quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Eduardo Almeida Reis - Poder‏

A situação econômica dos nossos pais, mesmo não sendo brilhante, permitiu-nos a honra vantajosa do bacharelado


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 20/08/2014







Quiseram os fados que no século e no milênio passados este philosopho pudesse acompanhar de perto a evolução do poder de um amigo, bem como a sua ascensão financeira. A situação econômica dos nossos pais, mesmo não sendo brilhante, permitiu-nos a honra vantajosa do bacharelado. Evoluímos para o jornalismo. Sim, evoluímos: basta ver os profissionais do direito que defenderam os mensaleiros para constatar que o jornalismo honesto foi uma evolução. Ressalve-se um dos defensores dos mensaleiros; o resto é aquilo que se vê.

Quando nos conhecemos, digamos que as nossas posições, a minha e a dele, numa escala de 0 a 100 nos itens finanças e poder, andavam em 5. Continuei no nível 5 enquanto o bom amigo, mercê de salários milionários, foi para 50 no item financeiro e 95 no que dizia respeito ao seu poder. Ajudei-o nesse período opinando sobre terras e gados, perdi a conta das fazendas que visitei gastando minha gasolina e os pneus do saudoso Opalão de seis cornetas, até que o amigo optou por uma fazendola não muito distante do Rio.

Ali, senhoras e senhores do egrégio conselho leitoral, bebi dos melhores vinhos e uísques, fumei imensos charutos classe AA+ que o embaixador de Cuba mandava para o todo-poderoso, e conheci de perto gente que nunca imaginei conhecer, como, por exemplo, o casal Mora e Ulysses Guimarães.

Era um indescritível desfilar de celebridades. Governadores apareciam em seus helicópteros para almoçar na fazendola do poderoso. Candidatos à Presidência da República arranchavam por dois ou três dias bebendo uísques e chupando laranjas. Moças bonitíssimas e até hoje célebres. Prefeitos de grandes cidades passavam por lá para tirar uma prosa, excediam-se nos uísques e viajavam inteiramente bêbados dirigindo seus carros. Um deles levou o irmão para dirigir na viagem de volta, conversou e bebeu o que precisava conversar e beber, chovia torrencialmente. Quando procurou o irmão para partir às 23h, o mano estava desmaiado na cozinha, do tanto que bebeu. Não minto: assisti à partida do prefeito ao volante de seu carro, trêbado, levando o irmão desmaiado no banco traseiro. Até aqui temos 346 palavras. Concluo amanhã para não estourar o espaço.


Celular

Dia desses desliguei o celular para fazer a siesta, muito melhor do que fazer a sesta. O sueño que se toma después de comer é hábito espanhol e dos países de língua hispânica, o que não impede sua adoção por homens ilustres de outros países e línguas, como Winston Churchill, que também fumava charutos.

Meu celular é dos mais simples à venda por aí. Ainda assim consegui, ao acordar, apertar a tecla errada e o Nokia ficou silencioso ou lá o nome que tenha o telemóvel quando não toca a campainha que acusa as chamadas. Sai dessa, caro e preclaro leitor, se você tem mais de 50 anos.

Crianças de 8 aninhos tiram o problema de letra, enquanto os idosos somos obrigados a levar o aparelhinho a uma loja do ramo. Daí minha crença de que a informática era incompatível com os idosos. Tendo crido nessa incompatibilidade, surpreendeu-me encontrar noutro idoso a solução para o toque do Nokia: apertou duas teclas e o telemóvel voltou a tocar. Detalhe instigante: idoso de letras nenhumas, que fala errado e escreve que nem o Lula.

Desandei a philosophar e creio ter matado a charada. O idoso nunca frequentou escolas, nunca estudou nada, portanto “assimila” os mistérios da informática talqualmente uma criança de 8 anos ou menos. Cavalheiros que perderam pelo menos 25 anos de suas vidas estudando zootecnia especial, gado leiteiro, além de continuarem analfabetos em assuntos leiteiros já não têm neurônios capazes de entender o beabá informático.

Conselho

Se você, jovem púbere, anda afinzona de arranjar um namorado, sugiro que procure rapaz sápido. E você, homem sério, casado e sem-vergonha como a maioria dos maridos, saberá encontrar namorada sápida para suas escapulidas vespertinas.

Encontrei sápido no Google como adjetivo não dicionarizado: “que tem sabor, gostoso”, antônimo de insípido, “que não tem gosto, destituído de qualquer sabor ou que o tem insuficientemente, desprovido de interesse, de atrativos, sem graça, monótono”. Quando acaba, tem sápido no Houaiss e no Aurélio, latim sapìdus,a,um, sinal de que o Google, mesmo sensacional, aceita muita bobagem.

O mundo é uma bola

20 de agosto de 636: último dia da Batalha de Jarmurque entre o Império Bizantino e o Califado Rashidun, que resultou na vitória retumbante dos muçulmanos e na perda definitiva da Síria pelos bizantinos.

Desde sempre a Síria vem sendo disputada e só uma coisa é certa: nunca houve governo tão bom quando o do médico Bashar Hafez al-Assad, 1,89m, formado na Inglaterra, casado com a lindíssima Asma al-Assad desde o ano 2000. O casal tem os filhos Karim, Zein e Hafez al-Assad. A excelentíssima senhora Asma al-Assad, que nasceu em Londres, onde estudou no King’s College e no Queen’s College, não é primeira-dama suficientemente boa para os diversos grupos de bandidos que tentam tomar o poder na Síria. Em 1958 nasceu Silas Malafaia, ele mesmo, pastor de imenso rebanho.

Ruminanças

“Não digas que darás, mas dá! Nunca satisfarás a esperança” (Goethe, 1749-1832).

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