quarta-feira, 23 de julho de 2014

Salários mínimos - Eduardo Almeida Reis‏

Salários mínimos 
 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 23/07/2014


Recorto e guardo tabelas publicadas nos jornais e não sei o que fazer com elas. Tenho aqui uma comparação recente dos pisos salariais em diversos países. Está em US$ e vai continuar na moeda norte-americana, porque dá muito trabalho converter para os nossos reais e não impede a comparação com a nossa realidade.

Vejamos. Ano passado, o piso salarial nos EUA foi de US$ 15.080, contra US$ 4.287 no Brasil: por ano, bem entendido. A Nova Zelândia teve piso anual de US$ 24.099 e Cuba, de US$ 108, isso mesmo, cento e oito dólares. Fonte: Gradual Investimentos.

A população da Nova Zelândia, cerca de 4,5 milhões de pessoas, rivaliza com a da Região Metropolitana de Belo Horizonte, e a área territorial daquele país é 268 mil km2, contra 586 mil km2 de todo o estado de Minas Gerais. Diz aqui a calculadora chinesa que 268 x 2 é igual a 536. Portanto, a área neozelandesa beira a metade da mineira.

Fiquemos nos pisos salariais brasileiros e norte-americanos para constatar o seguinte: a vida por aqui está mais cara e o piso norte-americano é 3,5 vezes maior que o nosso. Pelo menos, multipliquei 4.287 por 3,5 e a chinesa anotou 15.004.
O piso cubano tem mil e uma explicações. Jovem industrial belo-horizontino, em lua de mel num hotel chique de Varadero, Cuba, saiu para fazer seu cooper matinal e foi alcançado por um cavalheiro residente no local, que lhe oferecia por 100 dólares os serviços de uma jovem de 15 anos ainda sem tetas. Só aí, alugando a jovem 10 vezes por mês, o piso anual fica maior que o neozelandês. Encucante, mesmo, é o fato de a vida no Rio ser mais cara do que na Flórida. Do cafezinho à compra de uma casa, tudo por lá é mais barato.

Modernidades

Pergunto ao caro, preclaro e assustado leitor: hoje, antes de ler o jornal, você já baixou um aplicativo? Ele mesmo, programa de computador concebido para processar dados eletronicamente, facilitando e reduzindo o tempo de execução de uma tarefa pelo usuário. Todo santo dia me dizem para baixar este ou aquele aplicativo e me envergonho de contar que nunca baixei um deles. Tanto quanto me seja possível entender, existem aplicativos para chamar um táxi e aplicativos para evitar os táxis através das caronas solidárias, não sei se pagas. Dia 11 de junho de 2014, milhares de choferes de táxis, no mundo inteiro, realizaram protestos com seus táxis contra os aplicativos que resultam nas caronas. Inventaram aplicativos para namorar, casar, descasar, namorar sem descasar, opinar sobre futebol durante as partidas transmitidas pelas tevês.

Mal ou bem, o mundo chegou ao último quartel do século 20 sem aplicativos, hoje aparentemente indispensáveis. Tanto assim que já contratei jovem instrutora de informática para me ensinar como se baixa um aplicativo. No dia a dia, acho muito mais importante saber onde comprar os potes de sorvete Häagen-Dazs, que não dispenso nas sobremesas depois de abusar do sal na comida. Ainda ontem, uma doutora mediu-me a pressão: 12 x 7, na verdade a única parte que ainda funciona bem nos 100 quilos distribuídos por 1,88m. Daí a alegria de contar ao leitor, antes de aprender a baixar aplicativos.

Vênus vulgívaga

Vulgívago é puro latim e significa “que ou quem se rebaixa ou desonra, que ou quem se prostitui”; vulgívaga é meretriz. Vênus, mulher formosa, sendo vulgívaga, é puta bonita. Ainda que formosíssimas, desejo que as empresas vulgívagas, que compraram meu endereço eletrônico nas listas vendidas por informatas vulgívagos, vão todas para as vulgívagas que as pariram. São 20, 30, 40 e-mails todos os dias. Não adianta recorrer ao “bloquear remetente”, porque há empresas que usam os nomes dos vendedores antes do @. Fui vizinho de fazenda de uma das donas de empresa imensa, hoje useira e vezeira nesse e-commerce nojento. Informo que a referida empresária, caminhada em anos, gostava de andar inteiramente nua pelos pastos de sua fazenda nas noites de lua cheia. Mais grave do que uma louca nua ao luar é a notícia de que o Google já tem 220 milhões de entradas para e-commerce (comércio eletrônico).

O mundo é uma bola

23 de julho de 1793: a Prússia reconquista a Mogúncia da França. Mogúncia é nome horrível e indigno de ser “reconquistado”; a Prússia lutou por Mainz em alemão, Moguntiacum em latim, ou Mayence em francês, hoje a capital do estado federal de Renânia-Palatinado, na Alemanha, cidade independente (kreisfreie Stadt) ou distrito urbano (Stadtkreis), isto é, tem estatuto de distrito (Kreis).

Em 1840, com o chamado Golpe da Maioridade, aos 14 anos, dom Pedro II se torna imperador do Brasil. Era muito culto, muito honesto, muito democrata no bom sentido: não servia para governar o Piscinão de Ramos. Ainda assim, imperou por várias décadas.

Em 1892, nasce Tafari Makonnen, o Ras Tafari, imperador da Etiópia, rei dos Reis, senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judá, Eleito de Deus, Jah, Rastafari: pelos títulos, um imbecil completo. Em 1973, nasceu Monica Lewinsky, aquela do Clinton, gorducha e simpática. Hoje é o Dia do Guarda Rodoviário.


Ruminanças

“Creio que o nosso Pai Celeste inventou o homem por estar desapontado com o macaco” (Mark Twain, 1835-1910).

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