quinta-feira, 10 de julho de 2014

Tumor ocular: raro, mas letal‏

Tumor ocular: raro, mas letal
Prevenção se faz com a redução da exposição dos olhos aos raios solares 
 
Charles Pádua
Oncologista, diretor do Cetus-hospital dia, especializado em medicina oncológica
Estado de Minas: 10/07/2014


A medicina comemora hoje, o Dia da Saúde Ocular e vale enfocar o melanoma ocular, que é considerado um dos cânceres de olho mais raros e letais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a doença tem uma incidência anual baixa, de aproximadamente seis casos para cada 1 milhão de habitantes, mas é o tumor intraocular mais comum e o mais frequente em indivíduos com idade média de 55 anos. Esse tipo de neoplasia desenvolve-se nos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção da melanina ocular. O melanoma ocular é mais raro do que o de pele e se comporta de forma bastante diferente. A doença pode se desenvolver tanto na úvea, que é a porção interna do globo ocular que se compõe da íris, do corpo ciliar e da coroide, como na conjuntiva, membrana que recobre a parte branca do olho e a superfície interna das pálpebras. Normalmente, é assintomático, mas pode se manifestar com a diminuição da visão associada ao descolamento da retina ou, quando ele é muito grande, produzindo uma sombra na visão.

Segundo a Ocular Melanoma Foundation, cerca de 50% dos casos registram a propagação de células malignas a outros órgãos e podem levar o paciente à morte. Mas, se for diagnosticado nos estágios iniciais, o melanoma ocular não é propenso a se espalhar para o fígado ou para qualquer outro órgão. O tamanho do tumor é geralmente o preditor mais preciso de uma metástase futura. Ou seja, quanto maior o tumor for ao ser detectado, maior a chance de ele afetar outras partes além do olho. Sua ocorrência se dá devido a erros em nível do ácido desoxirribonucleico (DNA) das células, que fazem com que elas se multipliquem e cresçam descontroladamente. A neoplasia também é mais comum em indivíduos afetados pela síndrome do nervo displásico, que são lesões disformes, em vários tons, e que crescem com rapidez por todo o corpo. Existem evidências de que pessoas de etnia branca, idade avançada e quantidade de pintas ou manchas na coroide, estão mais propensas a desenvolver esse tipo de tumor. Nos Estados Unidos, há mais de 50 mil casos da doença ao ano e cerca de 8 mil mortes. Os principais fatores de risco do melanoma são a pele clara e a exposição ao sol, uma vez que os raios ultravioleta provocam alterações ou mutações no DNA, e as pessoas de pele escura têm melanina que absorve a maioria desses raios UV antes de eles provocarem danos. Por ser uma doença fatal, as opções de tratamento da neoplasia são bastante limitadas. Quando o tumor ainda é pequeno é indicada a braquiterapia, que consiste em aplicar radiação apenas no local do tumor. Para tumores maiores costuma ser necessária uma remoção do olho afetado, seguida da colocação de uma prótese.

A precocidade do diagnóstico é importante, pois 25% dos pacientes desenvolvem metástase e, desses, quase 100% não sobrevivem, no caso do melanoma de coroide. Vale destacar que quanto antes detectar a doença, maiores serão as chances de cura. A probabilidade de desenvolver a neoplasia cresce com o avanço da idade. Por isso, é válido enfatizar que fazer exames oftalmológicos periódicos pode ajudar a detectar a doença na fase inicial e prevenir o desenvolvimento da doença. Como forma de prevenção é importante reduzir a exposição solar e usar frequentemente chapéus e óculos de sol que protejam totalmente os olhos dos raios ultravioleta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário