quinta-feira, 4 de setembro de 2014

COLUNA DO JAECI » Conversas de hotel‏

COLUNA DO JAECI » Conversas de hotel
Dunga não pediu para ser o treinador, não bajulou, não fez lobby. Simplesmente foi convidado e aceitou, para tentar refazer um trabalho que começou em 2006
Jaeci Carvalho
Estado de MInas: 04/09/2014


Miami – Na cobertura da Seleção Brasileira desde 1986, quando trabalhava na Globo BH, a gente vai ficando escolado e escaldado para saber que todo início de trabalho é um mar de rosas. Todos atenciosos e solícitos até que venha a primeira derrota, o esquema não dê certo e o mundo desabe na cabeça do treinador. Porém, não é isso que queremos. Apaixonados pelo futebol, sonhamos ver o Brasil praticar aquele estilo moleque, de gingas, dribles e gols, não esquecendo, claro, a competitividade. Com a globalização, já não há tanta novidade, as equipes jogam de maneira semelhante nos quatro cantos do planeta.
Como a cobertura no exterior se resume a concentração e locais de treinos, passamos grande parte do dia no lobby dos hotéis, onde encontramos jogadores em outros momentos e aproveitamos para pôr a conversa em dia. Assim fiz na noite de terça-feira, com Neymar pai, e ontem, com Neymar filho (foto). Quando este passava rumo à academia, fizemos uma selfie no Instagram e conversamos por cinco minutos. Já é conhecida minha opinião sobre o atacante: tem DNA de craque, mas ainda precisa provar que chegará a esse status. É um jovem de apenas 22 anos, com milhões de euros na conta, mas com a carreira administrada pelo pai, que cuida de tudo.
São quatro empresas com a marca Neymar, 50 funcionários trabalhando dia e noite pela imagem do jogador. Um leitor mandou mensagem me provocando só porque fiz uma selfie com o atleta, dizendo que não gosto dele. Meu caro, não misturo relação pessoal com profissional. Sempre tive ótimo relacionamento com o atacante, a quem encontrei várias vezes, também fora do campo. Até jogamos juntos numa pelada beneficente promovida por Mancini. Mas, ao criticá-lo, me baseio no que vejo. Há muita estrada a percorrer para ser o melhor do mundo. Técnica, habilidade e talento ele tem de sobra, mas vai precisar amadurecer e se firmar na Europa até chegar a nº 1 do mundo. Necessita jogar bem pela Seleção também contra grandes adversários.
Tem gente que quer que sejamos inimigos. Pobres de espírito. Conforme já escrevi, também conversei com Dunga e acertamos as arestas. Não existe essa de revanchismo comigo. Vou criticá-lo ou elogiá-lo na medida certa e na mesma proporção. Há, porém, quem queira ver o circo pegar fogo, com ofensas pessoais. Isso nunca coube em mim. Desgaste faz parte da relação entre técnico e jornalista, mas sempre deve haver o limite do respeito pela pessoa. Dunga não pediu para ser o treinador, não bajulou, não fez lobby. Simplesmente foi convidado e aceitou, para tentar refazer um trabalho que começou em 2006 e foi interrompido em 2014. Ele voltou mais light, fazendo mea culpa e admitindo que precisa melhorar o relacionamento conosco. Por que não lhe dar essa chance? Teremos embates somente no campo do futebol.
O técnico abre espaço para Diego Tardelli e Jefferson, dois jogadores experientes, mas também para Marquinhos, de apenas 21 anos. Resolveu trazer alguns remanescentes da última Copa, entre eles Oscar, a quem pretende recuperar para ser o armador do time. Dunga viveu na pele o fracasso num Mundial e foi execrado, mas conseguiu dar a volta por cima quatro anos depois ao ser campeão. Acho que está procurando fazer o mesmo com alguns jogadores que participaram da Copa. O trabalho começa amanhã, e ele, mais que ninguém, sabe que o que segura técnico na Seleção é trabalho bom, com vitórias. Se fizer isso, viverá tempos de paz e bonança.

Taffarel
Sempre brincalhão, Taffarel circulava no lobby do hotel com a mulher, Andrea, e a filha, Catherine, que nasceu no Sul, mas foi bebezinha para BH, quando ele jogava no Galo. Dá para perceber como é ídolo dos dois goleiros que estão aqui. Sinal de que é uma lenda do futebol, a serviço novamente da Seleção.

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