sexta-feira, 25 de abril de 2014

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 25/04/2014



 (Bia Saboia/Divulgação )

Com a corda no pescoço


Sexta-feira sempre tem novidade no canal Telecine Premium. E a de hoje é brasileira: a comédia Vendo ou alugo, de Betse De Paula, com Marieta Severo e Marcos Palmeira (foto) à frente de um elenco que conta ainda com Nathália Timberg, Silvia Buarque e Bia Morgana. A trama tem como personagens principais as mulheres de quatro gerações de uma família que já foi riquíssima e hoje vive cheia de dívidas. Para elas, só resta uma solução: vender ou alugar o casarão onde vivem há décadas. Confira às 22h.

Vencedor de Cannes
em cartaz na Cultura


Na mesma faixa das 22h, a Cultura exibe na Mostra Internacional de Cinema o drama A criança, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, filme ganhador da Palma de Ouro em Cannes em 2005. E mais: A Casa Elétrica, no Canal Brasil; O ataque, na HBO 2; Ethan Frome, no Sony Spin; 60 segundos, no TCM; 12 horas, no Telecine Action; Gatos, fios-dentais e amassos, no Telecine Fun; e O impossível, no Telecine Pipoca. Outras atrações da programação: Um tira muito suspeito, às 21h, no Comedy Central; Assim é Aurora, às 21h30, no Arte 1; Secretária, às 21h40, no Glitz; 2012, às 22h30, no Megapix; Compramos um zoológico, às 22h30, na Fox; e Pulp fiction – Tempo de violência, às 23h45, no Universal Channel.

Futura exibe curta
de estudante da UFJF


Dirigido por Renata Meffe Franco, da Universidade Federal de Juiz de Fora, o curta Cortina de bambu é a atração de hoje do Sala de notícias, às 14h35, no canal Futura, mostrando a Colônia Padre Damião, que trata de pacientes com hanseníase. No canal Curta!, às 21h25, será exibido o curta O quintal dos guerrilheiros, de João Massarolo, seguido do documentário 500 almas, dirigido por Joel Pizzini, falando sobre a perda de identidade baseado na cultura dos índios guatós.

Os machos invadem
a cozinha da Fox Life


Na Fox Life, sexta-feira é dia de homem na cozinha. Às 22h30, em Homens gourmet, Carlos Bertolazzi, Dalton Rangel, João Alcântara e o Guga Rocha preparam delícias como arancini, cogumelos em sanduba e frango camisa 10 para uma vizinha sortuda. Às 23h30, em Man vs food, Adam Richman pega a Rota 66 para experimentar todos os pratos típicos que encontra pela frente. E à 0h15, em Ace of cakes – O mestre dos bolos, Duff Goldman faz um bolo gigante no formato de um tubarão, por encomenda de um aquário.

Paula Fernandes ao
vivo no Multishow


Depois de gravar para o Multishow o especial Um ser amor, a cantora mineira Paula Fernandes volta ao canal com a transmissão ao vivo e exclusiva do show, hoje, às 21h30, diretamente de Curitiba. O público vai poder conferir, na TV e na web (www.multishow.com.br), sucessos como Pra você, Não fui eu e Quem é.


CARAS & BOCAS » Presença festejada
Simone Castro

Carlos Nascimento, destaque como jornalista, também comandou o programa O melhor do Brasil (Roberto Nemanis/SBT-10/7/12)
Carlos Nascimento, destaque como jornalista, também comandou o programa O melhor do Brasil

O jornalista Carlos Nascimento, que está afastado do Jornal do SBT desde setembro do ano passado para fazer tratamento contra um câncer, voltará à cena no domingo, durante o Troféu Imprensa, apresentado por Sílvio Santos, no SBT/Alterosa. Ao lado de Karyn Bravo, com quem divide a bancada do noticiário, Carlos vai receber o prêmio de melhor telejornal de 2012. Ele gravou sua participação, anteontem, em São Paulo, e foi muito festejado pelos colegas. Também marcará presença na atração o ator mirim Jean Paulo Campos, que interpretou Cirilo na novela Carrossel e levou o troféu de ator revelação. Atualmente, ele está no ar no seriado Patrulha salvadora. Danilo Gentili, que comanda o The noite, na emissora, vai receber prêmios pelo antigo programa na Band, o Agora é tarde, em duas edições, 2012 e 2013. O Troféu Imprensa, ao contrário de outros, como o Troféu Domingão do Faustão, como se vê, também premia artistas de outros canais. Daí que os atores Tony Ramos e Lília Cabral foram liberados pela Globo para receber suas estatuetas. Tony levou nada menos do que sete prêmios, recebidos em edições anteriores, entre eles pelo protagonista Totó de Passione (2010). Já Lília levou três, por Páginas da vida (2006), Viver a vida (2009) e Fina estampa (2011).

GALÃ ADOLESCENTE JÁ É
SUCESSO EM CHIQUITITAS


O ator Renê Thristan fez sua estreia, ontem, em Chiquititas, do SBT/Alterosa. Ele promete ser o novo galã teen como o personagem João Pedro, alguém que vai mexer com o coraçãozinho de Mili (Giovanna Grigio). O primeiro encontro dos futuros pombinhos já rolou. JP, como é conhecido, mora com seu pai, Heitor (Osvaldo Romano), numa mansão ao lado do Orfanato Raio de Luz. Nos próximos capítulos, Mili e JP vão se aproximar. Ele é líder de uma banda chamada JP10. Mosca (Gabriel Santana) ficará enciumado com o sucesso que o garoto faz com as meninas, principalmente com Mili. Quando os pais de JP decidirem sair do Brasil, ele ficará no país para não ser obrigado a se afastar da garota.

FÁTIMA BERNARDES VAI
SE LANÇAR NA ESTRADA


Fátima Bernardes vai deixar o estúdio vez por outra para apresentar a versão itinerante de seu programa. O Caminhão do Encontro está previsto para estacionar na segunda-feira na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, marcando a estreia da apresentadora na estrada. O programa será ao vivo.

TRAMBIQUEIRO APARECE
NA TRAMA DE EM FAMÍLIA


Nos próximos capítulos de Em família (Globo), um personagem muito mencionado e que ainda não apareceu vai dar o ar da graça. Trata-se do pai da fotógrafa Marina, vivida por Tainá Müller, papel que coube ao ator José Rubens Chachá. Ele é um golpista internacional e que deve ser o vilão da novela de Manoel Carlos, que até agora não tem nenhum. Algumas “maldades” têm ficado por conta de Branca (Ângela Vieira). Bom, com a aparição do pai de Marina, fica no ar outra questão: quando será que o irmão de Chica (Natália do Vale), de nome Leandro (Rafael Tombini), que mora nos Estados Unidos e que foi mencionado apenas na segunda fase da trama, vai aparecer? Afinal, já se passaram 20 anos... e nada. Ou será que o autor esqueceu do personagem?

BONITO, HEIN FAUSTÃO?

Arielle Macedo, dançarina da cantora Anitta, também falou sobre a polêmica que gerou seu nome no Domingão do Faustão, no domingo passado. O apresentador usou o termo “cabelo de vassoura de bruxa” para definir o cabelo da dançarina. Ele comentou um vídeo em que ela aparecia para falar de um hábito constrangedor da cantora. “Olha lá, a Arielle com cabelo vassoura de bruxa”, disparou Faustão. Logo, o triste comentário agitava as redes sociais, com usuários e movimentos que defendem a igualdade racial revoltados. Faustão foi chamado de preconceituoso e racista. Arielle também falou a respeito e admitiu que se sentiu ofendida. “O cabelo é meu, a vida é minha e me acho linda, e isso é o mais importante! Não me deixo oprimir por nada e nem opinião de ninguém! E se você se sente bem com isso é assim que deve agir. Enquanto isso, estou andando por aí com meu ‘cabelo de vassoura de bruxa’ que eu amo. E que me desculpem as pessoas normais oprimidas pela sociedade. É, eu não sou normal! O racismo sempre vai existir, ele se fortifica quando nos sentimos ofendidos. Se estou bem e certa de que eu sou, dane-se a opinião dos outros! Apenas intensificarei minha água oxigenada! Aceita que dói menos.”

VIVA
Série Revenge, em sua terceira temporada, exibida no canal Sony (TV paga). A saga vingativa de Emily Thorne (Emily VanCamp) retoma o fôlego depois de um começo morno.

VAIA
Os tiques das mãos de Catarina, personagem de Juliana Paes, que vive batendo as pontas dos dedos em Meu pedacinho de chão (Globo) já beiram o exagero. Menos é sempre mais. 

Sem medo de ser pop

Cine PE, um dos mais importantes festivais do Brasil, começa amanhã e aposta na internacionalização. O menino do espelho, feito em Minas, está na mostra competitiva


Carolina Braga
Estado de Minas: 25/04/2014



O filme Grande Hotel Budapeste, do cineasta americano Wes Anderson, será exibido fora da competição  (Fox FilmeS/divulgação)
O filme Grande Hotel Budapeste, do cineasta americano Wes Anderson, será exibido fora da competição


Ele já não é uma criancinha. Justamente por ter chegado aos 18 anos com a fama de ser o festival de cinema de maior participação popular do Brasil, os organizadores do Cine PE estavam certos de que precisavam mudar. Não que as plateias volumosas fossem problema, mas chegou a hora de renovar os votos com os espectadores que costumam lotar o Cine Teatro Guararapes. Isso significa uma programação que conseguisse ser ao mesmo tempo inovadora e comunicativa. E mais: com a maioridade, chegou o momento de internacionalizar o festival.

“Conheço meu público há 17 anos e sei que ele tem sede de novidades. Todo festival, mesmo que erre, tem que arriscar, no sentido de procurar uma mudança para melhor”, comenta Sandra Bertini, uma das diretoras do Cine PE. Para que o público desfrute das novidades que estarão em cartaz de amanhã ao dia 2 de maio, no Centro de Convenções de Olinda, ela brinca que só não pode haver chuva torrencial.

Bertini afirma que a principal aposta do 18º Cine PE é mesmo a internacionalização. Com isso, o filme selecionado para a abertura é o norte-americano Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson (de Moonrise Kingdom e Os excêntricos Tenembaums), exibido fora de competição, assim como a estreia nacional de Getúlio, de João Jardim. Na sequência, a maratona terá 25 títulos, sendo 13 curtas, 14 longas. São 22 filmes brasileiros. As outras produções vêm dos EUA, Portugal, Itália e Argentina. O único mineiro na disputa é O menino do espelho, de Guilherme Fiúza, baseado na obra de Fernando Sabino. A estreia nacional está marcada para o dia 30.

A curadoria está a cargo do jornalista, crítico e pesquisador Rodrigo Fonseca. O nome dele é coerente com o desejo de renovação do Cine PE. Jovem e com conhecimento vasto sobre a sétima arte, Fonseca não se cansa de reafirmar seu interesse tanto pelo cinema de autor como pela vertente mais popular da indústria. “A ideia é ser uma curadoria mais pop”, diz. Mas ser pop não significa ser somente comercial.

No exercício para encontrar a medida certa, a escolha dos filmes se pautou por um tema. Habituado à cobertura do Cine PE como jornalista especializado, Rodrigo Fonseca identificava um problema de identidade. Se a Mostra de Cinema de Tiradentes, por exemplo, solidifica-se pela opção pela experimentação radical, o Festival de Brasília é conhecido como palco de afirmação política, e Gramado volta-se para a cultura da latinidade, o evento de Pernambuco estava sem face. “Tentei dar-lhe a cara da memória”, diz Rodrigo.

De uma maneira ou de outra, todos os trabalhos que serão apresentados abordam a memória, o que, aliás, tem sido recorrente no cinema contemporâneo. “É um olhar sobre as afirmações ou trocas, movimentação de identidades em busca de uma memória, seja individual, de um lugar ou do próprio cinema”, justifica.

São quatro mostras competitivas. Ao Troféu Calunga competem Muitos homens num só (RJ), com direção de Mini Kerti; Mundo deserto de almas negras (SP), de Ruy Veridiano; O menino do espelho (MG), de Guilherme Fiuza; Romance policial (RJ), de Jorge Durán; Anni Felici, com direção de Daniele Luchetti; e Todos tenemos un plan, de Ana Piterbarg. Já a Mostra Doc Internacional terá em concorrência quatro filmes, sendo dois brasileiros e dois portugueses. Entre eles, o novo filme do diretor gaúcho Jorge Furtado, Mercado de notícias, sobre a crise na mídia convencional.

Na competitiva nacional de curtas serão sete produções na disputa, entre eles Linguagem, o novo trabalho do diretor carioca Luiz Rosemberg Filho. Não há nenhum curta mineiro na programação. Outra novidade de 2014 é a aposta em filmes de gênero. Todos tenemos un plan, Muitos homens num só e Romance policial são policiais, com forte referência ao cinema noir.

Segundo Rodrigo Fonseca, todos os filmes têm forte identidade estética, mas ao mesmo tempo se preocupam com a comunicação. “Eles têm uma necessidade de se abrir mais, falam para um coletivo maior”, comenta o curador.

Lino Facioli em O menino no espelho, longa-metragem baseado em romance de Fernando Sabino (Gustavao Baxter/Divulgação)
Lino Facioli em O menino no espelho, longa-metragem baseado em romance de Fernando Sabino


Uma dama do cinema

A atriz Laura Cardoso, de 86 anos, será homenageada em Pernambuco (Matheus Cabral/Divulgação)
A atriz Laura Cardoso, de 86 anos, será homenageada em Pernambuco
A única homenageada que estará presente no Cine PE é a atriz Laura Cardoso, de 86 anos, com 29 filmes no currículo. Um dos poucos festivais nacionais a exibir Giovanni Improtta, o único filme dirigido por José Wilker, o Cine PE estava com a homenagem organizada para o ator quando foi surpreendido pela morte dele. De acordo com Sandra Bertini, a cerimônia está mantida e confirmada para 2 de maio, noite de encerramento. Na ocasião, comparecerão as filhas do ator e a namorada de Wilker, a jornalista Cláudia Montenegro.

Na mesma noite, o Cine PE faz uma reverência aos 50 anos da primeira exibição de Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha. Os filhos do diretor também estarão presentes. Cogita-se a exibição da cópia restaurada do filme. No entanto, a projeção está em negociação com a família.

A cerimônia em honra a Laura Cardoso será dia 29, no Teatro Santa Isabel, no Bairro de Santo Antônio, no Recife. Há 13 anos, ela recebeu o prêmio de melhor atriz no Cine PE pela participação no longa Através da janela, de Tata Amaral.

Gramado

Marcado para o período de 8 a 16 de agosto, o Festival de Cinema de Gramado está com inscrições abertas. Os interessados em competir nas categorias longas brasileiros, longas estrangeiros, curtas brasileiros e curtas gaúchos devem preencher até 23 de maio a ficha disponível no www.festivaldegramado.net. Outra novidade deste ano: a premiação será em dinheiro. Anteriormente, os premiados levavam para casa apenas o troféu Kikito.

CINE-PE
Longas da programação
» Hors-concours
Getúlio, de João Jardim
Grande Hotel Budapeste (EUA), de Wes Anderson

» Documentários
1960 (Portugal), de Rodrigo Areias
Corbiniano (PE), de Cezar Maia
E agora? Lembra-me (Portugal), de Joaquim Pinto
O mercado de notícias (RS), de Jorge Furtado

» Ficção
Anni felici (Itália), de Daniele Luchetti
Muitos homens num só (RJ), de Mini Kerti
Mundo deserto de almas negras (SP), de Ruy Veridiano
O menino no espelho (MG), de Guilherme Fiúza
Romance policial (RJ), de Jorge Durán
Todos tenemos un plan (Argentina), de Ana Piterbarg

Implante coclear com solução de DNA resgata capacidade auditiva em ratos

Ouvido biônico recupera audição 
 
Uso de implante coclear com solução de DNA resgatou quase toda a audição de ratos surdos. Cientistas acreditam que terapia gênica poderá ser aplicada em humanos 

Vilhena Soares
Estado de Minas: 25/04/2014



Um solo de guitarra e o toque sutil de um piano – partes rebuscadas da composição musical – são exemplos de detalhes perdidos por pessoas que têm problemas de audição. A captação de sons mais sutis ainda é uma lacuna a ser preenchida pelos populares aparelhos auditivos cocleares, utilizados para o tratamento da surdez. Mas uma nova terapia gênica aliada a essa tecnologia conseguiu recuperar quase toda a audição de ratos surdos ao estimular a regeneração de nervos auditivos nos animais. O recurso criado por cientistas australianos poderá ser usado em humanos.

A terapia gênica é uma das grandes esperanças para tratamentos de recuperação da audição. Uma das dificuldades em usar a técnica, porém, é encontrar uma maneira de estimular os nervos auditivos na cóclea, parte auditiva do ouvido interno. Para ultrapassar esse obstáculo, um grupo de cientistas australianos utilizou os famosos implantes cocleares como ferramenta de trabalho.

“O conceito de terapia gênica tem sido mostrado como promissor no combate à perda de células na cóclea. Nosso avanço está no sucesso do uso do próprio implante coclear como um dispositivo para estimular a terapia genética de forma mais eficiente para a cóclea”, explica Mathias Klugmann, pesquisador do Departamento de Fisiologia da Universidade de New South Wales e um dos autores do trabalho, publicado ontem na revista americana Science Translational Medicine.

Para testar a técnica, os cientistas criaram um aparelho coclear que contém uma pequena sonda com uma solução de DNA composta pelo fator neurotrófico (BDNF) – proteína usada para a regeneração de células humanas. Por meio de correntes elétricas emitidas pelo aparelho, implantado em ratos modificados para ficarem surdos, foi possível estimular os nervos auditivos dos animais. A união da solução e dos impulsos elétricos possibilitou a regeneração do sentido. “A transferência do fator de crescimento do nervo estimula o crescimento de fibras nervosas a partir das células que residem na cóclea. Isso aumenta muito a eficácia do ouvido biônico ” explica Klugmann.

Poucas horas após a terapia, as cobaias recuperaram quase totalmente a audição. O pesquisador explica que o aparelho era a peça que faltava para que o estímulo fosse realizado com eficácia. “Em comparação com outras plataformas de entrega de genes, a nova abordagem tem a grande vantagem de proporcionar a entrega segura da solução de BDNF localizada na cóclea”, detalha o cientista.

União promissora Paulo Lazarini, otorrinolaringologista e presidente da Sociedade Brasileira de Otologia, avalia que o experimento se destaca pela estratégia de estimulação dos nervos a partir da junção de duas intervenções muito estudadas. “Temos, nesse trabalho, a união do implante com a terapia gênica. Com o uso de células-tronco eles formam um trio de alternativas bastante exploradas para novos tratamentos auditivos”, destaca.

Klugmann pondera que muito ainda precisa ser feito para o uso da técnica, apesar de a pesquisa divulgada se destacar pelo sucesso inicial. “Esse foi um experimento que rendeu resultados muito positivos nos animais e que traria grandes frutos caso se repetisse em humanos. Porém, precisamos destacar que as células dos camundongos são diferentes, se regeneram mais facilmente”, compara.

Os sons recuperados por meio dos aparelhos cocleares tradicionais são “eletrônicos”. Segundo Klugmann, apesar de a corrente de implante coclear ser um dispositivo biônico sofisticado, a concepção dela se mantém inalterada nos últimos 20 anos. “Ele utiliza apenas 22 canais para transferir informação de som para o cérebro. Algo pequeno em comparação à capacidade das pessoas com audição normal. Elas têm milhares de fibras nervosas fazendo essa transmissão”, analisa o pesquisador.

Lazarini explica que a percepção auditiva conquistada pelos aparelhos cocleares atuais não consegue recuperar o som de forma tão completa, mas que a terapia australiana, caso tenha o desempenho repetido em humanos, poderá surtir esse efeito. “ Ao recuperar os nervos auditivos, a melhora seria bem mais eficiente. É como se você ouvisse uma rádio na frequência AM e FM. Caso melhore a qualidade desses aparelhos, a audição também será beneficiada”, compara o especialista.

OutrOS USOS A técnica proposta pelos cientistas australianos também traz esperanças para tratamentos de um leque ampliado de doenças, já que a solução de BNDF, combinada com outras tecnologias, poderá regenerar células de partes distintas do corpo humano. “Essa tecnologia pode proporcionar tratamentos que melhoram outras aplicações médicas, como implantes de retina (visão biônica) e estimulação profunda do cérebro, usada para tratar o mal de Parkinson”, indica Klugmann.

Segundo Rogério Hamerschmidt, otorrinolaringologista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a possibilidade de tratar outros problemas de saúde com a mesma técnica é justificada pela ação das neurotrofinas.

“O fator neurotrófico pode estimular qualquer tecido do corpo a se regenerar. Acredito que, não a curto prazo, mas futuramente, caso essa técnica seja adaptada, ela poderá ser utilizada como auxiliar em tratamentos de problemas de coluna, do fígado e até do coração. Pessoas que tiveram infarto teriam as fibras do órgão restauradas com essa estratégia”, exemplifica.

Um dos próximos passos da equipe australiana é descobrir detalhadamente o funcionamento da regeneração dos nervos auditivos, a fim de refinar a técnica de reconstituição proposta. “Muito pouco se sabe sobre o tipo de célula que é mais permissivo para o nosso paradigma de distribuição, uma vez que são essas estruturas, após a absorção do DNA, que servem como biofábricas para a produção de neurotrofina. Vamos estudar a natureza delas para melhorar o design da nossa terapia genética”, adianta Klugmann. 

Eduardo Almeida Reis - Democracia‏

Democracia
 
Como é do desconhecimento quase geral, a Tasmânia é uma ilha e um estado da Austrália, a 240 km da costa sudeste australiana


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 25/04/2014

Corre na internet delicioso vídeo feito numa praça de cidade do interior, em que a repórter pergunta aos senhores e às senhoras que lá estão sentados esperando pelo Bolsa Família: “O que o senhor(a) faria se soubesse que o seu filho está usando o Twitter?”. As respostas são de matar de rir, sem deixar de ser preocupantes: todos os entrevistados são eleitores e seus votos valem tanto quanto os dos cidadãos capazes de pensar, que infelizmente são poucos.

É clássica a observação de Churchill num contexto muito diferente do brasileiro: “Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. Discurso feito na Câmara dos Comuns em setembro de 1947, quando ninguém usava o Twitter.

Governo em que o povo exerce a soberania, a democracia está umbilicalmente ligada ao povo que se revolta quando sabe de um filho usando o Twitter. Sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas, os “seus dirigentes”, que desafortunadamente são os nossos, refletem o nível dos que os elegeram.

Os resultados aí estão desde as eleições democráticas que conduziram o doutor Fernando Affonso ao Palácio do Planalto até aos admiráveis governos Lula da Silva & Rousseff. Houve, é certo, o interlúdio FHC, mas o Brasil não estava à altura de um presidente como ele. Em nível municipal, estadual e federal os resultados aí estão.

Dos 5.564 prefeitos, você, leitor, acredita em 100? A Assembleia de Minas tem 77 deputados, a de São Paulo 94 e a Pernambuco 49. Só aí temos 220 excelências. Será que 20 excelem? E o negócio vai por aí: a culpa é do Twitter. A Câmara Federal tem 513 deputados: se possível, escolha 30 e se lembre de que o Senado elegeu presidente o ex-careca e atual piloso José Renan Vasconcelos Calheiros.


Tasmânia

Como é do desconhecimento quase geral, a Tasmânia é uma ilha e um estado da Austrália, a 240 km da costa sudeste australiana. Tem 65.022 km2 e contava há quatro anos com 502.600 habitantes. Hobart, com 209 mil habitantes, é a maior cidade e a capital do estado.

Acredita-se que os aborígenes tasmanianos tenham começado a habitar a região há mais de 35 mil anos. Somavam cerca de 5 mil quando começou a colonização britânica. Não faziam fogo ou armas e foram considerados raça inferior pelos europeus, sendo caçados como animais e sua pele usada para produzir couro. Muitos morreram das doenças levadas pelos colonizadores. Ainda sobrevivem alguns descendentes mestiços. A última aborígene de puro sangue tasmaniano foi Truganini, que morreu em 1876 na cidade de Hobart. Era feia pra dedéu e a historiografia internética não se entende quanto ao seu nome, que pode ter sido Truganini ou Trugernanna, Trugannini, Trucanini ou Lalla Rooke.

Novidade mesmo foi a notícia, divulgada mês passado pela britânica Whisky Magazine, de que o melhor uísque do mundo vem de uma destilaria da Tasmânia. Produção mínima: até agora, 516 garrafas fabricadas, o que deve explicar o fato de o melhor do mundo ainda não ter sido degustado pelo autor destas bem-traçadas. Mas já bebi quatro da atual lista dos 10 melhores, sem que possa dizer qual foi o melhor.

Analisado por um dos jurados, o uísque da Tasmânia tem o sabor de mel, baunilha e feno. Até ontem, pensei que feno fosse alimento de animais. Aliás, o maior produtor de feno do Brasil é o Modesto Araújo, que acumula as funções de dono da rede de drogarias Araújo. O sorvete de que mais gosto tem como base a baunilha; mel é mel, revogam-se as disposições em contrário. No dia a dia, o Black Label dá para o gasto. O resto é piu-piu, como vivia dizendo Ibrahim Sued, meu contemporâneo numa redação do Rio.


O mundo é uma bola
25 de abril de 404 a.C. – Atenas se rende a Esparta, pondo fim à Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), que tentaram me ensinar no colégio sem que alguém possa explicar por quê. Em 387, diz a Wikipédia, “Santo Agostinho recebe o batismo das mãos de Ambrósio, bispo de Milão”. Resta saber como pôde um santo receber o batismo. Em 799, quando se dirigia a cavalo de Latrão para San Lorenzo in Lucina, onde presidiria uma procissão, o papa Leão III foi atacado e ferido, mas só morreu 17 anos depois. São Leão III foi o 96º papa.

Em 1185, como devem estar lembrados todos os que estudaram a história do Japão, na Batalha de Dan-no-ura, a maior batalha naval da Guerra do Genpei, a frota do clã Genzi, comandada por Minamoto Yositsune, derrota a frota do clã Taira, um grande clã japonês de samurais. Como o leitor deve estar lembrado, ontem, num país grande e bobo, foi o Dia do Samurai, mas hoje, no mesmíssimo país, é o Dia do Contabilista e do Despachante Aduaneiro.


Ruminanças
“Um verdadeiro alemão não gosta dos franceses, mas gosta de beber seus vinhos” (Goethe, 1749-1832).

Carlos Herculano Lopes - De óculos novos‏

De óculos novos 
 
Carlos Herculano Lopes
carloslopes.mg@diariosasociados.com.br
Estado de Minas: 25/04/2014


Teve um tempo, quando minhas vistas começaram a encurtar, que passei quase a não enxergar ao longe: nem as placas das lojas e das ruas, nem as flores nos galhos das árvores, nem as moças bonitas que passavam na rua ou os passarinhos e os bois, se acontecia de estar na fazenda. Então, acabei descobrindo, com a ajuda da doutora Maria José Calixto, o que há muito desconfiava: eu era míope. Usar óculos foi um encantamento, como aconteceu com Miguilim, o garoto de Campo geral, a magistral novela de Guimarães Rosa, depois de ter conhecido “doutor Lourenço, do Curvelo”.

De passagem por Mutum, ao tirar o óculos e colocá-lo no menino, esse não pôde acreditar no que via. “Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E tonteava...”.

Também comigo, quando comecei a usar óculos, se deu o mesmo. Mas a doutora Maria José, que sabe das coisas, me avisou: “Com o passar dos anos a tendência da miopia é diminuir...”. E assim aconteceu. Meu óculos quebrou, ou se perdeu, não me lembro, e nem me dei ao luxo de mandar fazer outro. As vistas, como a oftalmologista avisara, para minha sorte haviam ficado boas novamente, e voltei a ver ao longe.

Mas como nada neste mundo é perfeito, de uns tempos para cá foi o enxergar de perto que passou a ficar complicado. Comecei a espichar os braços para ler um livro ou jornal; não estava vendo direito as letras, nem as palavras; às vezes, nem as manchetes. Também não conseguia decifrar o número do meu CPF na carteira do Sindicato dos Jornalistas. Pronto: estava na hora de voltar novamente à doutora Maria José.

E a consulta? Só para uns dois meses adiante havia horário. Mas não dava para esperar esse tempo todo – as vistas estavam mesmo pedindo ajuda. Foi então que minha mãe, numa conversa informal, me disse: “Por que você não tenta com o doutor César Braga Garcia? Sou cliente dele há anos, tenho certeza de que irá gostar”. Foi uma ótima ideia.

Conseguir um lugar na agenda dele também não foi fácil, mas acabou dando certo. Além de ter sido muito bom reencontrar o amigo, o diagnóstico foi perfeito: “Você está com presbiopia, vou receitar um óculos para perto”, disse o César, se referindo às velhas e boas vistas cansadas. Acabada a consulta, falamos da infância no Vale do Rio Doce; ele em Peçanha, eu em Coluna. E das suas idas à minha terra, nas férias, para visitar uma tia em comum, a querida Sílvia Garcia, da qual guardamos as melhores lembranças.

Depois, fui fazer o óculos. Como aconteceu com Miguilim, que “olhou os matos escuros de cima do morro, aqui a casa, a cerca de feijão-bravo e são-caetano; o céu, o curral, o quintal; os olhos redondos e os vidros altos da manhã...”, também eu, ao colocá-los, voltei a ver, ao abrir um livro, que as letras estavam maiores e mais bonitas. A sentir de novo o prazer na leitura, no ato de escrever. E mais: também consegui, com uma alegria quase infantil, distinguir o número do CPF na carteira do sindicato. Os doutores Lourenço, lá do Curvelo, que existiu de verdade, e César Braga, de Peçanha, estavam certos.