domingo, 30 de março de 2014

MARTHA MEDEIROS - Mulheres cabeludas

Zero Hora - 30/03/2014

Deixe os pelos do corpo crescerem e aparecerem, e ao inferno com o que os outros pensam. Esse é o slogan do movimento Hairy Awarey, que aqui no Brasil ganhou o nome de Peludas Conscientes. Mulheres no mundo todo estão lutando pelo direito de deixarem as axilas cabeludas, assim como as pernas e provavelmente o bigode, por que não? Madonna semana passada postou numa rede social uma foto com o braço levantado mostrando que é adepta.

“Lutar pelo direito” é força de expressão, pois esse direito existe, ninguém vai presa por não se depilar. Mas lá se vai uma das poucas diferenças que ainda tínhamos com os homens.

Eu sei, eu sei que depilação com cera é uma tortura. Mas se a mulher não tem tempo, dinheiro ou vontade de ir a um salão periodicamente para se submeter ao procedimento, então que use uma lâmina de barbear durante o banho e zás! Elimine os pelinhos das pernocas e das axilas. Todo dia, da mesma forma que usamos xampu e sabonete. Depois é só enxugar, passar um hidratante e fim de drama. Ou então busque outra solução: há tantos cremes depilatórios vendidos em farmácias e supermercados. Sem falar na revolucionária pinça.

Eu sei, eu sei que a mídia é a culpada de tudo que nos acontece. É culpada de não mergulharmos num tonel de chocolate como gostaríamos, é culpada de fazer a gente acordar cedo para praticar exercícios, é culpada das centenas de escovas para alisamento, é culpada até de termos nascido, se bobear. Mas devagar com a carruagem, princesas. Se por um lado é realmente esquizofrênica essa busca pelo padrão de beleza photoshop, há que se concordar que o estímulo à vaidade nem sempre é predador. Buscar a feminilidade não nos torna submissas, escravas, reféns, nem nada que faça retroceder as conquistas estimuladas por Simone de Beauvoir e turma. Ser feminina é um prazer. Não precisamos nos igualar aos homens em todos os quesitos. Ando por aqui com essa história de igualdade, igualdade, igualdade. Quando começa a virar fanatismo, boa coisa não vem.

Aproveitando a deixa: meninos, vocês sim, mantenham-se peludos, por favor. Nadadores se depilam porque precisam eliminar décimos de segundos de seus recordes, mas vocês não irão competir por uma medalha de ouro nas próximas Olimpíadas, até onde sei. Então sosseguem. Esse sofrimento é nosso, vocês têm o de vocês: queda de cabelo, exame de próstata, expectativa de vida menor. Cada um com a sua dor.

Eu sei, eu sei que a liberdade da mulher é um valor a ser defendido com unhas e dentes. Mas com unhas feitas e dentes escovados, de preferência, e sem pelos distribuídos pelo corpo. Ninguém disse que para sermos livres teríamos que voltar para a selva.

AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA » Onde estavas em 1964?‏

AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA » Onde estavas em 1964?
Notei uma movimentação estranha nos arredores daquele quartel


Estado de MInas: 30/03/2014


Eu estava em Belo Horizonte. Dava aulas na Faculdade de Filosofia, lá na Rua Carangola e também no Colegio Estadual. Morava em Santa Efigênia, na casa de minha madrinha Elza de Moura, a um quarteirão do quartel da Polícia Militar.
Antes de 31 março, notei uma movimentação estranha nos arredores daquele quartel. Botaram barreiras defensivas e, se não estou inventando, sacos de areia. A gasolina dos postos já havia sido confiscada pelo governo estadual.

No Rio de Janeiro, os ingênuos não sabiam de nada. Continuavam a achar que o governo desgovernado de João Goulart seria um marco histórico. Foi um marco histórico, ao contrário, Jango, desbussolado, era mal-assessorado. Tentou ignorar os parâmetros da Guerra Fria e se deu mal. Os EUA não estavam brincando. Não deixariam a experiência cubana se repetir. Como quem se joga no precipício, Jango apostou tudo em reformas caóticas: reforma rural, reforma urbana, nacionalizações etc. Não podia dar certo.

No dia 31 de março, assisti ao Jornal nacional na casa de um amigo. Quanto foi lida a proclamação revoltosa de Olímpio Mourão, comandante da 4ª Região Militar, meu amigo vaticinou: “O governo Jango acabou!”. Fiquei pasmo. Será? Eu havia ouvido o discurso de Jango naquele 13 de março na Central do Brasil e ingenuamente me dizia: “Que coragem! Isso é um estadista!”. Era jovem e fiquei ainda mais perplexo quando o professor Rodrigues Lapa, que havia fugido da ditadura de Salazar e com quem eu trabalhava, me disse lacônico no Hotel Financial, onde ele morava: “Esse governo militar vai durar 20 anos… Preparem-se”. Ele sabia das coisas.

Começaram a ocorrer as prisões. Começaram a circular as listas de pessoas procuradas, que deveriam depor e serem afastadas. O general Guedes da ID-4 era uma espécie de governador. Magalhães Pinto virou uma espécie de presidente, nomeou um secretariado com peso de ministério, estava pronto a resistir. Ele sabia que uma frota de marines americanos se aproximava de nossas praias.

Colegas que apoiavam a revolução/ou golpe andavam com braçadeiras amarelas e verdes. E isso lhes dava um poder inquisitorial. Por precaução, eu havia queimado uma porção de revistas de propaganda cubana e algum material que a União Nacional dos Estudantes (UNE) usava, como se a revolução de esquerda fosse uma fatalidade histórica. Eu havia fundado o Centro Popular de Cultura do Diretório Central do Estudantes (DCE) de BH, publicado poemas no Violão de rua. Não pertencia a nenhum partido. A experiência religiosa na adolescência havia me vacinado contra partidos políticos, outra forma de religião. Mesmo assim, quanto tentei sair do país naquele ano para lecionar na Califórnia, o Dops me informou que isto era impossível, porque eu era “comunista sem qualificação”. Ou seja, não sabiam onde me encaixar. Passei, portanto, de “inocente útil” para “inocente inútil”.

Na noite do dia 31, estava na redação do Correio de Minas, ali na Avenida Paraná, ao lado do Gabeira, Ivan Ângelo e outros. Ouvimos pelo rádio que Ademar de Barros e o general Kruel, do 2º Exército, haviam aderido ao golpe/revolução. No Recife, prenderam Miguel Arraes. Pensava-se que o 3º Exército de Porto Alegre apoiaria Jango.

Quando o jornal fechou tarde da noite (já não sei se era 31 de março ou 1º de abril), perplexos, passamos pela Praça da Liberdade. Magalhães Pinto estava na sacada. Havia fogos de artifício, champanhe, festa e comemorações. Um outro país, que desconhecíamos, havia saído vitorioso. Eles aprenderiam mais tarde, como os derrotados de agora, que não se pode governar só com uma parte do povo. Muitos estavam enganados sobre o que era povo e o que era história.

Começava então um tenebroso caminho, onde esquerda e direita se entredevoravam ferozmente. Houve erros de lado a lado. Cinquenta anos se passaram. Será necessário que toda essa geração desapareça para que se possa fazer outro juízo dessa tragédia brasileira. Os atores envolvidos, quando muito, dão seu depoimento. Lendo o que dizem, vejo como a imaginação é poderosa, inventa-se muito. A história nada mais é, às vezes, que o choque de fiçções em combate.
A situação não era nada boa. E foi piorando, piorando cada vez mais.

Tereza Cruvinel - Todos os crimes‏

Tereza Cruvinel - Todos os crimes
 
Nos 50 anos do golpe, é preciso dizer que houve aqui uma ditadura que censurou, torturou e matou


Estado de Minas: 30/03/2014


O que vale celebrar, na passagem dos 50 anos do golpe civil-militar, é a superação dos 21 anos de horror e trevas por 29 anos de democracia contínua, que permitiram a realização, sem sobressaltos, de algumas das reformas que assustaram, em 1964, o conservantismo brasileiro, disposto a qualquer pacto para garantir seus privilégios. Entre elas, o voto dos analfabetos, o acesso universal ao ensino e uma distribuição menos desigual da renda. Mas a hora é de recordar para não esquecer, para que não sejam esquecidos os que foram sacrificados e para que não vinguem as narrativas que tentam relativizar os fatos. É preciso dizer que houve aqui uma ditadura que violou o Estado de direito, cometeu crimes contra a humanidade, censurou, torturou e matou.

É preciso dizer isso especialmente aos mais de 90 milhões de brasileiros nascidos depois de 1985. Eles vêm sendo impregnados pelas narrativas relativizantes, como a de que se não tivesse havido o golpe de direita, haveria o de esquerda. Ou a de que Jango foi deposto porque teria dado uma “guinada esquerdista” nos idos de março, por conta de reformas que buscavam apenas tirar o país da Idade Média, de uma exclusão com resquícios de escravidão. O golpe estava em marcha desde o veto à sua posse, em 1961, com decidido apoio americano. Tornou-se também corrente dizer que as violências do regime foram respostas à violência do outro lado. O movimento inicial partiu dos golpistas, mesmo não tendo havida reação à tomada do poder. Depuseram o presidente constitucionalmente eleito com a ajuda de uma potência que apenas defendia seus interesses econômicos e suas posições na Guerra Fria. E não foram somente os militares, mas também a direita civil. Na madrugada de 2 de abril, a grande maioria do Congresso apoiou a decisão de Moura Andrade, de declarar vaga a Presidência e dar posse a Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara. Tancredo Neves o chamou de canalha. Rogê Ferreira lhe cuspiu na cara três vezes. Gestos inúteis, estava tudo acabado. Jango voava para o Sul e lá não teve condições de resistir. Dez dias depois, o primeiro general, Castelo Branco, foi eleito com 361 votos e 72 abstenções. Do PSD, apenas Tancredo não votou. O Congresso pagaria caro pelo golpismo. Foi fechado, vilipendiado, teve muitos de seus membros cassados, seus poderes manietados.

Nas primeiras horas do golpe incendiaram o prédio da UNE, atiraram contra uma multidão na Cinelândia, depuseram Miguel Arraes e arrastaram Gregorio Bezerra pelas ruas do Recife, com uma corda no pescoço e os pés imersos em solução de bateria de carro até ficarem em carne viva. Depois do golpe, a violência produziu o inventário de crimes de cada governo militar, segundo o projeto Brasil: Nunca Mais.

O relativismo tenta dizer ao futuro que “houve excesso dos dois lados”. A conta das brutalidades já era enorme quando, a partir de 1968, com todos os caminhos de resistência fechados, algumas organizações de esquerda, quase todas costelas do PCB, que persistiu na resistência legal e pacífica na política, partiram para a luta armada. Nela, muitos perderam a vida. O direito internacional reconhece como legítima a luta armada contra a opressão, mas isso nem vem ao caso. Indiscutível é a desproporção e a brutalidade da repressão. Nem foi só contra a luta armada que o regime mostrou sua falta de limites e sua índole criminosa, e disso falam, emblematicamente, as mortes de Vladimir Herzog e Rubens Paiva. Ou o trucidamento de boa parte da alta direção do PCB.

Independentemente da organização em que militaram, é hora de recordar os crimes mais bárbaros da ditadura, os assassinatos e as torturas abomináveis cometidos em suas masmorras por agentes do Estado. Eles não serão alcançados pela Justiça, por conta da Lei de Anistia recíproca, mas precisam passar pelo menos pela execração pública, como começa a ocorrer graças ao trabalho da Comissão da Verdade. Recordar Stuart Angel Jones, que foi arrastado com a boca amarrada ao cano de descarga de um jipe. Depois de sua agonia e morte, segundo relatos de outro preso, Alex Polari, desapareceu para sempre. Mário Alves morreu depois de espancado e empalado com um cassetete dentado. Chael Charles Schreier morreu brutalmente torturado pelo tenente Lauria e o capitão Aílton Guimarães.

A versão oficial entregue aos pais foi a de que ele tivera um ataque cardíaco. Aurora Furtado reagiu à tentativa de prisão e matou um policial. A vingança foi terrível. Torturada na Invernada de Olaria, morreu quando lhe aplicaram a “coroa de Cristo”, torniquete que lhe foi afundando lentamente o crânio. Eduardo Leite, o Bacuri, soube que o matariam quando, já muito torturado, com a pele toda queimada, deram-lhe para ler a notícia plantada num jornal, segundo a qual ele fugira e desaparecera quando levado para reconhecer o corpo de um companheiro. Desapareceu mesmo, mas de outro modo. Davi Capistrano, do PCB, foi preso ao voltar de viagem e desapareceu para sempre.

É preciso lembrar que os guerrilheiros do Araguaia foram todos mortos como cães, mesmo depois de rendidos. O corpo de Oswaldão foi dependurado a um helicóptero e exibido à população. O de Bergson Gurjão foi pendurado numa árvore, chutado e cuspido pelos soldados. Lamarca e Zequinha, famintos e debilitados, descansavam sob uma baraúna quando foram metralhados. Carlos Marighela, líder da ALN, foi emboscado por Fleury e varado de balas numa travessa paulistana. Seu sucessor, Joaquim Camara Ferreira, tambem foi preso pelo mesmo delegado e levado a um sítio, onde não resistiu à tortura. Os que não morreram puderam contar o inferno por que passaram na tortura. Entre eles, Dilma Rousseff e Inês Etienne Romeu — graças a quem soubemos que existiu a Casa da Morte, de onde só ela saiu viva. Por isso e muito mais, não podemos falar só do golpe, mas do que veio depois, com seu verdadeiro nome.

EM DIA COM A PSICANÁLISE » O amor que a gente inventa‏

Ela, de Spike Jonze, toca em aspectos importantes do amor e do desejo



Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 30/03/2014



Por mais que falemos de amor, ainda assim faltam-nos palavras para descrevê-lo. Este é o provável motivo para continuarmos sempre falando dele. Relançamos frequentemente nossas inquietações a respeito do amor.
No teatro, na poesia, na literatura, no cinema, na vida, tudo gira em torno do amor e das nossas relações. É um dos motivos constantes das nossas vidas de humanos. De que é feito o amor? Seria ele real ou uma ficção de cada um?
As mulheres são as mais propensas a falar de amor. Precisam ser desejadas. Querem falar de amor enquanto eles querem fazer. É próprio do feminino amar o amor. O homem faz a mulher a sua maneira. Deseja um suporte para sua fantasia e não precisa de tantas palavras.
Definir o feminino é impossível. Ele guarda mistérios. Gira sinuoso em torno de nós e escapa a cada palavra definitiva que pretenda capturar seu sentido pleno. Ninguém respondeu à questão: o que quer, ou o que é uma mulher?
O encontro, portanto, entre o homem e a mulher é o encontro de diferenças. Lacan dizia que entre um homem e uma mulher existia um “a-muro”. Criamos nossos romances particulares fantasiando sobre o outro como depositário de nossa expectativa, revestido e portador de tudo que ansiamos. Por um tempo se sustenta a felicidade.

O tempo trata de desmentir o par perfeito e faz ver a diferença entre desejos que jamais serão um. Mas não importa. Queremos amar e ser amadas. Queremos nos apaixonar e sair por aí rindo à toa. E que seja um engano eterno enquanto dure.

Numa relação, uma das imposições que a mulher faz ao homem em sua forma de amar é que ele fale, assim podemos dizer que o homem ama de modo feminino, pois precisa ter acesso à mulher e é falando com ela que o faz.
O filme Ela, de Spike Jonze, é uma demonstração interessante e original que foge do lugar comum das comédias românticas. Ele fala de amor e de como o amor é feminino. Jonze consegue construir um futuro verossímil e uma interação entre homem e inteligência artificial, que encarna de um modo estranho o anseio de um amor perfeito a nosso alcance. O amor é tocante e devastador ao mesmo tempo.

O filme toca pontos de impossibilidade do amor e da relação amorosa entre um homem e uma mulher, cujas diferenças fazem impossível um amor perfeito, completo. Não é assim? Só que ali a mulher é apenas uma voz que atende ao que o usuário espera dela. As mulheres podem também ser assim na realidade.

A voz reflete algo do feminino nesse homem. Um homem que fala de amor. Sua profissão era escrever lindas e sentimentais cartas de pais para filhos, amantes, avós ausentes etc. Esse homem, que acaba de se separar de seu grande amor, está devastado pela perda e afirma que a perdeu por não ter falado com ela sobre seus sentimentos.

Neste justo momento de sua vida, compra a inteligência artificial OS1, um lançamento com quem pode interagir. A inteligência é um outro, outra, na verdade, e a voz quente e sexy de Scarlett Johansson.

O feminino encarnado na voz cativa e aprisiona, já que representa um objeto de desejo inalcançável e nem por isto menos amado. Um encontro perfeito, suporte da fantasia, porém desencarnado. A voz não tem corpo. O amor é virtual, realiza a fantasia, mas não pode oferecer corpo à fantasia. Talvez, por isso, perfeito.

De fato, ele ama a si mesmo naquela voz que não é ninguém. E a voz encarna dilemas existenciais como a falta, a falta do corpo para satisfazer esse amor, anseio de um encontro impossível, no qual a ausência de um corpo, de um corpo a corpo, ao contrário de dissipar o sentimento, fortalece o encontro como perfeito.

Um homem ama falando de amor e jamais poderá contornar a diferença irredutível, existências paralelas em mundos que apenas se tocam virtualmente.

Amar é dar o que não se tem, disse Lacan. Uma ficção inventada sobre pedaços de real, sobre o encontro com o outro (pode ser uma voz, uma imagem, uma fantasia), encontro sempre faltoso e cercado de uma ânsia desesperada de ser eternizado por ser contingente e fugaz. E não seria assim o amor? Uma ficção?

TeVê

TV paga


Estado de Minas: 30/03/2014


 (UNIVERSAL PICTURES/DIVULGAÇÃO )

MOTOR Para os fãs de adrenalina e alta velocidade, o Telecine Pipoca exibe hoje dois filmes da franquia Velozes e furiosos, estrelada por Vin Diesel e Paul Walker. Às 18h, vai ao ar a sequência número 4, cujo cenário é Los Angeles; e às 20h, o longa mais recente, de número 6 (foto).

NOVA VIDA Com enredo concebido a partir do roteiro de Michael Bortman e Allison Burnett, baseado no artigo da revista Los Angeles Times Magazine, o drama O resgate de um campeão, com Josh Hartnett e Samuel L. Jackson, será exibido às 22h, no A&E. Repórter esportivo descobre que morador de rua era uma lenda do boxe, que todos pensavam estar morto.

Enlatados


Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br


O retorno de Jack Bauer

Contagem regressiva para o retorno de Jack Bauer. A Fox lança em 6 de maio 24: Live another day, a minissérie (ou nona temporada) da história protagonizada por Kiefer Sutherland. Personagem-símbolo da era pós-11 de setembro, o agente do contraterrorismo “viveu” de 2002 a 2010. Também responsável pela recuperação da carreira de Sutherland, Bauer retorna à TV quatro ano depois dos fatos que fecharam a oitava temporada. Agora fugitivo da justiça, Bauer é localizado em Londres, onde entra em contato com Chloe (Mary Lynn Rajskub). A intenção é evitar um ataque terrorista que acabaria com o mundo que conhecemos. Para cobrir esse hiato de quatro anos, será lançada, no fiml de abril, a HQ 24: Underground, que vai explicar o que ocorreu com o agente quando esteve fora de ação.

Freak show – Com previsão de estreia em outubro, a quarta temporada de American horror story levará o nome de Freak show. Jessica Lange, mais uma vez, será a protagonista. Ela será uma imigrante alemã que gerencia um dos últimos shows de horrores dos EUA. O cenário será Jupiter, cidade da Flórida, na década de 1950. O novo ano marcará os retornos de Kathy Bates, Sarah Paulson, Evan Peters, Angela Bassett e Frances Conroy. Todos serão atrações de circo.

Bodas de prata – Comemorando seu 25º ano, Os Simpsons ganhou maratona na Fox. De 1º a 24 de abril, serão exibidos, sempre às 22h, os primeiros episódios de cada uma das 24 temporadas anteriores.

Fim – A Fox exibe terça, às 22h30, o último episódio da quarta temporada de The walking dead. Como o episódio final irá ao ar hoje nos EUA, não há muito o que adiantar. A sinopse diz que Rick e os outros começam a se reunir em Terminus e que descobrem que o que consideram um santuário não é exatamente o que parece.

Duplo sequestro – O +Globosat estreia terça, às 22h, a segunda temporada da série britânica Kidnap & ransom – Sequestros de Willard. No episódio inicial, o detetive Dominic King, que está na África do Sul, tem que resgatar a refém Naomi Shaffer. Quando acha que o caso está encerrado, a filha de Naomi é também sequestrada. Já na quarta, às 21h, o canal estreia o segundo ano de Puberty blues, sobre a vida sexual de adolescentes.




Caras & Bocas
Simone Castro - simone.castro@uai.com.br





Herdeira foi à luta

Ser filha de Sílvio Santos é sinônimo de boa vida garantida? Nada disso. Patrícia Abravanel (foto) cresceu ouvindo do pai a frase: “Deve-se viver com aquilo que se ganha”. Em entrevista à revista Forbes Brasil deste mês, a apresentadora afirma que nunca ganhou nada fácil e sempre lutou para ter o que queria. Foi assim que, subindo degrau por degrau, conquistou seu espaço no SBT, empresa criada por seu pai, estando à frente de mais um programa: Máquina da fama. Grávida do primeiro filho, um menino, fruto da relação de sete meses com o deputado federal Fábio Farias, ela defende com unhas e dentes os negócios da família. Patrícia revela indignação em relação à falência do Banco Panamericano e deixa claro que o SBT não está à venda. Ela expõe ainda o seu lado de empreendedora e, como garota-propaganda da Jequiti Cosméticos, vai se envolver, no fim do ano, com novo projeto: o lançamento, com seu nome, de marca de perfumes inspirados nas fragrâncias de que mais gosta. Com projeto de envelhecer na TV, algo assim como a americana Bárbara Walters, que ela cita, Patrícia é do tipo que arregaça as mangas e vai à luta. “Estou feliz com o que faço agora. Não ligo para a crítica. Quero ser um produto rentável para o SBT e não um peso.” E ser filha de Sílvio Santos, como é? “Quando eu era criança, achava que era um ônus. Hoje, encaro como um superbônus”, elogia.

VENENOS, QUEM DIRIA,  PODEM CURAR DOENÇAS
O documentário Venenos que curam, que vai ao ar no dia 6, às 23h, no + Globosat (TV paga), mostra várias questões sobre toxinas e a esperança de revolucionar na cura de doenças. As toxinas inspiram vários estudos científicos e foi a complexidade em torno delas e as ações que promovem no corpo, especialmente no que diz respeito à dor, que resultaram no documentário. Entre os assuntos, as esperanças para o tratamento de doenças como Alzheimer e Parkinson.

ESPECIAL VIAÇÃO CIPÓ NA SERRA DO ROLA MOÇA

Neste domingo, às 9h, na TV Alterosa, o Viação Cipó vai para a Serra do Rola Moça, de onde vem a água da capital mineira. Confira uma visita aos mananciais de Belo Horizonte, região que precisa continuar preservada. A atração tem ainda um caminhão-museu que roda pelo país contando a história da luta pela terra, cachoeiras, matas, natureza, além da receita do cipó.

SUCESSORA DA PRÓXIMA
TRAMA DAS SEIS JÁ NO FORNO


Joia rara (Globo) despede-se do telespectador e Meu pedacinho de chão, a substituta, estreia em 7 de abril. Sua sucessora, Saber viver, nome provisório, é assinada por Rui Vilhena. Bianca Bin, que vive a Amelinha na atual trama das seis, está cotada para compor o elenco. A direção é de Ricardo Waddington.

SÉRIE PRÉ-HISTÓRIA EM MINAS GERAIS NA TELA

O Bem cultural exibe o quinto e último programa da série Pré-história em Minas Gerais, com o episódio A arte rupestre, que faz abordagem sobre os vestígios deixados pela ocupação humana pré-histórica no estado. São cemitérios paleoindígenas e, principalmente, os excepcionais exemplares de pintura rupestre, com desenhos e formas gráficas de diferentes tipos e tradições, existentes em diversos sítios arqueológicos registrados durante as gravações. Hoje, às 19h, na Rede Minas.

AMIGOS DO PAGODE NO  AGITO DO RITMO BRASIL

Os integrantes do grupo Amigos do Pagode 90, que juntou três nomes do samba da década de 1990, prometem agitar o Ritmo Brasil deste domingo, às 18h15, na RedeTV! Salgadinho (ex-Katinguelê), Chrigor (ex-Exaltasamba) e Márcio Art (Art Popular), responsáveis por sucessos que marcaram época, como Recado à minha amada, Temporal e Telegrama, revelam com surgiu a ideia de formar o grupo. Eles relembram suas carreiras nas antigas bandas, comentam a loucura das fãs e a paixão pelo samba desde antes de serem famosos. E, claro, soltam a voz com o repertório do novo grupo.

CARINHA DE ANJO VAI ATIÇAR COMENDADOR





Maria Ísis é o nome da próxima personagem de Marina Ruy Barbosa, ninfeta que vai enlouquecer o comendador João Alfredo, vivido por Alexandre Nero, o protagonista da novela Falso brilhante, que entrará no ar depois de Em família (Globo). Na trama de Aguinaldo Silva, a garota será amante do comendador desde os 18 anos. Ela veio de uma família muito pobre, disposta a ganhar a vida como modelo no Rio de Janeiro. Aos 24 anos e com um jeitinho infantil, vai dar o golpe da barriga em João Alfredo. Depois, se envolverá com o filho mais novo dele. A última novela de Marina foi Amor à vida. A personagem dela morreu de câncer e se transformou em fantasma, numa espécie de punição do autor Walcyr Carrasco à atriz, que não quis raspar os lindos cabelos ruivos. Já Alexandre Nero deixou, na semana passada, a novela Além do horizonte (Globo), justamente para assumir o novo personagem. O vilão Hermes, seu personagem, morreu tragado em areia movediça. A estreia de Falso brilhante está prevista para julho.

CINE PE » O legado de Glauber‏

CINE PE » O legado de Glauber 
 
Estado de Minas: 30/03/2014


O baiano Glauber Rocha (1939-1981), o ícone do cinema novo, ganhará homenagem no 18º Cine PE – Festival do Audiovisual http://www.cine-pe.com.br/ , que será realizado de 26 de abril a 2 de maio, no Recife. O evento vai lembrar os 50 anos do longa-metragem Deus e o diabo na terra do sol, lançado às vésperas do golpe civil-militar de 1964.
O drama épico glauberiano chamou a atenção por sua linguagem cinematográfica essencialmente brasileira. O elenco reúne Maurício do Valle, Othon Bastos, Geraldo Del Rey e Yoná Magalhães, entre outros atores.

O festival pernambucano vai homenagear também duas figuras emblemáticas do cinema nacional: a atriz Laura Cardoso, de 85 anos, que tem 29 filmes no currículo, e o ator e diretor José Wilker, de 68, que participou de 41 produções.

Também será lembrado o cineasta e pesquisador pernambucano Fernando Spencer, que morreu no dia 14, vítima de câncer. Diretor de cerca de 30 filmes, ele era militante dedicado do Super 8 e comandou por 20 anos a cinemateca da Fundação Joaquim Nabuco.

SAÚDE / O PESO DO JALECO » Emergência: médicos em estado grave‏

SAÚDE / O PESO DO JALECO » Emergência: médicos em estado grave
É crescente a percepção de que profissionais da saúde estão cada vez mais sofrendo de transtornos mentais e recorrendo a álcool e drogas e, em último caso, ao autoextermínio 

Luciane Evans
Estado de Minas: 30/03/2014




"Estamos quebrando um pacto de silêncio. Não se comenta o estado de saúde mental da categoria. Mas, ao expor esses problemas, temos a intenção de alertar, tantos os pacientes, quanto os médicos que passam por isso e não buscam ajuda", José Raimundo Lippi,psiquiatra, professor nas faculdades de medicina da UFMG e da USP


Uso e abuso de drogas, seguidos por depressão, transtornos e, em casos extremos, suicídio. Essas consequências de uma mente conturbada, avassaladoras para a vida de qualquer ser humano, tem tido como alvo principal profissionais que dedicam a vida a cuidar dos outros: os médicos. Homens e mulheres de branco se tornaram pacientes em estado grave e preocupação nacional. Isso porque há estudos que mostram que a prevalência de transtornos mentais é quatro vezes maior na classe médica do que na população em geral. Diante do cenário, acendeu-se o alerta máximo para a saúde dos “doutores” e também para universitários da medicina, que dão indícios de caminhar pelo mesmo trajeto. Conhecidos por se considerarem ‘deuses’, por lidarem com a vida e a morte tão de perto, a maioria não procura ajuda, o que torna o quadro mais ameaçador. Para eles e para os pacientes.

Para abordar este tema, o Estado de Minas traz, hoje e amanhã, a reportagem O peso do jaleco, mostrando a realidade e relatos por trás do glamour de uma das profissões mais concorridas e admiradas no mundo. “Estamos quebrando um pacto de silêncio. Não se comenta o estado de saúde mental da categoria. Mas, ao expor esses problemas, temos a intenção de alertar, tantos os pacientes, quanto os médicos que passam por isso e não buscam ajuda”, diz o psiquiatra, professor das faculdades de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de São Paulo (USP).

Preocupado com o quadro, ele comenta que tanto os estudantes quanto os profissionais formados convivem com a “figura do machado”. “Nós queremos salvar a vida. Existe na classe o desejo universal da imortalidade. O que nos faz sentir idealizados, onipotentes. Frustramos quando a morte leva um paciente e somos endeusados quando o salvamos”, comenta Lippi, acrescentando que em volta de todo esse universo de sentimentos está uma profissão estressante. Para a realidade de muitos, a tarefa diária de lidar com dois, três empregos, jornadas de longas horas, plantões e as pressões diárias.

Segundo Raimundo Lippi, nos últimos 10 anos tem aumentado o número de médicos doentes. No entanto, não há muitos estudos recentes no país sobre essa situação. No ano passado, diante de uma percepção da própria classe sobre o problema, foi criada a primeira Comissão de Atenção à Saúde Mental do Médico, da Associação Brasileira de Psiquiatria, do qual Lippi é coordenador. Desde quarta-feira até este domingo, o assunto vem sendo discutido, pela primeira vez no Brasil, na I Jornada Brasileira de Saúde Mental dos Médicos, sediada em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte.

A situação, que segundo as entidades envolvidas é velada, tem cumplicidade dos órgãos públicos. Pelo menos em Minas Gerais. Enquanto o Sindicato dos Médicos do estado aponta que a profissão é a que tem mais afastamentos por doenças, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) nega e, mesmo a pedido do EM, não divulga os números dos últimos anos. A PBH alega que há um levantamento preliminar que não pode ser divulgado por não ter um balanço fechado.

O sinal do crescimento está em dados do Conselho Regional de Medicina-MG, que informa que, desde 2006, 11 médicos foram afastados por motivo de saúde em Minas. O que mais chama a atenção é que nos anos de 2012 e 2013 foram maiores os números de afastamento, sendo quatro a cada ano.

ESTUDANTES NO MESMO CAMINHO Antes mesmo de se tornar “doutor”, estudantes de medicina já merecem atenção. De acordo com a dissertação de mestrado defendida em 2012 pelo psiquiatra e mestre em ciência da saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marco Túlio de Aquino, foi encontrada uma alta prevalência de transtornos mentais em estudantes do último período de medicina da universidade mineira.

Em uma mostra aleatória, 106 alunos responderam a um questionário de avaliação internacional que permitia a identificação dos transtornos. “Há uma incidência alta de todos os transtornos, exceto, a esquizofrenia”, comenta Aquino. Ele destaca que, dos 106 alunos, 47% tinham problema com uso e abuso de álcool. “Não quer dizer que haja uma dependência. Mas não é uso recreativo. É um consumo alto e em situação de risco para a saúde”, diz o médico. O consumo equivalia ao estudante beber ao menos três vezes por semana, em doses altas. “Há o abuso e, em algumas situações, sintomas de embriaguez elevados. Observamos que, muitas vezes, a bebida é usada para melhorar quadros psiquiátricos”, preocupa-se Marco Túlio, que acrescenta: “Dos 106 alunos que responderam o questionário, 43% apresentaram transtorno de ansiedade e depressão, sendo a maioria mulheres”, aponta.

Em um comparativo com a dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o psiquiatra constatou a prevalência de transtornos mentais até quatro vezes maior entre médicos do que na população em geral, situação já comprovada em estudos internacionais. “A academia é um fator estressante, que deixa um estudante de medicina emocionalmente carregado. É uma escolha profissional concorrida, em que o universitário tem uma cobrança alta, tanto de si mesmo, quanto da sociedade”, comenta Marco Túlio de Aquino. Ele ressalta que o volume de informações no curso é muito grande, além da competitividade. “Há ainda, o contato com a morte e as doenças, que pesam ainda mais”.

EXTREMO Em 1968, foi feito um estudo em 62 escolas médicas norte-americanas e três canadenses. Concluiu-se que o suicídio era a segunda causa de morte entre os estudantes de medicina, perdendo apenas para os acidentes. Em 1980, devido ao número de suicídios na Faculdade de Medicina de São Paulo, foi criado o Grupo de Assistência Psicológica ao Aluno de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o Grapal. “Felizmente, esse trabalho se estendeu pelo Brasil, cerca de 70% das universidades têm esse serviço. Ali, mostramos que antes de se tornar o ‘super Deus’, como os médicos se consideram, eles são suscetíveis a falhas e devem buscar ajuda”, comenta a psiquiatra Alexandrina Meleiro, doutora pela USP e membro da Comissão à Saúde Mental do Médico da Sociedade Brasileira de Psiquiatria.

Em 2004, a Faculdade de Medicina da UFMG criou o Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes de Medicina (Napem) e, segundo uma estudante da universidade, de 22 anos, e que não será identificada, trata-se de um serviço para qual a demanda é muito grande. “É um apoio excelente, mas em termos práticos a demanda é muito alta e os problemas cada vez mais graves”, observa. No 4º período do curso, a jovem reconhece que o estudo é pesado. “Há a expectativa e frustração de sermos perfeitos, além de uma competição ‘braba’ (SIC)”, diz. Ela destaca que no meio acadêmico já existe a incoerência, porque muitos não se cuidam. “Como vão atender um paciente e exigir dele cuidados se não fazem isso com eles mesmos?”, questiona. Entre os problemas que ela observa, a estudante destaca a anorexia, algo que segundo ela não é raro entre as alunas. “O fato de deixar de almoçar para estudar é um gatilho para o quadro. Os colegas também abdicam de todo o lazer em função dos estudos.” A jovem, que tenta se divertir para distrair a cabeça, revela que não são poucos os colegas que conhece que já pensaram em tirar a própria vida. “É um número relevante e assustador. Uma das válvulas de escape é o álcool e as drogas. Aqui, entra de novo a concorrência, mas para saber quem bebe mais. Em festa, tem sempre aqueles que exageram e extrapolam. Querem mostrar resistência.”

 Em outubro do ano passado, uma estudante do primeiro período de medicina da UFMG se matou. Entre os colegas, ninguém sabe o real motivo, mas muitos apontam as cobranças que vêm desde o vestibular à uma depressão grave, que pode levar ao suicídio. “Não foi a primeira e sabemos que não será a última. Temos medo, mas a profissão que escolhemos exige de nós, às vezes, mais do que podemos suportar”, comenta um estudante da faculdade, que não quis se identificar.

DEPOIMENTOS

 “No quinto período eu desisti da medicina. Nunca tive nenhuma tendência para a depressão, mas quando entrei para o curso, que era o meu sonho, desenvolvi o transtorno. Não tinha vontade para nada. Não posso culpar a profissão, mas a pressão é grande e a concorrência é ferrenha. Não era para mim”.

 G. R. E., de Belo Horizonte


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“Estava no quinto período e não tinha tempo para mim. Era como vivesse uma vida que não era a minha. Não tinha lazer, não via filmes nem saia com os amigos. Até para comer, não tinha tempo. Queria ser o melhor da sala. Os meus pais esperavam isso de mim e eu também. Mas um dia, surtei. Quebrei tudo em casa e pensei em me matar. Já pensei nisso outras vezes. A medicina te afoga. Mas é uma escolha. Hoje sou residente e estou melhor.”

 F.S., de Belo Horizonte