terça-feira, 15 de abril de 2014

Tereza Cruvinel - O efeito Marina‏

Tereza Cruvinel - O efeito Marina
 
O que vamos conferir, a partir de agora, é a amplitude do efeito Marina, a candidata que não foi mas continua sendo, mesmo no papel de vice


Estado de Minas: 15/04/2014


Com o lançamento precoce da chapa Eduardo Campos-Marina Silva, 90 dias antes do prazo final para a realização das convenções partidárias que escolherão os candidatos, o comando da campanha do ex-governador de Pernambuco espera produzir uma segunda e importante inflexão nos rumos da campanha presidencial. A estratégia é levá-lo, até agosto, ao segundo lugar nas pesquisas, posição hoje ocupada pelo tucano Aécio Neves. A aposta é numa intensa exposição da imagem da dupla, por todos os meios possíveis, para acelerar a migração dos eleitores de Marina para a chapa encabeçada por ele.

Na última pesquisa Datafolha, Campos obteve apenas 10% de preferência e, quando seu nome foi substituído pelo de Marina, ela alcançou 27%, único cenário em que a presidente Dilma não venceria no primeiro turno. Segundo pesquisas do PSB, apenas 30% dos eleitores dele sabem que Marina o apoia e será sua vice.

A primeira alteração importante no quadro eleitoral ocorreu em outubro, quando ela filiou-se ao PSB, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negar o registro da Rede. Embora tenham anunciado naquele momento apenas uma “aliança programática”, como ela recordou no discurso de ontem, e tenha surgido divergências que ainda persistam entre PSB e Rede quanto às opções eleitorais nos estados, a partir de então, Campos adquiriu um potencial eleitoral que antes não tinha, entrando no jogo para valer. A transferência dos votos de Marina para ele, entretanto, aconteceu muito residualmente, em grande parte devido à esperança dos eleitores marinistas de que ela viesse a ocupar a cabeça da chapa. Essa hipótese ela sempre negou, até por ter firmado compromisso nesse sentido com ele, na madrugada de 4 para 5 de outubro do ano passado. Mas o eleitor sonhava e, com isso, não migrava. Com o lançamento da chapa, ilusões ou especulações saem do radar, e a chapa com ela no papel de vice torna-se uma realidade. Agora é esperar o efeito da jogada.

Campos, atestam os mais próximos dela, entrou na disputa para tornar-se conhecido nacionalmente, acumular capital e ser candidato para valer em 2018. Por isso, até o momento em que ganhou o apoio de Marina, mantinha uma relação ambivalente com o PT, fazendo críticas moderadas, reconhecendo os acertos e dizendo que era possível “fazer mais”. Entre 2014 e 2018, o mundo poderia dar muitas voltas, e ele ainda poderia vir a ser candidato do campo de esquerda liderado hoje pelo PT. Com a adesão de Marina, ele adquiriu nova musculatura na disputa, mudou o discurso e passou a confrontar mais agressivamente o PT e a presidente Dilma. O ex-presidente Lula, de quem foi ministro e recebeu generoso apoio como governador, ele ainda busca, de certo modo, preservar ou distinguir de Dilma. Na festa de ontem, que guardou alguma semelhança com as convenções petistas dos anos 1990, isso transpareceu tanto no discurso dele quanto no de Marina. “A partir de 2010, o Brasil perdeu o rumo estratégico”, disse, cutucando Dilma: “O Brasil precisa não é de gerente, é de um líder”. Marina também recomendou “não negar os avanços nem ser complacente com os erros”.

Segundo socialistas do círculo mais próximo dele, o discurso vai ser esse ao longo da campanha: colar em Dilma a responsabilidade pela alta da inflação, pela desconfiança dos mercados na condução macroeconômica, pelos problemas no setor elétrico, pelas práticas políticas que afetaram a saúde financeira da Petrobras e possibilitaram os ilícitos que estão sendo investigados.

A estratégia deslanchada com a festa de ontem tem outro desdobramento. O esforço para tomar do tucano a segunda posição pode afetar não apenas as relações cordiais entre eles, mas, também, as possibilidades que ainda restam de aliança entre PSB e PSDB nos estados. Passada a festa, PSB e Rede vão retomar as negociações nos nove estados em que têm divergências sobre candidaturas a governador. Em alguns deles, motivadas pela tendência do PSB de apoiar um tucano.

O que vamos conferir, a partir de agora, é a amplitude do efeito Marina, a candidata que não foi mas continua sendo. Aliás, em seu discurso, sempre muito peculiar, afirmou que a vida acontece no gerúndio: “Se estamos caminhando, estamos avançando”. E ensinou que, para entrar na floresta, é preciso estar acompanhada de um bom mateiro, e andar ao lado dele, não atrás. Emendou avisando que andará “lado a lado” com Eduardo. Significará isso que não será subalterna? Cada um leia como quiser.
No mais, ali estava reunida uma grande lasca da coalizão liderada pelo PT, reunindo pelo menos cinco ex-ministros de Lula: Campos, Marina, Cristóvam Buarque (PDT), Miro Teixeira (Pros) e Roberto Amaral (PSB).

O jogo no Rio

No fim de semana, a Rede de Marina Silva anunciou o apoio à candidatura do deputado Miro Teixeira a governador, descartando a opção por Alfredo Sirkis. O PSB já havia feito isso no mês passado. Miro, agora, entra para valer na disputa fluminense. Sua coligação conta com o Pros, ao qual se filiou, o PSD, o PSB e a Rede. Afora a militância do PDT que vem migrando à revelia da direção. Um confronto formidável, que terá o governador do Rio de Janeiro Pezão (PMDB) disputando a reeleição, o senador Lindbergh Farias, do PT, o deputado Garotinho, do PR, e o senador Marcelo Crivella, do PRB.

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 15/04/2014



 (Espaço Filmes/Divulgação)

Luz, câmera… ação!


Um dos destaque de hoje do pacote de filmes, estreia às 22h, no Canal Brasil, a comédia Insônia (foto), de Beto Souza, com Luana Piovani, Daniel Kuzniecka, Lara Rodrigues, Leonardo Machado e Larissa Rezende no elenco. No mesmo horário, o assinante tem mais seis opções: J. Edgar, na HBO; Alice no país das maravilhas, na HBO 2; O traidor, na MGM; Só você, no Sony Spin; Segredos do Éden, no Max Prime; e O hobbt – Uma jornada inesperada, no Telecine Premium. Outras atrações da programação: Duplex, às 20h25, no Universal; O fim da escuridão, às 20h55, na Waner; Joe Sujo, às 21h, no Comedy Central; Seis dias, sete noites, às 21h55, no Glitz; e Quando um estranho chama, às 22h30, no Megapix.

Abujamra entrevista
esta noite um palhaço


Antônio Abujamra conversa hoje com o músico e escritor Claudio Thebas no programa Provocações, às 23h30, na TV Cultura. Fundador do grupo Jogando no Quintal, Thebas vai falar sobre a arte do palhaço, outra de suas paixões. Ele conta, por exemplo, que começou na carreira de palhaço em 1995 com o grupo Lume, em Campinas. Segundo Thebas, o palhaço expressa toda a riqueza do ser humano.

Música cria um futuro
para jovens carentes


Quando o projeto Música nas escolas chegou a Barra Mansa, no Rio de Janeiro, a cidade se transformou. Jovens carentes formaram a orquestra da cidade e partiram em sua primeira turnê pelas principais salas de música do país. Dirigido por Kátia Lund e produzido pela Buriti Filmes, de Laís Bodanzky e Luis Bolognesi, o documentário Pare olhe escute retrata a convivência e as expectativas de jovens músicos acompanhados da pianista Simone Leitão durante quatro meses de viagem. Confira às 20h30, no canal Arte 1.

Documentário traça
o perfil de Niemeyer


Outros dois documentários interessantes foram agendados pelo canal Curta!. Às 22h, O arquiteto do século, de Marcelo Gomes, parte de uma entrevista que Oscar Niemeyer concedeu quando tinha 92 anos, recordando sua trajetória pessoal e falando de sua arte, sonhos e suas decepções. Já às 23h30, na série Arquiteturas, será exibido um episódio sobre o aeroporto Lyon-Satolas, em Lyon, na França e a estação TGV, construída por Santiago Calatrava.

Pastor foge e dá muito
trabalho para a polícia


Hoje é dia de Polícia 24h, no canal A&E. No episódio que vai ao ar às 20h, um ladrão rouba uma moto, se esconde num celeiro e a polícia tem de fechar o cerco para detê-lo. O programa relata também os casos de um pastor que foge de policiais e alega ter achado que a viatura era falsa, e de uma mulher que aciona a polícia por não aguentar mais as brigas com a irmã.



CARAS & BOCAS » Sanderson dá o que falar
Simone Castro


Marcelo Médici, ator e humorista que viveu recentemente o Joel, em Joia rara (Globo), soltou o verbo no Facebook e acusou o diretor Maurício Sherman, do Zorra total (Globo), de plagiar o seu personagem Sanderson. Ele afirmou que ao ver uma chamada do programa, no último sábado, “me deparo com um ator vestido com um gorro preto e branco, regata na mesma cor, dentro de um ônibus. Essa figura, um corintiano, um mano, um motoboy que fala gírias, é uma velha conhecida de nós, paulistas, reflexo de uma realidade comportamental e linguística. Muitos personagens parecidos com ele vieram depois”. Marcelo, que iniciou seu desabafo com “eu podia estar roubando, matando... mas estou aqui perplexo com a falta de ética, de respeito”, prosseguiu: “Criei o personagem Sanderson faz muito, muito tempo e ele ficou conhecido do público pela participação em espetáculos teatrais, como Rê Bordosa, Eu era tudo pra ela e ela me deixou (primeira versão/1997), Terça insana e, por 10 anos, em cartaz no solo Cada um com seus pobrema.” O personagem, que ficou conhecido em todo o Brasil, também participou de A praça é nossa, no SBT/Alterosa, com o apelido de Zoinho, e venceu o Prêmio Multishow de humor. Na Globo, passou pelas atrações Altas horas e Programa do Jô. Em seu desabafo, o ator continua: “Ano passado, após me comprometer com a novela Joia Rara e com o programa Vai que cola, no Multishow, recebi um convite do diretor do Zorra Total para integrar o programa com o Sanderson. O curioso é que há 10 anos, desempregado, peguei um ônibus de SP e levado pelas mãos de minha amiga Cláudia Rodrigues tentei oferecer esse mesmo personagem ao mesmo diretor, o senhor Maurício Sherman, para o mesmo programa! Ele rejeitou o Sanderson porque eu já havia feito na Praça é nossa. Acreditem ou não, recusei fazer o humorístico nesse momento por vários motivos, sendo que os compromissos por mim assumidos anteriormente foram os mais relevantes. E para minha (triste) surpresa, hoje, assistindo ao programa, vejo outro ator falando como o Sanderson, vestido como Sanderson, dizendo que: – Podia estar roubando, matando, mas... exatamente como o Sanderson se apresenta. Ética, ética... volta! Sem você o mundo acaba”. O diretor Maurício Sherman, até o fechamento da coluna, ainda não havia se manifestado sobre o assunto.

LUTA PARA ERRADICAÇÃO
DE POBREZA NO RETRATOS


Celso Vieira, coordenador do projeto The life you can safe, é o convidado do Retratos desta terça-feira, às 21h20, na TV Horizonte (canal 19 UHF). Ele fala sobre o projeto do grupo de erradicação da pobreza por meio de doações filantrópicas encabeçado por ele.

CORRESPONDÊNCIAS SÃO
TEMA DO DIVERSO HOJE


Um outro tempo, outrora, lento. Barulho do carteiro que vem, da caixa de correspondência que range. Um conselho, um ombro amigo, uma sugestão, um manuscrito. A produção literária viveu de elementos assim. De Mário para Manuel. De Clarice para Fernando. De Ana Cristina para Maria. De Machado para José. Correspondências é o tema do Diverso, hoje, às 22h30, na Rede Minas. Afinal, de que modo os escritores trabalham sua literatura por meio de cartas? Como, quando e o que dizem nestas correspondências? Em tempos de e-mails e rede sociais, o que se perde e o que se ganha neste contexto? Veja o que pensam estudiosos sobre o assunto e escritores contemporâneos.

ESCALADO ATOR PARA TER
ROMANCE COM JOSÉ MAYER


O ator Klebber Toledo vai interpretar o alvo da paixão do personagem de José Mayer em Falso brilhante, novela que vai substituir Em família. Mayer será um gay que não assume sua orientação. Anteriormente, Klebber faria o irmão da personagem de Marina Ruy Barbosa, sua irmã na ficcção e namorada na vida real. O papel ficou com Rômulo Arantes Neto.

BRONCA DO SÍLVIO

O apresentador Sílvio Santos perde um contratado, mas não perde a piada. Anteontem, em seu programa no SBT/Alterosa, ele comentou a transferência do ator mirim Jean Paulo Campos, que interpretou o adorável Cirilo em Carrossel, para a Record. “Essa semana eu perdi o garoto, coitado, eu era até pai adotivo dele, a Record me roubou. Fui tirar férias e a Record tirou o menino de mim”, disse em tom brincalhão, arrancando gargalhadas e palmas das “colegas de trabalho”, ou seja, a plateia. Sílvio emendou: “Onde já se viu, seu Edir, isso é coisa que se faça, tirar o Cirilo de mim?”, referindo-se ao bispo Edir Macedo, dono da emissora. Sem perder o alto-astral de sempre, Sílvio ainda falou sobre Sabrina Sato, que foi para o mesmo canal. “E a Sabrina, ele tirou da onde, da Band? Desfalcou o Pânico. Isso é coisa que se faça?”, perguntou.

VIVA
O History Channel (TV paga), que estreou, anteontem, a ótima minissérie Barrabás, que fala da história épica do ladrão que conseguiu a liberdade no lugar de Jesus Cristo. Aliás, o canal, assim como o National Geographic, também mostram a ótima série Os segredos da Bíblia.

VAIA
Ivete Sangalo, Dinho Ouro Preto e Fábio Jr. – o mais estranho de todos no ninho –, jurados do Superstar (Globo). Com mostras de que não sabem o que estão fazendo, eles são responsáveis pela chatice da atração. Quando começam a falar é hora de mudar de canal. 

Remédio em desenvolvimento no Brasil pode combater o Parkinson

Droga para Parkinson em desenvolvimento no Brasil
 
Medicamento vem sendo estudado há uma década na Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Já aplicados em macacos, testes devem levar até 12 meses para chegar aos humanos


Leonardo Augusto
Estado de Minas: 15/04/2014




Um medicamento que combate os efeitos colaterais do tratamento do mal de Parkinson poderá ser colocado à venda no Brasil a partir de 2016. A droga está em fase de desenvolvimento na Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, no interior do estado. Já foram feitos testes em ratos. Na etapa atual, os experimentos são realizados em macacos. “É a última parte da pesquisa antes de passarmos às provas com seres humanos”, diz a professora Elaine Del-Bel, do Departamento de Morfologia, Fisiologia e Patologia Básica da Faculdade de Odontologia da universidade.

O medicamento em teste reduz os tremores, que ocorrem principalmente nas mãos, em pacientes com a doença. A droga auxilia o organismo a evitar a perda de neurônios que produzem uma substância responsável pela comunicação entre as células nervosas. Os efeitos do tratamento, segundo a professora, geralmente aparecem entre quatro e 10 anos de uso da droga que combate a doença. A expectativa da professora, doutora em farmacologia, é que os testes em seres humanos comecem entre seis meses e um ano.

Os movimentos involuntários anormais e repetitivos do corpo, presentes no Parkinson, são chamados de discinesias. Estudos apontam que essa disfunção pode ser controlada com a regulação do neurotrasmissor óxido nítrico, um gás que atua na comunicação entre neurônios e está presente no sistema nervoso central nas regiões do cérebro afetadas pela doença. Tanto o óxido nítrico quanto a dopamina, outro neurotrasmissor, agem em conjunto para que os movimentos do corpo sejam realizados devidamente. Em pessoas com a doença de Parkinson, há uma diminuição progressiva dos neurônios ligados à dopamina, afetando os movimentos. O tratamento atual consiste, principalmente, em um medicamento à base de L-Dopa, substância precursora da dopamina, ou seja, o paciente recebe o remédio e o organismo transforma a substância no neurotransmissor dopamina, melhorando os sintomas da doença de Parkinson (lentidão dos movimentos, dificuldade de caminhar, etc.).

"Como o tratamento é longo, com o passar do tempo o paciente desenvolve um efeito colateral ao medicamento e começam a surgir os primeiros sintomas de discinesias", explica a pesquisadora. O início dos estudos para a identificação do medicamento começaram há uma década. Ainda não há indícios das causas do mal de Parkinson. É uma doença do cérebro que provoca dificuldades de locomoção, movimentação de membros e coordenação. De forma geral, aparece depois dos 50 anos tanto em homens como em mulheres. Quando ocorre em jovens, é por motivo hereditário. A doença pode ser diagnosticada com base nos sintomas e no exame físico. No entanto, pode haver dificuldade na detecção da doença, principalmente em pessoas mais velhas. Os sinais (mudanças no tônus muscular e postura instável, por exemplo) se tornam mais evidentes à medida em que a doença avança. Com os exames podem ser apurados dificuldade para começar e terminar movimentos voluntários, como pegar uma caneta, atrofia muscular e variação de batimentos cardíacos.

Os sintomas da doença, que em sua fase inicial também provoca tremores, ficam mais intensos quando o paciente está nervoso. Durante o sono, os sinais da doença desaparecem. É comum a familiares perceber que um parente está com o mal de Parkinson quando o doente passa a demorar mais tempo para atividades diárias que antes desempenhava com desenvoltura, como tomar banho, vestir roupa e cozinhar, segundo informações da Associação Brasil Parkinson (ABP), que auxilia portadores da doença. É comum que os familiares coloquem a culpa da lentidão na “velhice”.

Os movimentos mais atrasados de quem tem o mal, no entanto, avançam mais rapidamente do que o efeito natural do passar dos anos. Além de medicamentos, podem ajudar no tratamento do mal de Parkinson sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição e a participação do paciente em cursos de oficinas de arte e coral, conforme a ABP, fundada em 1985.

Cobaias A professora Elaine Del-Bel reclamou do comportamento de representantes de organizações não governamentais (ONGs) de defesa dos animais que no ano passado arrombaram um laboratório em Sorocaba, também no interior paulista, para libertar cachorros utilizados em experimentos com medicamentos. Segundo ela, somente com a utilização de animais é possível dar continuidade a pesquisas de desenvolvimento de medicamentos. “É o único meio que nos aproxima do conhecimento da causa de doenças, como o mal de Parkinson. E, conhecendo a causa, há esperança de conhecer a cura”, argumenta a pesquisadora.

A doença leva o nome do médico inglês James Parkinson, que nasceu em Londres em 11 de abril de 1755. Aos 62 anos, publicou o Essay on Shaking Palsy, em que descreveu os sintomas da enfermidade. A pesquisa envolveu seis pacientes, todos do sexo masculino, com idades entre 50 e 72 anos. Parkinson relatou tremores involuntários, projeção do tronco e modificação do ritmo de caminhada. O nome do médico, porém, só foi atribuído à doença por volta de 1875, por sugestão do neurologista francês Jean Martin Charcot, que também contribuiu para aprofundar os conhecimentos em torno do mal de Parkinson.

Na contramão da inflação

Pesquisa mostra queda no preço de peixes e ovos de chocolate às vésperas da semana santa. Para especialistas, opção por produtos mais baratos está derrubando a demanda


Paulo Henrique Lobato
Estao de Minas: 15/04/2014


Para Mariléia Silva Ribeiro, da Peixaria São Francisco, a pesca melhorou de janeiro para cá, o que fez subir a oferta e ajudou a derrubar os preços (Túlio Santos/EM/D.A. Press)

Para Mariléia Silva Ribeiro, da Peixaria São Francisco, a pesca melhorou de janeiro para cá, o que fez subir a oferta e ajudou a derrubar os preços


As sucessivas altas da inflação, os seguidos aumentos da taxa de juros e um possível estoque elevado no comércio de Belo Horizonte pressionaram para baixo os preços de dois produtos bastante consumidos nesta época do ano: pescados e ovos de chocolate. Pesquisa divulgada ontem pelo site Mercado Mineiro revelou que o valor médio de peixes com boa saída na Semana Santa despencou em até dois dígitos, no confronto com o levantamento feito em 28 fevereiro passado, último dia útil antes do feriado prolongado do carnaval. O quilo do bacalhau ling, por exemplo, caiu 19,73%, de R$ 39,12 para R$ 31,40. O mesmo site informou que o preço médio de algumas marcas de ovos de chocolate, como o Baton Relógio Branco  (nº 15/180 gramas), que caiu 15,13%, de R$ 29,94 para R$ 25,41.

“O brasileiro pode ter desacelerado (na compra do pescado) ou feito opção por produtos mais baratos. Tem muito comerciante baixando o preço do peixe para vender. Pode ter sido um estoque muito grande e, na realidade, o que a população vem percebendo, de novembro para cá, é um aumento da inflação, com os preços dos produtos em alta. Muitos comerciantes devem ter comprado um estoque grande e, se não venderem até quinta-feira, terão de reduzir os preços ainda mais”, prevê Lucas Carneiro, superintendente de Desenvolvimento Agropecuário e da Silvicultura da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).

Apenas para ilustrar a fala de Carneiro, a inflação no país registrou alta em todos os meses de 2014. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador, que é medido oficialmente no Brasil pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurou avanço de 6,15%, distante do centro da meta (4,5%) estipulada pela equipe econômica do Palácio do Planalto. Especialistas acreditam que, ainda neste semestre, o percentual deve ultrapassar o teto fixado pelo governo, que é de 6,5%, no acumulado de 12 meses.

“O preço dos alimentos no Brasil podia ser mais baixo”, lamenta Maria dos Reis Silva, que ontem foi a uma peixaria da capital e levou para casa boa quantidade de curimatã, cujo preço médio do quilo caiu 5,61%, de R$ 14,07 para R$ 13,28, de acordo com a pesquisa do Mercado Mineiro. “Peixe é um alimento saudável, e o governo poderia estimular mais a produção, o que reduziria o valor”, sugeriu Ana de Jesus, que também planeja fazer bom ensopado com o curimatã que comprou na tarde de ontem.A redução no preço de peixes considerados campeões de vendas na semana da sexta-feira da Paixão, como o do salmão, indica que o mineiro pode ter migrado para pescados com peço mais em conta. Essa teoria, acredita o especialista da Seapa, ajuda a explicar o porqu”e do valor do quilo médio do salmão ter subido 17,36% entre fevereiro e abril, de
R$ 32,25 para R$ 37,85. “A alta mais gritante que houve foi a do salmão. Veja bem: o preço médio do bacalhau porto imperial é cerca de R$ 60 por quilo. O quilo do salmão custa R$ 40. Quem não está comendo bacalhau, está comendo salmão”, reforçou Carneiro.

Para consumidores como o vigia Márcio Sales Souza, novas quedas no preço médio seriam bem-vindas ao longo do ano: “Se eu pudesse, comeria peixe diariamente, porque é um alimento saudável”. A proprietária da Peixaria São Francisco, Mariléia Silva Ribeiro, avalia, porém, que alguns preços podem ter recuado em razão de a produção de pescados em fevereiro ter sido menor do que a de março e abril: “O preço caiu porque a oferta aumentou”. O dono da peixaria Oceânica Pescados, Marcelo Moura, tem a mesma opinião: “Boa parte dos pescados vem do Norte do país e fevereiro é época de baixa produção”.

OVOS DE PÁSCOA A loja de Marcelo é gerenciada por Carla Sueli Leite, que pretende comprar um ovo de chocolate para a sobrinha. “Ela está viajando e, como só chegará depois de domingo, vou comprar (o doce) na próxima semana, quando os preços estiverem mais baixos”.  De março até esta semana, muitas marcas tiveram queda nos preços de até dois dígitos.  “É o caso do Sonho de Valsa dupla camada número 20 (330 gramas), cujo valor médio caiu de R$ 38,10 para R$ 32,92 (redução de 13,60%). O do Ferrero Rocher de 250 gramas reduziu em 13,04%, de R$ 49,38 para R$ 42,94. O do Hot Wheels Jump Truck (número 12/100 gramas) passou de R$ 23,45 para R$ 20,60 (queda de 12,15%). O do Talento avelã (nº 20) caiu 12,14%, de R$ 37,88 para R$33,28. Por outro lado, houve aumento em cinco dos produtos pesquisados, sendo o maior deles no Moranguinho número 15 (180 gramas), com alta de 6,72%, de R$ 25,28 para R$ 26,98”, disse Feliciano Abreu, diretor-executivo do Mercado Mineiro.

Índice deve pressionar negociações

Deco Bancillon e Bárbara Nascimento


O temor quanto a uma disparada ainda maior da inflação nos próximos meses deverá elevar a pressão de sindicatos de trabalhadores por reajustes salariais às vésperas das eleições presidenciais de outubro. As estimativas do mercado financeiro são de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o parâmetro oficial do custo de vida no país, rompa o teto da meta de inflação de 6,5% ao ano já a partir de maio e permaneça nesse patamar até dezembro. Coincidentemente, esse será o período em que categorias com histórico de grandes paralisações nacionais, como bancários, metalúrgicos e petroleiros, tentarão buscar recomposição salarial junto aos patrões.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) levantou as datas-base de negociação de 710 categorias espalhadas por todo o país. A maior parte das negociações está programada para ocorrer entre maio e dezembro, quando 451 sindicatos planejam se reunir com ospatrões. Em setembro, a um mês das eleições, 74 entidades devem se reunir com os empregadores para tentar chegar a um acordo por melhores salários. Entre elas, a que representa mais de 512 mil bancários de todo o país já marcou até data para a negociação: 1º de setembro. Em 2013, a categoria cruzou os braços por 23 dias e conseguiu reajuste de 1,82% acima da inflação.

Na mesa de negociações estarão os números da inflação. Nos últimos quatro anos, o IPCA ficou sempre acima do centro da meta de 4,5% ao ano, tendo ultrapassado os 6% na maior parte desse período. “Sempre reivindicamos a reposição integral da inflação e faremos o mesmo neste ano”, avisou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes. A categoria tem data-base marcada para 1º de setembro, assim como os metalúrgicos e os ferroviários.


Todos estarão de olho nos números da inflação que será divulgada até agosto, que tende a ser maior por causa também dos jogos da Copa do Mundo, em junho. “A inflação já estava bem elevada mesmo antes desse choque de alimentos. A diferença é que o governo já não tinha mais margem alguma para absorver essa pressão temporária, o que fez os preços fugirem do controle do Banco Central”, disse o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.

FOCUS As apostas dos analistas de bancos e corretoras consultados pelo Banco Central (BC) na pesquisa semanal Focus são de que o IPCA encerre o ano em 6,47% – a maior inflação registrada desde os 6,5% de 2011, justamente o primeiro ano do governo Dilma Rousseff. Pior do que o número em si é a trajetória de alta da inflação. Há seis semanas consecutivas que as projeções para a alta de preços só pioram, apesar do ciclo de aperto nos juros básicos implementado desde abril de 2013.

São esses números que deverão engordar a pauta de reivindicações dos trabalhadores, na opinião do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros. “É o momento de politizar as campanhas e de cobrar as pautas que estão paradas nas mãos do governo”, disse.