coisas à beça num papado de três anos.

Como prometi, Ludovico Pio foi Luís I, o Piedoso (778-840), também conhecido como Louis, o Belo ou Louis, o Débonnaire (Bonachão) – Ludwig der Fromme em alemão) –, foi o segundo filho de Carlos Magno, imperador e rei dos francos de 771 a 814, e de Hildegarda da Alamânia, princesa alemã e segunda mulher de Carlos Magno. E dizer que chegamos a 2014, o leitor e o seu philosopho, sem ter a menor noção de quem foi Hildegarda.

Hoje é o Dia da Inauguração do Telégrafo no Brasil (1852).

Ruminanças

 “O telefone serve para transmitir a voz humana de uma amiga a outra” (Sofocleto, 1926-2004).