domingo, 14 de dezembro de 2014

Magistratura - Eduardo Almeida Reis

 Luciana observou que o referido cavalheiro podia ser juiz, mas não era Deus. Processada (!), foi condenada ao pagamento de multa de R$ 5 mil


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 14/12/2014


Episódio ocorrido no trânsito carioca explica o Brasil melhor que mil livros. Luciana Tamborini, agente de trânsito, numa blitz parou um carro sem placa e sem documentos, dirigido por um senhor sem carteira de habilitação, que se identificou como João Carlos de Souza Correia, juiz de direito, e queria receber tratamento diferenciado dos agentes de blitz. Luciana observou que o referido cavalheiro podia ser juiz, mas não era Deus.

Processada (!), foi condenada ao pagamento de multa de R$ 5 mil. O relator, desembargador José Carlos Paes, considerou que a servidora pública agiu com abuso de poder ao dizer que o magistrado “era juiz, mas não era Deus”. A sentença é do final de 2014, mas a blitz ocorreu em 2011. Nesse meio tempo, o juiz João Carlos de Souza Correia foi parado noutra blitz, recusou-se a fazer o teste do bafômetro, pagou multa de quase 2 mil reais e foi proibido de dirigir durante 12 meses.

O juiz Correia e o desembargador Paes explicam, sem justificar, tudo de ruim que se vê por aí. E são brasileiros que têm, ou devem ter, instrução acima da média alta. Vale notar que nesses três anos o processo começou com um juiz e foi relatado por um desembargador para emporcalhar a magistratura fluminense, que tem gente boa e competente, mas tem cada um que vou te contar. O Brasil é isso. Basta ouvir os entrevistados pelas tevês nas ruas de nossas cidades para entender nossa política e os resultados da maioria das eleições. Fazer o quê? Se o leitor souber, me diga, por favor.

Iconoclastia

Duvido que alguém possa explicar a iconoclastia do brasileiro sempre disposto a atacar crenças, pessoas ou instituições veneradas, como fez com o músico, poeta, dramaturgo e escritor Chico Buarque, quando declarou que apoiava e votaria na senhora Rousseff.

Declaração que só fez confirmar a sua retidão de caráter e o acendrado amor que tem por sua família, virtude primeira dos homens de bem. Ao apoiar o lulopetismo, Francisco Buarque de Hollanda não fez mais que agradecer o carinho que as administrações Lula & Rousseff demonstraram pelos seus. Que outro governo, dos quase 200 países reconhecidos pela ONU, nomearia ministra da Cultura a cantora e compositora Ana Maria Buarque de Hollanda? Aquela das perninhas brancas e finas, que encantou nossos irmãos indígenas pelo quarup?

Na cerimônia intertribal, de cunho religioso e social, ligada ao mito do herói Mavotsinim, em que os povos indígenas xinguanos celebram os mortos, não havia olhos senão para as perninhas lácteas, esgalgas, da ministra quase sessentona. Releva notar que a brilhante ministra é irmã do genial Chico.

Que outro governo, dos quase 200 países reconhecidos pela ONU, contrataria o senhor Carlinhos Brown para estrelar a cerimônia de encerramento de uma Copa mundial de futebol assistida por bilhões de telespectadores em toda a Terra? Se a cerimônia foi um pavor, coisa de país do quinto mundo, a culpa não foi do senhor Brown, mas dos organizadores daquele espetáculo abjeto.

Pois muito bem: ainda que já não seja, o senhor Brown foi genro do senhor Chico. Divórcios cordiais são muitíssimo naturais e é compreensível que o ex-sogro tenha pelo senhor Brown o maior carinho, assim como pelo governo Rousseff imorredoura gratidão pelo que tem feito por sua família.

Cenas

Doze meses sem reajustes dos preços da gasolina pouparam o telespectador brasileiro das cenas constrangedoras, que se repetem sempre que a gasolina é reajustada: imensas filas nos postos pouco antes da alteração nos preços. Todas as televisões mostram as cenas, que são de matar de vergonha os telespectadores pensantes. Brasileiros e brasileiras com os seus automóveis enfileirados, ligando e desligando os motores até chegar à bomba do posto para economizar 5 reais gastando mais que isso no liga/desliga, sem falar do tempo perdido.

No aumento de novembro, muitos postos acrescentaram 10 centavos ao preço do litro de gasolina. Admitindo-se que o tanque do automóvel do brasileiro “econômico” seja de 60 litros e tenha, ao entrar na fila, capacidade para receber 55 litros, o sujeito perde horas e gasta gasolina para “economizar” 55 x 10 centavos, isto é, R$ 5,50. Mesmo nos postos que acrescentaram 20 centavos, a economia idiota foi de R$ 11. Só a pau!


O mundo é uma bola


14 de dezembro de 1655: fundação em São Paulo da cidade de Jundiaí, antiga à beça e não é histórica. Em 1911, a equipe de Roald Engelbregt Gravning Amundsen alcança o Polo Sul pela primeira vez. Aposto que você não sabia o nome completo do explorador norueguês. Em 1918, as mulheres britânicas votam pela primeira vez em eleições gerais e podem candidatar-se às funções públicas. Tiveram rainhas supimpas e Margaret Thatcher, ao contrário de certos países dirigidos pelas Rosemarys Noronhas.

Em 1962, a sonda espacial Mariner 2 chega a 35 mil quilômetros do planeta Vênus. Em 2001: a Unesco inclui a região vinhateira do Rio Douro na lista dos locais que são Patrimônio da Humanidade. Já entornei uma garrafa do tinto Barca Velha e assino de cruz a decisão da Unesco. Hoje é o Dia do Ministério Público e do Engenheiro de Pesca.

Ruminanças


“Minha mãe nasceu analfabeta” (Luiz Inácio Lula da Silva).

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