segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Eduardo Almeida Reis-Tristeza‏

Vejo nos jornais o renascimento das bolsas masculinas, muito usadas há 20 ou 30 anos. Não por mim, sempre fiel às pastas, mas por cidadãos de variada natureza


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 08/09/2014



Vega (De la voz prerromana *vaica) 1.f. Parte de tierra baja, llana y fértil. O vinho espanhol Veja Sicilia deve seu nome à fertilidade das terras em que as parreiras foram plantadas e à santa venerada na região. É considerado um dos melhores do mundo, tem 150 anos e a vinícola foi comprada por David Álvarez faz algum tempo.

David nasceu pobríssimo num povoado paupérrimo da Espanha, anos antes da Guerra Civil. Trabalhou, fez imensa fortuna, teve uma porção de filhos e está no terceiro casamento, o segundo que faz com ex-secretárias. Tem 89 anos e a gata não é propriamente um broto, pois passa dos 60.

Cinco dos filhos de David estão em guerra com dois irmãos e o pai pelo controle das empresas da família, entre as quais figura a vinícola situada na Ribera del Duero, que se transforma no Rio Douro ao entrar em Portugal. O assunto só foi parar nas páginas do The New York Times porque envolve o vinho famoso, que deve representar uma dx da fortuna dos Álvarez.
Ainda uma vez temos filhos brigando pelas heranças. Que tristeza! Onde há dinheiro, ex-mulher ou madrasta mais nova que o mais velho dos filhos (caso dos Álvarez), as brigas parecem inevitáveis. No Rio, temos Geyer contra Geyer, cofres arrombados, quadros subtraídos, como nos contou a revista Veja, edição de 6 de agosto. Briga que mexeu comigo. Fui vizinho de fazenda e amigo dos avós dos brigões.


Modismos

A notícia de que só na região de Campinas, SP, houve no primeiro semestre 260 roubos das cargas de caminhões suscita o tema transportes. Em Campinas, roubam produtos valiosos como tablets, notebooks e smartphones fabricados na região. No Brasil chique, o transporte individual de tablets, notebooks, carteiras de notas, celulares inteligentes, carregadores de celular e fones de ouvido fez renascer o modismo das bolsas masculinas.

O brasileiro comum continua transportando nas mochilas, fenômeno posterior aos meus anos de estudos. Não me lembro de uma só mochila entre os alunos e alunas das escolas e da universidade que frequentei. Havia pastas, algumas normais, outras idiotas. Tive uma idiota, em couro legítimo, que se abria em duas partes iguais. Depois, aderi às pastas comuns ao longo de uma existência espichada. Ainda tenho três guardadas nos armários.

Vejo nos jornais o renascimento das bolsas masculinas, que foram muito usadas há 20 ou 30 anos. Não por mim, sempre fiel às pastas, mas por cidadãos de variada natureza, muitos deles respeitáveis. O que mais me impressionou nesta nova febre foi o preço dos recipientes produzidos para transportar tablets, smartphones, notebooks, carteiras de notas, cartões etc. Presumo que também sirvam para transportar pentes, escovas de dentes, fios e cremes dentais, bem como lenços de papel hoje indispensáveis, sem falar dos charutos inseparáveis dos homens de bem.

Cavalheiro da nova classe média, inventada para famílias que faturam pouco mais de mil reais por mês, pode comprar, em dez prestações, uma bolsa Diesel de tecido verde, debruado em couro claro, por R$ 490. Além da alça manual, tem aquela tira para pendurar no ombro.

Cavalheiros da velha classe média podem comprar em dez vezes (no cartão) uma Ermenegildo Zegna por
R$ 2.660 ou uma Salvatore Ferragamo por R$ 3.990, ambas sem aquela frescura de pendurar no ombro. Fosse para mim, escolheria a Zegna, muito mais bonita e clássica que a Ferragamo.
Cidadãos do funk de luxo, celebridades e outros imbecis devem escolher entre a Prada (R$ 10.600) e a Cartier (R$ 11.600), mas algo me diz que vão preferir a Burberry, não pelo modesto preço de R$ 6.995, mas pelas horríveis tiras e bolinhas que tem, ao arrepio da fama de bom gosto da marca. Como é, gostaram desse “ao arrepio”? Significa “ao contrário”. Tchau e bênção procês todos.


O mundo é uma bola

8 de setembro: faltam 114 dias para terminar o ano. Em 780 tem início o reinado de Constantino VI como imperador bizantino. Foi casado com Maria de Âmnia e com Teódote. Imperou até 797 e morreu com 31 aninhos. Com Maria de Âmnia teve duas filhas; com Teódote teve Leão e um menino de nome desconhecido.

Em 1264, pelo Estatuto de Kalisz, o príncipe Boleslau, o Piedoso, assina a carta que regulamenta as liberdades dos judeus na Polônia e as obrigações dos cristãos. Em 1504, primeira exibição da estátua de David, de Michelangelo. Observadores atentos constataram que David tinha o pinto pequeno. Na foto do Google, o fato pode ser confirmado. Nossa ministra da Cultura, Marta Suplicy, quando sexóloga na tevê, disse que não importa o tamanho da varinha, e sim o que ela é capaz de fazer.
Em 1612, fundação da cidade de São Luís do Maranhão, hoje pertencente ao clã Sarney para glória do povo maranhense e felicidade geral da nação. Em 1636, fundação da Universidade Harvard, primeira instituição de ensino superior dos Estados Unidos. Hoje é feriado municipal numa porção de cidades brasileiras, inclusivamente em São Luís do Maranhão.


Ruminanças

“O maior gênio da humanidade? Edison, inventor do fonógrafo. O pior?
Bell, inventor do telefone” (Guilherme Figueiredo, 1915-1997).

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