sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

TeVê

Estado de Minas: 31/01/2014

TV paga



 (Ursula Coyote/AMC)

Fim de papo


Depois de uma longa jornada que durou cinco anos, chega ao fim hoje a premiada série Breaking bad. O canal AXN exibe o capítulo final duplo às 22h, selando o destino de Walter White, um professor de química que começou a fabricar metanfetamina depois de descobrir que estava com câncer e assim, com o dinheiro das drogas, garantir a segurança da mulher e dos filhos. O personagem foi interpretado de forma marcante pelo ator Bryan Cranston (foto), acompanhado de perto por Aaron Paul, que fez o papel de Jesse Pinkman, o drogado que foi aluno e virou assistente do mestre.

Ação, drama e humor  no pacotão de cinema


Na programação de filmes, um dos destaques é o suspense Eleição – O submundo do poder, do chinês Johnnie To, às 22h, na Mostra Internacional de Cinema na Cultura. No FX, hoje tem sessão triplex, com Quando um estranho chama (18h45), O chamado (20h15) e O chamado 2 (22h30). No Telecine Premium, às 22h, estreia Alvo duplo, com Sylvester Stallone. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais seis opções: A festa da menina morta, no Canal Brasil; Mais um ano, no Max; Senhores do crime, no Max Prime; O exorcismo de Emily Rose, no Sony; Assassinos de aluguel, no Telecine Action; e Fora de controle, no Universal. Outras atrações: Te amarei para sempre, às 20h40, na TNT; Lola, às 21h30, no Arte 1; e E aí, comeu?, às 22h30, no Megapix.

Contraplano debate  hoje a era do híbrido


Ainda falando de cinema, o programa Contraplano, às 22h, no SescTV, promove hoje um debate sobre “A era do híbrido”, com a participação do professor de Filosofia Celso Favaretto e do poeta e tradutor Geraldo Carneiro. Para esquentar o bate-papo são exibidos trechos de filmes relacionados ao tema: Juízo (2007), de Maria Augusta Ramos; Jogo de cena (2007), de Eduardo Coutinho; Morro do Céu (2009), de Gustavo Spolidoro; e O céu sobre os ombros (2011), de Sérgio Borges.

Canal Curta! emenda dois documentários


No canal Curta!, dois documentários mostram a força do gênero no Brasil. Para começar, às 21h20, será exibido o filme Hércules 56, dirigido por Sílvio Da-Rin, que discute a luta armada com alguns dos sobreviventes das organizações de extrema-esquerda que em setembro de 1969 sequestraram o embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick para trocá-lo por presos políticos. Às 23h, é a vez de Um passaporte húngaro, em que a diretora Sandra Kogut mostra a busca de uma cineasta brasileira pelo seu passado.

NX Zero participa do Coletivation da MTV


Para fechar a semana, às 20h, na MTV, o Coletivation recebe Di Ferrero e sua banda NX Zero para falar sobre o convite para tocar durante a Copa do Mundo. Já às 21h, o Multishow entra ao vivo mais uma vez, diretamente do Festival de Verão de Salvador, com as apresentações de Maria Gadú, Timbalada, Claudia Leitte e The Wailers.


CARAS & BOCAS » Na TV e na internet

Michelle Schlanger é a nova sereia surfando nas ondas do canal Off  (Guto Costa/Divulgação )
Michelle Schlanger é a nova sereia surfando nas ondas do canal Off

A partir de hoje, os internautas vão poder conferir no site do canal Off (www.canaloff.com) um ensaio exclusivo com Michelle Schlanger, a Off girl do mês de janeiro. A carioca de 20 anos surfa, anda de skate, pratica snowboard e wakeboard e joga futebol e futevôlei. Ela posou na Praia do Pepino, em São Conrado, e na Pedra Bonita, no Rio de Janeiro. Além das fotos, um perfil e um vídeo com o making of do ensaio também estarão disponíveis para os internautas. Inclusives das belas dos meses anteriores: Carol Guarnieri, Sofie Mentens, Emile Biason, Claudinha Gonçalves e Julia Ericson. Uma sugestão e tanto para um fim de semana de verão.

Globo mantém suspense no final de Amor à vida


A novela das nove chega ao fim hoje à noite na Globo sob vigilância e sigilo total. A direção da emissora fez de tudo para impedir o vazamento de informações sobre o último capítulo e até proibiu os atores do elenco de darem entrevistas à imprensa.

Em família começa com  um triângulo amoroso


O autor Manoel Carlos procura sempre fugir dos personagens estereotipados, ou seja, ninguém é totalmente vilão ou totalmente mocinho. Seus personagens são humanos, com defeitos e qualidades e assim será também na nova novela assinada por ele, Em família, que estreia segunda-feira, no lugar de Amor à vida, na Globo. Para seguir outra regra, a trama começa com dramas familiares. Neste caso é um triângulo amoroso entre os primos Helena e Laerte e Virgílio, que na juventude serão interpretados por Bruna Marquezine, Guilherme Leicam e Arthur Aguiar. Os três discutem o tempo todo e o ciúme de Laerte é doentio. Helena engravida e sua família praticamente a obriga a se casar com Laerte. Mas até o casamento tudo pode acontecer por causa da personalidade explosiva de Laerte.

Apelo sexual faz subir a  audiência do Big brother

Em sua 14ª edição, o Big brother Brasil vem até alcançando razoáveis índices de audiência, mas o nível continua bem rasteiro. Mesmo que apenas insinuado, o sexo rola solto, especialmente nas festas, com exageros etílicos e outros abusos mais comprometedores. Na última teve discussão entre Cássio e Ângela, que reagiu a uma apalpadela, e mais uma vez Vanessa e Clara provocaram os colegas de confinamento (e o público) com muitos amassos. Já na madrugada, Diego e Franciele faziam movimentos suspeitos embaixo dos edredons. É isso: nudez e beijo gay garantem o relativo sucesso do reality show da Globo.

Sarau faz um verdadeiro baile black na GloboNews

O Sarau abre hoje a temporada 2014 em ritmo de baile, ao som da black music. Chico Pinheiro recebe o ator e cantor Sérgio Loroza e o mestre Gerson King Combo, considerado o rei da soul music carioca, falando sobre o início da carreira. O papo rendeu tanto que acabou sendo dividido em duas partes, hoje e dia 7, às 23h30, na GloboNews.

Vale a pena  ver de novo


A faixa Globo cidadania continua reprisando as melhores reportagens produzidas no ano passado. Como vai ao ar muito cedo nas manhãs de sábado, na Globo, com reprises nos canais Futura e GloboNews, mais uma vez o melhor é antecipar as atrações de amanhã. O bloco Ecologia, por exemplo, vai mostrar que a carne brasileira tem o menor índice de colesterol do mundo por causa da prática do confinamento de gado. Outros assuntos são a prevenção do câncer de pele (Ciência), a adoção de metodologias alternativas no ensino público (Educação), o desempenho dos atletas brasileiros nas Olimpíadas Universitárias na Rússia (Universidade) e a cultura caiçara (Ação).

VIVA

O humorista Rafinha Bastos é mesmo uma figura. Prometeu mudar ao assinar contrato com a Bandeirantes para comandar o Agora é tarde e postou nas redes sociais uma foto em que aparece sem barba. Irreconhecível.

VAIA

Não dá para entender como a maioria dos canais pagos consegue definir e divulgar sua programação com até um mês de antecedência e muitas emissoras de sinal aberto não saibam nem o que vai ao ar no fim de semana.

Batucada de respeito - Walter Sebastião

Batucada de respeito 
 
Com letras de conteúdo e homenagem aos mestres do samba, Cesinha Pivetta lança o primeiro CD. Fã de Adoniran Barbosa, o jovem cantor e compositor é fruto da animada cena paulistana 


Walter Sebastião
Estado de Minas : 31/01/2014


O cantor e compositor Cesinha Pivetta afirma que Nossa bandeira é um disco político     (Marcos Hermes/divulgação)
O cantor e compositor Cesinha Pivetta afirma que Nossa bandeira é um disco político

O paulista Cesinha Pivetta, de 28 anos, chega ao primeiro disco depois de dedicar praticamente toda a sua vida ao samba. O CD Nossa bandeira traz composições dele e de parceiros – entre elas, Baquetas em pedaços (2003), composta na adolescência. Os mestres também comparecem: o repertório conta com Lamento de uma raça, composição inédita de Candeia e Waldir 59, de 87, sênior da ala de compositores da Portela.

“Nossa bandeira é a luta do povo por liberdade e igualdade. Ainda somos um país com muita discrepância social”, afirma Cezinha. “Arte e música, por si só, são transformadoras. Nesse sentido, esse é um disco político”, explica. O título remete também ao gosto do cantor de reunir pessoas, autores e trabalhos coletivos.

Assinada por Cesinha e pelo violonista Marron Santos, a produção teve um cuidado especial: buscar conteúdo. Essa atitude vai na contramão de letras que têm cada vez menos história para contar, de acordo com o artista. “Elas são praticamente onomatopeias”, lamenta. A dupla optou por um bandolim bem marcado. “O instrumento faz parte da nossa música. Precisamos popularizá-lo de modo que não se torne exclusividade dos eruditos”, defende Cesinha.

Nascido e criado na região da Bela Vista e do Bixiga, berço do samba paulistano, reduto de Adoniran Barbosa e da escola Vai Vai, Pivetta é filho da cantora e atriz Márcia Moraes e do dramaturgo César Vieira, criador do Teatro Popular União de Olho Vivo. Logo cedo ele já estava no palco interpretando o menino Adoniran Barbosa. “Aprendi tudo sobre ele e me encantei”, recorda. Batuqueiros amigos de seu pai, Mestre Pelão (“que fez o primeiro disco de Cartola”) e Plínio Marcos estimularam o gosto do menino pelo samba.

Cesinha Pivetta admira os compositores Adoniran Barbosa, Batatinha e Paulinho da Viola. O primeiro pela crônica da vida popular; o baiano pela beleza e melancolia das melodias; e o carioca por sua integridade e respeito ao ofício. “Paulinho da Viola é um gênio, tem samba na veia. Ele é quase a mistura de Noel Rosa e Cartola, se isso fosse possível”, brinca. Gravado ao vivo, Nossa bandeira traz Waldir 59 como convidado especial.

três perguntas para...

Cesinha Pivetta
cantor e compositor

Como vai o samba em São Paulo?
Temos dezenas de comunidades: Sambas da Vela, da Feira e do Bule; Toca do Samba; Batalhão da Vagabundagem; e Pagode da 27, entre outras. Todas estão nas mídias sociais. Mais que roda de samba, o encontro de centenas de pessoas, sem vaidade ou bairrismo, reverencia mestres e incentiva novos compositores, essenciais para dar identidade à produção paulista.

Como você avalia esse movimento?
Ele faz com que fãs de outros gêneros se interessem pelo samba, além de aguçar os mais jovens a conhecer mais o assunto. São alternativas de lazer e cultura a baixo custo e com muitas opões. Você encontra partideiros e autores em cada esquina de São Paulo. Luiz Carlos Micharia, por exemplo, é morador de rua e um baita compositor.

Quem já tem disco e merece ser ouvido com atenção?
Guilherme Lacerda, Emerson Urso, Adriana Moreira, Flávia Oliveira, Fabiana Cozza e Pagode da 27. Essa nova geração está batalhando, suando a camisa. A rapaziada traz várias vertentes: do samba-canção, gênero hoje pouco ouvido, ao samba de terreiro. É legal cultivarem o partido-alto, o verso de improviso feito no momento. O Eugênio Gudin nos dá alicerce. Ele tem um bar e abre espaço para nós tocarmos.

    

Carlos Herculano Lopes - O pequeno David‏

O pequeno David
Carlos Herculano Lopes - carloslopes.mg@diariosassociados.com.br
Estado de Minas: 31/01/2014

Há poucos dias, numa viagem corrida, o homem e sua irmã, Laura, estiveram em São Paulo para visitar o pequeno David. Brasileirinho esperto, com pouco mais de um mês de vida, quase moreno e dono de lindos olhos castanhos escuros, vem a ser o primeiro filho dos sobrinhos Liza e Antônio. Este, paulistano da gema, tem velhas raízes fincadas em Minas, nas terras do Triângulo, de onde é a família da sua mãe.

No domingo pela manhã, dia de sol claro, com poucas nuvens no céu, saíram com o menino para uma volta pelas ruas de Higienópolis, bairro dos mais tradicionais da capital paulista, onde vivem, como o homem ficou sabendo, muitas famílias judias que ali se estabeleceram há anos. “Vamos tomar café num shopping aqui perto”, disse Ricardo, avô do David e que, com orgulho, ia empurrando o carrinho do neto.

Os olhos do garoto, como se descobrissem o mundo, do qual é um dos mais novos habitantes, passeavam curiosos observando tudo ao redor: as árvores centenárias, castanheiras, jacarandás, perobas e quaresmeiras que povoam as ruas do bairro; alguns casarões antigos, que ainda insistem em se manter de pé apesar da especulação imobiliária; e outras crianças que, como ele, eram levadas pelos seus.

Manhã das mais agradáveis, depois de vencer alguns quarteirões, que em São Paulo são chamados de quadras, finalmente chegaram ao shopping. O pequeno David, ainda não acostumado ao calor, a não ser o da sua mãe, que também participava do passeio junto com a vovó Adelaide e a tia Laura, estava suando. Pequenas gotas escorriam do seu rosto, que ia ficando rosado. Com certeza, devia estar com sede.

Numa mesa do Café Starbucks, lugar escolhido pelo Ricardo, que é cliente contumaz desde a mudança da família para o bairro, se estabeleceram. Ainda bem vazio àquela hora, pediram água mineral, pão de queijo e alguns bolos à menina do caixa, uma boliviana de nome Lizete. “Estou em São Paulo há sete anos, e sou de Cochabamba”, disse, ao ser perguntada de qual país tinha vindo. Junto a ela, outros dois atendentes: uma moça de origem chinesa e um rapaz nordestino, como perceberam pelo sotaque.

De repente, ao voltar à mesa, uma surpresa: bem próximo a eles, um tipo pequeno, usando chapéu de feltro, fazia anotações em uma caderneta. Ao olhá-lo com mais atenção, o homem não teve dúvidas, era o escritor Evandro Affonso Ferreira, amigo dos velhos tempos. Cumprimentaram-se, falaram da coincidência do encontro e ele, então, disse: “Foi aqui neste café, onde venho todos os dias, que praticamente escrevi meu último romance”. O livro em questão, vencedor do Prêmio Jabuti, é O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotherdam, cuja leitura, desde já, está recomendada.

Alguns minutos depois, novamente na companhia de Ricardo, Adelaide, Liza e da tia Laura, o homem observou que o pequeno David estava com os olhos fechados e, dono de toda a inocência do mundo, dormia profundamente no conforto do carrinho, bem ao lado da mãe. Naquele mesmo dia, no fim da tarde, ele e sua irmã, cada vez mais encantados com o sobrinho, voltaram para Belo Horizonte. 

Eduardo Almeida Reis-Angústia‏

Angústia
 
Cada grupo de camelos do grão-vizir transportava os títulos que começavam com uma das 32 letras do alfabeto persa


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 31/01/2014

A pauta do Estúdio-i era angústia. Na filosofia de Kierkegaard, sentimento de ameaça impreciso e indeterminado inerente à condição humana, pelo fato de que o homem, ao projetar incessantemente o futuro, se defronta com possibilidade de fracasso, sofrimento e, no limite, a morte. Inquietação, estado de ansiedade, inquietude, sofrimento, tormento. Maria Beltrão disse que se angustia com problemas que terá de resolver daqui a cinco meses. Flávia Oliveira contou que há cinco anos, na véspera do primeiro Estúdio-i, teve uma dor de cabeça lancinante, foi ao médico, explicou que estava preocupada com sua estreia na GloboNews, tomou analgésico fortíssimo e hoje tira de letra seus programas de tevê. Cidadão normalmente alegre e de bem com a vida, fumando o primeiro charutinho da tarde, custei a admitir que também me angustio. Mas sou honesto com os leitores e me lembrei de algumas passagens que talvez se enquadrem nos estados de ansiedade, de inquietação. Minha reação é das mais originais: fico torto. Vou dormir na véspera e amanheço torto para só desentortar na hora do compromisso agendado.

Foi assim no dia em que combinei encontrar moça lindíssima, divorciada, mãe de dois filhos, às seis da tarde na porta do seu banco, isto é, do banco em que comandava uma plataforma de open. Morando em Juiz de Fora, amanheci torto e torto cheguei à porta do banco, na Avenida Rio Branco, Centro do Rio de Janeiro, depois de parar o carro no Terminal-Garagem Menezes Côrtes. Mandona como ela só, a bela surgiu na hora marcada, deu-me o beijinho regulamentar, perguntou onde estava o carro e disparou para o estacionamento seguida pelo torto. Escolheu o restaurante (caro) em Botafogo e os pratos que comeríamos, mas fiz questão de escolher o vinho para não ir à falência. Hoje, madurona, a bela aposentada namora sujeito muito famoso, do rol das celebridades brasileiras, que deu para dizer palavrões horrorosos e falar de sexo chulo assim que bota uma gota de álcool na boca, o que faz todas as noites. Resumindo: vive um quadro de obscenidade senil. De outra feita, quando andei num aperto dos diabos, recebi telefonema do Alfredo acenando com emprego pago em dólares. No dinheiro de hoje, seguros R$ 20 mil (cash) por mês, sem carteiras assinadas e recibos. Atividade honesta: procurar terras no Brasil para um grupo europeu. Entortei na hora e cheguei ao Rio tortíssimo para conhecer o patrão que fumava uma caixa de charutos cubanos por dia. Fumava uns 10 ou 12 charutos e distribuía o resto pelos circunstantes. Aí, já viu, né? Ficamos amigos de infância. Trabalhei para ele uma porção de anos.


Companhias
Um ano inteiro longe de Belo Horizonte e ainda não encontrei um bombeiro-eletricista competente, um técnico em informática, um marceneiro inteligente e honesto. Sei que devem existir por aqui, mas ainda não tive a sorte de os encontrar. Fosse rico, teria trazido Lili, Igor e Jésus, a exemplo de Abdur Kassem Ismael, grão-vizir na Pérsia no final do século 10, que viajava levando sua biblioteca de 117 mil livros sobre 400 camelos, que formavam caravana de dois quilômetros de comprimento. Lili, Igor e Jésus poderiam vir de carro, de ônibus ou de avião, que os camelos são raros em Minas, a não ser por derivação, em sentido figurado: indivíduo pouco inteligente, estúpido ou ignorante. Cada grupo de camelos do grão-vizir transportava os títulos que começavam com uma das 32 letras do alfabeto persa. Li e escrevi sobre biblioteca parecida, sem bem que mais modesta: era transportada em 170 camelos pelo Norte da África. Pertencia a um soba (governante, chefe) africano. Procurei meu texto no Google e não encontrei, daí o exemplo do grão-vizir que tirei de um texto de Emir Simão Sader, que, sendo emir, pode ser descendente de Maomé. Toda hora lido com peças construídas pelo excelente marceneiro Jésus e me lembro do socorro informático que me foi prestado, durante séculos, por Lili e Igor. Bombeiro-eletricista não era problema: bastava telefonar para o Lúcio, que me mandava um técnico de sua imensa indústria de eletroeletrônicos.


Linkedin
É todo santo dia e são vários os convites que recebo para o Linkedin, o Orkut, o Facebook e outros. Não existe a menor, a mais remota possibilidade de o vetusto philosopho participar desses negócios ou do Twitter: tenho mais que fazer. O blog não está fora de cogitações, mas depende de patrocínio de diversas empresas, de tal forma que me ajude no leite das crianças e nos charutos. Não me agrada trabalhar de graça. Já passei da idade.


O mundo é uma bola
31 de janeiro de 1542: o espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca descobre as Cataratas do Iguaçu. O sobrenome Cabeza de Vaca data do século 12, quando Matin Alhaja auxiliou um ataque cristão sinalizando passagem secreta por meio de uma montanha com uma cabeça de vaca. Álvar nasceu em Jerez de la Frontera por volta de 1488 e foi a óbito em Sevilha por volta de 1560, depois de ter sido conquistador, soldado, alcoviteiro, escravo dos índios norte-americanos, comerciante, curandeiro, governador da província do Rio da Prata, prisioneiro de seu próprio povo e escritor. Hoje é o Dia do Engenheiro Ambiental.


Ruminanças
“A revolução é uma ideia que encontrou suas baionetas” (Napoleão Bonaparte, 1769-1821).

Estudo aponta que usar maconha aumenta as chances de ter filhos viciados

Herança perigosa 
 
Estudo feito com ratos sugere que consumir maconha aumenta as chances de alguém ter filhos com problemas de dependência química. Especialistas, contudo, ressaltam a importância de mais pesquisas 
 
Paloma Oliveto
Estado de Minas: 31/01/2014


Brasília – Os que defendem a legalização da maconha argumentam que se trata de liberdade individual. Mas um estudo recente, publicado na revista especializada Neuropsychopharmacology, mostra que o consumo da droga na adolescência está associado a uma probabilidade maior de os descendentes se tornarem dependentes de drogas. Os pesquisadores da Faculdade de Medicina Mount Sinai, de Nova York, encontraram essas evidências ao fazer um experimento com ratos. No entanto, a principal autora, Yasmin Hurd, professora de psiquiatria, farmacologia e química biológica, acredita que o resultado pode influenciar as políticas de liberação da cannabis.

Anteriormente, Yasmin havia constatado, também em camundongos, que a exposição precoce à maconha aumenta o risco de, na idade adulta, compensações químicas para satisfazer o cérebro serem buscadas com o uso de drogas mais pesadas. Agora, ela resolveu investigar se o consumo teria implicações para as gerações futuras, mesmo sem exposição direta à substância psicoativa.

“Estudos evidenciam que o uso de drogas, incluindo maconha, por parte dos pais, traz prejuízos aos filhos. Mas essas pesquisas levam em consideração o consumo durante a gestação e na época da concepção. Queríamos saber se o uso de drogas antes disso poderia trazer implicações negativas à descendência”, explica a pesquisadora. O resultado da pesquisa indicou que ratinhos cujos pais tiveram contato com a principal substância psicotrópica da maconha, o THC, durante a adolescência tinham mais riscos de exibir comportamentos compulsivos e de buscar a autoadministração de heroína.

Isso ocorre, explica Yasmin Hurd, por causa da epigenética. Esse conceito se refere a características transmitidas à geração seguinte sem que tenha havido uma modificação no DNA. Alguns estudos têm fornecido evidências de que o vício pode ser hereditário. Nesses casos, os pais, portadores de genes que os tornam mais propensos a serem dependentes, passam essas variantes aos filhos. A epigenética, diferentemente, está  associada à exposição ambiental.

Pesquisas com gêmeos, que têm DNA praticamente idêntico, mostram como as experiências exercem uma influência tão grande sobre o indivíduo quanto a sequência de genes. Substâncias como tabaco, álcool e outras drogas imprimem suas marcas no material genético do indivíduo. Sem provocar mutações – alterações na ordem das letras –, elas promovem mudanças químicas nas moléculas do DNA. Essas características adquiridas pelos genes podem ser transmitidas aos filhos.

No experimento do Mount Sinai, os pesquisadores expuseram ratos adolescentes a doses de THC. Quando os animais estavam adultos e já não tinham contato com a substância psicoativa, eles foram colocados para cruzar. Os fetos não foram expostos no útero, já que, na gestação, as fêmeas viviam em um ambiente livre de cannabis. Ao atingir a adolescência, os ratinhos demonstraram um comportamento típico de dependentes químicos.

Além de exibir alterações motoras associadas à compulsão, eles se esforçavam e se arriscavam mais que outros animais para  acessar uma infusão de heroína deixada no recinto pelos pesquisadores. Análises do sangue dos animais indicaram que eles tinham impressas nos genes alterações químicas que, no cérebro, estão associadas aos sistemas de recompensa, os mesmos implicados no vício. “Não tenho dúvidas de que evidenciamos que a cannabis afeta não apenas quem se expõe a ela, mas as futuras gerações também. Isso deveria ser considerado pelos legisladores que consideram legalizar o consumo da maconha.”

Segundo a Organização Mundial de Saúde, em todo o mundo, mais de 20 milhões de pessoas são dependentes da cannabis, sendo que seu consumo é particularmente alto (30%) entre indivíduos de 16 a 24 anos. “É a população mais suscetível aos efeitos danosos da maconha”, observa Yasmin. O principal ingrediente ativo, o THC, age no cérebro ao se ligar a receptores localizados nos neurônios. Essa união desencadeia uma série de reações químicas, regulando o metabolismo, a sensação de prazer, os processos cognitivos e a ingestão de alimentos. Quando o THC superestimula os receptores canabinoides, há uma redução das habilidades de memória, da motivação e, gradualmente, ocorre a dependência.

A confirmar Estudioso da relação entre epigenética e uso de drogas, o psiquiatra David Nielsen, do Bayler College of Medicine, na Inglaterra, diz que as pesquisas que investigam essa associação ainda estão muito embrionárias, o que requer um aprofundamento do resultado alcançado pelos colegas do Mount Sinai. “A epigenética evolui rapidamente. Mas o vício ainda é um campo órfão comparado a outras áreas de pesquisa, como a oncologia”, diz.

Uma revisão sistemática dos poucos estudos a respeito da epigenética e da dependência em ópio, álcool e cocaína, contudo, permitiu a Nielsen avaliar que alterações na expressão do gene influenciam as respostas iniciais e continuadas à droga, ao desenvolvimento da tolerância que leva ao vício, ao afastamento e ao relapso. “Aparentemente, as mudanças epigenéticas estão associadas ao vício mais em consequência da exposição direta à substância do que a uma predisposição biológica”, observa. Mas ele não descarta que essas alterações influenciem, futuramente, a descendência. “Pesquisas sobre mudanças na metilação do DNA provocadas pelo uso de drogas sugerem a possibilidade de a epigenética predispor um indivíduo a uma vulnerabilidade maior à dependência química.”

Para Thomas Kosten, também pesquisador do Bayler College of Medicine, estudos futuros terão de confirmar os resultados de Yasmin Hurd e verificar se a predisposição ao vício é passada para mais de uma geração. Mas ele diz que esse e outros trabalhos oferecem indícios fortes. “Ainda não temos uma associação causal definitiva entre o abuso de drogas e as mudanças epigenéticas, e as relações estatísticas estão apenas começando a ser replicadas. Contudo, todas as evidências mostram que a dependência e as mudanças epigenéticas não são apenas uma coincidência. Aparentemente, o efeito das drogas sobre a regulação dos genes ocorre em duas direções: a epigenética é um fator de risco, aumentando a predisposição, ao mesmo tempo em que o uso da droga provoca mudanças epigenéticas”, diz.

Venda legal

Em 1º de janeiro, a indústria da maconha recreativa abriu suas portas em oito cidades do estado americano do Colorado, até agora o único a legalizar a produção e o comércio do entorpecente. Até então, esses estabelecimentos só existiam na Holanda, país que permite a compra e a venda de cannabis, mas onde cultivá-la e processá-la são atos ilegais. Nos próximos meses, Washington se juntará ao Colorado. Em dezembro, o Senado uruguaio aprovou a produção e a venda da maconha para cidadãos cadastrados, mas a medida ainda não vigora. 

E nós, quando teremos nosso Mandela?‏ - Luiz Francisco Corrêa

E nós, quando teremos nosso Mandela?

Luiz Francisco Corrêa

Jornalista, diretor da Via Comunicação, membro do Conselho Curador da Fundação de Pesquisa e Ensino da Cirurgia (Fupec), diretor da Associação Palavra Bem Dita

Estado de Minas: 31/01/2014



Um novo ano sempre nos deixa revigorados, numa expectativa intensa sobre o que vem pela frente, sobretudo depois do Carnaval. Baseados em 2013 podemos fazer uma série de projeções para 2014. Com o pensamento crítico avaliamos algumas situações e almejamos novidades que interessem à população como um todo. Quais as transformações trará a política, neste ano muito movimentado, com as eleições para presidência do país? Quais os novos e execráveis escândalos de corrupção? Serão punidos os anteriores? As manifestações de junho voltarão? Teremos o nosso Mandela? Continuaremos a falar de biografias citando sempre as mesmas celebridades brasileiras que se acham divindades? O simpático papa Francisco continuará a fazer suas sábias críticas à Igreja Católica?

Ao vermos as ainda recentes reportagens sobre Mandela e sua trajetória na África do Sul, pensamos que as imagens são do Brasil, pois as semelhanças são muitas entre os dois países. Evidentemente, no nosso caso, sem o nosso Mandela. Os líderes políticos brasileiros, salvo poucas exceções, não são grandes idealistas, envolvidos na alma em eliminar de fato a pobreza no Brasil. Apenas fazem jogo de cena, mas, na verdade, eles querem mesmo é manter privilégios de grupos poderosos que desejam se perpetuar no poder. Muitos parecem sobreviventes de um mundo que já acabou, mas eles insistem para que não acabe. Dessa forma, passam-se anos, décadas, e, na essência, não muda quase nada. As exceções que surgem nessas lideranças, quando assumem o poder ficam deslumbradas e esquecem rapidamente as suas metas iniciais, os seus princípios éticos e até mesmo suas origens. É o famoso caso daquelas pessoas que são picadas pela mosca azul ou se preferir, caro leitor, elas lembram que quem nunca comeu melado quando come se lambuza. E como se lambuzam!

Ver o país por meio de jatos que percorrem o belo Brasil, ou caminhando pelas ruas elegantes das cidades brasileiras, tem-se uma ideia de um mundo de fato existente, sólido e crescente, com grandes marcas espalhadas por todos os lados e com o cheiro bom dos perfumes desse universo. Mas, ao chegarmos de avião em várias grandes cidades brasileiras, são muito visíveis as periferias imensas (impressionantemente imensas), feias, com os seus problemas de saneamento, pobreza, carências de todo tipo, e, consequentemente, violência. Aí, vamos sentir o cheiro incômodo da miséria humana. Será que teremos o nosso Mandela, com um olhar mais profundo sobre esse mundo pobre e vasto, claramente existente e, também, sólido e crescente? Quem se desgrudará da imagem produzida pelo marketing para sentir na essência os nossos abismos sociais, e trabalhar para grandes mudanças? As novas gerações, sobretudo as que têm mais acesso aos estudos, já perceberam as nossas reais necessidades.

E as biografias? Permanecerão na pauta em 2014? Muitos dos nossos famosos da música, não é preciso citar os seus nomes, pois você sabe perfeitamente de quem estamos falando, sentem-se acima do bem e do mal, lindos e inatingíveis. Muitas pessoas famosas costumam ser desagradáveis em suas relações mais íntimas. Quando não estão delirando com os aplausos que adoram, ficam fechadas em si mesmas, aguardando ansiosas pelo próximo palco. Desculpem-nos pelo exemplo, mas essas figuras, vão ao banheiro, tomam banho, morrem e viram cinzas como todos nós. O “não me toques” desses artistas, que cultuam tanto o sucesso, é uma tremenda chatice. Apostamos nas biografias não -autorizadas.

E o papa Francisco continuará a fazer as suas sábias críticas à Igreja Católica que ele dirige? Que o agradável papa continue no caminho de uma Igreja pastoral, principalmente em um país com tantas mazelas sociais como o Brasil. Vamos ficar atentos, pois o ano já está começando e passando rápido.

O divórcio à distância - Frederico Damato

O divórcio à distância 

Nova lei facilita a separação de casais brasileiros no exterior 
 
Frederico Damato
Advogado e sócio do escritório Amaral & Damato Advogados
Estado de Minas: 31/01/2014


Divorciar no Brasil tem se tornado um procedimento cada vez mais célere devido às várias alterações na Constituição Federal e também nas demais leis criadas para agilizar ainda mais o fim de uma união que um dia deu certo. Desde 2010, a dissolução do casamento pelo divórcio não exige mais o antigo requisito prévio de separação judicial, o que facilitou muito a situação para casais que pretendiam se desvincularem de vez. Agora, a dissolução de um casamento também passa a ser mais fácil para os brasileiros residentes no exterior. Isso porque a lei 12.874/13, aprovada em outubro do ano passado, acrescentou dois parágrafos ao artigo 18 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), permitindo que brasileiros se separem ou divorciem em consulados brasileiros.

Segundo essa nova lei, os brasileiros que residem no exterior poderão procurar o consulado brasileiro para lá realizarem a separação extrajudicial ou o divórcio. Para tanto, a separação ou o divórcio devem ser consensuais e não pode haver filhos menores e/ou incapazes. Com isso, dispensa-se a vinda pessoalmente do casal ao Brasil para realizar o divórcio, ou mesmo enviar ao país procuração a algum parente ou amigo para que faça o divórcio em seu nome. É possível a separação e divórcio de brasileiro casado com estrangeiro, desde que o casamento tenha ocorrido no Brasil, ou mesmo no exterior (nesse caso, deve ter sido realizado na presença de autoridades consulares brasileiras). Não é necessário que o casal more no exterior. A lei veio para facilitar, não para complicar. O divórcio pode ocorrer para aqueles casais separados de fato, em que um mora no Brasil e outro no exterior. O divórcio/separação é feito por escritura pública, o que confere muito mais agilidade ao procedimento. Mas atenção: a lei determina que é obrigatória a assistência de advogado inscrito na Ordem dos Advogados dos Brasil (OAB) para realizar o divórcio. Ou seja, o divórcio realizado no consulado tem a mesma validade que se fosse feito no Brasil. Contudo, é exigida a assistência do advogado apenas em relação ao documento encaminhado à autoridade consular. Sendo assim, a presença do profissional não é necessária quando o casal se dirigir pessoalmente até o consulado.

Mesmo com as facilidades acerca da realização do divórcio, o Instituto Brasileiros de Geografia e estatística (IBGE) divulgou dados revelando que, em 2012, houve uma redução no número de divórcios. Segundo esse levantamento, houve cerca de 340 mil divórcios concedidos em primeira instância e sem recursos ou por escrituras extrajudiciais, apresentando redução de 1,4% em relação a 2011. Assim, a taxa geral de divórcios (2,5 %) teve um pequeno declínio, mas manteve-se em patamar acima do observado antes da aprovação da Emenda Constitucional nº 66, em julho de 2010. Apesar da evolução das leis acerca do divórcio, percebe-se que o matrimônio não cai em desuso, como alguns pensam. Ainda de acordo com o IBGE, a taxa matrimonial apresentou crescimento de 1,4% em 2012, registrando mais de 1 milhão de casamentos.