domingo, 29 de dezembro de 2013

Boa entrada - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 29/12/2013

Vou citar dois filmes antigos. Um é o inglês Mero Acaso, de 1999. Primeira cena: um rapaz bate na porta do vizinho, que é psiquiatra, e diz que precisa desabafar. São 6 horas da manhã, o vizinho ainda está de pijama, mas diante do inusitado da situação, convida-o para entrar e o acomoda numa poltrona.

O outro filme é o francês Confidências Muito Íntimas, de 2003. Um mulher está se separando e procura um psiquiatra pela primeira vez. Entra sala adentro e já começa a contar seu drama, sem dar tempo para o homem respirar. Ele fica absolutamente envolvido pela história dela.

Mesmo que você não tenha visto estes filmes, pode imaginar o que eles têm em comum. No filme inglês, o homem se enganou de porta e bateu na casa de um engenheiro, que ouve tudo quieto e só então avisa que o psiquiatra mora no apartamento ao lado.

Mesmíssima coisa no filme francês. A mulher se enganou de porta e invadiu o consultório de um contabilista. Mesmo depois do engano desfeito, os dois seguem se vendo para amenizar a solidão um do outro.

Ambos os filmes demonstram que terapia é, basicamente, uma via de desabafo, de investigação emocional, de elucidação de si mesmo, e tudo isso se dá quando estamos dispostos a falar.

Então qualquer amigo poderia substituir um profissional? Não. Conversar com amigos é ótimo, porém eles estão comprometidos afetivamente conosco. Conhecem a nossa história e já não prestam atenção nos detalhes. E tomam um tempo para falar deles mesmos, o que é natural. Além disso, estes papos são frequentemente interrompidos pela chegada do garçom, por um telefone que toca, por outras distrações. E, pra culminar, você não está pagando. Faz diferença. Você não é o centro das atenções. É um encontro, literalmente, gratuito. E, em terapia, o foco tem que estar todo em você. Vigilância total para você não fugir de si mesmo.

Longe de mim estimular alguém a bater na casa do vizinho para contar seus sonhos e fantasias secretas. Ele mandará você plantar batatas, com razão. O que interessa disso tudo é o crucial: o quanto é importante falar. E ser profundamente escutado. E, mais profundamente ainda, escutar a si mesmo. Não é fácil ouvir nossa própria voz verbalizando aquilo que sentimos de forma tão confusa e irregular. É quando passamos a reconhecer abertamente nossas inquietudes, medos, vergonhas. E a nos comprometer com o que está sendo dito. A verdade ganha legitimação. Deixa de habitar apenas o silêncio, onde tudo fica protegido demais.

Alguns não acreditam em terapia e dizem que não é qualquer um que merece ouvir nossas intimidades. Mas tem que ser qualquer um, no sentido de qualquer desconhecido, qualquer pessoa que não tenha nada contra e nada a favor de você, que não lhe conheça, para poder lhe ouvir sem uma opinião prévia sobre sua história. De preferência qualquer um com um diploma na parede e competência para ajudá-lo a se conhecer pra valer.

Que lhe faça descobrir os efeitos terapêuticos de ouvir a própria voz assumindo questões que até então não eram enfrentadas. Dá para fazer isso sozinho também, mas com um interlocutor é mais fácil. Ou menos difícil. Tente. Nada como bater na própria porta e entrar. Feliz 2014. 

Feliz ano todo - ADRIANA CALCANHOTTO

O GLOBO - 29/12/2013

Feliz mergulho no Arpoador dia 31, feliz longa lista de metas para ser toda descumprida


Assisti ao monstro de olhos azuis chamado Tônia Carrero, perguntada em entrevista sobre se era feliz, responder calmamente: “sou feliz e infeliz várias vezes ao dia”. Bingo. A felicidade vai e vem o tempo todo. Ou, convenhamos, seria um tédio de matar. É então nesse espírito, de estar feliz, significando que se estará infeliz daqui a pouco e feliz de novo e infeliz, e assim por diante vida afora, que desejo aos compadres felicidades no ano que vem.

Feliz mergulho no pôr do sol no Arpoador dia 31, feliz longa lista de metas para o ano para ser descumprida inteira. Feliz virada de ano uma hora antes da meia-noite, pobres ouvidos dos bichos, feliz fogos de artifícios. Feliz volta de Copacabana de metrô, feliz carteira batida, feliz ressaca no primeiro dia do ano. Feliz garis achando moedas, celulares, joias, amuletos e calcinhas na areia. Feliz alagamentos causados por bueiros entupidos pelo lixo que devia ser jogado no lixo, não no chão. Feliz leitura de “Fim”, o romance de estreia da Fernanda Torres. Feliz deslizamentos nas encostas durante o verão e o estaremos providenciando. Feliz quaresmeiras floridas, feliz andorinhas voando em direção ao Norte. Feliz esquenta de carnaval, feliz grito de carnaval, feliz carnaval, feliz saltos quebrados no carnaval, feliz ar-condicionado para não ouvir o carnaval lá fora. Feliz crise no relacionamento por conta do carnaval, feliz desfile das campeãs. Feliz, então, acho que agora sim, ano novo.

Feliz volta às aulas, feliz primeira ida para a primeira aula. Feliz de quem tem aulas para ir. Feliz palmas para os guerreiros professores. Feliz fotos de servidores públicos com maços de dinheiro sob roupas de baixo. Feliz despedida de uma misógina enrustida do comando da comissão dos direitos humanos. Feliz psicodélicas previsões de crescimento da economia, feliz contas públicas mais mal maquiadas do que aquelas velhinhas inglesas que não enxergam mais nada e aplicam a sombra verde acima das sobrancelhas e o batom vermelho no buço.

Feliz outono no Rio. Feliz cheiro de jasmim à noite. Feliz páscoa, feliz dieta pós-páscoa, feliz construção do Pavilhão da Esdi, feliz deslumbrante luz de maio, feliz tucanos nas palmeiras, que comem os filhotes dos outros pássaros, mas apanham do bem-te-vi. Feliz macacos-prego levando seu bolo de fubá árvore acima. Feliz tigre na cabeça no botequim da esquina. Feliz branquinha no balcão. Feliz inaugurações de piscinões binários. Feliz inaugurações de construções em ruínas. Feliz noites dormidas na rua sob marquise estreita com chuva forte tendo papelão e jornal como cobertor. Feliz mês das noivas, feliz provas de vestido, feliz provas de amor, feliz provas de fidelid… Feliz dia das mães. Feliz luz nos morros de manhã bem cedinho, feliz pedras no meio do caminho. Feliz imbecis pichando a estátua do poeta. Feliz explosão de bueiros. Feliz muros grafitados. Feliz esperança de que a Rita Lee venha morar no Rio. Feliz anúncio de banco vendendo mais endividamentos a “você, a pessoa mais importante do mundo para nós”. Feliz carga tributária. Feliz estádios com obras atrasadas precisando de mais e mais dinheiro.

Feliz chopinho na esquina, feliz nada pra fazer. Feliz festa na laje, feliz baile funk. Feliz chão, chão, chão, chão. Feliz sorriso do Nelson Sargento. Feliz feijoada da tia Surica. Feliz coalizações lisérgicas para disputar a presidência da pobre República. Feliz alianças que dão vergonha na gente. Feliz promessas humanamente incumpríveis, feliz direito de votar. Feliz voto. Feliz melhor projeto para o Brasil. Feliz água de coco no calçadão. Feliz multa por jogar lixo no chão. Feliz compre seu carro novo, compre seu carro novo compre seu carro novo. Feliz paciência no trânsito. Feliz trens e ônibus atrasados, abarrotados, feliz vagões femininos. Feliz cadeias piores que o inferno. Feliz salve a seleção. Feliz compre sua TV, compre sua TV, compre sua TV, compre sua TV, compre sua TV. Feliz Copa “do Mundo da Fifa”. Feliz seja lá o que tiver de ser. Feliz Lei Maria da Penha. Feliz Flip. Feliz crianças atingidas por balas perdidas e sumiços de trabalhadores sem qualquer explicação. Feliz pelada, feliz pedalada, feliz futevôlei na praia. Feliz biscoito Globo, feliz mate gelado. Feliz possibilidade de ver o Ferreira Gullar zanzando por Copacabana.

Feliz sequência de ondas verdes parecendo esmeralda líquida. Feliz ondas, feliz vacas, feliz caldos. Feliz fale mais, fale mais, fale mais, fale mais, fale mais. Feliz “este número de telefone não existe”. Feliz parada gay. Feliz feriado de Zumbi dos Palmares. Feliz turistas na favela, feliz meninos jogando bola. Feliz bicicletas roubadas. Feliz juiz filho da puta. Feliz dicas de livros da Cora. Feliz topless em paz. Compadres queridos, um feliz ano todo.

Affonso Romano de Sant'Anna-A mulher que passa‏


A mulher que passa 
 
Affonso Romano de Sant'Anna
affonsors@uol.com.br


Estado de Minas: 29/12/2013


A cena é a seguinte. Tentem visualizar.

Um bar onde os coroas se reúnem para tomar sua cerveja. Um daqueles bares que transbordam mesas e cadeiras pela calçada. E os senhores de cabelo grisalho, alguns calvos, vários com aquela barriguinha de chope e de idade, conversando suas sabedorias etílicas. Vão ali no fim de semana, acham-se vividos e experimentados, todos têm estórias. Mas agora estão, digamos, apascentados.

E, de repente, passa uma jovem. Linda, é claro. Mas linda daquelas que a gente achando linda fica extasiado sem saber se cai de quatro, de joelhos, se canta a Ode à alegria de Beethoven.

A beleza rompeu, irrompeu no meio do dia e exige atenção.

A moça passa diante desses vetustos e respeitáveis cavalheiros. Pior: ela desfila sua presença sensual diante da ausência deles. Ausência? Explico-me. Ela é presença, vida pulsante, atraente. E eles, porque têm aquela calvície, aquela barriguinha, aqueles fios de cabelo branco (pensa-se, maldosamente), há muito já se despediram do sexo.
Ela vem vaporosa, caminhando com o seu namorado. Este detalhe (que revelo agora) deve transformar a cena em algo ainda mais tocante, irritante, perturbador, porque há um outro macho ao lado dela e eles, no bar, são um rebanho de anciãos. É um jovem macho. Já não bastava ser um jovem macho, ele vem e desfila natural e ostensivamente com essa fêmea soberba aos olhos daquela manada de semivelhos?

Oh! crueldade do tempo, oh! inclemência da idade!

Vamos rever a cena desde princípio, agora que sabemos o que está acontecendo ou por acontecer. Repito: um bar onde os coroas se reúnem para tomar sua cerveja e se esparramam em cadeiras e banquinhos pela calçada e, de repente, irrompe uma ninfa desfilando vaporosa junto a eles. A literatura está cheia de narrativas semelhantes. Principalmente a poesia do final do século passado. As mulheres desfilavam e os homens se extasiavam. Havia até ruas para isso. E a música popular, modernamente, registrou na Garota de Ipanema esse esvoaçar de juventude diante dos siderados sátiros.

Abre-se um corte no tempo e no espaço. Todos, absolutamente todos, no bar como que sentindo os apelos do feromônio, erguem suas narinas na direção do vestido que libera aliciante juventude. Ah! O feromônio! Não se sabe de onde ele vem, que trilha é essa que vai traçando por onde passa o objeto do desejo. O feromônio é responsável também pela preservação da espécie. E aqueles machos sentiram no vento e nos olhos a mensagem do desejo.
Já quando era olhada de frente, a moça atraía instintos e olhares. Mas agora que passou, o decote no ombro, os braços de fora, certos volumes discretos ondeando sob o vestido, desencadeiam alucinações não ditas, apenas olhadas, imaginadas. Ela é um tsunami em pessoa.

E o pior: ela vem e ela lá vai de mão dada com outro macho.

E o casal jovem passa indiferente.

Indiferente?

Ou sabem que estão desnorteando os velhos machos na campina? Esse senhores de meia-idade parecem aqueles alces cedendo (a contragosto) o terreno ao mais jovem e forte.

Os dois jovens passam triunfantes.

 E aí (como ocorre nos momentos ritualísticos e sagrados) rompe-se o véu do tempo e do templo. Aqueles senhores, exilados em sua idade, em suas barriguinhas alimentadas com cerveja e torresmo, acobertados por sua inapelável calvície, sentem uma feroz saudade de sua juventude. A cena ocorre no presente, mas eles estão no passado, trespassados. E a beleza e o desejo passam diante deles, inatingíveis, arrogantes, como algo na linha do horizonte.

Um desejo saudoso, impotente, ausente, distante, já vivido, se agita na memória dos hormônios.

E a moca vai passando inalcançável. Sem saber (ou sabe?) que está sendo despida, percorrida, lambida, possuída pelos olhos ávidos e impotentes dos velhos sátiros confinados em torno de um desolado e frio copo de cerveja. 

TeVê



Estado de Minas: 29/12/2013 


 (AFP/Archives )


Cinema A retomada das produções nacionais depois do governo Collor é o tema de hoje de O cinema brasileiro no século 20, às 20h30, no Canal Brasil. No pacote de filmes, três destaques: Os amantes (foto), de Louis Malle, às 20h10, no Telecine Cult; e duas fitas de Woody Allen, – Zelig, também no Telecine Cult, às 22h; e Desconstruindo Harry, às 23h, no Comedy Central.

Aliens Cientistas, astronautas e arquivos secretos do governo norte-americano afirmam que nunca houve contato com vida extraterrestre. Entretanto, pesquisadores examinam vários dados científicos que podem proporcionar uma prova do contato extraterrestre, tanto recentemente como na Antiguidade, tema de Alienígenas do passado, hoje, às 15h, no canal History.

Desastres No Nat Geo, a primeira grande novidade de hoje é Blackout, às 21h15, analisando as possíveis consequências de um apagão de proporção mundial. Já às 22h45, é a vez de Os 10 maiores desastres naturais, em que especialistas usam vídeos e arquivos históricos para mostrar os momentos-chave que transformaram um fenômeno natural em catástrofe.

Enlatados  Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br


Assassinos seriais de volta
Duas das séries mais comentadas de 2013, ambas baseadas nos crimes de serial killers, estarão de volta nas próximas semanas nos Estados Unidos – ainda não há data de estreia no Brasil. Primeira série de Kevin Bacon, The following ganha segunda temporada a partir de 19 de janeiro na Fox americana. Dois anos depois dos acontecimentos narrados na primeira fase, Ryan (Bacon) trabalha como professor, está sóbrio e não tem mais qualquer envolvimento com a polícia. Mesmo assim, ele não vai conseguir ficar longe do culto a Joe Carroll. O destino do vilão interpretado por James Purefoy continua um mistério, mas o ator confirmou que vai voltar à série. Hannibal também terá seu segundo ano, com 13 episódios, a partir de 28 de fevereiro, na NBC.

Musical –Na virada do ano, a Fox exibe Glee the 3D concert movie, na noite de terça-feira, às 23h15. A produção, lançada em 2011, traz performances do elenco principal, cenas de bastidores e histórias de fãs.

Retorno –Estreia quarta-feira, na BBC inglesa, a terceira temporada de Sherlock – no Brasil, a série retorna dia 13, às 22h. Serão três episódios de 90 minutos cada. No primeiro, o dr. John Watson (Martin Freeman) retoma sua rotina dois anos depois dos devastadores efeitos de The Reichenbach fall. O problema é que Londres se vê diante de uma ameaça de ataque terrorista, e aí Sherlock Holmes (Benedict Cumberbatch) reaparece de forma dramática.

Maratona –O Universal exibe ao longo da semana maratona de Elementary.e Chicago fire. De amanhã até dia 5, a partir das 8h35, serão apresentados os cinco últimos episódios da primeira temporada e os nove primeiros da segunda versão de Sherlock Holmes. No mesmo período, às 10h35, serão exibidos os seis últimos episódios do primeiro ano e os oito primeiros do segundo da série sobre os bombeiros de Chicago.

Integral –A segunda temporada de Revenge, a quarta de Parks and recreation e a minissérie Hatfields & McCoys estarão disponíveis no catálogo da Netflix a partir de quarta-feira. 

Caras & Bocas  Simone Castro
simone.castro@uai.com.br


 (João Miguel Júnior/TV Globo)
Separadas pelos filhos

No começo eram como unha e carne. De tão profundamente unidas, parecia que as irmãs Fernandes não conseguiriam viver uma sem a outra. Na segunda fase da novela Em família, que substituirá Amor à vida a partir de fevereiro, na Globo, Selma e Chica serão interpretadas respectivamente por Camila Raffanti e Juliana Araripe (foto). Já maduras, na terceira e última fase da trama de Manoel Carlos as personagens vão passar às mãos de Ana Beatriz Nogueira e Natália do Vale. Tão intimamente ligadas, por obra do destino as irmãs acabaram casando-se, nesta ordem, com Itamar (Nelson Baskerville) e Ramiro (Oscar Magrini), também irmãos. Os quatro estão sempre juntos, mas, mesmo aceitando a forte relação entre suas mulheres, os irmãos não entendem por que dividir tudo nos mínimos detalhes. A união das irmãs é tão intensa que elas coincidem até no ponto que gostariam de mudar: o relacionamento de seus filhos, os primos Helena (Júlia Lemmertz), filha de Chica, e Laerte (Gabriel Braga Nunes), filho de Selma. Será justamente por causa deles que as irmãs, antes tão ligadas, vão se afastar, depois de uma tragédia que atingirá principalmente Helena.

GLOBO ANUNCIA ESTREIA DA  PREMIADA SÉRIE HOMELAND

Depois de Revenge, a Globo aposta em nova série norte-americana que tem dado o que falar na TV paga: Homeland. A estreia está marcada para o dia 14, depois do Jornal da Globo. A produção parte da história de uma agente da CIA que investiga um militar norte-americanao resgatado depois de permanecer anos como prisioneiro de um grupo terrorista no Oriente Médio e que volta para casa como herói. No elenco estão Damian Lewis, Claire Danes, Mandy Patinkin e a brasileira Morena Baccarin. Por aqui, Homeland é exibida pelo canal FX, que ainda nem começou sua terceira temporada, já encerrada pelo Showtime nos Estados Unidos.

GAME SHOW DE ANDRÉ VASCO  NA BAND VAI AO AR NO DIA 6

Nada de esperar março, depois do carnaval, para fazer estreias, como a maioria dos canais. A Bandeirantes vai lançar já no dia 6 o game show Sabe ou não sabe?, na faixa das 15h50, logo após a novela Violeta . O programa vai marcar a estreia do apresentador André Vasco na emissora.

SBT REPRISA ENTREVISTA QUE  GABI FEZ COM NALDO BENNY

Neste domingo à meia-noite, no SBT/Alterosa, o De frente com Gabi reprisa a entrevista com o cantor e compositor Naldo Benny. Nascido no Rio de Janeiro, ele faz planos para uma carreira internacional, como conta a Marília Gabriela. Ele lembra a morte do irmão Lula, com o qual formou uma dupla aos 15 anos, e conta como superou a ausência do parceiro.

PROJETO DE AGUINALDO SILVA  FICOU MESMO PARA SETEMBRO

Prevista para ir ao ar em abril, a série Doctor Pri, de Aguinaldo Silva, foi adiada pela Globo para setembro. Com 15 episódios, a produção vai mostrar o dia a dia da doutora Priscila Carvalho, personagem de Glória Pires, uma psicóloga especializada em casos de traição. Até que ela começa a pensar que também é vítima de adultério. Além de Glória, estão confirmados no elenco, entre outros, José Mayer, Paulo Rocha, Nívea Maria e Edson Cardoso, o Jacaré, ex-dançarino do grupo de axé É O Tchan e da Turma do Didi.

ZIRALDO CONVERSA HOJE COM  A ESCRITORA SANDRA LOPES

O cartunista Ziraldo conversa hoje com a carioca Sandra Lopes sobre sua poesia, que reverencia a natureza e a cidade do Rio de Janeiro. A escritora comenta seu primeiro livro, Catavento, uma coletânea de poemas, e Convite carioca, que foi traduzido para o inglês. No quadro do Menino Maluquinho, ele conta sua aventura como guia turístico nas férias, para ganhar alguns trocados. E ainda tem os palhaços Maricota e Claudinei em uma cena do espetáculo Circo de retalhos. O ABZ do Ziraldo vai ao ar às 12h, na Rede Minas e na TV Brasil (canal 65 UHF).

GRUPO BOM GOSTO VAI FAZER  A FESTA NO DOMINGO LEGAL
 (Possato/Divulgação)

Um show de pagode vai agitar o Domingo legal, hoje, às 11h, no SBT/Alterosa. O Grupo Bom Gosto (foto) mostra seu repertório e divide o palco com o cantor Rodriguinho, que vai relembrar seus grandes sucessos. Ainda na atração comandada por Celso Portiolli, o quadro “Boia ou afunda” recebe o humorista Geraldo Magela. Confira ainda o que vai rolar no “Passa ou” e as pegadinhas do “Telegrama legal”.

Regina Teixeira da Costa-No consultório de Freud‏


No consultório de Freud 

Regina Teixeira da Costa - reginacosta@uai.com.br
Estado de Minas: 29/12/2013





Vamos fechar o ano publicando a carta do amigo e psicanalista Antonio Quinet contando sua experiência. Desejo aos nossos leitores um excelente 2014.

“Caros amigos,

Escrevo para compartilhar com vocês a grande emoção que foi encenar minha peça na casa de Freud em Londres, onde ele foi para o exílio em 1938 e morreu um ano depois. Com ajuda internacional, Freud, fugindo do nazismo, mudou-se de Viena com a família e levou todo o mobiliário de seu consultório e toda sua magnífica coleção de antiguidades. Foi ali, na sua casa e em seu consultório, em Maresfield Gardens, que encenei Hilda & Freud – Collected words, peça sobre a análise da poeta Hilda Doolittle com Freud (efetuada em 1933, em Viena). Levar o teatro para dentro do Freud Museum para mim foi a great thing!

http://www.freud.org.uk/events/75234/-hilda-freud-collected-words/

Nossa peça fez parte do tema anual em exposição no Freud Museum: Mad, bad and sad: women and the mind doctors. Para a nossa surpresa, boa parte de uma das salas é dedicada a HD e sua análise com Freud. Fizemos cinco apresentações, de 12 a 16 de novembro, para 20 espectadores da peça itinerante que lindamente o Freud Museum chamou de uma “promenade performance”, na qual a última cena foi no consultório de Freud, intacto até hoje. A lotação esgotou uma semana antes da estreia. Diversos guias de espetáculo de Londres anunciaram nossa peça, que contou com o apoio da Embaixada do Brasil.

Foi a primeira vez que o Freud Museum recebeu uma peça encenada em seus aposentos e o impacto foi grande – segundo os diretores e o público – ao verem naquele local, que é um museu, atores darem vida ao protagonista da psicanálise e a uma paciente sua.

A estreia de Hilda & Freud, em 12 de novembro, foi um dos dias mais emocionantes da minha vida. A peça foi se construindo ao longo de 12 meses, para ser encenada especialmente “no último endereço (de Freud) neste planeta”. E ela veio à luz. E os iluminados fomos nós, os criadores dessa obra que se abriu em cena como um acontecimento.

O não naturalismo de nossa opção de montagem deixou logo claro que não se tratava de uma reconstituição histórica, e sim de apresentação contemporânea de nossa leitura da relação de Hilda com Freud. A interpretação brechtiana do narrador/Freud, o relato e as alucinações de Hilda por Ana Vicentini, a música eletroacústica (composta por José Eduardo e Marcus Neves) com as vozes originais de Freud, Hilda e dos atores, a trilha sonora tocada ao vivo pelo José Eduardo com alaúde, as projeções de vídeos de Diogo Fujimura, a direção de movimento de Regina Miranda, os figurinos de Beto de Abreu (que vestiu a atriz psicanalista com um tecido impresso com uma carta de Freud e com um para-quedas), tudo contribuiu para essa criação em inglês da Cia. Inconsciente em Cena, ou melhor, Unconscious on Stage Co. E contamos com a iluminação de Annabel e Alê. Entramos na série de intervenções contemporâneas, graças a nossa curadora, Danuza Machado, realizadas nos últimos anos pelo Freud Museum – na série de Louise Bourgeois, Sophie Calle etc.

Dawn Kemp, a diretora do museu, despediu-se de mim dizendo: “Thank you very much for being Freud” (‘‘Muito obrigado por ter sido Freud’’). O privilegiado fui eu, pela grande oportunidade de apresentar Freud, em sua própria casa, com suas palavras feitas minhas, com minhas palavras feitas dele. Privilégio de fazer Freud, em meio a seus objetos preciosos e a civilizações tão arcaicas, no ambiente povoado pelas vozes de toda a humanidade e de todos seus pacientes, cujas tragédias e comédias o fizeram construir uma disciplina e uma prática que transformou o destino de vários homens, entre os quais me incluo.

Há experiências que são transformadoras. E essa foi uma delas. Foi literalmente um ato, daqueles em que o sujeito sai renovado, que configura um antes e um depois. Assim foi, para mim, o ato de dar voz e corpo, graças ao teatro, a Freud como analista de Hilda Doolittle, viver seu amor pelo deciframento do inconsciente, experimentar seu desejo de saber e seu entusiasmo pelos pequenos grandes achados de cada um. E sentir na pele o terror que Freud viveu na época do nazismo. E seu amor e admiração por Hilda Doolittle. E apresentar seu processo de fazer o outro transformar-se. E quem se transformou fui eu.” 

Roupa Nova ganha biografia coletiva escrita por Vanessa Oliveira‏


Nos bailes da vida 
 
Roupa Nova ganha biografia coletiva escrita por Vanessa Oliveira. Jornalista contou com a colaboração dos artistas 

Ana Clara Brant
Estado de Minas: 29/12/2013 


Com vendas na casa dos milhões, o Roupa Nova mantém a formação há 33 anos     (Ique Esteves/Divulgação)
Com vendas na casa dos milhões, o Roupa Nova mantém a formação há 33 anos


Quem gosta de ouvir Roupa Nova vai adorar ler sobre o Roupa Nova. E mesmo quem não é fã da banda, que já tem três décadas de estrada, vai se deleitar com a biografia do grupo, que acaba de ser lançada pela Editora Record. Tudo de novo, mais do que contar a história do sexteto formado por Nando, Kiko, Feghali, Cleberson, Serginho e Paulinho, é um projeto de vida da jornalista e escritora mineira, radicada no Rio, Vanessa Oliveira.

Insatisfeita com o rumo de sua vida profissional, ela decidiu jogar tudo para o alto e investiu dois anos em seu grande sonho. “Sempre gostei de escrever sobre música e comecei a procurar alguma coisa que tivesse a ver comigo. Sou fã do Roupa Nova desde criança e vi que não tinha nada no mercado sobre eles. Era a minha chance, foi uma grande virada e um resgate”, conta.

Antes mesmo de ter a autorização da banda, Vanessa já tinha iniciado a empreitada. Chegou a entrevistar 30 pessoas ligadas ao Roupa, pesquisou em jornais, revistas e internet. E foi com a cara e a coragem mostrar aos prováveis biografados o que tinha produzido. A jornalista lembra que os amigos chegaram a considerá-la maluca. “Várias pessoas falaram: ‘Meu Deus, mas você escolheu um grupo de seis pessoas? Vai dar trabalho demais. E se nem todos eles toparem?’. Mas quando mostrei o primeiro capítulo, o grupo viu a seriedade da minha proposta e o quanto estava empenhada em fazer aquilo. Já tinha colocado na cabeça. Ia fazer de qualquer jeito, com ou sem a participação do Roupa Nova. Que bom que eles aceitaram”, recorda.

Eles não só entraram de cabeça como abriram o coração para a autora. Depois de reunir mais de 100 horas de entrevistas em áudio, 40 livros de referência e muitos discos, Vanessa conseguiu apresentar toda a trajetória dos artistas, seja no campo da música ou mesmo no aspecto pessoal. A obra, com 540 páginas, mostra também um rico panorama da música brasileira nas últimas décadas, contando casos de bastidores de bailes, turnês, festivais e programas de rádio. “Conto a trajetória de cada um. E o bacana é que não tive censura nenhuma. Eles foram muito generosos e encararam suas histórias. Consegui fazer uma biografia autorizada, mas não é chapa-branca. Conto as histórias boas e ruins da carreira”, frisa.

“E por que só agora?”, questiona o compositor Ronaldo Bastos na orelha do livro. Vanessa Oliveira acredita que o fato de uma biografia demandar muito tempo, pesquisa e privações pode ser uma das explicações. E escrever sobre música pop, principalmente sobre uma banda popular, não é uma tarefa fácil no Brasil.

“A música pop não tem tanto respeito de pesquisadores para virar livro. É muito ignorada nesse sentido. E no caso de um grupo como o Roupa Nova, acho que tem até um preconceito. Tem quem torça o nariz. E eu passei por cima de tudo isso porque respeito esses músicos, que venderam milhões de discos, têm 33 anos de carreira e mereciam ter suas histórias reveladas. Sem falar que queria mostrar sua importância dentro da música brasileira e propor novas reflexões”, analisa

Apesar de ter ficado sem salário durante um bom tempo e ter se dedicado exclusivamente ao projeto, Vanessa não se arrepende e já quer até produzir uma próxima biografia, mesmo com toda a polêmica em torno do assunto. A escritora não tem dúvidas de que foi o trabalho que ela mais gostou de fazer e a boa repercussão da crítica, dos fãs e, claro, dos próprios artistas, ainda lhe deu uma satisfação maior. “Olho para o livro e me sinto orgulhosa e extremamente feliz. Foi a melhor coisa que fiz na vida. Biografia, antes de qualquer coisa, é uma homenagem, e daqui a 50, 100 anos, esse registro e tributo estará aí”, celebra.

Tudo de novo – Biografia oficial do Roupa Nova
De Vanessa Oliveira
Editora Record, 540 páginas, R$ 50

Pacote


Com 33 anos de estrada, o grupo está lançando o box comemorativo Roupa Nova Music, que reúne os cinco últimos DVDs. Entre os projetos incluídos na edição especial estão RoupAcústico, RoupAcústico2, Roupa Nova em Londres, Roupa Nova 30 anos e Cruzeiro Roupa Nova. Além disso, os fãs poderão curtir um EP com seis músicas inéditas.

Três perguntas para...

Ricardo Feghali
tecladista do roupa nova

Como vocês receberam inicialmente essa proposta do livro?

Temos sido procurados por vários escritores ao longo dos anos, conhecidos ou não. E até nós mesmo já quisemos escrever a nossa história. Mas é difícil ter tempo, conciliar agenda. Quando a Vanessa nos procurou, no começo a gente se assustou um pouco (risos). Mas gostamos da iniciativa dela, vimos que ela tinha corrido atrás, pesquisado e estava realmente interessada em fazer uma coisa verdadeira. Por isso decidimos contribuir para que saísse da forma mais correta. A iniciativa dela foi que nos impressionou, como ela estava engajada naquele projeto.

E o que você e o grupo acharam do resultado?


Li o livro todo antes. Corrigi algumas informações que achava que não estavam certas e a Vanessa sempre se mostrou aberta. Ela contou as histórias individuais de uma maneira tão poética e bonita e era importante que tivesse a nossa participação, nossos depoimentos, porque ela jamais saberia de alguma coisa particular se a gente não estivesse presente. Estamos curtindo muito. Todos aprovaram. Só o Serginho (bateria e voz), que é mais reservado, ficou um pouco grilado no começo. Ele sempre foi uma pessoa que gostou de preservar sua vida e o público tem que entender e respeitar isso. Mas todos nós gostamos muito do resultado de uma maneira geral.

E teve alguma coisa ou alguma história que você se surpreendeu ao ler a biografia depois de pronta?


Não, de jeito nenhum (risos). Eu sei de tudo. O Roupa Nova é a minha vida. Sempre fui muito ligado a tudo que acontecia. A não ser alguma coisa muito particular, até porque sempre tivemos muito respeito um pelo outro e ninguém fica entrando na vida privada do outro. Mas, de maneira geral, já conhecia tudo que está ali.

Garotas levadas - Mariana Peixoto


Estado de Minas: 29/12/2013 


Miley Cyrus, com pouca roupa, fuma maconha na premiação da MTV em Amsterdã: tudo para aparecer (Remko De Waal/Reuters)
Miley Cyrus, com pouca roupa, fuma maconha na premiação da MTV em Amsterdã: tudo para aparecer

Trinta anos atrás, uma então jovem cantora de 26 anos foi a sensação de uma apresentação do VMA, a premiação anual da MTV. Em 1984, aos 26 anos, Madonna, vestida com uma noiva sensual, cantou Like a virgin e rolou no chão para simular uma cena de sexo. Pois a cinquentona Madonna é quase uma carola perto de Miley Cyrus dançando nua em cima de uma bola de demolição e lambendo uma marreta. Não viu? Deve ser dos poucos, pois Wrecking ball foi um dos vídeos mais vistos do ano – já atingiu 435 milhões de visualizações no YouTube.

Desde então, a cantora, de 22 anos, acendeu um cigarro de maconha na premiação da MTV em Amsterdã; ajudou a popularizar o twerking, dança em que vale tudo, desde que se mexa muito o quadril e o traseiro (de deixar Carla Perez no chinelo); passou a adotar pouquíssima roupa no palco; deu várias declarações polêmicas. O resultado é mais do que visível: Miley Cyrus virou a artista do ano. No mundo virtual, já que suas desventuras no palco e fora dele foram registradas e compartilhadas vezes a perder de vista.

O título também lhe foi dado pela MTV, que a nomeou “nova rainha do pop”. Há muita ironia nisso, já que poucos anos atrás a própria Miley era a rainha do Disney Channel, com Hannah Montana, a personagem que tinha vida dupla: uma adolescente normal durante o dia e uma popstar quando caía a noite.

Ela é apenas mais uma saída do inocente mundo Disney a fazer da sensualidade, sua porta de entrada para o universo adulto. Britney Spears e Christina Aguilera também passaram por isso. Sua transformação está sendo preparada – e anunciada – desde 2012. Ao longo deste ano, cada passo seu foi filmado, fotografado e devidamente postado nas redes sociais. Quem acompanha a música pop sabe disso. É só olhar para trás e ver como a história vem se repetindo. Só que com mais apelo e menos talento.

Anos 1980


Madonna

Aos 26 anos, Madonna, vestida com uma noiva sensual, cantou
Aos 26 anos, Madonna, vestida com uma noiva sensual, cantou "Like a virgin" e simulou uma cena de sexo
A rainha-mãe, a despeito de seus 55 anos, continua dando um banho nas asseclas três décadas mais jovens. A permanência de Madonna no showbusinness deve-se, principalmente, a duas coisas: senso de oportunidade (que muitos chamam de oportunismo) e uma capacidade de antecipar. Ela fez tudo antes: falou e cantou o sexo sem preconceito; criou shows que são espetáculos audiovisuais; polemizou com a Igreja Católica; abraçou diferentes estilos musicais; fez cinema; lançou livro; mudou o corpo; apesar da voz sem alcance, sabe cantar sem exigir muito. Soube, como ninguém, catapultar sua carreira a partir de polêmicas e reinvenções de imagem.

Anos 1990

Britney Spears

Depois de se firmar como símbolo sexual, Britney Spears sofreu um bocado com o assédio e com más escolhas (Beth A. Keiser/AP  )
Depois de se firmar como símbolo sexual, Britney Spears sofreu um bocado com o assédio e com más escolhas
Prato cheio para os paparazzi e divãs de analista, da colegial bem-comportada do hit Baby one more time até a mulher segura de Britney Jean, lançado no início deste mês, ela fez de tudo um pouco. Depois de se firmar como símbolo sexual, sofreu um bocado com o assédio e com más escolhas (pessoais e profissionais). Ficou morena, cortou os cabelos, ficou careca, fez reabilitação, casou e descasou, teve filhos. Sua carreira também entrou nessa roda-viva e, entre bons
e maus resultados, hoje ela é mais reconhecida pelo passado do que pelo presente.

Christina Aguilera

Mesmo que tenha um vozeirão, Christina sempre perdeu para Britney. (Bastiaan Beentjes/Reuters)
Mesmo que tenha um vozeirão, Christina sempre perdeu para Britney.
Mesmo que tenha um vozeirão, Christina sempre perdeu para Britney. Sua primeira grande mudança de imagem foi com Stripped (2002), em que ela pintou o cabelo de negro, tirou boa parte da roupa, colocou piercings no corpo e cantou sobre anorexia, homossexualidade, bullying. Ficou gordinha, hoje é novamente magérrima e mostrou, até a semana passada, seus trinados em The voice. Na final, apareceu em dueto com Lady Gaga, sua (suposta) nova rival.

Jennifer Lopez

Com seu corpo violão, J-Lo levou tanto para as paradas musicais quanto para Hollywood uma nova sensualidade (Mike Blake/Reuters)
Com seu corpo violão, J-Lo levou tanto para as paradas musicais quanto para Hollywood uma nova sensualidade
A revanche dos latinos. Até o furacão de ascendência porto-riquenha explodir, as divas pop eram baseadas no ideal anglo-saxão. Com seu traseiro avantajado e o corpo violão, J-Lo levou tanto para as paradas musicais quanto
para Hollywood uma nova sensualidade, que foi explorada à exaustão. A música, propriamente dita, é um hip-hop com forte sotaque pop. Hoje sua carreira se baseia mais na moda, TV e cinema do que propriamente nos palcos.

Shakira


Shakira, que hoje é vista ao lado de chefes de Estado, passou por grandes transformações para chegar até lá (Reuters )
Shakira, que hoje é vista ao lado de chefes de Estado, passou por grandes transformações para chegar até lá
E se ela nunca tivesse deixado o país e a língua natal? A cantora colombiana, que hoje é vista ao lado de chefes de Estado, passou por grandes transformações para chegar até lá. Sua carreira teve início nos anos 1990. Cheinha, de gosto duvidoso, cantava um pop em espanhol que versava sobre dores de amores. Saiu da Colômbia, ganhou países latinos, mas só virou uma diva depois que abraçou o inglês, ficou loira,
perdeu uns quilinhos, passou a requebrar e mostrar ao mundo um abdômen trabalhado
na dança do ventre.

Anos 2000

Beyoncé

Beyoncé canta, e muito, ainda que em meio a tanta produção, por vezes, a voz fique em segundo plano (Adrian Dennis/AFP)
Beyoncé canta, e muito, ainda que em meio a tanta produção, por vezes, a voz fique em segundo plano
Ela rebola. Ela faz um trocar de pernas como ninguém. Ela canta, e muito, ainda que em meio a tanta produção, por vezes, a voz fique em segundo plano. Com pretensões a se tornar a Madonna negra, Beyoncé é a mais bem fabricada cantora do showbusiness norte-americano desta era. Começou a cantar aos 7 anos na Houston natal e o pai, sabedor do talento da filha, logo tratou de empresariá-la. Família, politicamente correta, viu seu nome se tornar ainda mais forte depois do casamento com o rapper Jay-Z. Hoje é a diva inconteste do R&B.

Lady Gaga

Lady Gaga é a melhor tradução da celebridade no mundo 2.0 (Toru Hanai/Reuters)
Lady Gaga é a melhor tradução da celebridade no mundo 2.0
A melhor tradução da celebridade no mundo 2.0. O que seria de Stefani Germanotta não fossem as redes sociais? Pois nos últimos cinco anos ninguém soube “causar” mais do que Lady Gaga. Ela se aproximou primeiramente de um público de excluídos como ela, os chamados “little monsters” (pequenos monstros), que se reconheceram na loira de jeito andrógino. Vestiu (e principalmente desvestiu) em shows, festas, premiações. Roupa de carne, de papel, de cabelo, que voa, que sangra. Na música, não mais conseguiu hits tão bons quanto os iniciais Poker face e Bad romance. Até que... cansou.

Rihanna

 Rihanna virou musa e ícone fashion a partir de 2007 (Valerie Hache/AFP)
Rihanna virou musa e ícone fashion a partir de 2007
Até Umbrella explodir mundo afora, muita gente nunca havia ouvido falar numa tal Barbados, ex-colônia britânica, conhecida pelas águas azuis e por ser mais um paraíso fiscal caribenho. Olhos verdes, corpo colossal e uma capacidade absurda de mudar corte de cabelo como quem troca de calça, Rihanna virou musa e ícone fashion a partir de 2007. Com o conturbado namoro com Chris Brown, foi parar nas manchetes policiais como mais uma vítima de abuso doméstico. Hoje, tudo superado, se tornou muito maior do que o rapper.

Anitta


 O funk domesticado de Anitta é como uma colagem safada de coisas ouvidas (e atualizadas) há muito: Kelly Key é referência imediata (Marcos Vieira/EM/D.A Press)
O funk domesticado de Anitta é como uma colagem safada de coisas ouvidas (e atualizadas) há muito: Kelly Key é referência imediata
E finalmente o Brasil conseguiu fabricar sua musa funkeira. Com nome inspirado em série global, a carioca Anitta (Larissa na carteira de identidade) alisou os cabelos, fez plástica no nariz, colocou silicone e protagonizou o Show das poderosas, que não saiu da lista das mais tocadas do ano. O funk domesticado de Anitta é como uma colagem safada de coisas ouvidas (e atualizadas) há muito: Kelly Key é referência imediata, passando por Rihanna e outras do gênero. Anitta tem pretensões além da música, já entrou para a Globo e quer cantar outras estilos. Até quando?

DOENÇAS SAZONAIS » Cuidados com a alimentação, hidratação e o sol‏


DOENÇAS SAZONAIS » Cuidados com a alimentação, hidratação e o sol
Estado de Minas: 29/12/2013 

 (Shirley Pacelli/EM/D.A Press - 28/11/13)


Algumas doenças tornam-se mais presentes com a chegada do verão, pelas características próprias da estação. Exposição prolongada ao sol, consumo de alimentos em locais de lazer e vários outros fatores de risco exigem cuidados para garantir que a diversão não acabe mais cedo. Isso porque o calor excessivo provoca a ocorrência de doenças sazonais, como desidratação, insolação, dengue, intoxicação alimentar, hepatite A e problemas de pele. O infectologista do Hospital e Maternidade Brasil, em São Paulo, Munir Akar Ayub alerta para os sintomas mais relatados pelos pacientes: diarreia, dor de cabeça, dor no corpo, vômito e mal-estar em geral. “Para que isso não ocorra, o indicado é ingerir dois litros de água por dia, tomar banhos em temperatura ambiente e usar roupas leves”, recomenda. A preparação de alimentos deve receber atenção especial, pois o calor possibilita a rápida proliferação de bactérias. “No verão, o certo é consumir alimentos leves e não gordurosos, pois o calor faz com que os produtos estraguem mais rapidamente.” Ao se expor ao sol, use filtro solar e, se estiver muito intenso, use camisetas para se proteger melhor (foto).

PLANTAS MEDICINAIS
O uso da fitoterapia por diabéticos e hipertensos

Com o objetivo de orientar sobre o uso de plantas medicinais por pacientes diabéticos e hipertensos, as professoras da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Luciana Calábria e Stefany Assis desenvolvem no câmpus avançado de Governador Valadares o projeto “Orientação ao uso seguro de plantas medicinais por diabéticos no programa Hiperdia Minas”. Segundo Luciana, a iniciativa tem por objetivo “orientar os pacientes quanto ao uso correto e seguro da fitoterapia como uma terapêutica complementar às que já existem, além de consolidar essa prática como integrativa aos serviços de saúde”. Para desenvolver o trabalho, alunos dos cursos de medicina e farmácia visitaram a Policlínica Central do município e entrevistaram cerca de 300 pacientes, de 23 a 93 anos. A partir dos dados coletados, algumas plantas foram apontadas como mais usadas para o controle da glicemia e da hipertensão arterial. Agora, serão investigadas as possíveis interações das plantas com os medicamentos, para que seja elaborado um banco de dados a ser disponibilizado para os profissionais de saúde local. Também será confeccionada cartilha com as principais plantas medicinais, que serão distribuídas nas unidades de saúde durantes os encontros promovidos pelo projeto. Para a bolsista Beatriz Araújo, a ação é de grande impacto social. “Além de ampliar meu conhecimento a respeito do assunto, participar de uma iniciativa como essa contribuirá com a qualidade de vida de uma parcela da população diabética.” 

Narcolepsia - Doença caracterizada pelo excesso de sono é provocada pelo próprio corpo


Narcolepsia criada pelo próprio corpo 
 
Cientistas desvendam mecanismo que mostra que a doença caracterizada pelo excesso de sono é provocada pelo sistema imunológico do paciente
 
 
Vilhena Soares
Estado de Minas: 29/12/2013 


Uma doença é considerada autoimune quando é provocada pelo próprio corpo do paciente. Existem cerca de 80, entre a artrite reumatoide, o lúpus e a psoríase. Os resultados de um estudo desenvolvido na Universidade de Stanford (EUA) podem incluir mais uma enfermidade à lista: a narcolepsia. Os cientistas realizaram um experimento com gêmeos e descobriram que glóbulos brancos anormais atacam a hipocretina, neurotransmissor ligado à vigília, provocando o transtorno caracterizado pela sonolência excessiva. A descoberta promete auxiliar em um diagnóstico mais preciso do distúrbio e novas formas de tratamento.

“Este estudo vai moldar a próxima década de pesquisas sobre narcolepsia. Ao dar uma nova maneira de pensar sobre como os neurônios nesses pacientes morrem, nosso estudo também sugere novas abordagens terapêuticas que não teriam sido consideradas se não tivéssemos aprendido que essa é uma doença autoimune”, aposta Elizabeth Mellins, professora da Faculdade de Medicina de Stanford, uma das responsáveis pelo experimento, publicado pela revista americana Science Translational Medicine.

Elizabeth explica que o estudo se baseou em descobertas anteriores. Trabalhos que mostraram que o receptor de células T, substâncias do sistema imunológico, atacam a hipocretina. “Estudos de associação genética identificaram alguns genes como fatores de risco adicionais para a narcolepsia, e esses incluíram um gene receptor de células T. Nosso trabalho, que focou nessa célula, traz a evidência mais forte até agora de uma atividade do sistema imunológico como causa dessa doença”, destaca.

Para o experimento, os pesquisadores analisaram gêmeos, sendo um irmão narcoléptico e o outro saudável. Por meio de exames em laboratório, eles observaram que apenas os gêmeos doentes tinham células T reativas no sistema imunológico. “Elas produzem mediadores inflamatórios (interferon gama e TNF alfa) quando expostas à hipocretina. Isso nos mostra que o sistema imunológico está envolvido na doença, mas nós ainda não sabemos os eventos moleculares específicos que apontam o desenvolvimento dessas células T com a perda de células neuronais, que caracteriza a narcolepsia”, pondera a cientista.

Outra evidência analisada pelos pesquisadores foi um surto da doença, em 2010, na China, causado pela vacinação contra o H1N1, um subtipo da gripe suína. Os cientistas explicam que uma substância existente na vacina reagiu de forma semelhante à das células T reativas, combatendo a hipocretina. Dessa forma, provocou a narcolepsia nos imunizados. “Muito provavelmente, o adjuvante (matéria-prima da vacina) AS03 foi a principal razão pela qual houve casos de narcolepsia após a vacinação, que impulsionou a resposta imunológica do corpo de forma errada, fazendo com que as células T reagissem e atacassem (a hipocretina)”, destaca. O processo de autocombate é chamado de mimetismo molecular.

Exames Para outros cientistas norte-americanos, as descobertas – de que a narcolepsia é uma doença autoimune e que o mimetismo molecular pode ser provocado pela vacina H1N1 – vão auxiliar em estratégias diferentes de combate à doença. “Podem levar a novos tratamentos, como terapia específica de células T”, projeta Alberto De La Herran, um dos autores do estudo e professor da Faculdade de Medicina de Maryland. Elizabeth Mellins acredita também na possibilidade de surgimento de um novo tipo de diagnóstico. “Esse estudo vai provavelmente levar a um exame de sangue que poderá nos ajudar a identificar indivíduos afetados mais cedo. Se pudermos fazer isso antes da perda completa das células, seria possível, quem sabe, reverter o processo, mas, é claro, precisaríamos diagnosticar isso bem cedo”, declara.

Neurologista do Laboratório do Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, Rosa Hasan diz que a narcolepsia é uma doença de difícil diagnóstico. “Não podemos analisar a fundo o cérebro de alguém em busca da hipocretina. Conseguir um exame de sangue que pudesse mostrar por meio dessas reações imunológicas a reação do linfócito à hipocretina e, assim, ter a comprovação da doença seria de extrema ajuda”, declara.

Rosa não acredita que novos medicamentos possam surgir da pesquisa americana, mas ressalta que a comprovação da doença como autoimune contribuiu para combatê-la. “Já temos alguns tratamentos para a narcolepsia com o uso de imunoterápicos. Diagnosticar uma pessoas no começo da doença é difícil, mas, com certeza, isso pode contribuir para técnicas mais eficientes contra doenças relacionadas ao cérebro, um órgão muito complexo”, completa.

Próximas etapas  Os pesquisadores de Maryland darão continuidade ao estudo. Pretendem reunir mais dados que possam auxiliar a decifrar a narcolepsia e mostrar outras causas ligadas ao desencadeamento da doença. “Estamos apenas vendo a ponta do iceberg, há muitos outros aspectos de que ainda não temos conhecimento. Não sabemos qual é o papel das outras células do sistema imunológico no desenvolvimento desse distúrbio”, exemplifica.

Rosa Hasan explica que a ciência sabe que narcolepsia pode ser genética ou provocada por infecções. “Claro que devem existir outras substâncias relacionadas também à produção da hipocretina no cérebro e ao funcionamento do sistema imunológico, que é muito complexo e merece a atenção de pesquisadores”, ressalta a neurologista. 

Simulações avançadas podem amenizar transtornos para quem vai ao espaço


Os desafios em baixa gravidade

Além de treinamento intenso, a experiência de ir para fora da Terra demanda cuidados como a preservação da saúde óssea e muscular. Especialistas apostam em simulações ainda mais avançadas para amenizar os transtornos 

Vilhena Soares
Estado de Minas: 29/12/2013 


Brasília – “Estar apaixonado é livrar-se da gravidade.” Essa é uma das definições de Sting para o amor escrita na autobiografia intitulada Fora do tom. Será que a experiência é semelhante à de um astronauta no espaço? Na prática, talvez seja mais desconfortável a perda da sensação dos pés no chão do que a descrita na figura de linguagem. Ainda assim, ir para além do planeta Terra é uma experiência que fascina quem já teve a chance de senti-la na pele, tira o sono de quem a espera e habita a mente de muitos aficcionados pelo espaço sideral.

Marcos Pontes, tenente-coronel da Força Aérea Brasileira, é o único astronauta brasileiro a ter ido ao espaço. Ele foi escolhido em 1998 pela Agência Espacial Brasileira e pela Agência Espacial Americana (Nasa). Durante dois anos, participou de treinamentos e fez a viagem em 2006 à Estação Espacial. Pontes explica que a experiência exigiu muito preparo físico. “O ambiente espacial é bastante hostil para a saúde dos astronautas. Muita gente pensa que ‘treinar como um atleta’ (parte física) é pré-requisito para ser astronauta. Negativo. O principal é a saúde em perfeita ordem”, detalha.

Segundo Pontes, até se tonar um astronauta profissional, são necessários muitos anos de curso e treinamento. Teorias sobre os sistemas das espaçonaves, práticas em simuladores, aulas de geologia, astronomia, medicina, paraquedismo, além de exames médicos, fazem parte da formação. No caso do astronauta brasileiro, depois de dois anos de qualificação básica e de cinco anos e meio de treinamento avançado, ele se dedicou durante dois anos à especialização. “Minha qualificação é de astronauta especialista de missão, um tipo de mecânico de espaçonave. Hoje, faço parte do time de astronautas de manutenção da Estação Espacial Internacional”, diz.

 Apesar do árduo trabalho exigido, Pontes destaca o quão interessante foi a experiência de ir ao espaço. “Uma missão espacial nos ensina muito. Nesse sentido, valeu. Quanto a recomendar, eu não desejaria que alguém tivesse que passar por tudo o que eu passei antes e depois do voo. O durante é o melhor”, conta. De volta à Terra, o tenente-coronel sentiu os efeitos da viagem no funcionamento do corpo.

Segundo Amâncio Friaca, astrofísico da Universidade de São Paulo (USP), a gravidade é um dos maiores problemas enfrentados pelos astronautas. “De fato, a microgravidade é o principal problema caso a pessoa fique por longos períodos no espaço. Ocorre, nesse caso, perda óssea e muscular. Depois de semanas a bordo de uma estação espacial, a pessoa se enfraquece tanto que, ao retornar à Terra, tem que ser abrigada em macas e acolchoados especiais até se recuperar plenamente. Medicação e exercícios no espaço evitam esse problema”, declara.

Friaca aponta que é possível evitar os efeitos antes da viagem espacial. A curto prazo, medicação, programas de exercícios e simulação da gravidade em compartimentos de naves em rotação ajudam. “Sistemas de acompanhamento do clima espacial para a emissão de alertas com o recolhimento dos astronautas em abrigos dentro da nave e blindados contra a radiação também são medidas interessantes”, destaca.

Bem-estar tecnológico Para o astrofísico, novas tecnologias tendem a eliminar os aspectos desagradáveis da experiência. No caso dos primeiros astronautas em Marte, por exemplo, ele aposta na criação de minibiosferas artificiais, capazes de permitir a vida humana no ambiente alienígena. “A longo prazo, a terraformação de Marte, ou seja, uma engenharia de nível planetário para torná-la mais similar à Terra, e o redesign genético do ser humano numa nova criatura adaptada a um ambiente alienígena também ajudarão”, completa.

O astronauta Marcos Pontes acredita que o processo será semelhante ao sofrido pelo tráfego aéreo tradicional. “Com o desenvolvimento do mercado de turismo espacial, os sistemas ficarão cada vez melhores, como aconteceu com as aeronaves comerciais da Boeing, Airbus, Embraer etc. Agora, quanto aos problemas de gravidade, radiação e desorientação espacial, deve demorar mais tempo para termos soluções práticas.”

Minutos no espaço Pedro Doria Nehme, 20 anos, estudante do curso de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB), vive a expectativa e a espera de ir ao espaço. Ele foi o ganhador de um concurso da empresa Internacional KLM (companhia aérea). Como vencedor da viagem Space Flight, ele tem direito a uma vaga na nave Lynch, da Space Expedition Corporation (SXC). A aeronave fará um voo comercial ao espaço no início de 2014. O desafio do concurso foi adivinhar em que ponto do céu um balão de alta altitude monitorado por câmeras e GPS poderia parar. Nehme chutou e acertou.

O estudante acredita que uma das maiores dificuldades que vai enfrentar na viagem serão as mudanças de velocidade. “A minha viagem vai ser diferente das comuns porque vai durar uma hora. No espaço, ficarei de 10 a 20 minutos. Não é a mesma preocupação com a saúde em uma viagem de longo prazo. Em compensação, as manobras rápidas que serão feitas para retomar a velocidade horizontal da aeronave, em que você sente quatro vezes a velocidade do seu corpo, podem ser desconfortáveis”, destaca. Apesar das dificuldades, Nehme acredita que a experiência será marcante em sua vida. “Minha expectativa é alta, poucas pessoas viram a Terra de cima. Acho que será uma experiência única e com uma visão deslumbrante.”

Cotidiano estranho
Veja alguns detalhes do dia a dia dos astronautas que vivem na Estação Espacial Internacional
Roupas espaciais
Apesar de os engenheiros tentarem tornar as roupas espaciais confortáveis, elas precisam, antes de tudo, proteger contra um dos maiores problemas enfrentados em órbita: a radiação. Assim, os trajes usados em passeios no espaço, fora da ISS, são pressurizados, fornecendo oxigênio e removendo o dióxido de carbono, além de manterem uma temperatura confortável. Os famosos macacões também precisam ser largos para que o astronauta possa mover seu corpo mais facilmente

Comer
Hoje, a maior parte da comida espacial se parece bastante com a consumida na Terra. O que começou como uma pasta sem gosto, espremida em um tubo parecido com os de creme dental, avançou muito. Os astronautas de hoje têm direito até a refeições criadas por célebres chefs de cozinha

Dormir
Na ISS, há cabines individuais com sacos de dormir amarrados à parede. O astronauta simplesmente se enfia no saco e relaxa os músculos

Banheiros
São unissex e contêm um pequeno vaso sanitário para resíduos sólidos e um urinol em formato de mangueira com um funil na extremidade. Por conta da falta de gravidade, os equipamentos contam com uma sucção para que os dejetos não saiam flutuando pelo ambiente — o que, mesmo assim, pode ocorrer de vez em quando, dando um trabalho extra para a limpeza do local.

 
    
 

Eduardo Almeida Reis-Compostura‏


Religiosos e ateus têm compromisso com a compostura, modo de ser, de estar, de agir, especialmente o que revela sobriedade, educação, comedimento

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 29/12/2013 


Compostura

Camisa polo, bermudão, canelas de fora, chinelos de dedos. Visual tolerável no tempo quente, com a só condição de que o cavalheiro tenha canelas decentes e não exerça função incompatível com certa liberdade fashion. Parece-me – e o leitor dirá se tenho razão – que um padre católico, na cidade de Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, exagerou na dose quando se deixou fotografar naqueles trajes, ao lado de outro padre e de uma restauradora, na igreja em que trabalha.

É sabido que o hábito não faz o monge, o que significa dizer que a aparência não mostra quem a pessoa realmente é. Mas é preciso que o monge esteja usando sua indumentária religiosa. A história está referta de cavalheiros trajando batinas, do português antigo abatina, latim eclesiástico abbatina (vestis) “veste própria de abade”, que desonraram o hábito e a profissão que exerciam.

Contudo, me parece que bermudão, canelas de fora e chinelos de dedos, numa igreja belo-horizontina, são exageros intoleráveis até para os crentes que a frequentam, quanto mais para o sacerdote que nela dá expediente. Realmente, batina é difícil de justificar, a exemplo daquela espécie de avental usado pelos conselheiros do Tribunal de Contas de Minas. Daí às canelas expostas vai uma grande distância.

Quando aliviou a barra da sotaina negra, o catolicismo adotou um traje discreto, calça e paletó escuros, colarinho branco (clerical collar), nome que não encontro aqui nos dicionários de inglês. Vejo clergyman é clérigo, indivíduo que pertence à classe eclesiástica. Não posso jurar, mas acho que naquele tempo clergyman foi usado como sinônimo de traje eclesiástico.

Religiosos e ateus têm compromisso com a compostura, modo de ser, de estar, de agir, especialmente o que revela sobriedade, educação, comedimento. Já o pastor Romildo Ribeiro Soares, R. R. Soares para os crentes, de terno e gravata cantando e dançando no palco do seu templo, é o tipo do espetáculo constrangedor. A propósito, Romildo já se estabeleceu na Cale Lavalle, em Buenos Aires, onde deve tangar para os portenhos. Padre de canelas de fora deveria ser excomungado, salvo melhor juízo.

Fatos e versões 

Que interesse pode existir, salvo para a perícia, no vídeo em que o Porsche do ator Paul Walker bate e pega fogo? É o que sempre me pergunto quando exibem tais vídeos na televisão ou no provedor de internet. Será que existe gente cruel ao ponto de gostar daquilo, ou “curtir” como diz o provedor Terra?

Muito mais útil é o e-mail da laranja na feijoada. Vou pedir à comadre que me faça uma feijoada só para ver se o negócio funciona. A lição é a seguinte: ponha uma laranja inteira com casca (bem lavada) na feijoada junto com as carnes. A gordura passa quase toda para dentro da laranja. Basta cortá-la para confirmar. E a feijoada, deliciosa, fica light.

Você também pode experimentar com um pedaço de linguiça. Ferva a água, fure a linguiça com um garfo, ponha a laranja na panela e depois a linguiça. Em cinco minutos toda a gordura passa para dentro da laranja. Depois, frite a linguiça para ver como está uma delicia. E tem mais uma coisa: a panela fica sem gordura.

Jornalismo é serviço e feijoada magra faz menos mal que a gorda. Em verdade, nada faz bem porque “viver faz mal à saúde”. Acho que a frase é de João Guimarães Rosa, mineiro de Cordisburgo, filho de Florduardo Pinto Rosa. O sobrenome de seu Flor suscita no Brasil o assunto PIB, Produto Interno Bruto. A exemplo do Pinto Rosa, depois de curtos períodos de entusiasmo, o PIB brasileiro desanima.

O mundo é uma bola

29 de dezembro de 534: publicado o Codex repetitae praelectionis, uma atualização do Digesto, que ninguém sabe o que é. Portanto, vamos lá: o Corpus Juris Civilis ou Corpus Iuris Civilis (em português Corpo de Direito Civil), é uma obra jurídica fundamental publicada entre os anos 529 e 534 por ordem de Justiniano I, imperador bizantino. Dentro de seu projeto de unificar a expandir o Império Bizantino, Justiniano I viu que era indispensável criar uma legislação congruente, que tivesse capacidade de atender às demandas e litígios da época.

Em 1482, a Ilha do Pico é integrada à capitania do Faial, data importantíssima porque foi na Ilha do Pico que nasceu, alguns séculos depois, o advogado Artur Tavares Bettencourt, açoriano de velha e boa cepa, que emigrou menino para o Brasil, foi juiz de direito e hoje advoga em Pouso Alegre, Minas Gerais.

Em 1821 a Gazeta do Rio de Janeiro passa a se chamar Gazeta do Rio. Em 1864 é fundado em Lisboa o Diário de Notícias, o mais antigo jornal diário português. Em 1891 Thomas Edison patenteia o rádio. Em 1898, o coronel John Patterson consegue caçar o segundo dos leões assassinos que comeram mais de 140 pessoas na região de Tsavo, Quênia. Em 1992, Fernando A. Collor de Mello renuncia à Presidência do Brasil.

Ruminanças
“Nada é mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem” (Nelson Rodrigues, 1912-1980).

A carta ao Papai Noel - André Luiz Pires de Miranda


A carta ao Papai Noel 
 
Cada vez mais restrito a faturas, o envelope entregava emoções


André Luiz Pires de Miranda
Professor da Universidade Fumec

Estado de Minas: 29/12/2013 


Em 1796, ainda quando a população mundial se aproximava do 1º bilhão, o imperador Napoleão escreveu à sua amada Josefina: “não passo um dia sem te desejar, nem uma noite sem te apertar nos meus braços; não tomo uma chávena de chá sem amaldiçoar a glória e a ambição que me mantêm afastado da vida da minha vida”. Passados mais de 200 anos, milhares de crianças ainda se utilizam desse instrumento, por acreditar ser essa a alternativa mais próxima de alcançar o Papai Noel. Também há aqueles que acreditam ser o melhor caminho para falar com presidentes e/ou personagens “inatingíveis”, tese comprovadamente derrubada por meio da experiência com os “seis graus de separação”. A carta, portanto, ainda é um instrumento de validação do imaginário e uma forma de solenizar o sentido do seu envio. Portanto, ainda não morreu!

Evidentemente que as mensagens curtas em formato digital e, em sua maioria, sem aquela qualidade literária tradicional das cartas, têm provocado mudanças significativas nas formas de comunicação, justificada pela pressa em atingir o destinatário. Melhor usar o Whatsapp, o Twitter, o email etc. A carta que leva e traz expectativas quanto ao teor da notícia, portadora de alegrias, tristezas, aflições, tem se restringido às faturas das contas de luz, água, telefone, cartão de crédito. Enfim, não tem transmitido momentos de felicidade. Não retrata mais o quanto inspirou a música gravada por Isaurinha Garcia: “Quando o carteiro chegou e meu nome gritou (…). Porque na incerteza eu meditava e dizia: será de alegria? Será de tristeza?” Onde está, afinal, a emoção? Certamente está em qualquer uma daquelas cartas do programa Papai Noel dos Correios, criado há 24 anos pelos funcionários que, se atendida, levará grande felicidade ao remetente. Ao escrevê-la, ele relatou ali um pouco da sua história e toda a sua expectativa e crença em um dia especial de Natal. Sua resposta é como se fosse um reconhecimento por ter “passado de ano”, ter se comportado bem e obedecido a seus pais e que, agora, aguarda a realização de um sonho, que pode ser um brinquedo especial, uma visita inesperada, enfim, a carta transformadora de sonhos em realidade. Resgata-se, assim, a função do mensageiro, do carteiro, hoje restrita à entrega de correspondências formais, o que induz uma ação transformadora da instituição Correios, em razão do avanço da tecnologia e da mudança de hábitos, comprovadamente, sem volta.

Poder-se-ia afirmar que o abandono da carta é fruto do imediatismo, da pressa, culturalmente inimiga da perfeição e que, consequentemente, destrói a emoção contida em um instrumento escrito de forma pensada, com expressões escolhidas para lhe dar o melhor sentido e dizer aquilo que brota do fundo da alma. Se optou pela carta, certamente não há pressa, assim como afirma Chico Buarque na canção Futuros amantes: “amor não tem pressa, ele pode esperar / num fundo do armário / na posta restante / milênios quiçá”. E assim milhares de crianças aguardaram o retorno de uma, talvez já escrita há meses. Pode ter certeza que ali havia uma emoção contida e uma grande oportunidade de mostrar gratidão e generosidade.

Bate-boca por ex-deputado‏

Promotor cobra transferência de Pedro Corrêa, que está em cela isolada de penitenciária em PE, para unidade de regime semiaberto. Juiz diz que "não é uma questão de urgência"
 

Ana Luiza Machado e André Duarte
Estado de Minas: 29/12/2013 


Pedro Corrêa chega algemado a PE: filho do ex-deputado teme pela integridade física do pai, embora ele esteja separado de outros presos (Paulo Paiva/DP/D.A Press)
Pedro Corrêa chega algemado a PE: filho do ex-deputado teme pela integridade física do pai, embora ele esteja separado de outros presos

Recife – Condenado a 7 anos e 2 meses no processo do mensalão, o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) continua sem previsão de deixar o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, onde está preso desde a tarde de sexta-feira. A situação causou atritos entre o juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Luiz Gomes da Rocha Neto, e o promotor da 2ª Vara de Ações Penais, Marcelus Ugiette, que considerou a prisão ilegal. Corrêa está numa sala da quarentena, afastado dos outros presos, onde aguarda a decisão judicial sobre a transferência para uma unidade do regime semiaberto.

Segundo o juiz Luiz Gomes da Rocha Neto, designado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para acompanhar o caso, apesar da “notabilização da causa”, o ex-parlamentar é um preso “como qualquer um dos 30 mil” que fazem parte do regime prisional no estado. “Não é uma questão de urgência”, disse o magistrado. Já o promotor Marcelus Ugiette alega que a permanência de Pedro Corrêa no Cotel é “ilegal, imoral e irregular”.

O ex-deputado passou pelo mesmo padrão de procedimento dos demais presos, incluindo o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e a triagem no Cotel. “É preciso que fique claro que o reeducando está em trânsito e em caráter provisório até que se decida para que presídio em regime semiaberto do estado ele vai. O Cotel é a porta de entrada para qualquer presidiário em Pernambuco, inclusive os presos em flagrante. Dificilmente uma condenação que vem de fora indica para que presídio o condenado deve ir”, afirmou Rocha Neto.

Em entrevista por telefone, o juiz informou ainda que está de posse de um documento entregue pelo advogado e filho do ex-deputado, Fábio Corrêa, pedindo que o pai permaneça no Cotel até os primeiros dias de 2014, com o objetivo de preservar a integridade física dele. A decisão sobre o pedido do advogado ainda não foi tomada. O magistrado ressaltou que não há ilegalidade na permanência provisória do preso no Cotel, como considerou o promotor Marcelus Ugiette. “Acho que o promotor deve ter dado a declaração de bate-pronto, deve ter se precipitado um pouco, porque estamos de posse dos documentos e acompanhando o caso”, disse Rocha Neto.

Ofício O promotor Marcelus Ugiette contesta a informação: “Se a sentença condenatória diz que a condenção é em regime semiaberto, nada justifica ele ter ficado no Cotel”. Ugiette informou que enviará ofício para a Seres recomendando a imediata transferência do ex-deputado para o regime semiaberto. Entre as possibilidades de locais para onde Pedro Corrêa pode ser transferido estão a Penitenciária São João, em Itamaracá; o presídio de Canhotinho, o de Salgueiro e Petrolina, no Sertão do estado.

Em nota enviada na tarde de ontem, a filha de Pedro Corrêa, a deputada federal Aline Corrêa (PP-SP), protestou contra o uso de algemas no pai durante a transferência dele para a unidade prisional em Pernambuco. Ao apontar que o ex-parlamentar não oferecia resistência, a filha declarou que ele foi vítima de uma ação de “imagem-espetáculo”.