quarta-feira, 11 de setembro de 2013

MARTHA MEDEIROS Frances Ha: uma homenagem aos errantes

ZERO HORA - 11/09/2013

Anda difícil ser jovem. O leque de opções é farto e isso deixa qualquer um indeciso. E, até quando se decide com alguma convicção, pouco adianta: onde foram parar os empregos, onde estão os amores, o que fazer quando as coisas não saem como o esperado?

De uma coisa a protagonista de 27 anos do filme Frances Ha sabe: “dar certo” é algo muito relativo – e restrito. Existem poucas vias para o sucesso e inúmeras para o fracasso. A única maneira de conseguir vaguear pela vida sem lamentar as tentativas frustradas é reconhecer que a normalidade também pode ser manca, vesga e fanha. Mesmo quando tem chance de acertar, Frances prefere apostar no azarão: “Gosto das coisas que parecem erros”.

E já que ela revela isso com um sorriso no rosto, e não resmungando, subverte a questão e mostra que o “erro” pode ser um estilo de vida aceitável, é só cuidar para que ele não provoque isolamento nem nos conduza ao “ai de mim”. Arriscar com graça e autenticidade pode ser um acerto do avesso.

Nem todos querem ser campeões em tudo. Os errantes não aparecem nas colunas sociais nem são exemplos de virtude, mas têm um jeito próprio de se expressar e de existir, lutando para manter sua identidade mesmo na contramão do que se estabeleceu como “certo”. Conheço, por exemplo, quem prefira dias nublados e chuvosos, o que soa como errado, ainda que um erro poético.

Só que a poesia não tem nada a ver com essa preferência. Um dia, essa pessoa me confessou que gostava de dias nublados porque era quando não se sentia cobrada a “aproveitar a vida lá fora”. Ela aproveitava a vida por dentro, e o clima fechado era seu cúmplice diante de uma sociedade que decretou como certo que todas as pessoas devem frequentar parques e praticar exercícios ao ar livre. Quando chovia, ela tinha a rara oportunidade de se sentir enquadrada.

Há caminhos bem sinalizados para se ter uma vida plena, saudável e com garantia de receber uma estrelinha dourada ao final da jornada, mas há quem se sinta tentado pelos desvios. Qual o problema de não querer ter filhos ou de não desejar fazer parte da diretoria? Lembro de uma passagem divertida de um livro de Martin Page. O personagem recebe uma promoção e a recusa, questionando. “Por que sou obrigado a evoluir?”. O patrão insiste: “Mas você faz um trabalho excelente!”. E ele: “Não faço isso de propósito”.

Há quem não queira mais responsabilidades do que já tem, mesmo que isso implique ganhar menos dinheiro. Quem decretará que isso é falta de rumo?

Errantes somos todos, em algum aspecto. Fazer besteira para chamar a atenção é contraproducente, mas optar por alternativas não abençoadas pelo senso comum pode ser apenas uma maneira de levar a vida como se gosta.

Tv Paga


Estado de Minas : 11/09/2013 


 (HBO/Divulgação)

Missão secreta


Estreia hoje, às 22h05, na HBO, o documentário Caçada (foto), participante da programação oficial do Sundance Film Festival em 2013. A produção conta a história das duas décadas de caça ao terrorista mais famoso do mundo: Osama Bin Laden. Para muitos pode ser um suspense de espionagem, só que com imagens reais e depoimentos de quem atuou nos bastidores da perseguição ao líder da Al Qaeda, entre analistas, observadores e agentes internacionais. Em tempo: também hoje, às 22h, o canal Max estreia a minissérie Top of the lake.

Passe a noite de hoje com
a namoradinha do Brasil


Regina Duarte é a convidada do terceiro programa da série Damas da TV, às 21h, no canal Viva. Intérprete de papéis marcantes e de mulheres de personalidade forte, como a Porcina da novela Roque Santeiro (1985) e a Maria do Carmo de Rainha da Sucata (1990), a atriz ainda é lembrada como a “Namoradinha do Brasil”. Ao fazer uma retrospectiva de sua carreira, Regina diz que não se acha mais merecedora do título.

Mineiro Pedro Motta abre
seu ateliê para o SescTV


O SescTV tem oferecido boas novidades aos assinantes. Para hoje, um dos destaques é um especial da série Artes visuais, às 21h30, com o artista plástico mineiro Pedro Motta mostrando como usa a fotografia como suporte para seus trabalhos, especialmente as paisagens. Às 22h, tem show de Cyro Baptista e Banda multicultural Beat The Donkey. E às 23h, em Dança contemporânea, a mostra da Bienal Sesc de Dança 2013 continua com o espetáculo Qualquer coisa a gente muda, do coreógrafo carioca João Saldanha.

Dona Ivone Lara é tema
da Enciclopédia do samba


Outro musical que promete é o documentário Glory days, com Bruce Springsteen, às 22h, no Multishow. Já o Canal Brasil exibe o segundo capítulo de Enciclopédia do samba, às 18h45, hoje falando de Done Ivone Lara. No mesmo Canal Brasil, mais duas boas dicas de hoje: o artista plástico argentino Guillermo Kuitca em Sangue latino, às 21h30, e o encontro de Lorena Calabria com Rogéria em Com frescura, à meia-noite.

Vai começar a disputa do
Grande Prêmio de Curtas


Quem gosta de cinema assiste a longas e a curtas também. Por isso vale a dica para conferir os cinco primeiros selecionados para o 8º Grande Prêmio Canal Brasil de Curtas, hoje, às 22h. Serão exibidos em sequência os filmes O acaso e a borboleta, de Tiago Américo e Fernanda Corrêa; Di Melo – O imorrível, de Alan Oliveira e Rubens Pássaro; A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida; Quem tem medo de Cris Negão?, de René Guerra; e Menino do cinco, de Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira.

Filme sueco é destaque na
programação de cinema


Outro destaque de hoje é a Mostra internacional de cinema na Cultura, às 22h45, com o filme Patrik 1.5, comédia dramática dirigida pela sueca Ella Lemhagen. Na concorrida faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Deus é brasileiro, na HBO Family; Intocáveis, no Telecine Pipoca; O juiz, no Telecine Action; O corvo, no Max HD; O massacre da serra elétrica, na MGM; Assalto à 13ª DP, no Studio Universal; O articulador, no ID; e O suspeito, no Space. Outras atrações da programação: Crooklyn – Uma vida de pernas pro ar, às 19h50, no Telecine Cult; Mamute, às 21h30, no Arte 1; Duplex, às 21h40, no Universal Channel; Bater ou correr, às 21h45, no Megapix; e Heróis fora de órbita, às 23h, no Comedy Central.

FERNANDO BRANT » Os mascarados‏


Estado de Minas: 11/09/2013 


Máscara é um disfarce. Um jeito de esconder, velar a verdade, desinformar. Na infância, encantava-me com o Zorro e o Batman, heróis das histórias em quadrinhos e dos filmes em série do cinema. Cobrindo os rostos, as máscaras ocultavam os mocinhos, que, sem usá-las, seriam descobertos em seu dia a dia e impedidos de praticar o bem, fazer justiça contra os malfeitores, os que oprimiam o povo.

Nas tragédias e comédias gregas, as máscaras eram indispensáveis. No latim, persona, personagem, figura, papel. Vem daí o título do belíssimo filme de Ingmar Bergman, aqueles rostos de pessoas sofridas presentes até hoje em minha memória.

Existem aqueles que chamamos mascarados, os convencidos, vaidosos, presunçosos, os que se julgam ser melhores do que são, os que pensam ter o rei na barriga. Mas a boa máscara é a dos carnavais, da folia. Houve o tempo dos confetes, serpentinas e lança-perfume. Aquela moça com a face escondida gritando no meio do salão arrepiava os corações adolescentes. Nas rua havia toda espécie de fantasia e o grupo de gatinhas podia ser só de mulheres ou trazer alguns machos escondidos.

Máscara negra, de Zé Keti e Pereira Matos, é o símbolo eterno em canção popular do mistério que havia na imaginação de quem brincava no carnaval e se deparava com o segredo do rosto feminino que só revelava os olhos. Isso vale, certamente, para as moças que sonhavam príncipes por detrás do pequeno pano que encobria a identidade do objeto de desejo e admiração.

Nem é carnaval e as máscaras e os mascarados voltaram às nossas cidades. Nada que lembre os heróis dos quadrinhos ou do cinema. Muito menos o teatro grego. Muito longe dos bons tempos da alegria de Momo. Não vieram festejar, querem destruir. Dizem que são anarquistas e anticapitalistas. Não são. Fazem o mesmo que grupos nazistas praticaram há poucos anos na Alemanha e em outros países europeus. Não passam de fascistas, que não respeitam o direito dos cidadãos e a democracia. Abusam da omissão dos que deveriam defender o direito de ir e vir das pessoas. Nenhuma reivindicação inteligível, só caos e violência.

Pessoas iguais a eles, seus irmãos em ódio, acabaram com o Ocupem Wall Sreet. Os brasileiros saíram às ruas de suas cidades, em junho, para dar um basta na corrupção, na incompetência, e dizer que o povo não está representado pela maioria dos que ocupam os cargos públicos. Todo mundo que viu guarda as imagens belíssimas dos cidadãos assumindo o que lhes pertence. Exigindo melhor educação, saúde, transporte, segurança e respeito. Os do poder não entenderam nada. Aí vieram os mascarados fascistas para acabar com a festa das multidões.

Quem estará por trás disso?

Frei Betto - Espaços urbanos‏

Não será surpresa se os shoppings do futuro oferecerem hospedagem para que o consumidor se livre do convívio familiar 



Estado de Minas: 11/09/2013 


Restam nas cidades brasileiras poucas casas erguidas antes de 1930. A especulação imobiliária, associada à nossa insensibilidade à preservação da memória histórica, derrubou-as. Observe esses detalhes: casas antigas têm a porta de entrada colada na calçada. Tempo em que havia quintais e os moradores punham cadeiras na calçada para um dedo de prosa à hora do crepúsculo. A sala de visitas, e mesmo quartos, davam diretamente para a rua, já que quase não havia ruído exterior.

Aos poucos, as casas recuaram das calçadas. Trocou-se o quintal da parte de trás pelo jardim na parte da frente. O ruído de bondes, ônibus, caminhões, exigiu sala na ala posterior e quartos nos fundos. Ainda morei em casa de esquina rodeada de jardim. O muro baixo era um detalhe estético. Criança, eu preferia saltá-lo atravessar o portão.

A explosão urbana e sua violência desfiguraram o casario. Agora, com seus muros altos e grades intransponíveis, as casas escondem a “cara”. Muitas adotam perfil penitenciário: cercas eletrificadas, câmeras de vigilância, portões acionados por controle remoto etc. Algumas têm até guaritas e holofotes para clarear a calçada quando alguém transita ali.

Os prédios verticalizaram os moradores e, na medida do possível, abriram espaços para eles evitarem ao máximo transitar nesse lugar “perigoso” chamado rua. Assim, surgiram edifícios de luxo dotados de piscina, academia de ginástica, playground, churrasqueira, salão de festa etc.

Havia, contudo, um inconveniente para os moradores imbuídos da síndrome de agorafobia ou dromofobia: teriam que sair à rua para se abastecer. Percorrer armazéns, mercearias, quitandas, lojas.

O supermercado engoliu quase tudo isso ao concentrar em um único espaço tudo de que se necessita para o lar, de alimentação a produtos de limpeza. Com a vantagem de as mercadorias ficarem expostas à mão do freguês e sem ninguém a exigir que seja rápido na escolha.

Não combinava, porém, o supermercado dispor de prateleiras de joias, sapatos e roupas. Criou-se, então, o shopping center, onde se embute todo tipo de comércio, de supermercado (dotado de verduras frescas) a artefatos de pesca, incluindo lanchonetes, restaurantes e salas de cinema e espetáculos.

Agora surge um novo conceito: o Atoll, um supershopping (71 mil metros quadrados) erguido próximo à cidade francesa de Angers. Todo ele é “ecologicamente correto”. Nenhuma logomarca em sua carcaça de alumínio. Nada de poluição visual. Além de 60 lojas e 12 restaurantes, o Atoll abriga academias de ginástica, salão de beleza, playground, parques com fontes, árvores e alamedas ajardinadas. Enquanto os pais fazem compras, as crianças brincam em grandes módulos ou assistem a DVDs sob cuidados de funcionários especializados.

A filosofia de marketing do Atoll é simples: saia de sua casa apertada, do estresse familiar, e ingresse no Jardim do Éden do consumismo, onde você desfrutará de requinte, espaço verde, atenção de elegantes recepcionistas. Em suma, o Atoll vende algo mais que produtos materiais: a ilusão de que o consumidor se iguala em status àqueles que têm alto poder aquisitivo.

Ora, como em sociedade de classes sonhos e ambições são socializados, mas não o acesso real a eles, o Atoll oferece um lounge a quem gasta pelo menos 1,5 mil euros, onde o consumidor tem acesso gratuito à internet, bebidas, revistas e jornais, máquinas de café expresso e até fraldário.

Pelo andar da carruagem, não ficarei surpreso se os shoppings do futuro oferecerem serviço de hotelaria, permitindo que o consumidor, abraçado a seu individualismo, se livre do convívio familiar.

CINE CEARÁ » Aceitando as diferenças

Longa-metragem do uruguaio Fernández Pujol é uma das surpresas do festival, lançando desde já o nome do veterano Carlos Frasca como forte candidato ao prêmio de melhor ator


Mariana Peixoto

Estado de Minas: 11/09/2013 


O filme uruguaio Rincón de Darwin foi muito bem recebido ao ser exibido na noite de segunda-feira  (Cine Ceará/Divulgação  )
O filme uruguaio Rincón de Darwin foi muito bem recebido ao ser exibido na noite de segunda-feira

Fortaleza – Até a virada do século, o Uruguai não produzia um longa-metragem por ano. Tampouco tinha escola de cinema e sua tradição cinematográfica era basicamente como espectador e crítico. Treze anos passados, o Uruguai consegue produzir anualmente uma dezena de filmes, como também conta com cinco escolas voltadas para a produção audiovisual. Por meio de títulos como Whisky (Juan Pablo Rebella, 2004), O banheiro do papa (César Charlone, 2005), Gigante (Adrián Biniez, 2009) e A vida útil – O conto de cinema (Federico Vieiroj, 2010), a produção uruguaia ganhou destaque no circuito internacional. E ainda uma alcunha própria: cinema de minimalismo melancólico.

“Não creio que o cinema uruguaio seja minimalista melancólico. Creio que o uruguaio seja minimalista melancólico, principalmente a minha geração”, brincou o veterano ator de teatro Carlos Frasca, em entrevista ontem de manhã, em Fortaleza. Ele é um dos protagonistas de Rincón de Darwin, longa-metragem de estreia de Diego Fernández Pujol, por ora o maior destaque da competitiva iberoamericana do Cine Ceará – não será surpresa se Frasca levar o prêmio de melhor ator do festival. Até sexta-feira, serão exibidos oito longas na principal mostra do festival, entre produções de Cuba, México, Argentina, Espanha e Brasil (com três selecionados).

Estradeiro Comédia dramática em clima de road movie, Rincón de Darwin reúne três homens de gerações, personalidades e estilos de vida completamente distintos. Na trama, Gastón (Jorge Temponi) recebe de herança uma casa que havia sido visitada por Charles Darwin em 1833 e que ali teria feito pesquisas que o ajudaram a desenvolver a teoria da evolução. Para avaliar o local, ele convoca o escrivão Américo (Frasca), que anda deprimido com o envelhecimento e o casamento iminente da única filha. Por obra do acaso, os dois viajam na velha caminhonete de Beto (Jorge Esmoris), um faz-tudo de passado nebuloso. Nada sairá como o planejado e, por meio de diálogos impecáveis, a narrativa vai ganhando ritmo.

“Há mais uma categoria dentro do minimalismo melancólico”, disse Fernández Pujol. “Meu filme não tem um final tão aberto. Os personagens têm seus conflitos interiores, mas são capazes de ser felizes. O que estamos querendo é dizer quem somos através de diversos filmes. Há uma identidade cultural que nos une”, continua Pujol. O trio de protagonistas consegue espelhar essas nuances. “Se tivessem com quem escolher, eles não fariam essa viagem juntos. E muitas vezes começamos a conviver com uma pessoa, que não tem nada a ver com a gente, e depois nos damos conta de que não somos tão diferentes assim. Não precisamos (assim como os personagens) ser amigos, mas entender o outro já é o bastante”, argumenta o diretor.

Concomitantemente ao percurso na caminhonete, há uma narração, em inglês, das observações de Darwin, que age como um quarto personagem. “Eles estão fazendo o mesmo caminho que um aristocrata europeu fez 180 anos antes. Para ele, éramos selvagens”, afirma o diretor. Esse discurso paralelo acaba complementando a intenção de Fernández Pujol com a história, pois reafirma a ideia de diferença versus tolerância. 

GIRO » Científico‏


Estado de Minas: 11/09/2013 

Escorpião de 350 milhões de anos

O fóssil de um escorpião de 350 milhões de anos, achado na África do Sul, é a mais antiga forma de vida encontrada em terra firme no hemisfério sul, segundo especialistas da Universidade Wits, em Johannesburgo. O animal viveu no Gondwana, no fim do Período Devoniano. Gondwana foi um supercontinente, essencialmente situado no hemisfério sul e que abrangia as atuais América Latina, África, Antártida, Austrália, Península Arábia e o subcontinente indiano. “Até agora, não tínhamos qualquer prova de que Gondwana tivesse sido habitado por animais invertebrados nessa época”, afirmou o professor Robert Guess, do Instituto de Estudos Evolutivos de Wits. No fóssil distinguem-se claramente uma pinça e o ferrão. Formas de vida similares, mais antigas, foram encontradas em outro supercontinente, a Laurásia, que abarcava as atuais Ásia, Europa e América do Norte.


Teia de aranha superforte

Cientistas dos Estados Unidos afirmaram ontem que cobriram uma teia de aranha com nanotubos de carbono, criando uma fibra que não apenas é superforte, mas também conduz eletricidade. A nova linha é três vezes mais forte do que a teia de aranha sem tratamento, que já é uma das substâncias mais fortes da natureza, indicaram os estudiosos. A primeira aplicação possível seria para dispositivos médicos em nanoescala. Em testes, os protótipos foram usados como um monitor cardíaco ou um êmbolo, capaz de erguer uma carga relativamente grande de 35 miligramas, usando corrente elétrica e umidade para fazer o fio se contrair como um músculo. O estudo, publicado na revista científica Nature Communications, foi conduzido por Eden Steven, do Laboratório Nacional de Alto Campo Magnético em Tallahassee, Flórida.


Astronautas retornam à Terra

Três astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) – dois russos e um americano – retornarão à Terra depois de uma estadia de cinco meses no espaço. A aterrissagem estava prevista para as 23h58 de ontem (2h58 de hoje, no horário local) nas estepes do Cazaquistão, ex-república soviética da Ásia Central, onde se localiza o cosmódromo de Baikonur. Os russos Pavel Vinogradov e Alexandre Missurkin e o americano Chris Cassidy chegaram à ISS em 29 de março a bordo de uma nave russa Soyuz. Na estação permanecem o italiano Luca Parmitano, o russo Fiodor Iurchijin e a americana Karen Yberg. No fim de setembro se unirão a eles o americano Michael Hopkins e os russos Oleg Kotov e Sergueã Riazanski.

Aquecimento e tragédias climáticas

As mudanças climáticas provocadas pela atividade humana tiveram influência sobre meia dúzia de eventos climáticos extremos no ano passado, afirmou uma equipe de especialistas que examinou 12 desses episódios – de secas nos Estados Unidos e na África a fortes chuvas na Europa, na Austrália, na China, no Japão e na Nova Zelândia. Metade dessas ocorrências demonstrou algum indício de terem sido piores do que o esperado devido a elementos como água do mar ou temperaturas mais quentes, causados por emissões de gases estufa e aerossóis na atmosfera. O relatório, intitulado Explicando os eventos extremos de 2012 de uma perspectiva climática, foi publicado no Boletim da Sociedade Meteorológica Americana.

Asteroides ganham árvore genealógica‏


Asteroides ganham árvore genealógica Pesquisadores da Unesp desenvolvem método mais aprimorado para definir a família das rochas espaciais 

Vilhena Soares


Estado de Minas: 11/09/2013 

Ilustração mostra momento em que grande rocha espacial se desintegra: processos como esse dão origem às famílias de asteroides. Estudo sobre o tema é trabalhoso (Nasa/Reuters - 20/9/11)
Ilustração mostra momento em que grande rocha espacial se desintegra: processos como esse dão origem às famílias de asteroides. Estudo sobre o tema é trabalhoso

Brasília – Como o Sistema Solar foi formado? Para responder a essa pergunta, astrônomos se voltam ao estudo de vários corpos espaciais, como o Sol, os planetas, os cometas e os asteroides. Agora, nova técnica desenvolvida por uma equipe internacional liderada por especialistas da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) vai ajudar a compreender melhor esses últimos objetos.

O time criou uma forma mais refinada que as atuais para identificar as chamadas famílias de asteroides, grupos de rochas que se formam quando objetos grandes colidem e se dividem em muitas peças menores. Esses pedaços passam, então, a orbitar o Sol em conjunto. Eventualmente, alguma dessas partes pode tomar um caminho próprio e ameaçar o planeta, por exemplo.

Identificar quais são os membros de uma família é fundamental para definir sua origem e, assim, entender melhor a história do Sistema Solar. O problema é que os métodos atuais ainda trazem muitos erros, reunindo objetos que não têm a mesma origem – muitas vezes, objetos estranhos acabam se aproximando do conjunto e confundindo os pesquisadores. “Com respeito a outros métodos, o nosso permite identificar menos objetos com taxonomias incompatíveis, chamados de interlopers, como membros das famílias”, afirma Valério Carruba, coordenador do estudo.

A nova técnica se tornou possível graças a uma missão da Nasa denominada Wise (Wide-field Infrared Survey Explorer), que mediu a luz refletida (albedo geométrico) por 100 mil asteroides entre 2011 e 2012. Com isso, tornou-se possível usar essa informação para definir se dois asteroides são da mesma família – em caso afirmativo, eles devem ter o albedo geométrico semelhante.

Conjunto de dados Inserir esse dado no estudo dos conjuntos de rochas permite eliminar aqueles corpos que estão próximos do grupo, mas têm origem diferentes. Logo, pertencem a outra família. Também permite que um objeto distante do grupo seja classificado como um “membro desgarrado” da família. “Neste trabalho, juntamos três tipos de dados: elementos orbitais próprios (descrevem a posição, a elongação e a inclinação), as cores e os albedos do Wise”, descreve Carruba.

O professor ressalta que o estudo foi um trabalho feito em conjunto com outros países. “É uma parceria entre pesquisadores do Brasil, da França e dos Estados Unidos. No Brasil, colaboraram pesquisadores da Unesp e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na França, pesquisadores do Observatoire de Meudon. E, nos EUA, do SouthWest Research Institute (SWRI)”, conta Carruba, que foi revisor para o Planetary Geology and Geophysics (PGG), programa de pesquisa da Nasa. “Por conta disso, busquei também o trabalho deles para utilizar em nossa pesquisa”, destaca.

Basílio Santiago, astrônomo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca que a triagem dos asteroides, mostrando qual deles pertence a determinada família, é algo trabalhoso, uma tarefa complicada. “Muitos compartilham mais ou menos a mesma órbita. O problema é que, com o tempo, esses pedaços vão se dispersando, entram em órbitas diferentes. Por isso a necessidade de técnicas mais apuradas. Se forem analisados só os parâmetros orbitais, você acaba identificando somente um conjunto”, explica.

O especialista destaca que o albedo é um ponto essencial na técnica recém-desenvolvida. “O problema é que eles se espalham, mas têm a mesma origem, o mesmo núcleo principal. Com informações como a reflexão da luz que emitem, fica mais fácil identificar de onde surgiram”, complementa o pesquisador.

Segurança
De acordo com Rundsthen Nader, astrônomo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o estudo de asteroides, além de ajudar a esclarecer como ocorreu a formação do Universo, é importante na busca por prevenir a colisão desses corpos com a Terra. “Os asteroides são uma amostra do que era o Sistema Solar. Ao estudar suas famílias, você consegue descobrir em qual região da galáxia ele estava quando ocorreu o espalhamento. E, ao analisar isso, você também pode estudar e tentar classificar outras famílias que têm chances de colidir com a Terra, prevendo isso com antecedência”, explica o pesquisador.

Valério Carruba adianta que o método será aperfeiçoado, para que acompanhe outros trabalhos científicos publicados fora do país. “Depois da publicação do nosso artigo, um novo método mais avançado de classificação de asteroides foi submetido para a publicação. Já estamos trabalhando para adequar nosso estudo à essa nova taxonomia e temos novos resultados muito promissores, que serão apresentados em duas conferências em Londres e na Itália ainda este ano”, declara. “Os dados obtidos com esse novo método foram disponibilizados gratuitamente para toda a comunidade científica e estão disponíveis no depositório de dados astronômicos da Universidade de Estrasburgo, na França.”
Para Santiago, da UFRGS, o trabalho pode ajudar outros estudos. “Eles introduziram informações que vêm de duas grandes missões. A novidade bacana é combinar esses dados e torná-los públicos, para que outros pesquisadores possam ter acesso e, assim, a pesquisa evolua”, destaca.

Dias frios prejudicam o coração‏

Quanto menor é a temperatura maiores são os riscos de as pessoas sofrerem um infarto, dizem cientistas belgas. O estudo foi apresentado em congresso na Holanda 


Luciane Evans


Estado de Minas: 11/09/2013 
 
Amsterdã – Parecem não fazer mal a ninguém. São bons para namorar, dormir até mais tarde e comer coisas gostosas. No entanto, os dias frios, declamados como bucólicos por muitos poetas, nada têm de românticos e passaram a ser vistos, agora, como inimigos do coração. O alerta vem de um estudo belga, apresentado pela primeira vez na Europa, durante congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, na semana passada, em Amsterdã. Pesquisadores descobriram, depois de três anos de estudo, que quanto mais baixas são as temperaturas, maiores são os riscos de infarto agudo do miocárdio. Apesar de os médicos brasileiros já conhecerem essa face do inverno, eles apontam que a pesquisa serve para confirmar cientificamente o que já se suspeitava na medicina.

Entre 2006 e 2009, os cardiologistas belgas reuniram dados de 32 centros de saúde da Bélgica sobre pacientes que sofreram infarto. As informações foram correlacionadas com a média semanal de relatórios meteorológicos obtidos em 73 sites de monitoramento do ar de todo aquele país. A coleta, de acordo com o pesquisador Marc Claeys, incluiu a poluição do ar, temperatura e umidade relativa. Depois de uma análise multivariada, os resultados mostraram que para cada redução de 10% na temperatura mínima, houve um significativo aumento, de 7 %, na incidência de infartos. “A poluição do ar não teve efeito significativo”, ressaltou Marc. 

Para o pesquisador, o aumento do risco associado à diminuição da temperatura inclui a estimulação de receptores de frio na pele e do sistema nervoso simpático, um dos componentes do sistema nervoso autônomo, responsável pelo controle involuntário de vários órgãos internos. “Issto, juntamente com o volume de plasma reduzido e aumento da viscosidade do sangue durante a exposição ao frio, provoca trombose, consequentemente, o infarto”, defendeu Marc, alertando as pessoas com risco para o mal a evitar se expor a mudanças bruscas de temperatura e a usar roupas adequadamente quentes ao ar livre quando há quedas nos termômetros.

O coordenador de relações institucionais da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, Márcio Jansen de Oliveira Figueiredo, presente no congresso em Amsterdã, comenta que a relação do frio com os problemas de coração sempre foi algo conhecido da medicina, mas “ninguém tinha mostrado isso cientificamente”. Ele destaca que a imagem clássica de um infarto é um homem adulto, grisalho, segurando uma maleta, numa noite fria, e com dores. “Essa figura é clássica para o tema”, diz. Figueiredo comenta que nos dias frios o organismo descarta alguns mecanismos de defesa, fazendo com que o sistema nervoso simpático seja ativado, o que favorece a ocorrência de infarto e de arritmias cardíacas. “O estudo não nos sugere estratégias para evitar isso. O melhor é que as pessoas estejam agasalhadas”, indica. 

Mas o cardiologista Marcus Vinícius Bolívar Malachias, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, é cauteloso diante da comprovação dos pesquisadores. “A baixa temperatura, em muitos casos, pode até proteger o paciente que fez uma cirurgia cardíaca. Mas, de fato, o organismo, durante os dias frios, contrai as artérias, e para quem já tem alguma doença cardíaca, a estação passa a ser um risco. É um risco também para quem viaja para o exterior, já que no Brasil não temos o frio europeu. Mas, quando é verão aqui, em época de férias, nós, brasileiros, gostamos de ir à Europa, e lá é inverno com temperaturas abaixo de zero. Por isso, é preciso cuidado”, analisa.
MEDICAÇÕES Com o foco nas doenças cardiovasculares, o congresso na Holanda reuniu cerca de 20 mil médicos de todo o mundo. Do Brasil, cardiologistas que participaram do evento apontaram que, entre os assuntos em discussão, o que mais chamou atenção, além dos novos estudos, foram as pesquisas de novas medicações para os problemas de coração. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os males cardiovasculares são a primeira causa de morte no mundo, com 17 milhões de óbitos somente em 2011.

Marcus Bolívar destacou os novos anticoagulantes orais como parte importante nas discussões do congresso, assim como Márcio Jansen. “Esses novos fármacos têm melhorado a qualidade de vida dos pacientes”, afirmou Bolívar, lembrando que a indústria farmacêutica apresentou também suas falhas, como os resultados da fase II Re-Align, na qual o estudo mostrou que o tratamento com o anticoagulante etexilato de dabigatrana resultou em um maior número de complicações tromboembólicas e hemorragias em doentes com válvulas cardíacas mecânicas do que com o tratamento padrão usando o medicamento warfarina. O estudo, apresentado por Frans van de Werf, do Hospital Universitário de Leuven, na Bélgica, e publicado simultaneamente no New England Journal of Medicine, foi interrompido precocemente por causa dos resultados decepcionantes.

Por outro lado, foram apresentados resultados do medicamento que tem como princípio ativo a  rivaroxabana. No mercado  desde 2009, a medicação era indicada para prevenção e tratamento contra o trombolismo venoso e prevenção da fibrilação atrial. Novas pesquisas, no entanto, mostraram que o remédio é eficaz e seguro também para o tratamento de embolia pulmonar.

Eduardo Almeida Reis - Crime continuado‏

Não há filho único de 13 anos, de pais que tenham dois automóveis, que não tenha sido ensinado a dirigir


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 11/09/2013 


Sou do tempo em que ocorria crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, praticava dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhanças, os subsequentes eram havidos como continuação de primeiro.

Enquanto philosopho, não acho que tenha existido crime continuado na Vila Brasilândia, em São Paulo, onde foram encontrados os corpos de cinco pessoas: um menino de 13 anos, seus pais, sua avó materna e uma tia-avó, cada um morto com uma bala de pistola P.40 na cabeça.

Encontrados os corpos, todos pensaram em crime continuado, mas as primeiras evidências, à luz do meu alto philosophar, transformaram as cinco mortes numa tragédia, acontecimento funesto que despertou piedade e horror. Toda a imprensa, ela sim, cometeu crime continuado ao veicular notícias e comentários que se chocavam com a evidência dos fatos: o menino de 13 anos saiu dirigindo o carro da mãe por volta de uma hora da manhã, o carro foi filmado estacionando junto à calçada, próxima da escola em que ele estudava, pouco depois da hora em que foi visto saindo de casa. Às seis da manhã o menino foi filmado saindo do carro e andando pela calçada até a sua escola, onde assistiu às aulas e voltou para Vila Brasilândia de carona no carro do pai de um coleguinha. Seu corpo foi encontrado junto com os dos pais ao cair da noite daquele dia. Tinha a pistola P.40 próxima da mão esquerda e uma perfuração na têmpora esquerda.

A partir daí, quase toda a imprensa falada, escrita e televisionada praticou o crime continuado de veicular hipóteses ventiladas por qualquer imbecil, dos muitos que andam por aí. Primeira: o menino não sabia dirigir. Ora, não há filho único de 13 anos, de pais que tenham dois automóveis, que não tenha sido ensinado a dirigir.

Desde as primeiras horas da descoberta dos corpos, velho e experiente delegado da Polícia Civil de São Paulo afirmava que o menino era o principal suspeito. Tinha um tiro na têmpora esquerda e era canhoto, como atestou sua professora. Ninguém melhor do que uma professora para saber se o aluno é destro ou canhoto, mas a imprensa deu crédito a um sujeito, vagamente identificado como parente, que afirmou ser o menino destro.

Quando foi visto (e filmado com dia, hora, minutos e segundos registrados na filmagem) saindo do carro perto da escola, depois das seis da manhã, seus pais e suas avós já estavam mortos nas duas casas construídas em um só terreno. Tanto assim que os pais foram procurados pelos colegas de trabalho no final da tarde, porque não compareceram pela manhã ao serviço na PM paulista, onde a mulher era cabo e seu marido sargento de tropa de elite. Amanhã tem mais.

Perfil

Dia desses reencontrei amigo que não via desde o século e o milênio passados. Magro, 1,80m, cabelos fartos grisalhando, risonho, continua o carioca que conheci há 40 anos, casado, pai de filhos, sempre alegre, formava com a mulher o par ideal. A chegada do casal era uma festa dentro de outra festa: educados, bebiam bem, contavam histórias divertidas e me davam a impressão de par perfeito, os dois nas respectivas profissões, ele titular de boa clínica.

Acontece que o amigo padecia de uma síndrome não muito comum, que agora batizo como Síndrome de L.E., isto é, de libido exacerbada. Entre outras proezas, ainda casado, namorou ao mesmo tempo duas atrizes muito conhecidas de todos vocês, mãe e filha. Dá para imaginar a confusão de esconder da mulher, da atriz mãe e da atriz filha a simultaneidade amorosa, mas o esquema funcionou durante anos.

Em viagem de compra de terras para terceiros, lá estive com o excelente patrício num cabaré cuiabano. Ao terceiro uísque, notei que ele estava loucamente apaixonado pela profissional que se assentou à nossa mesa, levou-a para o hotel e na manhã seguinte continuava apaixonadíssimo, quando se despediu da cuiabana honestamente amada e remunerada. Se continua operacional, deve estar fazendo a felicidade de inúmeras senhoras e senhoritas.


O mundo é uma bola
11 de setembro de 1609: Henry Hudson descobre o Rio Hudson, que, suponho, seja aquele de Nova York. Em 1714, tomada de Barcelona pelas forças borbónicas (?) durante a Guerra da Sucessão Espanhola. Barcelona é aquela do time de futebol presidido pelo Sandro Rossell, gente finíssima, amigo de amigos nossos, catalão que embolsa
US$ 450 mil em toda partida disputada pela Seleção Brasileira. Borbónicas deve ter relação com os membros de família francesa, originada em 1272, à qual pertenceram soberanos da França, Espanha, Nápoles e Duas Sicílias.

Em 1968, lançamento da primeira edição da revista Veja, que tem prestado bons serviços ao país. Em 1969, a Junta Militar edita o AI-5. Em 1985, desastre ferroviário de Moimenta-Alcafache, na Linha da Beira Alta, o maior ocorrido em Portugal. Estima-se que tenham morrido 150 pessoas.

Em 2001, ataque de radicais muçulmanos às Torres Gêmeas de Nova York matando cerca de 3 mil pessoas. Em 1965 nasceu o médico Bashar al-Assad, presidente da Síria, casado com a linda Asma.
Hoje é o Dia do Cerrado.

Ruminanças


“Die Religion ist das Opium des Volks” (Karl Heinrich Marx, 1818–1883).