sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

TeVê

TV paga


Estado de Minas: 10/01/2014



 (Dimension Films/Divulgação)

Saia já da água


Imagina um cardume de agressivas piranhas tomando conta das plácidas águas de um lago paradisíaco. Ou então um balneário onde foi construído um moderno parque aquático. Ou ainda a rede de esgoto de uma cidade, podendo chegar até sua casa. Pois esses são os riscos que correm o personagens dos filmes Piranha e Piranha 2 (foto), que serão exibidos em sequência hoje à noite, a partir das 20h30, no Telecine Action. Que medo!

Muitas alternativas para  quem curte bons filmes


Agora, se o assinante quer algo mais “cabeça”, a pedida é o Arte 1, que exibe, às 22h, Nem tudo é verdade, de Rogério Sganzerla, reconstituindo a visita de Orson Welles ao Brasil em 1942, para rodar o documentário It's all true. Na Cultura, também às 22h, nova chance para ver Tony Manero, do chileno Pablo Larraín. No mesmo horário, o assinante tem outras três opções: Além da estrada, no Canal Brasil; 10 anos de pura amizade, no Telecine Premium; e 500 dias com ela, no Telecine Touch. E ainda: No limite da loucura, às 21h, no Comedy Central; Evidências de um crime, às 21h15, no Viva; Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, às 22h30, na Fox; Hitman – Assassino 47, também às 22h30, no FX; e O melhor amigo da noiva, às 23h, no Universal Channel.

Cinema inspira debate  sobre relações de poder


Ainda com relação ao cinema, o programa Contraplano, às 22h, no SescTV, promove debates sobre vários temas introduzidos por filmes. Para hoje, o assunto é “relações de poder”. O cineasta Ugo Giorgetti e o psicanalista Tales Ab’Saber fazem seus comentários depois da exibição de trechos de Guantanamera (1995), de Tomás Gutierrez Alea e Juan Pablo Tabio; Notícias de uma guerra particular (1999), de João Moreira Salles e Katia Lund; Tropa de elite 2 – O inimigo agora é outro (2010), de José Padilha; e Trabalhar cansa (2011), de Juliana Rojas e Marcos Dutra.

Não tenha dúvida de que  você vai ser enganado

A curiosa série Truques da mente apresenta hoje, às 23h30, no NatGeo, o episódio “Engane-me se puder!”. A produção vai mostrar por que o ser humano mente, quantas vezes isso ocorre e o que ocorre no cérebro que permite à pessoa esticar a verdade. Jogos e experimentos vão ajudar a perceber um sorriso falso e por que é realmente mais fácil para o cérebro simplesmente dizer a mais pura verdade. Pode até ser que o assinante aprenda alguns truques para pegar um mentiroso.

O que tem de bacana  numa loja de penhores?


Nem tem tanta graça assim, mas vai que algum assinante gosta da franquia Trato feito... A série foi criada mostrando as negociações na tradicional loja de penhores Gold and Silver Pawn Shop, da família Harrison, muito conhecida em Las Vegas. Pois hoje o canal A&E vai realizar uma maratona com cinco episódios inéditos do programa, a partir das 21h.



CARAS & BOCAS » Samba no pé

Nayara Justino dança em frente a um telão em LED com grafismos em computação gráfica (Estevam Avellar/Globo)
Nayara Justino dança em frente a um telão em LED com grafismos em computação gráfica
Que ninguém pense que é fácil ser a mulata Globeleza. Nayara Justino, de 25 anos, assumiu o posto depois de votação do público, realizada pelo Fantástico semanas atrás. Além de manter uma rotina de alimentação balanceada, exercícios físicos e muita dança, ela encarou nada menos que 20 horas para maquiagem corporal e gravação da vinheta de carnaval da Globo. Seis especialistas em maquiagem artística trabalharam na caracterização da personagem a partir de um desenho criado pelo diretor de arte César Rocha. Ficou bacana.

Aline esfaqueia Ninho e  tenta fugir para a Europa

Sem dúvida, a personagem Aline, de Amor à vida, tem sido um dos destaques da trama. E ela não irá se intimidar nem mesmo quando for encurralada por Paloma (Paolla Oliveira), Lutero (Ary Fontoura) e Rebeca (Paula Braun). Nos próximos capítulos do folhetim, a vilã irá esfaquear Ninho (Juliano Cazarré) quando os dois estiverem fugindo para o Peru. Mas o hippie sobreviverá aos golpes e conseguirá dizer para Paloma que Aline pretende ir para a Bélgica. Ela consegue embarcar, mas, a partir daí, mais emoção no ar...

Confira os convidados de hoje do Sem censura
Um dos programas de entrevistas e debate há mais tempo no ar na TV brasileira, o Sem censura recebe nesta sexta-feira os músicos David Tygel e Maurício Maestro, do grupo Boca Livre. A jornalista Leda Nagle conversa ainda com a pesquisadora Bárbara Cobo sobre os jovens na faixa etária de 25 a 34 anos que ainda moram com os pais. Outro convidado da atração é o jornalista Aydano André Motta, que relembra as porta-bandeiras que se destacaram no carnaval carioca. Já a escritora Marina Colassanti fala sobre seu livro Hora de alimentar serpentes. Para completar a bancada, a artista plástica Regina Vater divulga sua exposição – Regina Vater: quatro ecologias, que mistura arte e tecnologia. O Sem censura é transmitido simultaneamente pela Rede Minas e TV Brasil (canal 65 UHF), a partir das 16h.

Rafinha terá que pegar  leve no Agora é tarde


O humorista Rafinha Bastos está cotado para assumir o talk show Agora é tarde, na Bandeirantes, no lugar do parceiro Danilo Gentili. Para quem não sabe ainda, Gentili trocou a Band pelo SBT. Já Rafinha, afastado do CQC por causa de uma piada de mau gosto em 2011, voltou à emissora no ano passado fazendo reportagens para o programa A liga. A ideia seria estrear o novo Agora é tarde em fevereiro. Se Rafinha não acertar salário e participação em merchandising, a alternativa seria Dani Calabresa.

Ator deixa a série True  blood para fazer cinema


Luke Grimes, o James de True blood, não fará mais parte do seriado de vampiros. De acordo com a imprensa norte-americana, o ator deixa a atração para interpretar o irmão de Christian Grey no filme Cinquenta tons de cinza. Não haveria tempo para ele participar dos dois projetos simultaneamente. Produção do canal HBO, True blood vai ao ar também no SBT/Alterosa, na madrugada de segunda-feira.

Viva a folia

O canal Viva (TV paga) anunciou ontem parte do esquema de transmissão do carnaval, numa parceria da Globosat com a Rede Globo. As jornalistas Mariane Salerno e Júlia Bandeira, colegas de trabalho em Profissão repórter e também no Ação, e Renata Simões, que já fez parte da equipe do Vídeo show, foram escaladas para integrar o time de repórteres do Viva folia e farão a cobertura especial dos desfiles do grupo de acesso de São Paulo (em 2 de março) e das campeãs paulistas (dia 7) e cariocas (dia 8). O carnavalesco carioca Max Lopes, que já foi da Mangueira, completa a equipe como comentarista.

VIVA
Baseado em contos de Graciliano Ramos, o especial Alexandre e outros heróis, dirigido por Luiz Fernando Carvalho e exibido pela Globo recentemente, já disponível na web.

VAIA
Triste o show de tragédias que alguns canais costumam promover nas primeiras horas da manhã. De acidentes de trânsito a esquartejamentos, é muita desgraça na telinha.

Homeland e Breaking bad chegam à TV aberta

Você decide
 
Depois de conquistar os canais pagos com dezenas de títulos, séries americanas de maior sucesso chegam à TV aberta. Homeland e Breaking bad estreiam terça-feira 


Mariana Peixoto
Estado de Minas: 10/01/2014


Mandy Patinkin, Claire Danes e Damien Lewis estrelam Homeland, que chega à TV aberta e tem nova temporada na paga (Globo/Divulgação  )
Mandy Patinkin, Claire Danes e Damien Lewis estrelam Homeland, que chega à TV aberta e tem nova temporada na paga


Filhos da anarquia, Como conheci sua mãe, Uma história de horror americana, O mentalista, Pessoa de interesse. Uma parcela do telespectador brasileiro tem passando suas noites, quando não as madrugadas, assistindo aos títulos acima. Essas séries, todas produções norte-americanas que fazem sucesso entre o público da TV paga, Netflix ou então dos downloads (ilegais e gratuitos), estão sendo exibidas nos canais de TV aberta. Na terça-feira, as rivais Globo e Record estreiam duas das séries mais comentadas dos últimos anos: Homeland e Breaking bad, respectivamente. Dubladas, mas pelo menos com os títulos originais.

Há décadas os então chamados enlatados têm seu espaço garantido na TV convencional – atire a primeira pedra quem nunca assistiu a Agente 86, Barrados no baile ou Jornada nas estrelas. No entanto, a produção destinada à televisão, salvo exceções, era mais voltada para comédias de situação e dramalhões novelescos repetitivos. Houve uma salto qualitativo nas séries, tanto que hoje o grande celeiro de talentos, outrora exclusivo do cinema, reside na televisão. Existe também outra razão para a TV convencional tentar diminuir o prejuízo.

Com a segmentação cada vez maior do produto audiovisual – e a possibilidade de o telespectador assistir em sequência, na versão original com legendas, sem os intervalos comerciais e no horário que escolher –, a migração do público para outros meios (ou telas) é enorme. Mesmo assim, o número de resistentes é grande. “Não fico procurando série, é ela que vem até a mim”, afirma a psicóloga Elisa Sousa. Também assinante de TV paga e Netflix, ela assistiu a Lost, Revenge e 24 horas na Globo. Está aguardando a estreia de Homeland, no mesmo canal. Ela assistiu às séries principalmente por causa da propaganda. “No caso de Revenge, principalmente. A propaganda contava uma história, era muito mais apelativa do que a de um canal fechado.” Lost e 24 horas ela assistiu durante o verão, na praia, e quando voltou para casa passou a acompanhá-las pelos canais pagos.

Uma questão que por vezes afugenta os telespectadores da TV aberta é o horário. O SBT/Alterosa, por exemplo, concentra boas produções, como Fringe e True blood, nas madrugadas. Homeland vai entrar no ar depois do Jornal da Globo, ou seja, entre meia-noite e 1h. “Foi por isso que desisti de assistir a Revenge, pois ia ao ar só depois do Fantástico”, comenta Glauber Silva Teixeira, funcionário de uma locadora de carros, que vai terminar de assistir ao segundo ano com DVDs. “Acho que os canais perdem muito ao transmitir as séries de madrugada”, comenta o estudante Manuel da Costa Simões, que sofre para acompanhar as produções na TV aberta. “Às vezes, as séries não são dubladas direito, e isso incomoda um pouco”, acrescenta ele, que, apesar disso, já reservou a próxima semana para assistir às tramas de Homeland e Breaking bad.

Mas há quem não se importe com a dublagem. A enfermeira Glausse Tavares se divide entre TV aberta e fechada. “Não faz diferença, até que gosto. Tanto que assisto às séries mais pela TV aberta.” E o blogueiro Luide de Matos Júnior só abandonou a telinha quando passou a ter banda larga. “Não acredito que seja um problema, quem reclama de dublagem são as pessoas que não assistem às séries dubladas. Tem quem goste. Sou totalmente a favor de dublar, e se a pessoa se interessar mesmo pela série ela pode buscar a versão original”, diz.

Atores pouco conhecidos do público, Bryan Cranston e Aaron Paul alcançaram o estrelato graças a Breaking bad   (Sony/Divulgação)
Atores pouco conhecidos do público, Bryan Cranston e Aaron Paul alcançaram o estrelato graças a Breaking bad


A favorita de Obama

Barack Obama não perde um capítulo de Homeland. O presidente dos Estados Unidos, nos momentos de lazer, acompanha os dramas da oficial de operações da CIA Carrie Mathison e do fuzileiro Nicholas Brody, cuja história pessoal se mistura com a política externa dos EUA e atos de terrorismo. Brody, prisioneiro de guerra da Al-Qaeda, passou para o lado inimigo e representa um risco para a segurança nacional? É o que Carrie crê – e no início da narrativa muitos a acusam de insanidade por isso. Só que não existe preto no branco na narrativa (esse é um dos seus méritos), inspirada na atração israelense Hatufim.

Nas duas primeiras temporadas, que a Globo exibe a partir da próxima semana, o mal encarnado é Abu Nazir, terrorista de origem paquistanesa que teria cooptado Brody. Há anos ele está na lista dos mais procurados. Nos EUA, a terceira temporada de Homeland terminou em meados de dezembro. É este terceiro ano que o canal pago FX exibe a partir deste domingo, às 23h, em versão dublada. Ainda que os protagonistas sejam os mesmos, o inimigo é outro: o Irã e a ameaça nuclear que o país representa.

Para aqueles que já assistiram aos dois primeiros anos da série, vale dizer, sem entregar muito, que o terceiro ano só engata a partir do quarto episódio (os três anteriores são quase soporíferos) e que o final é dramático. O quarto ano, que só começa em setembro na TV americana, vai representar um novo começo para os personagens. Terá ainda, se seguir a narrativa do último episódio, um novo cenário: o Líbano, atualíssimo para a trama da série.

É nesse país, por sinal, que a personagem de Carrie aparece na primeira cena do livro Homeland – como tudo começou, de Andrew Kaplan, que a Editora Intrínseca lança nas livrarias também na próxima semana. Ex-correspondente de guerra – também serviu no Exército, tanto no americano quanto no israelense, quando combateu na Guerra dos Seis Dias, em 1967 – o autor é hoje especialista em romances de espionagem.

O livro apresenta os personagens antes dos acontecimentos da série. O ano é 2006, e Carrie consegue, por pouco, escapar de uma emboscada em Beirute. Informada de um ataque terrorista iminente nos EUA, é enviada de volta a Langley (seda da CIA), na Virgínia. Só que, impedida de investigar o ataque, Carrie começa uma investigação independente. Ou seja, algo muito semelhante ao que ocorre com a personagem de Claire Danes na televisão. Quem ainda não viu, verá.

Na TV aberta

Band
    Justiça implacável (True justice), terças, 22h30; Uma história de horror americana (American horror story – foto), terças, 23h30; Filhos da anarquia (Sons of anarchy), quartas, 23h30; Como conheci sua mãe (How I met your mother), quintas, 21h30; e The walking dead, quintas, 22h30

Homeland e Breaking bad estreiam terça-feira (Sony/Divulgação)
Homeland e Breaking bad estreiam terça-feira


Globo
    Homeland – Segurança nacional estreia terça, depois do Jornal da Globo (entre 0h30 e 1h)

Record
    Breaking bad estreia terça, às 23h15

SBT/Alterosa
    Novos episódios das séries Pessoa de interesse (Person of interest, primeira temporada, quartas, 3h); Supernatural (sexta temporada, sextas, 3h); Crimes graves (Major crimes, primeira temporada, domingos, 2h); True blood (quinta temporada, domingos, 1h)

DO PARÁ » Na levada da guitarra Eduardo Tristão Girão

Estado de Minas: 10/01/2014 


Mestre Solano garante que sua música é variada, alegre e não deixa ninguém parado     (Thiago Araújo/Divulgação)
Mestre Solano garante que sua música é variada, alegre e não deixa ninguém parado

Aos 72 anos e prestes a completar nada menos que seis décadas de carreira, o paraense Mestre Solano quer tocar em Belo Horizonte. “Nunca estive em Minas”, revela o músico, um dos ícones da guitarrada, gênero musical que combina elementos amazônicos e caribenhos, característico do Pará. Com disco recém-lançado (o 17º de sua carreira), O som da Amazônia, ele se orgulha de estar viajando para poder levar essa sonoridade peculiar a outros públicos e agradece pela saúde e disposição que tem.

“Graças a Deus ainda tenho agilidade para fazer esses solos todos na guitarra. Nunca bebi e nunca fumei”, conta Solano. Ele é o autor da maioria das 13 faixas do novo trabalho (que tem só duas cantadas), tendo dividido a produção e os arranjos com outro veterano, Manoel Cordeiro, que lançou nomes como Beto Barbosa e banda Warilou e é apontado como um dos introdutores da lambada no Pará. Já a direção artística ficou a cargo de outra conterrânea de destaque, a cantora e compositora Aíla.

Solano é responsável pela guitarra principal em sua banda, desenvolvendo os temas e fazendo os solos. Procura não ficar restrito ao mesmo ritmo, o que, na sua opinião, ocorre com frequência entre os que gravam discos de guitarras. “Muito disco por aí parece ter uma música só do início até o fim. Meu trabalho é diferenciado. Mudo as levadas, os andamentos, os arranjos. Se não fizer assim, fica tudo muito parecido”, afirma.

Em seus discos anteriores, Solano costuma misturar outros estilos musicais (brega, bolero, lambada, samba), mas no atual ele optou por se focar essencialmente na guitarrada. O artista acredita que o dançante gênero paraense está “invadindo o Brasil”: “Jornalistas de muitos estados têm feito entrevista comigo. A guitarrada é uma música contagiante, alegre, animada. Ela nasceu aqui no Pará e, me desculpem os colegas de outros estados, mas esse jeito que eu toco é algo daqui mesmo”.

A tiragem inicial de mil cópias do disco, patrocinada pelo projeto Natura Musical, já está esgotada e Solano já providenciou outra igual (por sua conta) para levar nos shows que fará a partir do mês que vem na cidade paraense de Abaetetuba (onde nasceu), em Fortaleza e São Paulo. Ano passado, ele tocou em Buenos Aires, na Argentina, ampliando sua lista de países estrangeiros onde já tocou, que inclui Guiana Francesa, Panamá, Suriname e Venezuela.

Banjo

O artista conta que não teve professor de música. O pai era carpinteiro e gostava de tocar violão e banjo. “Ele achava que músico não tinha futuro. Quando ele saía para trabalhar eu pegava o banjo. Fui batalhando sozinho e, quando me viu tocando, fez um pequeno para mim, chamado bandurra. Foi um dom que Deus me deu e, depois, muitas pessoas aprenderam comigo. O Chimbinha, do Calypso, por exemplo, tocou comigo quando veio do interior”, lembra.

Hoje atuando de forma independente, Solano, que foi membro de bandas como Jazz Tupi e Jazz Aabeté, já foi artista contratado das gravadoras Atração, RGE e Inter CD. “Já estou há um bom tempo sem gravadora. A pirataria acabou com elas e desempregou os músicos. Antes, eram elas que vinham até a gente para assinar contrato. Pagavam o que eu pedia na hora e ainda tinha participação nos lucros”, lamenta.

Entretanto, tristeza mesmo ele só sente quando se lembra da primeira guitarra que teve, um instrumento cheio de história e que representa o quão próximo ele está do povo por conta da música que faz. Convidado para tocar com seu conjunto numa penitenciária paraense, décadas atrás, ele conheceu um preso que era bom marceneiro (“autor de um crime horrível”, recorda) e que se ofereceu para construir um instrumento melhor do que o que usava. De cor vinho e com detalhe preto, foi vendida não se lembra para quem.

Eduardo Almeida Reis - De mal a pior‏

De mal a pior

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 10/01/2014




Noticiário e depoimentos nos dão conta de que no Piscinão de Ramos, quando não roubam, falsificam, o que é uma forma de roubar. E-mail de experiente jornalista, meu companheiro de trabalho noutras jornadas, conta o seguinte: “Em cima da hora de fazer um trabalho profissional para a revista que dirijo, troquei as quatro pilhas AA da câmara. Tive todo tipo de problema que você possa imaginar. Estive a ponto de mandar a Canon para revisão em São Paulo até descobrir que as pilhas novas eram falsas. E eram Panasonic”. Em Belô, tive problema idêntico no telefone sem fio Panasonic, o tal que só faltava falar. Comprei vários no Sam’s Club de Contagem e os distribuí pelos parentes. Quando a pilha original pifou, comprei outra Panasonic, que durou pouquíssimo. Aí o japonês da loja de baterias, próxima do jornal, me disse: “Leva esta, que é boa. A Panasonic é falsa”. Pois é: a boa, sem marca, resistiu bravamente às recargas durante largo período. Só agora o idoso telefone pifou: torrou a área responsável pelas recargas. A exemplo do casamento na fase da paixão, foi ótimo enquanto durou.

Hibiscus

Ainda uma vez o leitor pode acreditar no philosopho: de quiabos e estradas entendo à beça e à bessa. Plantei quiabo (Hibiscus esculentus) quando o quilo valia 18 no dinheiro da época. Colhi o quiabo quando o pregado, uma caixa de 40 quilos, valia os mesmíssimos 18. Passei semanas comendo quiabo nas três refeições do dia, além das toneladas que jogava fora. Antes, no estado norte-americano de Louisiana, encarei uma gumbo, sopa feita com okra, nome do quiabo por lá. Tenho milhares de quilômetros rodados em estradas asfaltadas ou de terra. Não digo milhões, mas muitos milhares. Por isso, afirmo: a BR-040 está um quiabo. Não digo que aquilo seja estrada; antes disso, é um crime sem acostamentos, quatro pistas sem muretas ou espaços divisórios, em que os carros da pista esquerda se cruzam com os que vêm de lá a 80, 100, 120 km/h. Encarei outro dia 600 quilômetros de BR-040 em dia de chuva. Na maioria dos trechos o asfalto brilha que nem vidro e escorrega feito quiabo. Carro ótimo, motorista experiente e um philosopho apavorado no banco do carona. Conheço aquele asfalto brilhoso há mais de meio século e sei que é um sabão, como também sei que nossas estradas andam infestadas de barbeiros, muitos deles transitando sobre pneus acômicos. E acomia, sabe o leitor, significa falta de cabelos, careca. Por mal dos pecados, o motorista contratado tem boa memória e viaja citando os nomes e as profissões das pessoas que morreram nos trechos percorridos. Vidros fechados e ar-refrigerado ligado para evitar o embaçamento do para-brisa, como se uma embaçadela pudesse agravar a neblina espessa em largos trechos da aventura. Resumindo: cuidado com a “estrada” que liga Juiz de Fora e Belo Horizonte, e vice-versa ao contrário.

Inveja
Invejo os ficcionistas que se lembram dos textos de seus romances e da forma como foram escritos. Noite dessas apareceu na tevê um escritor e jornalista contando que seu romance levou 18 anos para ficar pronto, período em que publicou seis outros romances, além de trabalhar em jornalismo. É muita memória numa só cabeça, aliás desprovida de pelos. Contou dos diversos personagens do seu romance, cada um descrevendo determinado período, presente ou passado, bem como aqueles que previam os acontecimentos que se confirmaram ou não. É muita memória. Fiquei humilhado, desliguei a tevê e fui dormir. Até hoje publiquei dois pequenos romances, cada um orçando pelas 70 mil palavras, e não me lembro de nada que escrevi. Saíram de um jato, coisa de 15 dias em que escrevi horas a fio, são articulados, gosto deles e houve leitores que os curtiram. Ainda no final do ano passado, um médico me disse que gostou muito e sua mãe adorou, morrendo de rir. Excelente senhora que curte as tolices compostas por um philosopho, romance referto de cenas picantes, picantíssimas, de arrepiar os pelos das cabeças daqueles que os têm. E o melhor da história é que o autor não se lembra de nada. Preciso reler meu romance com uma caneta, pois foi escrito há três ou quatro anos e o autor, ao reler sua obra, é danado para modificar palavras e frases compostas aqui e acolá.

O mundo é uma bola

10 de janeiro de 49 a.C., Júlio César atravessa o Rubicão, na verdade um riacho, iniciando a guerra civil que opôs suas forças às de Pompeu. A Wikipédia informa que foi neste dia que ele pronunciou a famosa frase: alea jacta est (a sorte está lançada). Claro que o leitor de Tiro e Queda não se conforma com essa cultura wikipédica, porque leu em Plutarco que Cesar pronunciou em grego “Lance-se o dado”, frase do comediógrafo Menandro (342-291 a.C.). Em 1403, Jean de Bettencourt (1362–1425) recebe dos reis da Espanha o senhorio das Ilhas Canárias, passando a se intitular rei. Em 1393, Bettencourt casou-se com Jeanne de Fayel, que se queixava do mau tratamento que recebia do marido. Não tiveram filhos, mas o magano fez vários filhos fora do casamento.

Ruminanças


“Não há nada errado com o Congresso em Washington, a não ser o pessoal que lá está” (Booth Tarkington, 1869–1946).

Tecnologia e pesquisa em prol da saúde‏

Tecnologia e pesquisa em prol da saúde Equipamento criado na Universidade Federal de Viçosa permite enviar dados de um paciente via corrente elétrica. Outra iniciativa mineira cria bancos de dados voltados para clientes de planos de saúde e programas de governo, como o Mães de Minas 
 
Daniel Camargos
Estado de Minas: 10/01/2014


Sistema criado na UFV permite que o médico mande um eletrocardiograma para um centro médico maior ou   mais bem equipado usando energia elétrica, sendo uma alternativa de comunicação mais barata (Leonardo Bonatto/divulgação    )
Sistema criado na UFV permite que o médico mande um eletrocardiograma para um centro médico maior ou mais bem equipado usando energia elétrica, sendo uma alternativa de comunicação mais barata


Uma resolução do Conselho Federal de Medicina impede a realização do diagnóstico remoto, sem a presença de um médico. Porém, a tecnologia proporciona exames, procedimentos e estudos que possibilitam que o profissional tenha acesso aos dados dos pacientes sem precisar se deslocar até lugares distantes. Em Viçosa, na Zona da Mata mineira, pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar de Análise de Sinais da Universidade Federal de Viçosa (UFV) finalizam a criação de um aparelho que permite enviar dados de um eletrocardiograma pela corrente elétrica. "A palavra é capilaridade. A vantagem é que vamos usar a própria rede elétrica e posso chegar aonde a internet não chegou", avalia o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFV Leonardo Bonato. A corrente elétrica está presente em 98% das localidades brasileiras e, mesmo com a internet, continua sendo a alternativa de comunicação mais democrática.

Bonato desenvolve, em parceria com alunos, o equipamento chamado Power Line Comunication, que possibilita a transmissão dos resultados de eletrocardiogramas pela rede elétrica. O professor compara a rede elétrica com o ar para transmissão de ondas eletromagnéticas. "Pegamos o aparelho de eletrocardiograma, aplicamos nele algumas manipulações eletrônicas para o processamento de sinal, modulamos as altas frequências e passamos o sinal para a rede elétrica", detalha o professor. Para o sinal ser captado foi montado um decodificador. Segundo Bonato, o projeto está sendo desenvolvido para o mercado e se houver interesse pode ser comercializado. Alguns estudantes já passaram pelo projeto, que é acompanhado, atualmente, pela mestranda Joyce Olivia Galo.

Se a internet não abrange todos os rincões do país, é essencial para ajudar em diagnósticos. Várias pesquisas apontam a importância da rede mundial de computadores como uma ferramenta de auxílio para a saúde populacional. Estudo realizado no Center for Studying Health System Change (HSC) provou que 58% dos adultos americanos procuraram por informações médicas na internet. Cerca de 60% deles consideram que o que descobriram afetou a forma como cuidam de sua saúde e aprenderam a tratar corretamente alguma enfermidade. Outra pesquisa, essa do Manhattan Research, registrou que o cidadão dos Estados Unidos procura esses dados em média três vezes por mês.

O médico Leonardo Florêncio, CEO da ePrimeCare, aposta no conhecimento a distância e, para isso, desenvolve bancos de dados com consumidores de planos de saúde e programas de governo, entre eles o programa Mães de Minas, que promove ações de educação em saúde para gestantes e mães de bebês na primeira infância. Por meio de um site, distribuição de folders e publicação de conteúdo educativo em jornais, revistas e TV, a iniciativa orienta essas mulheres sobre o autocuidado.



CONTEÚDO DE PREVENÇÃO No site estão disponíveis várias opções de conteúdo, como dicas de médicos ginecologistas, pediatras, clínicos gerais e enfermeiras. A gestante ou mãe pode interagir com outras mães e profissionais de saúde por meio da rede social do Mães de Minas. Na rede, é possível compartilhar, curtir e comentar notícias, imagens de ecografias, fotos do bebê, além de participar de fóruns de discussão com grupos temáticos: etapas da gravidez, amamentação, cuidados com o bebê. Esse tipo de iniciativa é interessante, mas está restrito a quem acessa computador.

"A população não é orientada sobre medidas de prevenção e cuidados. É muito difícil esperar que a pessoa saiba o que ela precisa fazer sendo leiga", acrescenta Leonardo Florêncio. Para o médico, o serviço de saúde (governo ou plano privado) deve assumir o papel de coordenador da saúde da população. Nos últimos anos, o setor privado passou a gastar muito dinheiro com o cuidado com a saúde e há mais de uma década já estão em discussão maneiras de implementar o cuidado proativo. Uma das maneiras, segundo Florêncio, é fazer análise de bancos de dados epidemiológicos e, dessa maneira, entender os riscos de um determinado grupo de pessoas.

CONTato virtual O passo seguinte, segundo Florêncio, é chegar até essa pessoa. "Enviamos e-mails e mensagens de texto no celular. Existem vários tipos de mensagens que podem ser encaminhadas e quando a pessoa recebe cria um gatilho, que é diferente de ver uma propaganda na televisão", compara Florêncio. "A pessoa recebe e pensa: ‘legal a preocupação’". Com isso, entende Florêncio, há grande chance de um exame ser feito.

Depois dessa primeira abordagem, a empresa manda outras mensagens oferecendo um web site com informações sobre a doença. "Uma plataforma persuasiva, com conteúdo multimídia, vídeos, infográficos e artigos que explicam sobre os riscos de não fazer o exame", detalha.

Há ainda uma rede social criada para as pessoas postarem dúvidas. "Médicos, enfermeiros e nutricionistas acompanham e dão explicações", afirma Florêncio, que ressalta que não é uma consulta remota, modalidade proibida pelo Conselho Federal de Medicina, e o suporte não tem custo para o cliente. "Quem paga para ele é a instituição", explica. O sistema começou a ser feito recentemente e, segundo o executivo, ainda não é possível mensurar os resultados.

Mesmo sem dados em mãos, Florêncio tem grande expectativa. "Conseguimos até mesmo prevenir epidemias com sistemas de infovigilância nas redes sociais", afirma. "Tem-se discutido o assunto conceitualmente. Existem iniciativas isoladas, mas o paradigma atual é de não participação do Big Data para o contexto de soluções em saúde", lamenta Florêncio. De acordo com o médico, a tecnologia não substitui os profissionais, mas ajuda muito no gerenciamento das ações. "Ela proporciona um benefício de apoio e gera mais conhecimento para auxiliar médicos e organizações nas tomadas de decisão", explica.

O que diz a lei
O Código de Ética Médica prevê:

Capítulo V - Relação pacientes e familiares

É vedado ao médico:

Artigo 37 - Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em caso de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente após cessar o impedimento.

Capítulo XIII - Publicidade médica

É vedado ao médico:

Artigo 114 - Consultar, diagnosticar e prescrever por qualquer meio de comunicação de massa