domingo, 31 de agosto de 2014

COLUNA DO JAECI » Rumo a 2018

COLUNA DO JAECI » Rumo a 2018
O treinador voltou com um discurso ensaiado de "Dunguinha paz e amor", mas veremos até quando isso vai durar
Jaeci Carvalho
Estado e Minas: 31/08/2014


 (ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS - 28/6/14)
Miami– A Seleção Brasileira, novamente comandada por Dunga, começa aqui nos Estados Unidos sua caminhada rumo à Copa da Rússia’2018. Depois do fracasso antecipado por este colunista na Copa no Brasil, Dunga, que também fracassou em 2010, tenta juntar os cacos e montar um time competitivo, que cante menos o hino nacional com vigor e jogue mais futebol. Conhecido por sua intransigência, agressividade e radicalidade, o treinador voltou com um discurso ensaiado de “Dunguinha paz e amor”, mas veremos até quando isso vai durar. Provavelmente, até a primeira crise após uma derrota. Dunga não é, nunca foi e nunca será o meu preferido. Não tem histórico para dirigir a Seleção Brasileira, embora tenha história nela como jogador. Foi inventado por Ricardo Teixeira após o fracasso na Alemanha como uma espécie de moralizador do futebol comandando os garotos como um general. Se bem que esteve mais para soldado raso, por seu fraco desempenho em jogos contra equipes de primeira linha. Mas ele deu disciplina e uma cartilha de direitos e deveres. Só faltou dar o principal: futebol.

Com Dunga os números eram considerados bons. Normalmente contra adversários de qualidade duvidosa. O futebol, entretanto, sempre esteve mais para equipes de segunda linha, com retrancas e contra-ataques do que para o verdadeiro futebol brasileiro. Dunga pregava que o importante era competir, e não jogar bonito.

É com Dunga, agora, que sonhamos com o título na Rússia e em resgatar o nosso verdadeiro futebol. Sabemos que a safra de treinadores é ruim, pois numa pesquisa popular, 87% dos torcedores queriam um técnico estrangeiro. Mas eu faria diferente. Se futebol é momento e os melhores jogadores devem ser convocados, penso o mesmo com relação a treinadores. No momento, o melhor deles, disparado, é Marcelo Oliveira, dos poucos a praticar futebol ofensivo, moleque, como nos velhos tempos. Talvez por ter sido um craque nos gramados, ele entenda perfeitamente o que os torcedores desejam e dá ao seu time um norte perfeito. Vejam o Cruzeiro jogar e entenderão o que estou dizendo. Aliás, só eu não. A imprensa, de um modo geral, percebe em Marcelo um cara diferente dessa mediocridade. Além de ser polido e educado, está se saindo um belíssimo treinador. Com ele eu até acreditaria em renovação do nosso futebol. Com Dunga, é aquele velho filme repetido, onde o mocinho, que é a Seleção Brasileira, morre no final.

Porém, Marcelo não faz lobby, não tem padrinho na CBF e não reza na cartilha do coordenador técnico, Gilmar Rinaldi. Assim, dificilmente será contratado, embora eu tenha a esperança de que as coisas não acontecerão com Dunga e ele será demitido. Aí, quem sabe uma pressão popular pode pôr Marcelo Oliveira no cargo.

Falei até aqui dos treinadores, mas não se faz uma boa limonada sem bons limões. O Brasil precisa resgatar seu berço, suas divisões de base, entregues a empresários inescrupulosos, amparados por uma lei que não permite aos clubes manter os jogadores formados depois dos 14 anos. É a hora que os empresários na pele de cordeiros viram lobos, abocanham a presa e a entregam a outro clube, normalmente no exterior. O clube formador fica de mãos abanando, e o empresário, rico. Passou da hora de mudarmos esse quadro se quisermos um Brasil campeão em 2022, pois até 2018 não há tempo para mudar o quadro caótico que vivemos.

Temos Neymar (foto), referência mundial muito mais pelo marketing do que pela bola. DNA de craque ele tem, mas precisa provar em campo, com jogadas, gols e títulos. Contra a Colômbia, sexta-feira, aqui em Miami, começaremos a arrancada rumo à Rússia, sem nenhuma empolgação e com a certeza de que precisaremos mudar da água para o vinho, radicalmente, se quisermos realmente voltar ao topo do pódio. E vale lembrar que a Colômbia nos proporcionou, no Mundial, momentos mágicos, que relembraram os velhos tempos do nosso futebol. Brilhou sua estrela maior, James Rodríguez, que ofuscou Neymar. Vamos ao jogo, com Dunga, Neymar e cia. Realista que sou, não acredito em mudança de postura na nossa forma de jogar. O técnico é gaúcho, não tem currículo vencedor e sempre jogou na retranca. Não seria agora que iria mudar. Pelo menos a história diz, com raríssimas exceções, que o técnico que começa a caminhada rumo à Copa dificilmente chega lá. Espero que seja o caso de Dunga, e que no meio do caminho ele seja substituído por Marcelo Oliveira, que se ainda não é um Pelé dos treinadores, como considero Vanderlei Luxemburgo, está no caminho certinho para chegar lá. Seleção Brasileira sem dar show e nos emocionar não é Seleção Brasileira.

Pergunta do internauta


“Quando teremos uma polícia de trânsito efetiva e atuante em BH, já que hoje o trânsito está entregue a motoristas que andam na contramão e fazem todo tipo de bárbarie”?

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