sábado, 8 de março de 2014

TeVê

TV PAGA » Drama no baseball


Estado de Minas : 08/03/2014



 (Keith Bernstein/Divulgação)


Curvas da vida, protagonizado por Clint Eastwood (foto), Amy Adams e Justin Timberlake, estreia às 22h, na HBO. Dirigido por Robert Lorenz, o drama conta a história de Gus Lobel, famoso e veterano olheiro de baseball, que, a três meses do fim de um contrato e às vésperas de uma viagem para observar um jovem talento, descobre que está perdendo a visão. Sua filha decide acompanhá-lo e, apesar do relacionamento conturbado, a empreitada se torna uma oportunidade para que eles resolvam assuntos pendentes.

UM XERIFE E MUITOS
PROBLEMAS EM SÉRIE

Estreia às 20h no canal A&E a segunda temporada da série Longmire. O suspense volta a sondar o estado de Wyoming. Desta vez, o incorruptível xerife Walt Longmire terá que enfrentar uma reeleição concorrida ao cargo de xerife da cidade de Absaroka; a acusação de um detetive, que o culpa de ter assassinado o homem que anos antes matou sua esposa; e problemas com a filha Cady.

MARATONA MARCA 50
ANOS DO GOLPE DE 1964


Estreia às 21h05, na GloboNews, a série Dossiê, que tem como foco o golpe militar no Brasil, que está completando 50 anos. A maratona será comandada pelo repórter Geneton Moraes Neto e terá duração de quatro sábados consecutivos.

TERRA PROMETIDA
NO CANAL HISTORY

O History exibe às 22h o episódio A terra prometida, na série “Os segredos da Bíblia”. A Terra Prometida é considerada o lugar mais sagrado do planeta, embora venha sendo disputada por milhares de anos. Para o povo judeu, é a terra onde David foi rei, onde Salomão construiu um grande templo e onde Abraão e seus descendentes poderiam viver em paz e prosperidade. Já os cristãos acreditam que têm o direito a essa área porque, de acordo com o Novo Testamento, é ali que Jesus aparecerá quando voltar para o dia do juízo final.

OS SEGREDOS DA ALMA
PELA ÓTICA DA CIÊNCIA


A alma existe ou seria ela uma desculpa para nossas dúvidas existencialistas? Há algo em nós que transcende a matéria e, consequentemente, a morte física? Seria a alma o elemento decisivo para tornar a espécie humana o que ela é hoje? Em A ciência da alma, especial inédito com estreia às 22h, o Discovery Science busca evidências acerca dessas questões, que intrigam a humanidade desde sempre. Em 90 minutos, o documentário compila informações que fazem parte de estudos recentes sobre a vida e a morte, com o objetivo de rastrear algum elemento que supere os
limites da fisiologia e da química de nosso corpo.

PROGRAMAÇÃO FEMININA
CELEBRA O 8 DE MARÇO

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o canal Universal exibe hoje quatro filmes que têm figuras femininas como protagonistas. Às 10h30, será a vez de Elizabeth, com Cate Blanchett; às 13h40, Erin Brockovich: Uma mulher de talento, filme que deu o Oscar a Julia Roberts; às 20h, Domino – A caçadora de recompensas, com Keira Knightley; e, às 22h15, encerrando a programação, Milla Jovovich encarna sua personagem mais conhecida, Alice, da série Resident evil (será exibido o filme número quatro).



CARAS & BOCAS » Mulheres no comando
Simone Castro

Patrícia Poeta vai dividir a bancada do Jornal nacional com outra colega pela primeira vez na atração   (João Miguel Júnior/TV Globo  )
Patrícia Poeta vai dividir a bancada do Jornal nacional com outra colega pela primeira vez na atração

No Dia Internacional da Mulher, festejado hoje, a programação é especial e elas assumirão o comando. Na Globo, as homenagens chegam aos telejornais e às variadas atrações durante todo o dia. A começar pelos programas educativos matinais. Alguns dos principais jornais locais (caso das duas edições do MGTV) também serão apresentados por elas. À frente do Jornal hoje estará Renata Capucci; Cris Dias apresenta o Globo esporte, que será transmitido para todo o Brasil. Na verdade, as mulheres já ocupam esses postos. A novidade da data será na bancada do Jornal nacional de hoje, na qual estarão Patrícia Poeta e Sandra Annemberg. É a primeira vez que isso ocorre no jornalístico principal da emissora. A programação do Globo News (TV paga) também será apresentada pelas jornalistas do canal.

Programas de entretenimento, como o Caldeirão do Huck, Big brother Brasil 14 e Zorra total, terão conteúdo especial. Por falar em BBB, especula-se que Boninho fará surpresas aos confinados. As mães dos participantes vão entrar na casa hoje, e passarão uma semana também participando de provas e festas. Ao site Uol, uma amiga da família garante que apenas a mãe de Clara não estará no grupo. Obviamente, o diretor do programa não confirma nada e pode, diante do vazamento da notícia, cancelar tudo. Se realmente ocorrer a presença das mães – que só se comunicarão com os filhos por vozes, segundo o jornal Extra – será algo inédito no reality show.

INTERNAUTAS QUEREM
VER LOGO O THE NOITE

O programa The noite, que Danilo Gentili estreia na segunda, à meia-noite, no SBT/Alterosa, é uma das atrações mais esperadas, segundo enquete realizada pelo site Na telinha. A pergunta era: “qual dos novos programas do SBT cria mais expectativa pra você?” O The noite ficou em primeiro lugar, com 76,04%, de um total de 13.681 votos. Em segundo lugar apareceu Esse artista sou eu, de Márcio Ballas, com 8,84%, já adiado para o segundo semestre. O Arena SBT, que tem estreia marcada para hoje, às 23h15, vem em terceiro lugar, com 6,19%. Na opção “outro”, em quarto lugar, foram registrados 5,21% e o menos aguardado, em quinto, é a atração de Otávio Mesquita, Okay, pessoal, com 3,7% dos votos.

ATRIZ VAI DAR O AR
DA GRAÇA EM SERIADO

Grazi Massafera vai participar de alguns episódios da última temporada de A grande família (Globo). Ela será a mãe biológica de Lineuzinho, bebê adotado por Nenê (Marieta Severo) e Lineu (Marco Nanini). O seriado volta ao ar em abril.

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
EM EPISÓDIO DE ADEUS


O doutor Preston Burke fará participação especial em Grey’s anatomy, depois de sete anos do afastamento de seu intérprete, o ator Isaiah Washington. O personagem era noivo da doutora Cristina Yang, vivida por Sandra Oh, e aparecerá no episódio que marcará a despedida da médica. A saída de Preston foi tumultuada: ele abandonou Cristina no dia do casamento deles. Depois, pediu demissão e foi trabalhar em outro hospital. Na vida real, o problema com o ator foi bem mais sério: ele se envolveu em discussões no set e foi acusado de disparar ofensas homofóbicas contra o ator T.R. Knight. Pelo visto, são águas passadas. Grey’s anatomy é exibida no Brasil no canal Sony (TV paga).

Depois do Oscar

A apresentadora Ellen DeGeneres poderia ter passado sem essa. Ainda rende o episódio em que ela, como mestre de cerimônias do Oscar 2014, realizada domingo, nos Estados Unidos, fez uma piada com a atriz Liza Minnelli, que estava presente para participar da homenagem à sua mãe, a atriz Judy Garland. Durante o evento, Ellen brincou que Liza, na verdade, era uma drag queen representando a atriz. “Uma das melhores que já vi”, disse a comediante. Ao site TMZ, Liza disse que a piada não funcionou muito bem. “Acho que ela pensou que seria engraçado, mas ela não parou de falar aquilo para dizer ‘minha amiga’ Liza Minnelli. Então, acho que ficou um pouco feio para ela.” Liza, no entanto, acredita que não houve má intenção por parte da apresentadora. “Não acho que ela queria me causar algum mal. Ela é uma mulher maravilhosa e fez um ótimo trabalho.” Ao longo da premiação, Liza pareceu desconfortável com a piada.


viva


Analu Prestes, a vó Tita de Além do horizonte (Globo). A veterana atriz, como era de se esperar, é excelente e a personagem merece maior espaço na trama.

vaia

Jornal nacional de anteontem chama roubo de pecado capital e se corrige depois, mas parece titubear ao esclarecer que crime é um dos 10 mandamentos. Pegou mal.

simone.castro@uai.com.br

João Paulo - Labirintos e novas chaves‏

Labirintos e novas chaves 
 
João Paulo
Estado de Minas: 08/03/2014


Não criamos problemas que não podemos resolver: recusar a política é jogar fora a chave de casa     (Yuriko Nakao/Reuters  )
Não criamos problemas que não podemos resolver: recusar a política é jogar fora a chave de casa


Jorge Luis Borges escreveu certa vez que o mais amedrontador dos labirintos é o que não tem paredes. Não se trata de um paradoxo, mas de uma constatação: vivemos imersos em um mundo cheio de limites que nos constrangem sem que tenhamos consciência deles. E, como em todo labirinto, não vemos a saída e seguimos como ratos tateando nos mesmos caminhos.

O que parece ser apenas bom argumento para um conto ou um pequeno pesadelo diurno pode ser adaptado para várias situações da vida real. Nossas escolhas são sempre marcadas pelos condicionamentos do tempo. Em nenhum terreno isso é mais nítido do que na política. Todos querem mudar o rumo das coisas, melhorar o mundo, aprimorar as instituições, garantir mais liberdade e igualdade. No plano das ideias.

Quando se chega na prática, no entanto, fica difícil sair da imitação para propor a novos rumos de fato. Vencer a mimese e parir a criação. Criticamos sempre o outro com os mesmos argumentos com que somos diminuídos pelos adversários. O cenário eleitoral que atravessamos é um bom território para testar limites e propor caminhos de fato inovadores. Para um labirinto invisível, chaves criativas são cada vez mais necessárias.

O primeiro teste talvez seja a capacidade de recuperar distinções fundamentais que vêm sendo amortecidas com o tempo. É o caso do par direita e esquerda. Os dois lados parecem temer a defesa necessária de sua forma de pensar. Sem ir à raiz dos termos e das posturas ideológicas, direita e esquerda ajudam a localizar o campo de batalha de diferentes projetos de sociedade. Por isso, quanto mais explícitos, melhor para a sociedade.

A direita, que se constrange em dizer seu nome, tem um projeto político que precisa ser defendido de peito aberto. Seja na vindicação de princípios, como a propriedade privada, a meritocracia e a livre iniciativa, seja em sua forma de expressão do poder, que tende para a aristocracia e para a representatividade, o conservadorismo precisa assumir suas bandeiras com mais clareza. Na agenda da direita estão situados temas que fazem muita falta ao debate político.

A esquerda, por sua vez, se encontra no grande desafio de avançar duplamente, no campo dos projetos e do exercício da política. Há uma cobrança por eficiência que vai além da ideologia e questiona se há um modo socialista de gerir políticas públicas. Por outro lado, a incorporação da democracia como horizonte do socialismo (e nesse sentido patrimônio muito mais dos progressistas que dos liberais) estimula a ir além do revolucionarismo, do ceticismo e do adesismo de ocasião. Além de desafiar a criar formas de democracia direta, que ampliem o grau de participação popular.

Direita e esquerda hoje podem ser bons operadores para julgar distintos projetos políticos, deixando de lado tanto o discurso moralista da direita – que vê corrupção e incompetência em tudo, mas não mira o próprio umbigo – como o triunfalismo das esquerdas – que anula a crítica em nome de uma certeza mais filosófica que real na construção de um novo modelo de sociedade. Recuperar as duas categorias históricas de julgamento pode recolocar em cena propósitos que deem ao cidadão real papel no jogo democrático.

Consciência possível


O segundo elemento que pode dinamizar a vida política brasileira nessa quadra de debates em torno de projetos de governo é, mais uma vez, uma categoria que já tem história – na verdade quase 100 anos –, apresentada pelo pensador marxista Gyorgy Lukács (e bastante contestada à direita e à esquerda, é bom que se diga). Trata-se do conceito de “consciência possível”. Para o filósofo húngaro, ainda nos anos 1920, a consciência tem gradações, ela pode ser desenvolvida, aprimorada, aprofundada. Em outras palavras, é possível ir de um estágio de menor consciência para um momento de consciência ampliada, o que indicaria o grau de amadurecimento político.

Assim, quando uma classe chega ao poder, terá seu papel histórico mais ou menos determinante e significativo quanto maior for seu patamar de consciência. Quanto mais consciente de seu papel, mais progressista seria uma classe em seu projeto de exercício de poder. Trazendo para nossa realidade, de forma mais simbólica que propriamente teórica, o conceito de consciência possível talvez nos ajude a compreender o papel dos diferentes segmentos sociais no Brasil durante os últimos governos.

De forma sumamente didática, o Brasil viveu nos últimos 20 anos dois projetos diferenciados, um em torno do PSDB e outro do PT, ambos partidos com seus aliados de ocasião, que têm diferentes motivações e fundamentos. De um lado o neoliberalismo privatista, de outro o desenvolvimentismo social. De certa forma, passadas duas décadas, são projetos que, em linhas gerais, se mantêm operantes.

Como se portaram as classes sociais nesses dois momentos históricos? É justamente aí que a ideia de “consciência possível” pode ser uma boa chave para nosso labirinto invisível. Há uma mudança inquestionável no perfil de visibilidade de parte significativa da sociedade brasileira nos últimos anos. Falou-se, com diferentes graus de sutileza sociológica, em “nova classe média” e “batalhadores”, como tentativa de explicar o novo ator social, incluído por meio do consumo (e muitas vezes rejeitado exatamente por isso).

O desafio dado hoje é exatamente – e para os dois lados, é bom frisar, já que as classes sociais não são “base” natural de nenhum dos dois projetos – avançar em grau de consciência. O aprimoramento político será dado pela capacidade de alimentar a consciência do consumidor, transfigurando-a em postura de cidadão. Para isso, é preciso sair do patamar da concessão para o da autopostulação de direitos essenciais. O consumo não integra, apenas inclui.

A grande lição que vem sendo dada pela nova cidadania brasileira é um avanço tanto para os conservadores como para os progressistas. Para os primeiros, ensinou que a sociedade é mais complexa e capaz de articulação do que sonhavam os vãos projetos de construção da hegemonia via meios de comunicação (não é um acaso que os candidatos dos grandes meios de comunicação percam eleições seguidamente). Para a esquerda, chega a constatação de que os novos cidadãos, ainda que incluídos via políticas distributivas e de renda mínima, não aceitam o papel de coadjuvantes ou expressam alinhamento mecânico. A chamada nova classe média apresentou o povo à direita e o cidadão à esquerda.

Duas conversas


Por fim, a terceira gazua para nossas paredes invisíveis da política é a capacidade de entender os novos universos da fala. Hoje não existem apenas papos sérios, há muita conversa fiada. Não se trata de uma crítica sobre o esvaziamento cultural da contemporaneidade, como muitos gostam de lamentar, mas um novo paradigma de comunicação. As pessoas ganharam novas formas de elocução. O discurso interpessoal nunca foi tão poderoso em termos quantitativos, o que, certamente, tem consequência no nível de sua realização.

A resposta que os políticos têm dado a essa revolução tem perdido o que ela tem de melhor. Quase sempre, as redes sociais são vistas como territórios que é preciso dominar com a linguagem da publicidade, como se se tratasse apenas de novos consumidores. Os gastos com esse tipo de campanha têm aumentado e dirigem parte significativa da atenção dos marqueteiros e candidatos. No entanto, parecem que estão deixando de lado o mais importante: não se trata apenas de mais gente disposta a ouvir, mas de novos sujeitos capazes de falar.

E o que falam os atores sociais siderados pela comunicação em rede? Em primeiro lugar, desestabilizam o sistema centralizado para propor novos discursos. Em seguida, trata-se de uma ferramenta de mobilização que anula a ideia de centro, criando uma nova geometria política paradoxal: o centro é a periferia, está em todo lugar, ao mesmo tempo. Por fim, mudam o rumo das falas, de temas verticais definidos de forma autoritária ou tradicional, para assuntos que dizem respeito às vidas dos novos falantes. Um não às agendas predeterminadas dos publicitários ou dos políticos convencionais. Quem não souber ouvir, vai perder o bonde da história.

Há, como identificou o filósofo Renato Janine Ribeiro, novos “elos fracos” que competem com os “elos fortes” da comunicação. A conversa mole pode pautar a conversa dura. Um exemplo dessa surdez foi dada recentemente durante a convocação dos jovens para ocupar shoppings. O discurso foi lido com a chave tradicional da invasão e da violência, o que motivou ações desmedidas e tacanhas, próprias de quem sempre foi mouco para a diferença.

A nova comunicação em rede criou um território livre, muitas vezes aplainado, mas que tem sua expressividade própria e invencível. Não é bom ou ruim, é assim. Janine propõe que devemos nos acostumar com a “riqueza do efêmero”. É uma boa definição de comunicação. Pode ser o novo desafio para política a ser construída. A única certeza do labirinto é que as paredes estão lá. A liberdade não se resume apenas em encontrar a saída, mas em lutar para que ela exista de fato, ainda que como horizonte.


 jpaulocunha.mg@diariosassociados.com.br

O sonho e o desencanto [Google]

O sonho e o desencanto
 
Maior site de buscas da internet, o Google nasceu em meio a promessas utópicas de democratização da cultura, mas pratica o mais selvagem pragmatismo de mercado 
 
João Lanari Bo
Estado de Minas: 08/03/2014


Sergey Brin e Larry Page, inventores do PageRank: o idealismo, mais uma vez, rende-se ao capitalismo  (Ben Margot/AP - 15/1/04)

Sergey Brin e Larry Page, inventores do PageRank: o idealismo, mais uma vez, rende-se ao capitalismo

‘‘Don’t be evil” foi o moto corporativo inventado pelo pessoal que trabalhava no início do Google, em 2000 ou 2001, numa reunião em que se discutiam os “valores” que deveriam nortear a empresa. A ideia era marcar a diferença com os competidores, os motores de busca da internet mais fortes no mercado à época (Altavista, Yahoo). Essas empresas estavam “explorando os usuários” ao misturar capciosamente propaganda com resultados da busca. A marca Google queria ser percebida como um projeto utópico, idealista e altruísta: organizar o acesso universal à informação e ao conhecimento por meio de uma tecnologia “mágica” livre do bombardeio publicitário sub-reptício, uma espécie de celebração coletiva e consensual do progresso da humanidade.

Os inventores do PageRank, o formidável algoritmo que transformou o Google nessa virtual unanimidade do ciberespaço, Sergey Brin e Larry Page, chegaram a escrever um paper acadêmico em Stanford contra os motores de busca vinculados à propaganda. Isso ocorreu em 1998, e logo os dois começaram a mudar de ideia, ao mesmo tempo em que saíam da garagem que ocupavam e estruturavam a empresa nos moldes capitalistas das startups do Vale do Silício californiano.

A história oficial do Google se inclui nas narrativas mitológicas que os americanos inventaram para vender ao mundo a excelência de suas empresas inovadoras – mitologia que os demais países, inclusive o Brasil, querem desesperadamente copiar. Em pouco mais de uma década, a empresa cresceu de maneira avassaladora, consolidou um motor de busca que para muita gente confunde-se com a própria internet, expandiu-se para outros domínios, e... passou a praticar, sugerem os críticos, uma crescente e inquietante “maldade”.

O menino bom se transformou num adolescente esperto demais e ninguém sabe o que vai ocorrer quando ele chegar à maturidade.

Hoje, o famoso algoritmo seminal muda 500 a 600 vezes por ano: muda para reorganizar, com velocidade assombrosa, o imenso cabedal de informações personalizadas mantidas nos data centers do Google. São 12 centros operando non-stop: seis nos EUA, um na América Latina (Chile), três na Europa e dois na Ásia. “See where the internet lives”, diz a página do próprio Google, onipresente e onisciente, sem falsa modéstia. Tudo isso para relançar as pegadas digitais dos inúmeros usos que fazemos da internet a partir da busca no Google, as páginas que visitamos, os assuntos que nos atraem, com o fim de adequar nossos desejos, obsessões e ambições à oferta de produtos e serviços.

Adesão Se o internauta for além da simples busca e usar alguns dos serviços do grupo – Gmail (425 milhões de usuários), YouTube, blogger, iGoogle –, os detalhes da auscultação serão mais acurados ainda. O que era o sonho da universalização do saber se transformou no mais esmerado e milimetricamente construído mercado publicitário de que se tem notícia. Uma construção, diga-se de passagem, baseada em complexos modelos matemáticos de padronização que ignoram as convenções clássicas das agências de publicidade. Pior: essa armação ocorre com a nossa (in)voluntária e irrestrita adesão.

Como fomos seduzidos, como somos seduzidos diariamente, inúmeras vezes, para essa armadilha? Nossa confiança no Google é sobretudo pragmática, no sentido ordinário do termo. Acreditamos que o consenso em torno dele, obtido por meios aparentemente democráticos, é digno de confiança. O método do Google de depender do juízo ativo e coletivo de milhões de cibernautas parece a aplicação de uma das teorias mais influentes da epistemologia: o famigerado pragmatismo americano, desenvolvido por Charles Peirce e William James no século 19, aperfeiçoado por Richard Rorty quase 100 anos depois.

A verdade, nessa linha de pensamento, “é gerada por um processo de experimentação, descobrimento, retroalimentação e consenso”. Um enunciado verdadeiro é aquele que surte efeito no mundo, diria James. As páginas que aparecem na tela do computador são aquelas automaticamente mais “populares” – quer dizer, são aquelas que têm mais links em outras páginas igualmente “populares”, e assim por diante. Um clique de busca desencadeia a cadeia global de consultas, que conferem de maneira quase instantânea no imenso depositório de páginas visitadas quais as mais relevantes associadas com aquela procura. Enfim, somos nós, os bilhões de usuários do Google, que construímos em tempo integral essa maravilha, ou esse monstro, conforme o ângulo da análise.

Essa e outras finas ideias o leitor pode encontrar no livro A googlelização de tudo, de Siva Vaidhyanathan (Editora Cultrix). Embora um pouco defasado, pois foi escrito em 2010, o texto desse americano descendente de indianos é implacável em seu arsenal crítico, sem apelar para a pichação exagerada de que o Google se tornou alvo nos últimos anos. Em maio de 2012, confirmando a tendência apontada por Siva de privilegiar o lado “comercial” em detrimento do “idealista”, a empresa anunciou que não mais manteria a separação estrita entre resultado de buscas e propaganda. O método para aferir qual anunciante ocupará o topo da lista passou a se basear exclusivamente nos leilões-relâmpago que o Google faz entre os anunciantes por meio de seu principal programa de publicidade, o AdWords – que se apoia nos gigabytes das informações pessoais e o conteúdo criativo fornecidos gratuitamente por milhões de usuários à rede todos os dias.

Os críticos insistem: os pequenos negócios perderão de vez a chance de obter visibilidade em função da relevância, pois quem vai ocupar o topo da lista dos resultados da procura será quem pagar mais no leilão. E os consumidores, os usuários do Google na internet, acostumados com a indicação baseada na relevância – o tradicional Google do “don’t be evil” – talvez não se deem conta da transição...

Digitalização de livros Outra área em que essa postura “do bem” se pretendia imutável era a discussão da chamada “neutralidade da rede”, que o Google defendia encarniçadamente. No Brasil, esse tópico, como se sabe, é um dos nós que vêm travando a aprovação do marco civil da internet no Congresso. O gigante da internet se aliava, nesse particular, aos puristas da internet, ciosos na manutenção da “democracia na rede, permitindo assim acesso igualitário de informações a todos, sem quaisquer interferências no tráfego on-line”. Quando a empresa entrou no negócio de vender serviço de banda (Google Fiber), mudou de ideia.

O acesso passou a ser, doravante, proporcional a quem paga mais. O Google Books, outra estratégia de expansão supostamente ancorada no “acesso universal ao conhecimento e cultura”, mostrou limites antes impensáveis para a empresa: a simples possibilidade de digitalização de livros despertou ondas de preocupação no ecossistema global de informação, levantando dúvidas e ansiedades nos diversos agentes do sistema (direitos autorais, privatização de bibliotecas públicas). Depois de uma longa e tumultuada batalha judicial, o cenário resultante parece trazer embutida perversa reviravolta que poderá restringir ainda mais o acesso prometido, favorecendo comercialmente a posição do Google no mercado de livros digitais, como sugerem especialistas – entre eles Lawrence Lessig, respeitado professor de Harvard. Ou seja, acesso universal, mas de acordo com o que pode pagar o consumidor.

Toda essa transformação do perfil do Google repercute, inevitavelmente, na imagem de seus dirigentes, que parecem agora mais arrogantes e soberbos. Alguns entram e saem do governo, outros se arrogam o direito de destilar profecias geopolíticas ligadas ao progresso tecnológico, em geral inspiradas nos tabus e preconceitos da visão de mundo conservadora do mainstream norte-americano. Na Europa, onde o Google é responsável pela assombrosa cifra de 90% das buscas, a empresa está prestes a sofrer a maior sanção de sua história em virtude das novas e espertas práticas comerciais. O caso Google, um sucesso empresarial absurdamente significativo, ilustraria talvez uma daquelas famosas doutrinas de Jean Jacques Rousseau: “O homem nasce bom e a sociedade o corrompe”.

Do idealismo da garagem, que tanto influenciou e estimulou jovens empreendedores nos quatro cantos do planeta, o grupo que criou a empresa terminou aterrissando no pragmatismo selvagem de mercado, como suporia, aliás, a velha e vã filosofia.

João Lanari Bo é professor de cinema da Universidade de Brasília (UnB)

Orelha

Orelha
Estado de Minas: 08/03/2014


Neusinha Brizola: carioca polêmica e irreverente (Flávio Colker/reprodução)
Neusinha Brizola: carioca polêmica e irreverente


Histórias de Neusinha

A vida de Neusinha Brizola (1954-2011) foi curta e intensa. Filha do ex-governador Leonel Brizola, ela teve existência tumultuada, envolveu-se com álcool e drogas ainda adolescente, foi modelo (chegou a posar nua para a revista Playboy, que não chegou às bancas por intervenção do pai) e fez carreira como cantora. “É maravilhoso e também um inferno ser pai de Neusinha”, desabafou certa vez Brizola. Dia 20, no Rio de Janeiro, Fábio Fabrício Fabretti e Lucas Nobre lançam Neusinha Brizola sem mintchura, escrito a partir de depoimentos da cantora aos biógrafos. O livro traz textos sobre Neusinha assinados por Paulo Coelho, Lucinha Araújo e Nelson Motta, entre outros.


Amor de Trajano

Quem gosta de futebol certamente conhece José Trajano, diretor do canal ESPN e apresentador de programas esportivos e mesas-redondas de futebol. Mas o jornalista vai surpreender muita gente com sua primeira incursão no romance, Procurando Mônica – O maior caso de amor de Rio das Flores, lançamento da Paralela. Em tom lírico e delicado, ele conta a história do primeiro amor de Zezinho, que conhece Mônica num baile na pequena cidade do interior do Rio de Janeiro. O autor e Zezinho têm muita coisa em comum.

Record anuncia mais um livro de Lya Luft (Record/divulgação)
Record anuncia mais um livro de Lya Luft


Tempo de Lya

Uma das autoras mais queridas pelos brasileiros, Lya Luft se prepara para lançar novo livro, O tempo é um rio que corre, que sai pela Record ainda este mês. Dividido em três partes – “Água mansa”, “Maré alta” e “A embocadura do rio” – abertas por poemas, o novo trabalho, de acordo com a romancista e ensaísta, insere-se na linha do qual fazem parte O rio do meio e Perdas & ganhos, “talvez pelo tom a meia-voz falando diretamente com meu leitor”. De acordo com Lya Luft, o livro leva adiante suas reflexões sobre temas que sempre a mobilizaram como mulher e escritora: as relações humanas, o tempo e a morte.


Dois mitos

Doctor Who é a mais antiga série de ficção científica no ar. Disso todo mundo sabe. Mas muita gente ignora que Douglas Adams, autor do clássico O guia do mochileiro das galáxias, havia escrito vários episódios a convite da BBC, que exibe o seriado. As histórias não chegaram a ser produzidas e jamais foram ao ar. Em 2012, o escritor Gareth Roberts adaptou a sequência no romance Shada, que acaba de ser lançado no Brasil pela Suma das Letras.


Prosa de Virginia

Dois lançamentos recentes trazem textos da escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941) em novas traduções e com textos críticos especiais. O romance Orlando, em versão de Jorio Dauster, sai pela Penguin Companhia. A edição tem prefácio de Sandra Gilbert e artigo de Paulo Mendes Campos. Pela Editora Tordesilhas, o ensaio Um teto todo seu ganha tradução de Bia Nunes de Souza e Glauco Mattoso (poemas), além de posfácio de Noemi Jaffe. Com ironia, erudição e lirismo, Virginia apresenta a relação entre as condições sociais e a criação literária feminina.

Folclore em revista

A Comissão Mineira de Folclore está lançando o número 26 de sua revista. O artigo que abre a publicação é “Mestre Aires: cem anos de vida”, de Domingos Diniz, sobre o gramático, crítico literário e filólogo Aires da Mata Machado Filho Rainha Ginga, maracatu, festas religiosas de Mariana, corpo fechado e Aleijadinho são alguns dos temas abordados nos textos desta edição.


Papo de cinema

Uma paixão chamada cinema é o título do livro de José Américo Ribeiro recém-lançado pela C/Arte Editora. Professor titular do Departamento de Fotografia e Cinema da UFMG, José Américo reúne textos sobre sua formação cinematográfica, roteiros de longas-metragens e artigos publicados em jornais e revistas. Além de autor de O cinema em Belo Horizonte: do cineclubismo à produção cinematográfica na década de 60, José Américo dirigiu dezenas de curtas e médias-metragens.


Ainda 1964

Dia 13, chega às livrarias, na onda de lançamentos em torno dos 50 anos do golpe militar, o livro 1964 – O golpe que derrubou um presidente, pôs fim ao regime democrático e instituiu a ditadura no Brasil, dos historiadores Jorge Ferreira e Ângela de Castro Gomes. No livro, que sai pela Civilização Brasileira, os autores destacam a participação decisiva dos civis no golpe por meio da mobilização de líderes políticos e oposição ao governo de Jango. Jorge Ferreira é autor de um dos mais importantes estudos sobre o ex-presidente: Jango, uma biografia.

A jornada de Rozália [ Livro de Suzana Montoro]

A jornada de Rozália

 Livro de Suzana Montoro se inspira na saga de húngaros obrigados a deixar seu país depois da 1ª Guerra Mundial. Autora mergulhou nas sombras e misérias da Hungria 

André di Bernardi Batista Mendes
Estado de Minas: 08/03/2014


Suzana Montoro ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria autor estreante (Reprodução/Facebook)
Suzana Montoro ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria autor estreante

Suzana Montoro já pode ser considerada uma grande escritora. Em setembro de 2012, ela surpreendeu ao conquistar o Prêmio São Paulo de Literatura, um dos maiores do país, na categoria autor estreante. A psicóloga paulistana é autora de Os hungareses, romance que retrata, de forma original e delicada, a saga de imigrantes que se estabeleceram no Brasil depois da 1ª Guerra Mundial. Suzana abre e monta, peça por peça, um universo amplamente novo e instigante.

O livro surgiu das entrevistas feitas por ela com descendentes de húngaros, no interior de São Paulo, e de uma viagem à Hungria, país repleto de sombras e mistérios. Suzana acertou ao vivenciar boa parte da história.

Palavras alcançam mais rápido que bala de revólver. Como pensamentos, palavras abraçam distâncias. É a linguagem, o modo – sempre delicado – de dizer que pode, ou não, revelar um outro (ou outros) diante de nós (leitores). Reeditado pela Editora Rocco, o livro conta a história de Rozália, “mulher magra, muito magra, de aparência frágil”. Suzana abraça com vida a abstrata existência de Rozália, dona de “suave voz de passarinho”. Como maestrina, a autora conduz o ritmo, o fluxo dos acontecimentos.

Nossa heroína, sem capa e espada, é natural de um vilarejo incrustado nos Bálcãs, na bacia do Rio Danúbio. Certo dia, “com a mesma naturalidade com que se acorda todas as manhãs”, o povoado virou iugoslavo, obrigando o povo húngaro a migrar para outras partes do mundo. Rozália, sua família e outros hungareses vieram para São Paulo. Soa meio estranha essa palavra, que indica périplos, encontros e desencontros: segundo o dicionário, hungarês é relativo à Hungria, ou o habitante da Hungria.

A violência da profunda transformação geográfica, ditada e imposta por imposturas políticas, abarca a trama do livro de Suzana. O mundo, não poucas vezes, é como um quebra-cabeça que se desmonta, levando consigo memórias, certezas e esperanças. Tudo é movimento, mas às vezes surge a feiúra de um maquinário rude, desumano, que mata e retira das pessoas singularidades e essências a princípio inalteráveis.

A gravidade da vida empurra almas e pessoas para o estrangeiro. Mas também existe (a literatura, a poesia) uma espécie de gravidade inversa que, das raízes, impulsiona todas as sementes. Há que se prestar atenção nos pássaros cosmopolitas, existem nuvens e flores desprovidas de pátria definida.

Apesar de transitar dentro de um contexto histórico e político inegável, Suzana prefere apresentar ao leitor, prefere reconstituir o microcosmo ao redor da vida de uma mulher sob o prisma de sua intimidade. É inevitável, assim, não nos reconhecermos nas desventuras de Rozália, diante de turbulências que assombram por sua enorme carga de humanidade. Rozália enfrenta a morte precoce da mãe, o magnetistmo de uma tia excêntrica, amores proibidos, fugas e o abandono, palavra feia, signo feito de cardos e pontas duras.

Suzana se arriscou, seguindo, certamente, intuições poderosas. São essas situações universais, de todos nós, brasileiros, etíopes, húngaros, que tornam o romance no mínimo interessante. A força das coisas, de todas as coisas, “está no olhar azulado e na voz, apesar de extremamente suaves.”

A escritora de Os hungareses se identifica, logo de cara, com a filha caçula de Rozália. Assim, a narrativa ganha novos rumos, temperos e sabores. Duas vozes dizem muito. Ora é a narradora-filha que conta, em terceira pessoa, a saga da mãe; ora a própria Rozália assume o timão de um barco doido, que transita no mar feito de inverossimilhanças.

Observador mais que privilegiado, o leitor se defronta com duas almas que buscam e atingem, que alcançam tonalidades promissoras em termos de sentido e sentimento. Linguagem e literatura são caminhos abstratos feitos de sonho, nuvem e alegria. O dia, todos os caminhos pedem, precisam ser reinventados, às vezes seguindo critérios específicos, às vezes não. Para assim inventarmos idiomas, com a gramática feita de silêncio, cheiros, gestos, músicas sempre possíveis.

O que podem revelar as idiossincrasias, os vários modos, condutas que norteiam as pessoas de uma pequena comunidade, as pessoas de um lugar? Muito. O mundo é enorme; e não é. Suzana mostra que, apesar das distâncias, estamos juntos, transitamos sem saber dentro de uma teia feita de fissuras, ferrugens, mas também adornada de zínias, gérberas e absintos.

Romancista, contista e roteirista, Suzana Montoro é autora de O menino das chuvas, que recebeu o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantojuvenil (FNLIJ). Seu livro Nem eu nem outro (Edições SM) ganhou menção honrosa do Prêmio Barco a Vapor 2009 e foi finalista do Prêmio Jabuti em 2012.

OS HUNGARESES
• De Suzana Montoro
• Rocco,
• 192 páginas, R$ 29,50

Testemunha da história - Walter Sebastião

Testemunha da história
 
Boris Kossoy ajuda o Brasil a se descobrir por meio da fotografia. Graças a ele, o trabalho do pioneiro Hercule Romuald Florence é mundialmente reconhecido


Walter Sebastião
Estado de Minas: 08/03/2014


Boris Kossoy observa trabalhos da exposição Um olhar sobre o Brasil, em Belo Horizonte     (Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Boris Kossoy observa trabalhos da exposição Um olhar sobre o Brasil, em Belo Horizonte


Atrás de toda foto tem uma história. Essa afirmação vem do pesquisador e professor Boris Kossoy, de 72 anos, um dos mais importantes estudiosos de fotografia do país. Tal observação traduz o método de trabalho dele: a defesa da criação de uma trama de imagens e textos para oferecer a “compreensão expandida” tanto da história quanto da fotografia. A primeira ganha materialidade; a outra, múltiplos significados.

Juntas, história e fotografia oferecem rica contextualização econômica, política e cultural para os acontecimentos. Tal consideração vem de um pesquisador que recusa tanto a crença de que uma imagem vale por mil palavras quanto o poder do relato verbal, por si, de reconstituir a vida social.

Essas ideias marcam a exposição Um olhar sobre o Brasil, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Belo Horizonte, cuja curadoria é assinada por Boris Kossoy e Lilia Moritz Schwarcz. “O que tenho feito é pensar o país por meio da documentação fotográfica, buscar imagens que dão vida e presença aos personagens dela”, explica Kossoy.

Esse pesquisador e fotógrafo fez história. Seu livro Hercule Florence, a descoberta isolada da fotografia no Brasil colocou Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879) entre “os cinco ou seis” inventores dos processos fotográficos. O trabalho aborda as experiências de um franco-brasileiro na Vila de São Carlos (atual Campinas), em São Paulo, realizadas antes de 1839 – “data oficial” da invenção da fotografia.

“Tenho levado a vida como fotógrafo e pesquisador. Existe o Boris e o Kossoy. Eles se encontram à noite e, infelizmente, dormem juntos. Mas vivem da melhor forma possível”, brinca. Aos 13 anos, Boris Kossoy começou a fotografar, fascinado pelas imagens publicadas na revista O Cruzeiro. Formado em arquitetura, criou o estúdio Ampliart, em 1968, voltado para jornalismo, publicidade e retratos. “Naquele tempo, fazia-se de tudo para sobreviver”, recorda ele.

A partir de 1977, Boris Kossoy fez carreira como professor e pesquisador na Universidade de São Paulo (USP). Publicou 11 livros – o primeiro foi Viagem pelo fantástico (1971). Boris Kossoy fotógrafo (CosacNaify) reúne as quatro décadas de trabalho autoral do pesquisador, além de entrevistas.

A história da fotografia brasileira é pouco conhecida, adverte o professor. “Sabe-se sobre o século 19. Temos um vácuo com relação aos fotógrafos do século 20”, afirma. Ele não é fã apenas de personagens ilustres. “Meu interesse é pelos anônimos. Pensando neles, fiz o Dicionário histórico-fotográfico brasileiro, que traz centenas de pessoas que entraram no Brasil profundo e longínquo, passaram por vilas e pequenas cidades e trouxeram de lá as feições e os costumes do brasileiro.”

Suplemento


Hercule Florence – A descoberta isolada da fotografia no Brasil (Edusp) é um livro especial para Boris Kossoy. Lançado em 1977, está na terceira edição. Em 1972, o pesquisador ouviu falar pela primeira vez em Florence. Naquela época, escrevia no suplemento literário do jornal O Estado de S. Paulo. Ao receber uma ligação de Eduardo Salvatone, presidente do Foto Clube Bandeirantes, ouviu que precisava conhecer Arnaldo Machado Florence, que dizia ter sido seu trisavô o inventor da fotografia. “Não dei bola”, assume Kossoy. Tempos depois, ele decidiu conhecer o tal herdeiro.

“Arnaldo me mostrou o manuscrito já deteriorado com as anotações de Florence. Lendo, fui me envolvendo com a história. Mas, como advogado do diabo, fiz todas as perguntas e objeções possíveis”, recorda. Colegas da Europa e dos Estados Unidos o alertaram para o perigo de fraude, pois consideravam impossível a hipótese de alguém no Brasil, isoladamente, ter criado o processo fotográfico.

“Consegui a comprovação histórica do caminho que Florence percorreu, mas precisava da comprovação científica de que os métodos dele funcionavam. Intimamente, ainda tinha minhas dúvidas, apesar de toda a repercussão que a história foi ganhando”, relembra. Os jornais se interessaram pelo assunto e, em 1976, o Instituto de Tecnologia de Rochester, nos Estados Unidos, refez as experiências de Florence. Confirmou-se que a poligrafia funcionava. Assim, Florence batizou o processo criado por ele. Detalhe: também usava a palavra photographie para definir sua descoberta.

“Ainda hoje, tenho um sentimento de satisfação indescritível por comprovar uma história que parecia inacreditável. Penso no quanto Hercule Florence ficaria feliz em ser colocado entre os inventores da fotografia”, revela Boris Kossoy. Seu livro ganhou importância na bibliografia sobre as invenções: já foi traduzido para o espanhol, ganhará tradução para o alemão este ano, e a versão francesa está prevista para 2015. Entretanto, pouco restou do trabalho de Florence, que usava a poligrafia para reproduzir diplomas maçônicos e rótulos de garrafas.

A Pampulha, sob as lentes de Marcel Gautherot, está presente em Um olhar sobre o Brasil     (Marcel Gautherot/divulgação)
A Pampulha, sob as lentes de Marcel Gautherot, está presente em Um olhar sobre o Brasil


O PESQUISADOR E SEU OFÍCIO

Método
“O que faço é pensar o Brasil por meio da documentação fotográfica, buscar imagens que dão vida e podem trazer a presença dos personagens da história brasileira. Isso é impossível apenas com textos. Imaginar o mundo apenas pelo relato verbal é esforço centrado apenas no imaginário do leitor. Por trás da imagem tem uma história. Não se pode prescindir da palavra e da contextualização quando se quer uma base científica para o extraquadro, para o que não está na imagem. Cruzar relatos e imagens é uma forma muito eficaz de compreender os fatos. Você passa a ver e ter noção de espaço, das aparências, tem uma ideia de onde os fatos aconteceram – aspectos que alimentam o imaginário para melhor compreensão.”

Contemporâneos
“A fotografia contemporânea vai muito bem, vem ganhando presença internacional. Temos jovens fotógrafos brasileiros com trabalho muito significativo. Crescemos em qualidade, número de autores e temas. Acho positiva a preocupação com a memória, um olhar mais sério sobre a história – isso não existia dos anos 1960 a 1980. Pequenas cidades já contam com arquivos e centro culturais que mereciam mais verbas por seu trabalho, de enorme importância, ao salvaguardar a memória. Os primeiros museus de imagem e do som, nos anos 1960, trouxeram a consciência da necessidade de cuidar dessa área.”

Desafios
“Pela coragem, temática e obra realizada, admiro Mário Cravo Neto, Evandro Teixeira, Orlando Brito, Juca Martins, Marcel Gautherot e muitos outros. Todos merecem ser melhor conhecidos. Temos um número enorme de bons fotógrafos e, ao longo do tempo, há crescimento progressivo e ascendente deles. Há o problema de mercado de trabalho para todo esse contingente, obrigando todos a buscar serviço o tempo todo. Não sou xiita, uso digital, mas essa tecnologia tirou o mercado de trabalho de muita gente boa, além de trazer a decadência do gosto e do rigor artístico em relação ao feito no passado. Há uma grande diferença entre fotógrafos que aprenderam o ofício com o analógico – eles entraram no laboratório, viram o milagre de a imagem surgir do revelador – e aqueles que começaram com o digital. Um recebia dois, três rolos de filme e tinha de voltar com foto boa. O outro fica no clique, clique, clique, faz 400 fotos, mas poucas com qualidade.”


UM OLHAR SOBRE O BRASIL
Fotografia brasileira de 1883 a 2003. Trabalhos de Sebastião Salgado, Marcel Gautherot, Mário Cravo Neto e Orlando Brito, entre outros. Centro Cultural Banco do Brasil, Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. De quarta a segunda-feira, das 9h às 21h. Entrada franca. Até 28 de abril

Ideias para nosso tempo [Eduardo Portella] - Letícia Malard

Ideias para nosso tempo
 
Em sua obra, o professor de literatura Eduardo Portella oferece reflexões lúcidas sobre as patologias político-sociais brasileiras


Letícia Malard
Estado de Minas: 08/03/2014


Aos 80 anos, Eduardo Portella reúne textos sobre a realidade brasileira que vão da literatura à política     (Daniela Dacorso/AG)
Aos 80 anos, Eduardo Portella reúne textos sobre a realidade brasileira que vão da literatura à política

Eduardo Portella, professor de literatura entre outros títulos, é mais conhecido como o ministro da Educação (1979-1980) do governo Figueiredo, que bateu de frente com generais da ditadura e como o autor da frase “não sou ministro. Estou ministro”. Em 2012, acrescentou três volumes à sua vasta bibliografia: Dimensões IV: o livro e a perspectiva; Homem, cidade, natureza e Brasil: condições de possibilidades.

São coletâneas de textos, republicados e inéditos, selecionados entre os que escreveu em mais de meio século de militância intelectual. Vejo nesses livros, surgidos no bojo das comemorações dos 80 anos de Portella, a melhor amostragem do seu percurso e peregrinação nas principais áreas de suas atividades: literatura, cultura, educação e ciências políticas.

Dimensões IV... é uma obra de crítica literária que reúne 50 textos curtos, selecionados entre os produzidos em 51 anos de exercício na escrita sobre literatura. Ou, como o autor declara na introdução, é “um livro sobre livros. Ângulos, prismas, evidências, silêncios”. Sobre obras de escritores, na grande maioria nacionais. Aí fala principalmente o crítico de rodapé (de jornais) da década de 1960 e o professor de ciência da literatura/teoria literária da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse livro dá continuidade ao Portella que assombrou os meios acadêmicos quando, aos 26 anos, publicou o Dimensões I..., na mesma linha, o qual teve segunda edição no ano seguinte, com prefácio assinado por nada menos do que Gilberto Freyre – monstro sagrado da cultura nacional. Um jovem ter livro prefaciado por ele... era a glória! E foi.

Em Homem, cidade, natureza se encontram 10 textos das décadas de 1990 e 2000, reflexivos sobre “a vida, paixão e morte da cidade” – usando a expressão do autor na nota prévia ao volume. Título e escritos são inspirados num encontro sobre o assunto, promovido no Rio de Janeiro em 1992, patrocinado pela Unesco e outras instituições. Problematizam as questões relativas às grandes cidades do século 20 – com destaque para o Rio – sob os mais variados aspectos, sobretudo os relacionados à cidadania, às questões urbanas, à ecologia e a outros fatores determinantes de vivência e convivência na vida urbana.

Aqui vamos tratar apenas de um desses livros, apresentando-o ao leitor e visando a incentivar sua leitura. Brasil: condições de possibilidades (Tempo Brasileiro) expõe com a maior clareza e qualidades de estilo o pensamento sociopolítico de Portella, em sintonia com outros importantes pensadores da vanguarda de nossa intelligenzia, independentemente de partidarismos. A propósito, em 2004, escreveu o autor:

“Certa vez, me perguntaram se me considerava de esquerda, de centro ou de direita. A minha resposta foi imediata: de esquerda não tanto quanto deveria ser; de centro também não, porque tudo que suscita neutralidade deixa de me atrair; de direita, por razões óbvias, jamais. Na realidade sou apenas um sem-lugar militante, tomado pela autodesignação de militante da esperança, intelectualmente mobilizado”.

Ora, colocando-me na escuta dos 11 textos do livro escritos/publicados pós 2004, data dessa resposta, e num total dos 21 textos, ousaria afirmar que Portella ascendeu alguns degraus à esquerda – fato que considero superpositivo – e sem perder a esperança nem a mobilização anteriores. Nessas páginas não se leem retrocessos nem revisionismo nem meias palavras. São artigos publicados em periódicos do Rio de Janeiro e de São Paulo, discursos como membro da Academia Brasileira de Letras e papers lidos em eventos de Paris, pois o ex-ministro também é detentor de cargos na Unesco.

Pode-se dizer que os textos de Brasil: condições de possibilidades giram em torno de dois grandes temas, que tento resumir. O primeiro tema – eixão do qual derivam subtemas – são as patologias da nossa democracia, em especial a educação sem ter prioridade, a inflação e a corrupção. A esse trio subjaz a deflação dos valores éticos, que solapa qualquer projeto democrático e responsável nos diferentes níveis dos poderes constitucionais. A política sem ética, sobretudo aquela de vésperas de eleições, desenha-se num ringue de luta-livre: “terra de ninguém”, “vale-tudo”, caratê eleitoral”. A campanha dos candidatos na mídia se apresenta como um carnaval extemporâneo, é difícil escolher nossa fantasia para o cômico baile de máscaras.

E mais: os patamares de marginalização dos eleitores são chocantes. A sucessão de escândalos deixa-os desamparados, contrainformados e reféns de uma reforma política em eterno adiamento. Aqui, o fenômeno Tiririca vem a calhar: é um equívoco achar que a votação que lhe foi dada reflete apenas o baixo nível do eleitorado, afirma Portella. “Ele é também um protesto contra a palhaçada fora de lugar. Aquela que se instala nas instituições”, escreve.

Baixa modernidade

O segundo tema do livro é a desigualdade social, lado deficitário de nossa “baixa modernidade”, conforme Portella prefere chamar os tempos contemporâneos. Desigualdade como consequência da má distribuição de renda e, acrescenta o autor, do poder político. O Brasil está transitando da sociedade do trabalho para a sociedade aética do espetáculo, e desta para a antiética do escândalo. E se torna prisioneiro das duas últimas, como se elas fossem ícones da modernidade. Então, indaga Portella: “Para que serve a modernidade se não reforça a democracia?”.

Ele enxerga a educação como o grande salto para a solução do maior problema da nação, ou seja, a inclusão social, através do que chama de “pedagogia da qualidade”, quando já começamos a importar mão de obra qualificada. Saudando o economista Celso Furtado em sua posse na Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1997, Portella articula educação e cultura ao declarar: “Educar consiste em formar o cidadão. O cidadão inclui o profissional e o ultrapassa”. Acrescenta que a cultura enquanto fortalecimento da educação é uma exigência do próprio desenvolvimento. Aqui, pergunto: em 17 anos foi feito algo nesse sentido?. Creio que absolutamente nada.

Ao tratar das nossas patologias político-sociais e da desigualdade de renda, sobre as quais tanto se tem falado e outro tanto se tem escrito, Portella o faz com grande marca diferenciadora: além das ideias lúcidas e antiesquizofrênicas, ele carrega para o texto não ficcional uma linguagem comparativa e metafórica, de condensações e deslocamentos. Alia o bom senso ao bom gosto. Tais recursos retóricos – como se pode perceber nas citações anteriores – imprimem a seu texto um padrão distante do texto jornalístico ou “científico”, e é muitas vezes temperado com ironia e humor. Esse padrão não é o da literatura – uma vez que Portella não está escrevendo sobre “imaginaridades” – nem o dos discursos informativos e similares – pois estes primam, no geral, pela ausência de recursos retóricos. Assim, trabalhando o que ele propõe dizer utilizando formas discursivas inusitadas, capta o leitor numa teia de reflexões sobre o que é dito e, simultaneamente, como é dito.

Assim, se os nossos governantes, completamente perdidos hoje numa selva escura, lessem Eduardo Portella, certamente se enriqueceriam com mais e melhores ideias sobre o que fazer no Brasil e com o Brasil atual.

. Letícia Malard é professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais.

Eduardo Almeida Reis - Planos de saúde‏

Planos de saúde
 
Cuidemos, portanto, dos 50 milhões de brasileiros que têm planos de saúde, sinal de que há milhões de médicos atendendo pelos planos


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 08/03/2014


Em 2012, cerca de 25% dos brasileiros tinham plano de saúde. A informação é da ANS, Agência Nacional de Saúde Suplementar. Dez anos antes, somente 17,9% da população era atendida pelos planos.

O percentual varia entre os estados. São Paulo lidera com 43,6% de habitantes, o Rio de Janeiro tem 36,6% enquanto o Acre tem 5,6%, Roraima 6,6% e o Maranhão 6,6%. Nesse último estado o número reduzido se explica: propriedade das famílias Lobão e Sarney, o Maranhão está ficando tão rico, na opinião da ilustre governadora Roseana Sarney, que os seus doentes podem pagar, cash, as consultas e os internamentos nos hospitais paulistanos, com ênfase para o Sírio e Libanês e o Hospital Israelita Albert Einstein, no Bairro do Morumbi, Avenida Albert Einstein, 627. Nada mais simples do que fretar um jatinho em São Luiz, MA, para consultar os doutores em São Paulo, SP, mesmo considerando que o SUS maranhense rivaliza, em competência e equipamentos, com a melhor medicina existente na Noruega, na Inglaterra e nos Estados Unidos.

Cuidemos, portanto, dos 50 milhões de brasileiros que têm planos de saúde, sinal de que há milhões de médicos atendendo pelos planos. Não posso jurar, mas ouço dizerem que os médicos recebem por consulta uma tuta e meia, tutemeia, tutameia, uma insignificância. De que vivem esses milhões de profissionais? Afinal, fizeram vestibular dos mais difíceis, estudaram em livros caros, cursos demorados, residências médicas e universidades pagas a peso de ouro, ou federais e estaduais em que o ingresso não é simples. Sei disso porque estive a pique de cursar medicina no Rio. Salvou-me a descoberta de que sofro de hematofobia ou aversão ao sangue, líquido vermelho, viscoso, que circula nas artérias e veias bombeado pelo coração, transportando gases, nutrientes e elementos necessários à defesa do organismo.

Por fim, uma pergunta: dizem que muitos destes planos são organizados em cooperativas supostas de distribuir entre os cooperados eventuais lucros nos finais dos anos. Será que distribuem ou os médicos só recebem as tutemeias das consultas?

Problemão
Vamos admitir que você trabalhe dura e honestamente para fazer grande fortuna. Riquíssimo, você compra casa em Angra. Os lexicógrafos entendem que angrense é relativo a Angra dos Reis, RJ, ou o que é seu natural ou habitante, mas os bilionários sabem que “casa em Angra” é sinônimo de casa de praia chique no trechos chiquérrimos do litoral brasileiro.

Pronto: agora você tem casa com 12 suítes, lancha importada que custou milhões de dólares, curso de mestre arrais, marinheiro de confiança, governanta, cozinheiras, arrumadeiras, piscina em casa e um problema insolúvel pelo resto dos seus dias: arranjar convidados que se disponham a passar os feriadões “em Angra”.

A virada de fevereiro para março teve um deles. Começou dia 28 de fevereiro, sexta-feira de carnaval, e foi espichada até domingo, 9 de março, considerando que ninguém sai “de Angra” numa quarta-feira de cinzas para fingir que trabalha quinta e sexta: o trânsito nas estradas não consente.

Só aí tivemos um descanso de nove dias, mais do que o trabalhador chinês tem de férias por ano. E você preocupado desde o meado de fevereiro em arranjar amigos para aproveitar sua casa “em Angra”. Sua família já conhece a casa e a lancha, que acha muito chatas. Que ninguém nos ouça: as famílias, quase todas elas, são chatíssimas, barulhentas, intrometidas.

Os seus amigos têm casas litorâneas, suítes, marinheiros, lanchas, ou fogem nos feriadões para Nova York e Paris. E você, coitado, depois de trabalhar dura e honestamente para fazer grande fortuna vai acabar convencido de que bom mesmo é passar os feriadões em Paris.

Cinofilia
Sabe aquele cachorrinho amarelado, focinho preto que parece ter levado um soco? Pois é: um filhote vale R$ 7.500. Sabe quanto custa o frete do filhote, voo direto Rio-João Pessoa? Tome nota: R$ 840. Acontece que o filhote iria para o Recife, mas não havia voo direto. Por isso, foi para João Pessoa e o comprador, de automóvel, foi de Pernambuco para a Paraíba apanhar o filhote no aeroporto às 2 horas da madrugada. O amor aos cães é lindo.

O mundo é uma bola
 8 de março de 1126: Afonso VII de Leão e Castela é proclamado rei depois da morte de sua mãe Urraca. Que fim levaram as Urracas? Não me lembro de ter visto uma só Urraca brasileira, mas vou procurar com calma e, encontrando, prometo escrever sobre o assunto. Urraca era aparentada com Tareja: irmã, salvo engano. Tareja deve ter evoluído para Teresa.

Em 1618, Johannes Kepler formula a terceira lei de movimento dos planetas. Acabo de fazer a besteira de clicar em “terceira lei de movimento dos planetas” e o meu pobre computador quase pirou, tantas as fórmulas, equações e outras complicações matemáticas que apareceram no monitor.

Hoje é o Dia das Mães na Albânia e na Rússia, na Sérvia, em Montenegro e noutros países frios.