sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Tv Paga


Estado de Minas: 06/09/2013 


 (Conspiração Filmes/Divulgação)

Brasil na tela


Uma das produções brasileiras mais esperadas dos últimos anos, Gonzaga – De pai para filho (foto) estreia hoje, às 22h, no Telecine Premium. Dirigido por Breno Silveira, o filme mostra a relação entre o sanfoneiro Luiz Gonzaga e seu filho, o cantor e compositor Gonzaguinha. Decidido a mudar seu destino, Gonzaga deixa o sertão nordestino ainda jovem. No Rio de Janeiro, ele conhece Odaleia, com quem tem um filho. Após algumas complicações com a saúde da mulher, ele decide viajar por todo o Brasil para garantir um futuro melhor para o herdeiro e o deixa aos cuidados de amigos. Quem viu gostou!

Muitas alternativas na
programação de filmes


Outro canal Telecine, o Cult, promove hoje sessão dupla de 48 horas, com os dois filmes estrelados por Eddie Murphy e Nick Nolte em 1982 e 1990, exibidos em sequência a partir das 22h. Também às 22h, a Cultura reprisa, agora em versão dublada, o drama Katyn, do polonês Andrzej Wajda. Ainda na faixa das 22h, o assinante tem mais cinco opções: Sombras da noite, na HBO 2; Sangue e honra, na HBO; O caçador, no Max Prime; O legado Bourne, no Telecine Pipoca; e Gigantes de aço, no Telecine Action. Outras atrações do pacote de cinema: E Deus criou a mulher, às 21h30, no Arte 1; Tudo pela fama, às 21h45, no Glitz; O som do trovão, às 22h15, na MGM; O fada do dente, às 22h30, no Megapix; O último jantar, às 22h30, no Comedy Central; e Minority report – A nova lei, às 23h20, no Universal Channel.

O cinema pode ajudar a
contar a história do país


A pesquisadora Mary Del Priore e a professora de comunicação Ivana Bentes são as convidadas de hoje de Miguel de Almeida em Contraplano, às 22h, no SescTV, discutindo a história do pais a partir da análise dos filmes O descobrimento do Brasil, Independência ou morte, Bye, bye Brasil e Cronicamente inviável. Às 23h, em Dança contemporânea, tem sequência a mostra dos participantes da Bienal Sesc de Dança 2013, com a coreografia Ai, ai, ai, espetáculo solo do bailarino Marcelo Evelin.

Desça também a ladeira
do baiano Moraes Moreira


No Canal Brasil, às 21h30, em O som do vinil, Charles Gavin analisa detalhes da produção do álbum Lá vem o Brasil descendo a ladeira, que o baiano Moraes Moreira gravou em 1979, com uma deliciosa mistura de MPB, frevo, baião e rock. Já às 23h30, o rapper MV Bill comanda mais um programa O bagulho é doido, hoje com a professora Andrea Ramal comentando os métodos ainda arcaicos da escola, o uso da tecnologia na educação e a necessidade de valorização da profissão.

Superbabá arrumou mais
um emprego no Discovery


Mais conhecida com o programa Supernanny, Jo Frost estreia uma atração hoje às 22h, no Discovery Home & Health. É a série S.O.S. família, em que ela tenta ajudar os pais a estabelecerem um convívio saudável com seus filhos, corrigindo a conduta de adultos, adolescentes e crianças. Às 23h, outra novidade: Minha filha está grávida e eu também, que acompanha quatro famílias muito diferentes, mas com uma coisa em comum: em todas elas há duas gerações de mulheres passando pelo momento da gravidez ao mesmo tempo. 

CARAS & BOCAS » Turma da pesada Simone Castro

Estado de Minas: 06/09/2013 

Turma da pesada 





Odete Roitman (Luma Costa) e Tamanco (Mart'nália) adotarão criança em Pé na cova (TV Globo/Divulgação  )
Odete Roitman (Luma Costa) e Tamanco (Mart'nália) adotarão criança em Pé na cova


Foi lançada anteontem, no Rio de Janeiro, a segunda temporada de Pé na cova (Globo). O seriado, de Miguel Falabella, retorna à cena em 1º de outubro mantendo a sua marca registrada: personagens excêntricos, situações tragicômicas e afeto para dar e vender. “O programa não quer fazer graça pela graça em si, é uma família que existe aí pelo Brasil. O seriado é poético e o contato com a morte traz uma humanidade muito grande para os personagens”, afirma Falabella. A família Pereira que se prepare para novas e fortes emoções. O casal Odete Roitman (Luma Costa) e Tamanco (Mart’nália) vai adotar uma criança, o Sermancino (Gabriel Lima), menino que perambulava pelo bairro se oferecendo para carregar carrinhos de compras e sonhava em ter uma família. Assim, a stripper virtual decide morar na casa de Tamanco, que a mecânica divide com o irmão, Marcão (Maurício Xavier), também conhecido como a drag queen Markassa. “A Odete é uma personagem muito imperativa. Agora, com o menino, ela mostra um lado maternal, fica mais calma. Ela tem um carinho especial por ele. A maternidade traz isso para ela”, conta Luma. Odete sai, outros moradores chegam. É que, numa referência à obra Os miseráveis, do francês Victor Hugo, Ruço (Falabella) acolhe Clecio (Magno Bandarz), um funcionário de Tamanco. O que ele nem imagina é que o rapaz vai se apaixonar por sua esposa, Abigail (Lorena Comparato), com quem teve o bebê Neymã. E quem vai tomar as dores de Ruço, ao perceber que sua jovem mulher se encantou com a corte do rapaz, é Darlene (Marília Pêra), que “não gosta de traição”, explica a atriz. E será que vai rolar um revival entre Ruço e Darlene? Promete.

MÉDICO NÃO TIRA A FILHA DA
CLÍNICA E BRIGA COM MULHER


César (Antônio Fagundes) vai enfrentar dois momentos difíceis em Amor à vida. No capítulo de amanhã, ele visita Paloma (Paolla Oliveira) na clínica e a vê dopada. O médico pergunta à diretora do local se a medicação não está pesada, mas a profissional diz não e afirma que Paloma sofre de esquizofrenia. O pai é levado a acreditar que a filha piorou depois do rapto de Paulinha (Klara Castanho) e deixa escapar que a pediatra diz que a menina é sua filha. A diretora acredita que o diagnóstico está certo e afirma que Paloma é um risco para a sociedade. “A senhora tem o meu aval, continue com o tratamento”, diz César. Em outro capítulo da trama, depois de Pilar (Susana Vieira) flagrá-lo com Aline (Vanessa Giácomo), o passado virá à tona. A socialite relembrará do dia em que descobriu que Paloma era filha do marido com a amante. Ela conta que quase enlouqueceu e que fez até o que não devia. César pergunta o que ela fez. “São sombras do meu passado que eu prefiro esquecer.” Pilar pode ter ordenado um atentado contra Mariah (Lúcia Veríssimo), mãe de Paloma, o que acabou no acidente que a deixou paralítica e matou a mãe de Aline, motivo pelo qual a secretária planeja sua vingança.

BIANCA ASSINA COM A GLOBO
E ESTARÁ EM PRÓXIMA TRAMA


Bianca Rinaldi assinou contrato com a Rede Globo. E o primeiro trabalho será na novela Em família, de Manoel Carlos, que vai substituir Amor à vida. Aliás, nos bastidores, comenta-se que o próprio autor teria solicitado a presença da atriz em sua trama. Bianca será Sílvia, que trabalhará em um hospital de Goiânia, um dos cenários da trama.

LUIZ FERNANDO GUIMARÃES
FALA SOBRE A SUA TRAJETÓRIA


Luiz Fernando Guimarães é o convidado do programa Update, hoje, às 19h30, no Glitz (TV paga). O ator participa do quadro “Frente a frente”, em que vai falar também do filme em que está em cartaz, Se puder... dirija!. Ele comenta o fato de a produção entrar para a história do cinema brasileiro como o primeiro filme em 3D do Brasil. Com quase 40 anos de trajetória artística, o ator conta da sua preparação para os personagens, da sua entrega para interpretá-los e revela os papéis mais marcantes ao longo de todos esses anos. Ele ainda fala sobre o desafio de encarar o primeiro musical da sua carreira.

DESEJOS DE BEYONCÉ

Prestes a desembarcar no Brasil para participar do Rock in Rio e também para realizar shows com a turnê The Mrs. Carter show – ela se apresenta em Belo Horizonte no dia 11 –, Beyoncé já fez exigências para sua passagem pelo país. A cantora, que trará um chef de cozinha que ficará por conta de suas comidinhas especiais, quer ter à mão pães integrais, amêndoas, queijos e frutas, além de muita água e chá. Ao todo, Beyoncé quer o espaço e a privacidade de três camarins, nos quais fará cabelo e maquiagem, se alimentará e descansará. Outros cinco camarins deverão ser montados para abrigar a equipe, que inclui dançarinos e backing vocals. Na decoração, cortinas brancas, carpete preto, mobílias brancas ou de tom claro, luz especial e orquídeas brancas.

VIVA
Despedida de Filipinho (Josafá Filho) em Sangue bom (Globo). Da festa promovida pelos amigos ao último abraço na família, belas cenas carregadas de emoção.

VAIA
Em Amor à vida, a chata da Paloma (Paolla Oliveira) não ganha torcida a favor nem nos piores dias da personagem, atrás das grades e prestes a cair numa clínica psiquiátrica.

ENTREVISTA/GLENN GREENWALD » O guardião dos segredos Norte-americano


ENTREVISTA/GLENN GREENWALD » O guardião dos segredos Norte-americano que divulgou denúncias diz que ascensão do Brasil motivou ação dos EUA 

Rodrigo Craveiro

Estado de Minas: 06/09/2013 


Glenn Greenwald diz que ainda há muita informação a publicar dos 20 mil documentos que recebeu (Lia de Paula/Agência Senado)
Glenn Greenwald diz que ainda há muita informação a publicar dos 20 mil documentos que recebeu


Brasília – Quase todos os dias, o norte-americano Glenn Greenwald – jornalista do diário britânico The Guardian – conversa pela internet com Edward Snowden, o ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA, pela sigla em inglês) e ex-assistente técnico da Agência Central de Inteligência (CIA) que se transformou em inimigo número 1 dos Estados Unidos. Por meio de um software de criptografia, Snowden repassou ao repórter cerca de 20 mil documentos sobre a espionagem praticada pela NSA. Em entrevista ao Estado de Minas, por telefone, Greenwald revelou que mais dados sobre a vigilância da comunicação da presidente Dilma Rousseff serão divulgados no domingo. Para ele, a posição de destaque do Brasil no cenário internacional é o motivo para a Casa Branca espionar o governo petista.

O senhor se considera um arquivo vivo? Teme ser morto por receber informações de Snowden?
Se você faz reportagens contra uma das nações mais poderosas do mundo, como estou fazendo, é claro que há riscos. Também há pessoas em meu país que estão me ameaçando, falando que sou um criminoso e que devo ser preso. Estou tomando mais cuidado com a segurança, usando criptografia quando utilizo a internet, e evito falar muitas coisas ao telefone. Há muita pressão, mas estou muito contente com tudo.

Que interesses os Estados Unidos teriam em espionar a presidente Dilma Rousseff?
O Brasil está crescendo muito em sua importância com tudo, com petróleo, energia, questões econômicas e industriais. Acho que os Estados Unidos querem essa vantagem, para saber tudo o que o governo brasileiro está fazendo com temas econômicos. O governo americano pode saber tudo o que todo mundo está comunicando, planejando e pensando, o que aumenta muito o seu poder contra o Brasil, quando estiverem negociando acordos ou planejando tudo. Informações sobre a vida privada de políticos, lhes faz ter mais poder.

O pré-sal e o fato de o Brasil ter um governo de esquerda seriam incentivos à espionagem?
O Brasil é muito mais independente e mais forte do que antes. O governo norte-americano sempre olha como ameaça aqueles países que nem sempre lhe obedecem.

O governo brasileiro adiou a visita preparatória para a viagem de Dilma a Washington. Como vê essa resposta?
Muito forte. O governo está mostrando que olha para essa invasão à privacidade de Dilma e de todos os brasileiros como algo muito sério.

Quantos documentos foram entregues ao senhor por Edward Snowden e qual o teor deles?
Eu não contei, mas deve haver uns 20 mil documentos que ele me deu, talvez mais. Muitos ainda não publicados, são muito sérios e vão deixar muitos no mundo chocados, incluindo o Brasil especificamente. Uma reportagem, que será divulgada logo, traz denúncia mais séria ainda do que a reportagem sobre Dilma.

O senhor mencionou em sua conta no Twitter que uma nova denúncia seria divulgada no domingo. É possível antecipar algo?
A reportagem vai abordar como os Estados Unidos estão fazendo a espionagem contra o Brasil e informações sobre os motivos reais.

O programa de vigilância e de espionagem da NSA ainda funciona? Que métodos utiliza?
A NSA tem 75 mil empregados — 25 mil trabalham diretamente para a agência e 50 mil atuam por contrato com o governo. Eles coletam dados em outros países e usam grandes empresas de telecomunicações, que exploram o acesso ao sistema e com ele roubam os dados da internet e do telefone e os repassam para a NSA, que trabalha muito com Facebook, Google, Microsoft, Yahoo e Skype. 

Eduardo Almeida Reis-Efluência‏

Redes de esgotos, sem estações de tratamento, significam coletar a porcariada para despejá-la, fresquinha, em nossos rios


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 06/09/2013 




Puro latim effluentia,ae, efluência é substantivo mais simpático do que esgoto num suelto que se quer da melhor supimpitude. Pois fique o leitor sabendo que uma jornalista de economia, na tevê, afetou tristeza ao noticiar que o Brasil tem milhares de cidades sem redes de esgotos. São números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Passei a me interessar pelo assunto nos anos todos em que vivi na roça, onde o grave problema dos esgotos domésticos e agropecuários deve ser estudado e solucionado pelo dono do pedaço. Anos atrás, a Copasa, companhia estadual incumbida da distribuição de água tratada e da coleta e tratamento dos esgotos, convidou um grupo de jornalistas para conhecer a primeira estação de tratamento de uma cidade com 2,5 milhões de habitantes. Um dos atrativos da visita seria a oportunidade de conhecer, por dentro, enorme silo de ferro, antes que se transformasse em depósito de esgotos. O tipo da visita original: passar por uma portinha projetada para anões e conhecer, por dentro, o silo que a gente está vendo aqui de fora. Muita gente entrou.

Pausa para dizer que a engenheira sanitarista, que ciceroneou o grupo, era mineira muito casável. Considerando que todo marido é isto que a gente conhece, engenheira sanitarista faz o tipo da companheira ideal. E a cicerone era bonitíssima. Volto à notícia das milhares de cidades brasileiras sem redes de esgotos e devo admitir que, vendo a tristeza da apresentadora de tevê, baforei o belo Cohiba e caprichei: “Melhor assim”. Redes de esgotos, sem estações de tratamento, significam coletar a porcariada para despejá-la, fresquinha, em nossos rios. Sem redes, parte dos esgotos fica pelo caminho ou aos rios e córregos atenuada pela ação do sol, misturada com a água das chuvas, neutralizada em sua ação poluidora, absorvida como adubo “orgânico” pelos matinhos das beiradas. Tecnicamente, sei que há muita besteira nas últimas linhas, mas o importante é que o leitor tenha entendido. Nas cidades é difícil, mas a melhor “instalação sanitária” continua sendo a moita de bananeiras em que o brasileiro opera de cócoras, posição ideal, aduba as musáceas e vai-se embora feliz da vida. Rede por rede, sem tratamento, melhor não tê-la. Cheira mal aqui, provoca uma doencinha acolá, mas atenua o crime de despejar nos córregos e nos rios esgotos fresquinhos.

Mais médicos

De um governo que tem a coragem de falar em “plebiscito popular”, qualquer iniciativa deve ser vista com cautela, desconfiança, apreensão. Esta conversa de médicos espalhados pelo nosso imenso território sem medicamentos, leitos, instalações, máquinas, enfermeiros, gaze, esparadrapo, sem nada de coisa alguma, a não ser a garantia de salário mensal de R$ 10 mil, é motivo de desconfiança. Ainda no dia 7 de agosto, as tevês nos mostraram 50 ambulâncias de UTI, sem uso, abandonadas no meio do mato. É claro, como também é óbvio e evidente, que os grandes antropoides podem viver sem médicos. Gorilas, chimpanzés, bonobos, orangotangos e os índios awá, visitados outro dia pela jornalista Miriam Leitão e o fotógrafo Sebastião Salgado, provam o que afirmo. É verdade que os awá, na selva do Maranhão, talvez evitem o contato com o homem civilizado (sic) para escapar do baixíssimo IDH maranhense, bem como da ferocidade de um país capaz de matar a tiros, facadas, pedradas e pauladas 193.925 pessoas entre os anos de 2000 e 2003. Os awá talvez se animem a ingressar oficialmente na lista dos eleitores do Maranhão se tiverem a garantia de assistência médica no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo (o Einstein também serve), viajando em jatos-UTI da Força Aérea Brasileira (FAB). Antes disso, ficam escondidos na floresta sem médicos, mas livres da obrigação de sufragar os nomes ilustres da família Lobão para a Câmara e o Senado.

O mundo é uma bola

6 de setembro de 3761 a.C., primeiro dia do calendário judeu. Em 1522, Juan Sebastián Elcano chega a Sanlúcar de Barrameda (Cádiz) com um navio e 18 homens, depois da primeira viagem de circum-navegação. O resto da equipe morreu pelo caminho. Elcano assumiu o comando depois que Fernão de Magalhães foi flechado nas Filipinas. Em 1901, William McKinley, presidente dos Estados Unidos, leva dois tiros do metalúrgico Leon Frank Czolgosz, anarquista norte-americano de origem polonesa. McKinley morreu e Czolgosz foi assentado numa cadeira elétrica em 21 de outubro daquele mesmo ano. Em 1915, criação do primeiro tanque de guerra pelos ingleses. Em 1922, oficialização do Hino Nacional Brasileiro, de Joaquim Osório Duque Estrada, que milhões de pessoas já aprenderam a cantar e a maioria não entende o significado de muitas palavras. Em 1972, Massacre de Munique, aquele em que os terroristas do Setembro Negro mataram 11 atletas israelenses. Por questões de fusos horários, já foi citado ontem. Em 1991, a cidade de Leningrado volta a chamar-se São Petersburgo e a União Soviética, ou o que dela restava, reconhece a independência da Letônia, da Estônia e da Lituânia. Em 2007 morreu o tenor Luciano Pavarotti. Hoje é o aniversário de Muriaé, terra dos Calaes, dos Pacheco de Medeiros e do deputado Bráulio Braz.


Bactérias para emagrecer‏

Transplante de micro-organismos presentes no intestino de mulheres gordas fez com que ratos saudáveis ganhassem peso. Descoberta pode ajudar em métodos contra a obesidade 


Isabela de Oliveira


Estado de Minas: 06/09/2013 


Uma pesquisa publicada na edição de hoje da revista Science sugere que o segredo do emagrecimento pode não estar no excesso de exercícios e muito menos em dietas restritivas demais. A chave para perder peso está dentro das pessoas, no intestino. Com uma técnica ainda pouco utilizada pela medicina – o transplante de bactérias –, pesquisadores dos Estados Unidos demonstraram que a microbiota intestinal de indivíduos magros ou obesos induziu fenótipos semelhantes em cobaias. Os resultados foram além: os micro-organismos de doadores magros conseguiram reduzir o ganho de peso em ratos obesos, e os resultados foram otimizados por meio de dieta. A descoberta, acreditam os especialistas, abre caminho para o desenvolvimento de dietas e probióticos que auxiliem no tratamento contra a obesidade.

De acordo com Vanessa Ridaura, principal autora do trabalho, as fezes de quatro gêmeas adultas, sendo os pares formados por uma mulher obesa e outra magra, foram transplantadas em ratos livres de germes. O processo também poderia ser realizado com a inoculação de bactérias cultivadas a partir das amostras fecais das voluntárias. Após algumas semanas, Ridaura registrou um aumento total no tamanho do corpo e na quantidade de gordura das cobaias. A pesquisadora conta que também reparou que fenótipos associados à obesidade apareceram nos animais quando eles receberam a microbiota da doadora obesa.

O mesmo não foi percebido nos ratos que receberam as bactérias da gêmea magra. Esses, por sua vez, conseguiram manter o peso, o que indica que a transmissão de características físicas é possível a partir do transplante de bactérias intestinais. A segunda etapa da pesquisa consistiu em colocar ratos obesos e magros na mesma gaiola. Segundo Ridaura, a interação entre os dois grupos de animais permitiu uma colonização bem-sucedida das bactérias dos ratos magros nos obesos, o que impediu que os gordinhos ganhassem mais peso. Esses animais, inclusive, conseguiram emagrecer, e os resultados foram muito mais expressivos com a adoção de uma dieta pobre em gordura e rica em fibras.

Apesar das evidências, os cientistas desconhecem quais bactérias estão envolvidas nesse processo. Análises das fezes dos ratos indicaram que micro-organismos do gênero dos Bacteroides conseguiram ser transmitidos das cobaias magras para as obesas, sugerindo que eles, em grande parte, são responsáveis pela proteção contra o aumento da adiposidade. Para Alan Walker, pesquisador de genoma e patógenos do Wellcome Trust Sanger Institute, no Reino Unido, o curioso é que, quando os camundongos obesos dividiram a jaula com os magros inoculados com uma mistura simples de bactérias, incluindo as Bacteroides, não houve diminuição da adiposidade. “Isso indica que interações bacterianas mais complexas estão por trás da proteção contra o aumento de massa corporal e podem estar associadas ao distúrbio metabólico”, especula o pesquisador.

O cirurgião Carlos Domene, do Centro de Gastroenterologia e Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital 9 de Julho (SP), explica que, embora a medicina ainda não saiba exatamente qual bactéria está envolvida no emagrecimento, já é conhecida a importância desses micro-organismos para o funcionamento do corpo humano. “O que sabemos é que existe uma influência da flora intestinal no metabolismo e no organismo como um todo. Esses micro-organismos não existem só para conviver pacificamente com a gente, mas nos ajudam a absorver vitaminas. Consideramos hoje a flora intestinal como um sistema orgânico e metabólico que integra o organismo como um todo”, detalha o médico.

Técnicas incipientes Segundo Domene, as técnicas de transplante fecal ainda são incipientes e restritas a alguns tratamentos de doenças e infecções causadas por bactérias, como a diarreia crônica. “No caso da obesidade, precisamos entender qual organismo está por trás do emagrecimento e como ele pode ser usado para tratar as pessoas. É preciso saber quem é quem para podermos isolar essas bactérias e transformá-las em um produto comercial”, analisa. O médico cogita a possibilidade de o transplante surtir menos efeitos em pessoas que já se encontram em um estado grave de obesidade.

“Talvez, tenha mais resultado em pessoas mais magras, mas não será muito eficaz em um grande obeso. A obesidade é uma doença que não tem um único componente, mas centenas deles. Por isso emagrecer é tão difícil. O tratamento aplicado experimentalmente em animais, dentro de condições controladas, tem efeito muito bom. Mas pode ser que não tenha um resultado brilhante fora de um grupo controlado. Apesar disso, é muito interessante. Vamos aprender muito com as novas descobertas”, acredita.

Uma das principais atividades da microbiota intestinal é quebrar e fermentar fibras ingeridas em ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como acetato, propionato e butirato, fonte de 5% a 10% da dose diária de energia. “O estudo mostrou que a microbiota dos ratos magros produziu mais AGCC, especialmente propionato e butirato, o que ajudou na digestão das fibras. Isso não foi visto nos ratos obesos que se alimentaram com uma dieta desregulada”, conta Walker. A equipe de Ridaura constatou que a dieta, além das bactérias, é essencial para o emagrecimento.

Metabolismo ajustado De acordo com a nutricionista Gisele França, professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis (RJ), a microbiota intestinal auxilia na fermentação de carboidratos não digeríveis ou resistentes à digestão, convertendo-os em AGCC, que são utilizados como nutrientes para as células, principalmente as do intestino grosso. Dessa forma, o ganho de peso em ratos obesos não resulta do aumento da absorção de energia. Os resultados do estudo americano apoiam estudos anteriores que mostram que, embora os AGCCs sejam uma fonte de energia, eles promovem a magreza inibindo o acúmulo de gordura no tecido adiposo e aumentando também o gasto de energia e a produção de hormônios associados à saciedade.

Para Gisele, os resultados apresentados pelo estudo americano foram muito significativos, porém esperados. Afinal, uma vez que a microflora intestinal saudável é recuperada, pode-se observar melhora no aproveitamento metabólico dos nutrientes e na saúde da mucosa intestinal. “Há também uma diminuição nos quadros de disbiose intestinal, uma alteração causada pela mudança na microflora intestinal que induz a hiperpermeabilidade intestinal e é apontada como uma das causas de obesidade, síndrome metabólica, alergias, doenças articulares, entre outras. E esses fatores contribuem com a promoção da perda de peso em indivíduos obesos”, pontua.

A nutricionista ressalta que a melhor maneira para emagrecer é cultivar hábitos alimentares saudáveis que envolvam macronutrientes, micronutrientes, prebióticos, probióticos, glutamina, ácidos graxos insaturados e compostos bioativos com ação antioxidante. “De que adiantaria um transplante fecal se o paciente permanecesse com os hábitos alimentares inadequados?”, questiona.


Palavra de especialista
Milene Amarante Pufal, Nutricionista do centro de obesidade e síndrome Metabólica em brasília - DF

Agentes precisam ser identificados

“Mais estudos devem ser reproduzidos para confirmar se essas culturas podem transmitir um fenótipo e determinar quais componentes da microbiota intestinal são responsáveis por isso. Esse assunto e essas hipóteses são importantes para identificar as próximas gerações de pró e prebióticos. O principal desafio atualmente está em identificar bactérias benéficas que ajudem no controle da obesidade e desordens metabólicas relacionadas. A literatura diz que estudiosos têm observado que camundongos geneticamente modificados para obesidade tinham em sua microbiota 50% menos bacterioidetes e maior proporção de firmicutes se comparados a camundongos magros. Quando submetidos à dieta para perda de peso, a microbiota se tornava muito similar à dos camundongos magros. As cobaias convencionais têm maior quantidade de gordura do que as sem microbiota, apesar de terem uma ingestão calórica 30% menor e um metabolismo de repouso maior, o que sugere um papel importante da microbiota no metabolismo energético desses animais.” 

A vez das cirurgias menos invasivas‏


Walter Pace 

Ginecologista, presidente da Federação de Endoscopia e Cirurgia Ginecológica e Obstétrica Brasileira (Fegob), coordenador da pós-graduação em ginecologia minimamente invasiva da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais


Estado de Minas: 06/09/2013 


Nos últimos anos, observamos que tem se consolidado no Brasil e no mundo uma diretriz médica que preconiza a opção pelos procedimentos médicos minimamente invasivos no tratamento de doenças. Esse direcionamento propõe que o procedimento cirúrgico seja sempre a última opção do médico: antes, devem ser avaliadas todas as possibilidades que prescindem da cirurgia. E, mesmo quando da sua necessidade, a recomendação é a escolha pela opção cirúrgica menos invasiva.

Existe, hoje, uma série de novas ferramentas minimamente invasivas que precisam ser mais difundidas. Só assim será possível fazer a precisa individualização dos casos e a melhor escolha entre as alternativas existentes. Mas também é preciso que a sociedade tenha em mente essa diretriz minimamente invasiva, de forma a participar da escolha das alternativas possíveis antes de partir para a cirurgia.

No que tange à ginecologia, a questão é especialmente importante. A ginecologia é uma das especialidades de vanguarda nessa linha de ser cada vez menos agressiva ao corpo humano, e a manutenção do útero é um exemplo muito adequado. Os miomas, por exemplo, muitas vezes não precisam ser operados, podendo ser tratados por medicamentos ou procedimentos que dispensam os cortes. Há uma série de opções terapêuticas, como as videoendoscopias (cirurgias sem cortes externos ou com pequenos cortes): a vídeo histeroscopia que utiliza a via vaginal sem cortes; a vídeo laparoscopia (pequenos cortes no abdômen), e a embolização (injeção de êmbolos medicamentosos para a obstrução das artérias que alimentam o mioma). Todas essas são menos invasivas que uma cirurgia tradicional de retirada do mioma ou do útero. Esses procedimentos são indicados em vários casos, mas é preciso que haja especialização médica nessas técnicas para escolher com precisão, em cada caso, a opção mais indicada.

Esse quadro ganha ainda mais relevância no cenário atual, pois, devido à vida mais ativa das mulheres, menos voltadas para a maternidade, elas têm hoje mais chances de ter algumas doenças como o mioma e a endometriose. As mulheres do passado tinham mais filhos, e filhos mais cedo; elas passavam mais tempo gerando filhos e amamentando-os, o que reduzia a exposição delas a níveis elevados ou desequilibrados do estrogênio (hormônio da mulher), minimizando a incidência dessas doenças. Nesse sentido, apontamos para a inibição medicamentosa da menstruação como uma boa estratégia para a prevenção dessas doenças. O uso de medicamentos que bloqueiam a ovulação inibem a produção de níveis elevados de estrogênio, evitando os seus picos hormonais, tornando-se uma boa opção de prevenção.

Temos de lembrar que a retirada do útero é uma cirurgia mutiladora, que tem sua dose de riscos, de forma que precisamos evitá-la sempre que possível. Há uma série de alternativas que prescindem da retirada, possibilitando à mulher a manutenção do seu útero e, em vários casos, também a perspectiva de uma gestação futura. E, mesmo nos casos em que a retirada é de fato necessária, é preciso pensar antes nas técnicas minimamente invasivas, como a retirada do útero sem cortes externos através da vagina ou pela vídeo laparoscopia com pequenos cortes na barriga.

É sempre muito importante as mulheres portadoras de miomas conversar com o seu médico indagando sobre as alternativas possíveis para evitar a cirurgia e, quando indicada, quais são as minimamente invasivas.

A paciente deve sempre ser uma parceira na escolha da melhor forma de tratamento e acredito que a melhor escolha deve sempre seguir, quando possível, o caminho do menos invasivo, portanto menos traumático e menos agressivo
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