sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Científicas - Eduardo Almeida Reis

"Tive a nítida impressão de levitar, cena testemunhada por uma porção de pessoas às quatro horas de uma tarde de domingo, em casa de parentes"


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 17/10/2014



Por enquanto, a telepatia estava limitada à parapsicologia: comunicação direta e a distância entre duas mentes, ou conhecimento, por alguém, dos processos mentais de outrem, além dos limites da percepção ordinária. Agora, a neurociência ameaça confirmar o processo telepático.
Acredito em parapsicologia porque já levitei. Não estava bêbado e pesava cerca de 130kg. Sentei-me numa mesa de jacarandá maciço, também muito pesada, e quatro senhoras, orientadas por uma delas, que andava estudando o assunto, disseram: “Levanta, Eduardo”. Tive a nítida impressão de levitar, cena testemunhada por uma porção de pessoas às quatro horas de uma tarde de domingo, em casa de parentes meus.

Dir-se-á que fui sugestionado. É, bebé? Tanto levitei com a mesa, que um dos pés de jacarandá maciço, de bons 20cm de diâmetro, quebrou durante a “aterrissagem”. E todos nós – peço ao leitor que confirme – já vivemos episódios em que reencontramos algumas pessoas, depois de pensar nelas, que só podem ser precognição, percepção extrassensorial. Normalmente, dizemos que foi coincidência, mas é muita sincronia para ser aceita como tal.

As experiências neurocientíficas sobre transmissão de pensamento foram mostradas num programa da GloboNews por um cientista de nome complicado, que apresenta quadro rápido num telejornal vespertino. Difícil de entender e de explicar, a experiência foi mostrada aos telespectadores. Amanhã ou depois vamos saber mais sobre o assunto. Por enquanto, tive a prova da quebra do pé de jacarandá maciço.

Símbolos
Obrou muito mal o engenheiro Paulo Roberto Costa, o Paulinho do Lula, ao incluir na lista dos beneficiários da ladroeira da Petrobras os nomes ilustres de brasileiros que são símbolos da pátria, talqualmente a Bandeira, o Hino, as Armas Nacionais. Mais que um político, o jornalista Edson Lobão é um símbolo nacional. Formado em direito, trabalhou em jornais e revistas, e chefiou o departamento de jornalismo da Rede Globo no Distrito Federal, antes de se destacar como senador, governador do Maranhão e ministro de Estado. Um maranhense com a sua trajetória paira acima do bem e do mal, é inimputável, símbolo do que há de mais elevado e representativo no Piscinão de Ramos.

O vocábulo delator me parece pouco simpático. Por isso, prefiro dizer que o engenheiro Paulinho do Lula é o relator, aquele que relata, que narra o assalto aos cofres públicos organizado não por mim nem pelo leitor do Estado de Minas, mas pelo Partido dos Trabalhadores. Ao relatar, deveria poupar nossos símbolos e os brasileiros mortos, que não se podem defender dos crimes de que são acusados pelo engenheiro. Neste país grande e bobo, todo morto vira saudoso: o saudoso Lampião, o saudoso Antônio Conselheiro, o saudoso Bandido da Luz Vermelha.

É muito de desejar que a Polícia Federal tenha condições de proteger o Paulinho do Lula. Por muito menos, o prefeito Celso Daniel foi retirado de um carro blindado (!), torturado e morto. Ocupando os mais altos cargos públicos, seus assassinos continuam circulando por aí.

Textos
A ideia da Editora Contexto foi boa, mas a incumbência é complicada: livros escritos por brasileiros sobre os povos dos países em que viveram: Estados Unidos, Argentina, Índia, Japão, Irã, Portugal... Mesmo Portugal, com seus 10,5 milhões de habitantes, não deve ser fácil de padronizar. Que dizer de uma Índia, uma China ou mesmo dos Estados Unidos, que andavam em 2012 pelos 314 milhões de habitantes?

Deles todos, o japonês talvez seja o povo mais fácil de resumir num livro: são 128 milhões com certas manias incomuns no planeta, como conservar as ruas limpas e respeitar os mais velhos. No Brasil, país que o leitor conhece bem, limpeza de rua é problema dos outros e os velhos só interessam quando têm dinheiro para ajudar a família. Não precisam ter muito dinheiro: qualquer trocadinho ajuda.

Por fim, a ideia da Contexto esbarra nos textos dos autores convidados, que podem ser interessantes e divertidos, como podem ser chatos, enrolados, confusos.

O mundo é uma bola
17 de outubro de 1769: decreto português estipula penas para os atravessadores de vinho. Na falta de informações sobre o decreto, apraz-me contar-lhes que o nome Portugal apareceu entre os anos 930 e 950 da Era Cristã e começou a ser usado com mais frequência no final do século 10.
Para homenagear Anna Barbara e Antônio Martinez, latinistas de truz, informo que no século 5, durante o reinado suevo, Idácio de Chaves já escrevia sobre um local chamado Portucale, para onde fugiu Requiário: “Rechiarius ad locum qui Portucale appellatur, profugus regi Theudorico captivus adducitur” e o negócio vai por aí, mas vou parando porque dá muito trabalho copiar textos em latim.

Em 1966, Botswana e Lesoto são admitidos como Estados-Membros da ONU, organização que se esforça para ser ouvida e respeitada, mas é dirigida pelo diplomata Ban Ki-moon, cavalheiro que sempre dá a impressão de falar sorrindo, o que põe a seriedade a perder. Hoje é o Dia da Agricultura, do Eletricista, do Maquinista, do Profissional de Propaganda e da Indústria Aeronáutica Brasileira.

Ruminanças
“Prometemos segundo nossas esperanças e cumprimos segundo nossos medos” (La Rochefoucauld, 1613-1680).

Nenhum comentário:

Postar um comentário