domingo, 1 de setembro de 2013

Martha Medeiros

Trocas íntimas entre estranhos


Alguns leitores me confundem com conselheira e me revelam seus conflitos internos, na esperança de que eu possa apontar um caminho para que eles vivam melhor. Não é meu ofício: escrevo sobre o que me dá na telha e se servir para alguém, ótimo, mas não me sinto à vontade para entrar na intimidade de cada leitor em particular.


Mas uma dica eu posso dar: leia o livro Pequenas Delicadezas, de Cheryl Strayed.


Já falei dessa autora antes. Foi ela que percorreu sozinha uma trilha nos Estados Unidos e contou a experiência no aclamado livro, que frequentou a lista dos best-sellers. Eu nem imaginava que ela escrevia uma coluna de aconselhamentos. Pois me tornei fã declarada dessa mulher.


Pequenas Delicadezas é uma seleção de perguntas e respostas publicadas no site The Rumpus, mas de forma alguma é literatura de bisbilhotice, aquela coisa de olhar pelo buraco da fechadura dos dramas alheios, o que tantas vezes revela-se piegas.


Cada carta gera um ensaio em que Cheryl conta experiências próprias para ilustrar seu pensamento sobre as questões levantadas. Esbanjando sensatez (coisa que não anda sobrando por aí), ela equaliza causas e efeitos com docilidade, mas sem abusar do bom mocismo e sem encontrar solução para tudo. Ao contrário, ela reconhece que a vida é bem sacana às vezes. Nossos pais nem sempre foram uns anjos, nossa infância “feliz” pode ter sido uma farsa e a maneira como estamos narrando nossa história para nós mesmos pode estar cheia de ficções que já não conseguimos sustentar. Dá para mudar o passado? Não dá. A única coisa que dá para mudar é a maneira como enxergamos tudo o que nos aconteceu (e ainda acontece) e ver o que é possível perdoar, esquecer ou redimensionar.


É comum considerar o escritor como uma espécie de guru – parece que ele é imune a problemas. Cheryl se dá como exemplo justamente porque sua vida não foi um passeio de carrossel, mas ela encontrou suas ferramentas de superação – a própria coluna é uma delas. Sei como é isso. Quando as pessoas me perguntam para quem escrevo, respondo sem rodeios: para mim. Quero descobrir o que eu mesma penso sobre as encrencas com que nos deparamos diariamente. Quando termino o texto, até me surpreendo com as conclusões que chego.


Cheryl vai mais fundo porque se envolve com a dor de quem lhe escreve, mesmo suspeitando que todos sabem o que devem fazer de suas vidas, só estão esperando que alguém lhes dê uma espécie de licença. “Se é por falta de licença, sinta-se autorizado”, é o que ela parece dizer.


Pequenas delicadezas não explora as churumelas do amor nem pretende ser um oráculo. Apenas confirma que viver não é fácil, mas é o que temos pra hoje.

O documentarista do sonho - EUCLIDES SANTOS MENDES


RESUMO O sucesso de "A Doce Vida" (1960) fez do italiano Federico Fellini um signo do cinema. Mas foi três anos depois, com "Oito e Meio", que o adjetivo "felliniano" nasceu para o mundo. O diretor deu adeus à escola neorrealista e levou o universo onírico, já presente em seus desenhos, para o centro de sua obra.
*
Acredita-se que alguns dos personagens mais característicos da obra de Federico Fellini (1920-93) tenham tido seu primeiro sopro de vida nas recordações que o cineasta reunia no seu "Libro dei Sogni".
Esse "livro dos sonhos" se relaciona ao modo de criação artística por meio do inconsciente e da subjetividade.
Ao que se supõe, há nos desenhos registrados ali impulsos profundos de criação de personagens e episódios, alguns recriados na tela cinematográfica.
Em "Oito e Meio", filme que completa agora 50 anos, o cineasta traz o mundo onírico que anotava em seus álbuns ao primeiro plano, ao tentar explicar as motivações do protagonista, o cineasta Guido, naquilo, em suma, que o crítico italiano Ennio Bispuri qualificou, no livro "Interpretare Fellini", como "o sonho de onipotência de um impotente".
Não se sabe ao certo se os registros imagéticos do "Livro dos Sonhos" -obra ainda a ser devidamente estudada- têm relação direta com a criação de "Oito e Meio". Vale observar, no entanto, que há uma camada onírica essencial no enredo do filme.
Guido Anselmi (interpretado por Marcello Mastroianni, ator-fetiche de Fellini) é um cineasta que, prestes a começar seu próximo trabalho, não tem ideia de que filme fazer.
A crise criativa mergulha o personagem em sonhos assombrados pela família, recordações da infância e mulheres que marcaram sua vida.
A arquitetura visual arrebatadora circula pelo inconsciente de Guido, mas também avança pela memória decodificada do personagem e pelo tempo presente.
RIMINI
A relação de Fellini com o desenho se estabeleceu ainda na infância e na adolescência em Rimini, cidade na costa do mar Adriático onde nasceu.
Apreciava caricaturas, charges e histórias em quadrinhos -tornou-se "fumettista" (cartunista) precocemente.
Reprodução
Cena do filme "Oito e Meio" (1963), do cineasta Federico Fellini
Cena do filme "Oito e Meio" (1963), do cineasta Federico Fellini
Foi no começo dos anos 1960 que o talento para desenhar transformou-se numa terapia. Aconselhado por um psicanalista junguiano, o berlinense Ernst Bernhard, com quem passou a se consultar, Fellini decidiu registrar graficamente os próprios sonhos.
Quase todas as manhãs, assim que despertava, punha-se a desenhar efusivamente as lembranças da noite.
O hábito durou até 1990; quando se deu por satisfeito, possuía três grandes álbuns preenchidos por imagens coloridas e voluptuosas, com histórias carregadas de simbolismo.
Após a morte do diretor, em 1993, dois dos álbuns -o terceiro desapareceu- foram trancados no cofre de um banco italiano, a salvo da disputa entre os herdeiros de Fellini e os de sua mulher, a atriz Giulietta Masina (1921-94).
Em 2006, após um acordo que envolveu a Fundação Federico Fellini (sediada em Rimini), o governo da Emilia Romagna (região italiana onde Fellini nasceu) e os herdeiros de Masina, os enigmáticos livros foram, enfim, abertos e apresentados publicamente como um precioso instrumento para ajudar a compreender a estilística e a poética do diretor de "Oito e Meio".
Seu conjunto foi publicado de fato como livro em 2007, na França e na Itália.
MERGULHO
Em "8 1/2 de Fellini - O Menino Perdido e a Indústria", publicado no livro "A Sereia e o Desconfiado - Ensaios Críticos", o crítico Roberto Schwarz vê na estrutura atemporal do filme o sinal e, por conseguinte, o caminho para o mergulho simbólico na "alma" do protagonista.
O crítico adverte, todavia, ser um artifício enganoso o espelhamento que costumeiramente se faz entre Fellini e Guido -identificação "autorizada pelos colunistas de mexerico, pelo próprio diretor, talvez, mas não pelo filme".
"Se Fellini é Guido", escreve Schwarz, "os conflitos deste campeiam idênticos no peito daquele, que seria o bobo de suas próprias limitações, um pequeno-burguês nostálgico e fantasioso, incapaz de fazer qualquer coisa que preste".
A potência subjetiva de "Oito e Meio" é reveladora de um gesto maior, que vai além da psicologia do diretor e que avança pelo campo do imaginário na criação artística, como um tratado poético em forma de imagens, cujo pensamento, vivo e pulsante, alcança densidade poética inigualável.
É como se o filme e o gesto de pensá-lo criassem, em película, a experiência de uma aventura em que o mundo da memória e dos sonhos se manifesta por meio de imagens "significantes".
No ensaio "O Salto Mortal de Fellini", publicado no livro "Exercícios de Leitura", a crítica Gilda de Mello e Souza avalia que o filme se inscreve na linha de vanguarda da narrativa contemporânea.
Segundo a ensaísta, apesar de dúvidas e indecisões, avanços e recuos, "foi para a aventura de saltar da torre no espaço vertiginoso da arte que Guido se preparou longamente. O filme de Fellini é a fenomenologia deste gesto frágil e arriscado".
De onde vêm, contudo, essa fragilidade e esse risco? Talvez da própria tentativa de construção imagético-discursiva do "cinema de poesia" em Fellini.
"Cinema de poesia", tal como pensado e analisado pelo cineasta e crítico italiano Pier Paolo Pasolini no ensaio de mesmo nome, é um termo que se relaciona ao uso da "subjetiva indireta livre", meio narrativo, derivado do discurso indireto livre da literatura, em que o autor manifesta suas ideias, seus sentimentos e suas perspectivas de mundo por meio da psicologia dos personagens e da poética inerente ao discurso cinematográfico.
A existência contraditória de Guido evidencia a experiência do impasse no filme como gesto criativo complexo.
O personagem é o "álibi narrativo" para Fellini tecer seu argumento poético, na medida em que ele expressa em Guido condições análogas -e, por isso, enganosas numa relação direta de identificação- na cultura e na psicologia, como requintados atributos de onde ecoa sua própria voz.
Guido, num ambiente marcado pela decadência e pelo posterior reencontro moral, talvez seja o ápice da experiência de confronto do cineasta com a criação cinematográfica tal como pensada pelo "cinema de poesia".
É por meio da expressão ambígua e desnorteante do personagem que se evidencia o sentido da formação individual do diretor, pois "Oito e Meio" se resume nisto: é como Fellini torna-se cineasta.
Em 1960, "A Doce Vida" havia feito de Fellini um ícone do cinema; mas foi "Oito e Meio" o filme que fez nascer para o mundo o adjetivo "felliniano".
Federico Fellini, esse "documentarista do sonho", como diz Glauber Rocha no ensaio "Glauber Fellini", dá adeus à escola em que se formou -desde que, em 1945, colaborou como corroteirista em "Roma, Cidade Aberta", de Roberto Rosselini, filme-manifesto do neorrealismo.
Com "Oito e Meio", Fellini mergulha na poesia de seu próprio cinema, retornando ao magma neorrealista originário, mas moldando-o como artifício da sua própria expressão, colocando o artista em confronto com sua subjetividade mais real e, por isso, também, configurando-se como um exame de maturidade.

Exercícios de guerra - Como o Brasil poderia ser invadido

folha de são paulo
RICARDO BONALUME NETORESUMO Embora hoje pareça improvável uma invasão do território, as fragilidades do sistema de Defesa e a porosidade das fronteiras do país tornariam viável um ataque. Neste texto, desenham-se cinco cenários hipotéticos de invasões por terra, mar e ar, uma dos quais chegou a ser planejada pelos Estados Unidos, em 1942.
"Si vis pacem, para bellum." "Se quer a paz, prepare a guerra", diz o clássico provérbio latino atribuído a Publius Flavius Vegetius Renatus. O romano sabia do que falava. Além de autor de um importante tratado militar, ele vivia a decadência do Império Romano do Ocidente, que cedia aos bárbaros invasores partes de seu território.
Mesmo os EUA não estavam preparados para a Segunda Guerra Mundial; tinham uma respeitável Marinha, mas Exército e aviação ridiculamente pequenos quando Japão e Alemanha declararam guerra em 1941. E conflitos podem surgir de repente. Ninguém previu o ataque argentino a uma colônia britânica em 1982 no Atlântico Sul, as Falklands (ou "Malvinas", para os invasores). Havia menos de cem fuzileiros navais para defender a colônia habitada por cerca de 2.000 britânicos.
Graças à diplomacia ao longo de dezenas de anos, com destaque para o barão do Rio Branco no começo do século passado, o Brasil tem as fronteiras mais tranquilas do planeta. Ninguém quer um pedaço dos seus 8.511.865 quilômetros quadrados. Ninguém ambiciona os recursos naturais do país. No entanto nem sempre foi assim, como mostra a história.
E se os cenários mudarem? Um país com perto de 200 milhões de habitantes e apenas 325 mil militares teria como se defender? São cerca de 200 mil homens e mulheres no Exército, 60 mil na Marinha e 65 mil na Força Aérea. Mas a disponibilidade de equipamento para esse pessoal costuma ser baixa. Faltam recursos para a manutenção e operação.
Dos cerca de cem navios da Marinha, só metade está disponível. Dos 200 aviões de combate (caça-bombardeiros), o normal é ter só uns 85 operacionais. Dos quase 300 aviões de transporte, só um terço poderia decolar agora. E dos perto de 2.000 blindados de vários tipos do Exército, só metade conseguiria sair dos quartéis.
Existe ainda a questão da obsolescência. O único porta-aviões, de segunda mão, é de 1963 (além de passar a maior parte do tempo no porto, seus caça-bombardeiros foram projetados nos anos 1950).
O país tem investido no desenvolvimento e compra de novos equipamentos, mas em quantidade pequena.
Se algum inimigo hoje insuspeito atacasse de repente, hipoteticamente, o que poderia acontecer?
Cenário 1 - Amazônia "Jovens, bem-vindos ao Amapá. Soube que entre vocês estão estudantes de várias disciplinas. História, geografia, ciência política, arquitetura, engenharia. Ótimo. Embora vocês provavelmente interajam pouco com seus colegas de outras áreas, aqui é o lugar em que um enfoque multidisciplinar faz sentido. É preciso entender um pouco de tudo para apreciar essa obra-prima, esse monumento que ajuda a explicar o motivo de a maior parte da Amazônia ser brasileira."
Os estudantes continuam em silêncio. Alguns olham para a anatomia das colegas mais jeitosas, outros ficam pensando se foi boa ideia embarcar nessa viagem até o fim do mundo para ver um monte de pedras empilhadas, algumas moças pensam no efeito que o calor equatorial vai ter na sua maquiagem. E, surpresa, há até alguns que param para digerir o que diz o anfitrião.
"Moças, rapazes; vocês agora têm o prazer de conhecer uma joia da arquitetura militar luso-brasileira, a fortaleza de São José de Macapá. E seu simbolismo é tão forte que seu traçado está na própria bandeira do Estado."
Os estudantes automaticamente levantam o olhar para uma das bandeiras. Logo em seguida, olham estarrecidos na direção do mar. Uma explosão, um clarão. Novas explosões. Eles saem correndo em várias direções. Uns poucos têm o bom senso de se jogar no chão ou de se proteger atrás das muralhas da velha fortaleza. As explosões continuam. A Amazônia está sendo invadida.
OBSTÁCULO Um historiador tinha deixado claro o papel da fortaleza: "Imensa e bem construída, esta fortificação se ajustou razoavelmente às propostas do marquês de Pombal para a região, servindo de prova efetiva e tangível de que a Coroa portuguesa era a proprietária do cabo do Norte e de que qualquer pessoa que tentasse disputar a posse teria que superar esse gigantesco obstáculo antes de atingir seu objetivo. A fortaleza passava a ser o verdadeiro fecho do Império' na foz do Amazonas".
Continuando, o historiador Adler Homero Fonseca de Castro foi preciso: "Em 1863, um relatório que examinou as fortificações do Brasil teceu novas considerações elogiosas sobre a posição", "a mais vantajosa e interessante, por estar situada na foz do norte do Amazonas", apesar de não defender "totalmente" a entrada do rio.
Embora esteja obsoleta há mais de um século, a fortaleza, num ataque como o descrito, não seria o alvo, a despeito de ser uma das antigas "fechaduras" da região.
Um dos objetivos era relativamente pequeno e modesto: um navio de patrulha da classe "G" ali atracado, com deslocamento de apenas 217 toneladas, comprimento de 46,5 metros e velocidade máxima de 27 nós (50 km/h). O armamento principal é um modesto canhão de calibre 40 mm de duplo emprego (antiaéreo e antinavio). Os 12 navios de patrulha brasileiros da classe Grajaú têm todos nomes começando com "G", como Guarujá, Guanabara e Gurupi.
Refletem uma tradição; durante a Segunda Guerra Mundial, a Marinha deu os mesmos nomes para também pequenos caça-submarinos de fabricação americana, usados para patrulhar o litoral do país contra submarinos "invasores" no mar territorial do país vindos da Alemanha e da Itália.
É tudo muito pouco para defender o extenso litoral do país. Um invasor facilmente ocuparia as chaves da região amazônica, Macapá e Belém.
Cenário 2 - "Amazônia azul" Para mostrar a importância do mar territorial, a Marinha criou a curiosa expressão "Amazônia azul".
Mais ao sul, mais especificamente no sudeste do país, um dos três mais modernos navios da Marinha do Brasil estava em operação, uma missão de rotina. A Marinha adora siglas; logo, os três navios da mesma classe, Amazonas, são conhecidos como NPaOc, acrônimo para Navio Patrulha Oceânico.
São navios modernos --os mais novos de todos, com um maior grau de informatização--, apesar de não serem os navios com maior poder de combate para seu tamanho: mesmo com mais de 2.000 toneladas completamente carregados, só têm armamento leve. Nem mísseis nem torpedos; e o canhão principal tem calibre 30 mm. Já as fragatas e corvetas da Marinha têm canhões principais de calibre 114 mm, além de ter mísseis e armas antissubmarinas.
Os três NPaOc servem mais a uma função "policial" do que "militar". Não foram projetados para a guerra convencional contra uma marinha inimiga, mas para lidar com problemas mundanos como narcotráfico, pirataria e contrabando. A Marinha, afinal, tem que proteger instalações como as plataformas de petróleo.
À noite, essas plataformas parecem inusitadas cidades em pleno oceano. Luzes no horizonte, contatos no radar. É difícil imaginar isso em pleno mar. Mas ali vivem e trabalham milhares de brasileiros, extraindo do fundo do mar um recurso cada vez mais raro no planeta. Isso faz as plataformas se multiplicarem e, cada vez mais, se aprofundarem em busca do combustível fóssil.
O navio classe A estava patrulhando entre dois grandes campos de plataformas quando um marinheiro observou um clarão no horizonte. Quase simultaneamente, um sargento notou um contato no radar se aproximando rapidamente. Lembrou-se de um treinamento anterior. Parece um míssil vindo na direção do navio. Como? Não há nenhum exercício planejado!
Seria um alvo fácil para um ataque surpresa. E o resto da esquadra, concentrada na baía da Guanabara, seria fácil de achar e atacar. Claro, apenas os americanos teriam hoje condições de fazer um ataque destes. Mas e se, em um futuro não tão distante, os chineses conseguissem bases no oeste africano e prosseguissem por algum motivo na sua busca insaciável por recursos naturais?
Cenário 3 - Mais Amazônia O veículo, ou "viatura", como prefere o pessoal do Exército, foi chamado de VBTP-MR Guarani. Veículo (ou "Viatura") Blindado de Transporte de Pessoal, Médio, Sobre Rodas. Produzido em Minas Gerais, projeto em parceria com a empresa italiana Iveco. Alguns deles estão sendo testados em um lugar incomum: Roraima.
Detalhes do veículo? Comprimento: 6,91 m /Altura: 2,34 m/Largura total: 2,7 m /Peso vazio: 14,5 toneladas /Peso carregado: de 17 a 20 toneladas /Velocidade máxima em estrada: 100 km/h.
Demorou anos, mas o Exército Brasileiro, o EB, resolveu substituir seus velhos blindados sobre rodas Urutu e Cascavel, produtos da jurássica empresa (faz tempos falida) Engesa. Eram bons veículos de seis rodas, exportados para vários países, usados pelo EB em missões de paz em Angola, Moçambique, Haiti --lamentavelmente, porém, são obsoletos hoje.
O Guarani começou a ser produzido em uma versão básica de transporte de infantaria, levando um grupo de combate de infantes, com uma metralhadora no teto, de calibre 12,7 mm, de controle remoto. Mas também se criou uma versão experimental de "veículo de combate de infantaria", com um mais parrudo canhão calibre 30 mm; e uma versão para substituir o Cascavel, um carro de reconhecimento, com canhão calibre 90 mm ou o mais poderoso 105 mm.
Sejam quais forem as decisões sobre armamento, ainda pendentes, dois grupos desses VBTP-MR foram enviados para dois possíveis locais de emprego em guerras convencionais contra vizinhos, por mais que os vizinhos da República Federativa do Brasil sejam em geral amistosos.
Com certeza um dos destinos previstos e previsíveis foi o Rio Grande do Sul. Esse sempre foi o local de praxe paras as forças mais móveis do Exército, onde se concentrou o grosso da cavalaria e da sua versão moderna, mecanizada, os tanques (que o EB chama de "carros de combate") e os blindados de transporte de tropas. Durante muito tempo se pensou em uma "Blitzkrieg" de blindados argentinos atacando a região (Uruguai e Paraguai nunca foram ameaças sérias no século 20). Cenário cada vez mais improvável.
Os primeiros testes com o Guarani foram feitos no Rio, no campo de provas do Exército. Depois duas pequenas unidades foram enviadas a campo. E, além do óbvio Rio Grande do Sul, outro lugar foi Roraima -- a Amazônia não inclui apenas floresta: Roraima tem campos perfeitamente adequados para veículos militares.
CLAREIRA Um pelotão de Guaranis --quatro veículos-- fazia uma patrulha perto da fronteira. Uma opção de organização desse tipo de unidade, ainda não definitiva, inclui um veículo armado com o canhão de 30 mm, e os restantes com o tradicional 12,7 mm (a clássica metralhadora "ponto cinquenta", ou.05 polegada). De repente saem de uma clareira alguns blindados não identificados. O tenente comandante do pelotão ordena que os VBTP parem e procurem cobertura possível atrás das poucas árvores e colinas em torno. Ele abre a escotilha para observar melhor, quando vê um clarão e ouve logo em seguida uma explosão.
O inimigo avançaria rápido por esses campos com forças blindadas. Supondo que fossem venezuelanos bolivarianos fanáticos, também tomariam a região de Essequibo, na vizinha Guiana.
Foi pura coincidência. Alguém no Exército também resolveu testar na região uma bateria de artilharia bem especial: o sistema Astros II, da Avibrás, um sistema de foguetes de múltiplos calibres capaz de atingir alvos a distâncias entre 9 e 300 km, que logo entraria em ação, tornando o resultado do conflito menos previsível.
Cenário 4 "" Fronteiras Em vários pontos do país existe outro produto da indústria de defesa nacional em operação no mesmo momento, um avião de transporte. Levou algum tempo para produzi-lo, um pouco mais que o previsto, mas compreensivelmente, pois o objetivo era substituir um dos aviões mais icônicos, seminais e clássicos da história, o avião de transporte americano Hercules C-130. "O substituto de um Hercules é outro Hercules", dizia a fabricante, a Lockheed. A empresa brasileira Embraer resolveu apostar que teria uma opção melhor: a aeronave de transporte e reabastecimento aéreo de combustível KC-390.
O C-130 é um turboélice de quatro motores; o KC-390 é um bimotor a jato, o primeiro grande projeto multinacional na área de aviação em que uma empresa brasileira é a principal envolvida. E os novos aviões estavam voando pelo país em diferentes missões.
As fronteiras do país, no mar ou em terra, costumavam ter os fortes como principais barreiras a uma invasão. Muralhas e canhões eram o principal desafio que um inimigo tinha que contornar, assim como --e principalmente-- os homens por trás das defesas.
A ameaça passou a ter novas dimensões. Um dos novos "fechos" da Amazônia, e das fronteiras em geral, é uma outra classe de aviões da Embraer, os EMB 145 ISR --aviões-radar, de vigilância área e de sensoriamento remoto.
A empresa usou como plataforma para o equipamento eletrônico seu bem-sucedido avião comercial ERJ 145 e criou a dupla R-99 e E-99. O EMB 145 Multi Intel, ou R-99, é voltado para sensoriamento remoto, e o EMB-145 AEW&C (do inglês "Airborne Early Warning and Control"), ou E-99, é um avião-radar de alerta aéreo antecipado e controle de tráfego aéreo.
Aviões-radar dão informações. Mas é preciso que existam aviões de combate aptos a utilizá-las. A depender da ameaça, não precisam ser caças de última geração: aviões de traficantes e contrabandistas podem ser visados por aeronaves de ataque leve como o Embraer EMB-312 T-27 Tucano (um sucesso internacional de vendas: cerca de 650 aeronaves operando em 15 forças aéreas mundo afora) ou seu sucessor, o EMB 314 A-29 Super Tucano --ou ALX.
O Super Tucano também tem uma função de ataque a guerrilhas, ou "insurgentes", como é moda defini-las hoje. Tem sido usado nessa função pela Força Aérea da Colômbia.
MÍSSIL O par de Super Tucanos patrulhava a fronteira sobre a floresta. Impossível identificar qualquer coisa debaixo das árvores. O avião-radar, contudo, tem uma visão mais precisa e detalhada. É possível "enxergar" parte do que acontece no solo. De repente surge um clarão na tela. Que se repete visualmente, na direção dos dois aviões de ataque leve. Um míssil terra-ar, certamente disparado do ombro, da classe do antigo soviético SAM-7, ou do americano Stinger. Seja qual for o míssil, é barato, é simples de operar, e um grupo de narcotraficantes pode usar. Os dois Tucanos percebem a ameaça e começam manobras evasivas.
Meio-dia, terça-feira, 26 de fevereiro de 1991; cerca de 40 homens realizam uma incursão em território brasileiro. Eles atacaram um destacamento do Exército na margem do rio Traíra, na fronteira entre Brasil e Colômbia. Durante a ação, a unidade brasileira de 17 homens teve três soldados mortos e nove feridos; armas e equipamento brasileiros foram capturados. Uma retaliação depois recuperaria parte do armamento roubado e mataria parte dos "insurgentes".
O episódio deixa claro a "área cinzenta" entre tráfico de drogas, guerrilha e banditismo puro em partes da fronteira do país, retratada também em artigo do coronel Álvaro de Souza Pinheiro ("Guerrilla in The Brazilian Amazon", Foreign Military Studies Office, Fort Leavenworth, KS., 1995).
HISTÓRIA Um pouco de história: em 1624 os holandeses atacaram e tomaram Salvador. Perderam no ano seguinte. Atacaram e tomaram Recife e Olinda em 1630; só foram expulsos em 1654. Mesmo antes disso, tinham iniciativas na Amazônia --pequenos fortes e feitorias--, assim como ingleses, franceses e mesmo irlandeses.
Franceses fundaram, na prática, duas cidades brasileiras, duas capitais de Estados: Rio de Janeiro e São Luís. Foram expulsos pelos portugueses. Em 1710 e 1711, atacaram de novo o Rio, mas apenas para saquear --com sucesso, na segunda vez.
Os holandeses queriam dominar o comércio do açúcar, e também o dos escravos necessários para sua produção (por esse mesmo motivo chegaram a dominar Luanda, em Angola, antes de serem rechaçados).
Novos invasores podem ir atrás de outros recursos. Como o petróleo do pré-sal. Biodiversidade amazônica? Difícil; a biotecnologia resolve as coisas com mais facilidade nos laboratórios, sem precisar invadir um país para ter acesso a folhas e formigas. Recurso mais raro e valioso no futuro: a simples água doce. Na Amazônia está a maior reserva do mundo, que pode ter cada vez mais sede, dependendo do aumento da população e da mudança climática.
Cenário 5 - Plano "Em 22 de fevereiro de 1942, dois meses e meio após o ataque japonês a Pearl Harbor, os Estados Unidos invadiram e ocuparam o Nordeste do Brasil. Após 12 dias de navegação a partir de Hampton Roads, Virgínia, EUA, uma força naval de apoio de fogo --incluindo o couraçado USS Texas (BB-35), e o 11º Grupo de Aviação dos fuzileiros navais embarcado no porta-aviões USS Ranger (CV-4), e um comboio de navios de transporte carregados de equipamento de combate para a força de desembarque de batalhões da 1 ª Divisão de Fuzileiros Navais e 9ª Divisão do Exército--, apareceu na madrugada ao largo da cidade de Natal na protuberância' a leste do Brasil", foi a descrição de um historiador da invasão que poderia ter acontecido, e foi planejada, mas não houve, graças à diplomacia ("Invade Brazil?!", por Michael Gannon, United States Naval Institute Proceedings, Vol. 125, No. 10, Oct. 1999).
Segundo Gannon, o "problema" do governo americano com o Brasil era a ditadura liderada por Getúlio Vargas e a noção de que a maior parte das Forças Armadas, especialmente o Exército, era a favor do eixo Berlim-Roma-Tóquio.
O curioso, como ele mostra, é que o plano de invasão poderia redundar em um grande fracasso. Nem tanto pela competência das Forças Armadas brasileiras, mas pela falta de experiência americana em desembarques anfíbios e pelas praias de difícil acesso do Nordeste por embarcações ainda não testadas. O número de tropas era pequeno para lidar com eventual insurgência. Os EUA poderiam ter tido no Brasil em 1942 o que teriam no Iraque depois de 2003.
Preservado hoje no Estado que lhe deu o nome, o USS Texas foi veterano da Primeira Guerra Mundial e da Segunda. Seus canhões deram apoio de fogo em operações importantes, como a invasão da África do Norte em 1942, a da Normandia em 1944 (o "Dia D") e depois, no Pacífico,contra os japoneses em Iwo Jima e Okinawa, em 1945. Recebeu cinco "battle stars" ("estrelas de batalha") por operações como essas. Para sorte dos brasileiros, Natal não entrou nessa lista.

    Masturbação e pornografia podem se tornar dependência; veja pesquisa

    folha de são paulo

    Dia do Sexo é comemorado no dia 6/9; até os animais entram na onda


     
    DE SÃO PAULO
    Ouvir o texto
    SexoO Dia do Sexo é invenção recente, proposta no começo da década por uma marca de camisinha, para brincar com a sugestiva data 6/9. Nesse especial, histórias sobre quem faz (ou não), trabalha com, se inspira em ou só pensa naquilo. Porque, afinal, todo dia sempre foi dia --ou deveria.
    Para ilustrar a edição especial do Dia do Sexo, comemorado na sexta (6/9), a sãopauloselecionou fotos registrando o comportamento de animais durante o acasalamento no mundo todo.
    E não precisa estar no safári para ver os bichos na ativa. Basta uma visitinha no zoológico de São Paulo na primavera. "A maioria dos animais cruzam nessa estação. Assim, os filhotes nascem no verão, quando há mais oferta de alimentos na natureza", diz o biólogo Cauê Monticelli, chefe do setor de mamíferos do zoo.

    Sexo Animal

     Ver em tamanho maior »
    João Wainer/Folhapress
    AnteriorPróxima
    Leões
    Zebras, dromedários e girafas podem facilmente ser pegos no flagra. E têm uma curiosidade: ejaculam muito --dessa forma, seu sêmen prevaleceria na competição com outros machos.
    Quem ficar perto dos bichos cruzando vai ver muitos curiosos e alguns indignados. "Tem gente que acha obsceno e reclama, tira as crianças de perto", conta o biólogo.
    O zoológico faz um controle para que os bichos não reproduzam sem parar. Os leões fizeram vasectomia --se fossem castrados, perderiam a juba. "Assim, eles mantém comportamentos, como o cruzamento, sem engravidar a fêmea", conta Monticelli.
    Outras espécies, normalmente ameaçadas de extinção, são incentivadas a procriar. Os mico-leões-pretos, por exemplo, têm um "motel" só deles: um canto no parque mais dentro da mata, afastado do público, onde ficam à vontade e se esbaldam com alimentos especiais (como grilos e baratas, petiscos gordurosos). Prato cheio de energia para os amantes.


     
    ELVIS PEREIRA
    DE SÃO PAULO
    Ouvir o texto
    SexoMasturbação e pornografia podem se tornar uma dependência. Desde o fim de 2010, o IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, acompanha 86 homens com comportamento sexual compulsivo. Eles participam do primeiro estudo sobre o tema no país feito com pacientes. O objetivo é buscar evidências científicas sobre o problema e formas mais eficazes de tratá-lo, segundo Marco Scanavino, 47, principal autor da pesquisa. Os resultados iniciais foram divulgados neste ano, na revista "Psychiatry Research".

    *
    leia mais aqui

    Amálgama, a nossa originalidade - JORGE MAUTNER


    O Globo - 01/09/2013

    Nosso Itamaraty está certíssimo ao pedir
    explicações sobre a espionagem
    das polícias políticas secretas dos Estados
    Unidos e da Grã-Bretanha ao
    nos espionarem indevidamente. Mas aqui pretendo
    mostrar os profundos laços e abraçaços
    que ligam os EUA com o Brasil, e vice-versa. Aliás,
    o Brasil, como maior país pacifista, é amigo
    de todos. Temos representação diplomática
    também na Coreia do Norte. Este é o maior
    trunfo civilizatório do nosso país-continente.

    O primeiro ato de amizade foi por ocasião da
    Conspiração Mineira. Os poetas de Vila Rica fizeram
    contatos com Thomas Jefferson, que havia
    substituído Benjamin Franklin como observador
    permanente dos recém-criados Estados Unidos.
    Jefferson entusiasticamente apoiou a Conspiração
    Mineira e disponibilizou armas e até, se necessário,
    envolvimento mais denso. No entanto, os
    conspiradores eram todos poetas, inclusive Tiradentes,
    e ele falou demais.

    O segundo foi quando a Inglaterra quis, com o
    apoio dos nossos queridos amigos vizinhos, que
    o Brasil devolvesse parte imensa do seu território,
    depois da guerra em que rechaçamos a invasão
    do ditador Solano López. Território há
    muito conquistado pelos bandeirantes, cruzando
    o Tratado de Tordesilhas, e também as terras
    do Acre. Os Estados Unidos foram único país
    que se posicionou ao lado do Brasil contra essa
    aspiração da Inglaterra, que ainda estava em
    seu esplendor de império absoluto. Os EUA ainda
    não eram o grande Império democrático de
    nosso dias, viviam na splendid isolation, isolamento
    esplêndido, mas foi quem, através do
    grande Barão do Rio Branco, acabou com essa
    ideia, garantindo ao Brasil a consolidação deste
    tamanho de país-continente.

    A terceira grande demonstração veio com o
    episódio que está descrito na minha música com
    Gilberto Gil intitulada “Outros viram”. Eu me lembro
    que Gil, ainda ministro da Cultura, exibiu-se
    em Washington, NY etc, cantando esta nossa música
    da qual ele fez uma versão genial em inglês, o
    que fez com que os jornalistas boquiabertos quisessem
    saber se o que estava na letra era verdade.

    O presidente Theodore Roosevelt era contra a
    Ku Klux Klan. É bom lembrar que, quatro anos depois
    da libertação dos escravos e do fim da Guerra
    Civil nos EUA, a Ku Klux Klan se apodera de várias
    áreas do poder político e que o primeiro filme, genial
    porém terrível, chamado “O nascimento de
    uma nação”, do cineasta genial Griffith, tem uma
    cena em que quatro advogados negros de terno e
    gravata estupram uma menininha órfã, loira e
    branca. Theodore Roosevelt adorava um musical
    intitulado “Melting Pot”, em que se proclamava
    que um cidadão anglo-saxão de olhos verdes, puritano,
    poderia se casar com uma italiana, talvez
    até mesmo com uma irlandesa, e quem sabe, uma
    espanhola!

    Ao chegar ao Brasil, Theodore Roosevelt, que
    gostava de caçar, deslumbrou-se com o Amazonas,
    com o Pantanal, que ele conheceu acompanhado
    por Roquette Pinto e pelo Marechal Rondon.
    Quando, no entanto, viu a nossa Amálgama,
    que representa a nossa originalidade absoluta, segundo
    José Bonifácio de Andrada e Silva, enlouqueceu
    de alegria e disse que esta Amálgama teria
    que ser imitada pelos Estados Unidos imediatamente.
    Quando voltou, falou no Congresso sobre
    essa Amálgama, e o Congresso rechaçou essa
    ideia em quase unanimidade.

    O laço seguinte é a nossa participação na Segunda
    Guerra Mundial, ajudando a vitória dos
    aliados com o heroísmo de nossas tropas em
    Monte Castelo, e também por causa da borracha.
    Não havia borracha sintética, sobrava nossa
    imensa Amazônia, onde era farta a borracha
    natural e também o quartzito, mineral essencial
    para a Força Aérea de guerra.

    É bom lembrar também as palavras entusiásticas
    do poeta Walt Whitman em seu poema “Aos
    nossos amigos brasileiros”, fundamentando esta
    imensa amizade. Como também é bom lembrar
    nossa presença profunda em todos os nossos países
    vizinhos, recordando Simon Bolívar, que disse
    só ter conseguido fazer o que fez por ter como braço
    direito o general brasileiro Abreu e Lima.

    Por último, o fato de o primeiro presidente negro,
    o genial Barack Obama, ter nascido por causa
    de Vinícius de Moraes e Tom Jobim. A mãe de
    Obama era uma filósofa e, como todos os filósofos,
    queria saber como era a vivacidade da filosofia
    grega. Quando foi assistir ao filme “Orfeu Negro”,
    viu que a Grécia antiga e verdadeira era no
    Brasil, era negra, era da escola de samba, e morava
    no morro. Dias depois encontrou-se, em um
    encontro filosófico, com um pensador do Quênia,
    com o qual teve o filho Barack Obama. A nossa
    Amálgama em forma de imanência poética e musical
    fez com que nascesse o futuro presidente dos
    Estados Unidos, o mais brasileiro de todos os presidentes
    americanos.

    A rede social do STF - PEDRO BELCHIOR


    O Globo - 01/09/2013

    Há tempos a TV
    Justiça vem
    dividindo sua
    atenção com
    termos como #Nao-
    PEC37, #FichaLimpa,
    #BrasilSemAborto e
    #Mensalao. Em meio à
    revolução da participação
    democrática, as mídias
    sociais já ocupam
    papel significativo diante
    de julgamentos e processos
    políticos relevantes.
    Com o mensalão não
    poderia ser diferente.

    O que começa a gerar
    discussões, contudo, é o
    uso de redes sociais pelo
    Supremo. Numa iniciativa
    interessante, o
    STF está em posição de
    vanguarda quando
    comparado aos demais
    tribunais. Afinal, apenas
    pouco mais de dez
    Cortes constitucionais
    por todo o mundo fazem
    uso do Twitter atualmente.

    Dentre esses tribunais,
    a atividade do Supremo
    se destaca. E, em tempos
    de enfrentamento à corrupção,
    o STF se mostra
    imbatível no Twitter. É
    sintomática a análise de
    seu perfil a partir de janeiro
    de 2012. Os picos de
    exposição nos períodos
    de julgamento do mensalão,
    por exemplo, superam
    com enorme margem
    todos os números alcançados
    pelas contas
    dos demais tribunais
    constitucionais.

    De fato, o próprio STF
    movimenta mais seu
    Twitter quando um caso
    relevante entra em pauta.
    Porém, diferentemente
    dos demais tribunais
    constitucionais — dedicados
    principalmente a
    publicar notícias e resultados
    de julgamentos —,
    o Supremo preza pelo
    acompanhamento de julgamentos
    em tempo real,
    multiplicando suas publicações
    em tais períodos.

    Nesse ponto, e diante
    da interação do Judiciário
    com a sociedade a partir
    da tecnologia, deve-se ter
    atenção para que o Twitter
    do Supremo siga também,
    ao escolher seus
    tweets, os requisitos de
    neutralidade e imparcialidade
    fundamentais esperados
    de nossa Corte
    Suprema. 

    Pedro Belchior é professor da FGV Direito Rio

    MARTHA MEDEIROS - Meu coração em tuas mãos

    Zero Hora - 01/09/2013

    Não é porque ele foi grosseiro comigo que eu tinha que ser grosseira com ele também, mas fiz, está feito, agora acabou, solidão pra sempre é o que me espera, assim como aquela dívida maldita que só aumenta, meus credores não têm nenhuma compaixão, vou ter que vender meu carro para pagá-la, e essa tosse insistente só pode significar que estou condenada, sem falar que minha filha ainda não voltou da festa, pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, como está quente nesse quarto, eu nunca mais vou conseguir dormir, nunca mais, vou acordar com olheiras até o queixo, sou uma miserável que... zzzzzz.

    E então você acorda, abre as cortinas da janela, e recebe um telefonema do seu amor reconhecendo que andou abusando da sua paciência e que está morrendo de saudades, e entra um trabalho freelancer que ajudará a pagar a conta atrasada, e a tosse passa com Melagrião, e a filha está dormindo feito um anjo no quarto ao lado, e as suas olheiras estão aparentes mesmo, mas nada que um corretivo não disfarce. Olhe só, suas preocupações ficaram desse tamanhozinho, de quem foi a mágica?

    Do primeiro raio de sol. Durante o dia, nossa cabeça pensa melhor e as soluções aparecem no decorrer das horas. A mente ajusta o foco e não dá trela a fantasmas. Já a madrugada não conhece a palavra sanidade.

    A escuridão e o silêncio transformam pequenas chateações em dramas diabólicos, e a gente cai nessa cilada, achando mesmo que estamos lidando com o pior da vida. Mas que vida? Hipercansados, ansiosos, deprimidos, paranoicos, isso é vida? A insônia desperta em nós a morte, isso sim. Ficamos todos ferrados não pela falta de sono, mas pelo excesso de dilemas. Como disse Dostoievski, ser extremamente consciente é uma doença. A gente morre por pensar demais. E pensar é só o que nos resta durante uma insônia.

    Mas é possível controlar esses pensamentos malditos.

    Em vez de permitir que o cérebro maximize nossos problemas, o melhor seria transformar nossa miséria noturna em algo produtivo. Porém, nem todos conseguem levantar da cama – ainda mais no inverno – a fim de guerrear com seus demônios. Até porque sempre há a esperança de se conseguir dormir pelo menos por uma ou duas horas, o que não acontecerá no caso de acendermos as luzes para pintarmos quadros, escrevermos poemas, fritarmos omeletes, cortarmos o próprio cabelo – ai, não corte o cabelo às quatro da manhã, vá por mim.

    Posso fazer uma sugestão? Sem precisar levantar, sem acender a luz, jogue “stop” mentalmente com você mesmo. Países: a, Alemanha; b, Bélgica; c, Canadá; d, Dinamarca... Há grande chance de, antes de chegar no p, Portugal, você já ter adormecido. Se não, siga com o jogo, fazendo seu a-b-c para títulos de livros, comidas, profissões, ruas da cidade. O truque é simples: trocar de preocupação. Ou você prefere continuar fazendo o a-b-c das doenças que poderá contrair ou das pessoas a quem já magoou?

    Parece bobagem, e é, mas quase sempre funciona. Jogue “stop” noturno com você mesmo, e stop a insônia.

    Antonio Prata

    folha de são paulo
    Gênesis, revisto e ampliado
    Visto que se aproximava o sétimo dia, Deus disse: 'Que a meia fure, que a privada entupa, que a internet caia...'
    Então o Senhor Deus disse a Adão: porquanto deste ouvidos à tua mulher, e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses: maldita é a terra por tua causa; com o suor do rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porque tu és pó e ao pó tornarás.
    E, vendo o Senhor Deus que Adão fazia-se de desentendido, disse: espera, que tem mais; não só custará o pão o suor de teu rosto, como aumentará a circunferência de tua barriga, e a circunferência de tua barriga desagradará à Eva, e Eva te dará chuchu, e quiabo, e linhaça, e couve, e outras ervas que dão semente e leguminosas que dão asco, e delas usarás como alimento, em teus dias de tribulação.
    E disse também o Senhor: porquanto comeste da árvore, porei em teu encalço insetos peçonhentos, e serão pernilongos nas cidades, e nas praias borrachudos serão; e ordenarei que te piquem bem na pelinha entre os dedos dos pés, e que zunam em teus ouvidos, e nas noites sem fim recordar-te-ás de teu criador.
    Não satisfeito com os castigos, continuou o Senhor Deus: que destas ventas por onde soprei a vida escorra muco, e que seja frio e pegajoso como as escamas da serpente, e caudaloso como as águas do Jordão, e que brote numa sessão de cinema, ou na Sala São Paulo, e que tenhas à mão somente uma folha de Kleenex, e que com ela te enxugues e te assoes, até que se esfacele a última fibra de celulose, marcando teu rosto com inumeráveis pontinhos brancos, como marcarei a face pecadora de Caim.
    E assim vagarás pela terra, disse o Senhor Deus, pois grande é teu pecado. E disse mais: cansado de perambular pela terra, inventarás o automóvel, mas o automóvel só fará multiplicar o teu cansaço; e gastarás metade de teus dias na Rebouças, e roubarão teu estepe, e te esquecerás do rodízio, e os pontos de tua carteira excederão o máximo permitido pelo Detran, que será 21, e andarás de táxi, e ouvirás elogios ao massacre do Carandiru, e diatribes contra médicos estrangeiros, e sentirás na carne a miséria de tua descendência.
    Em vão, buscarás refrigério em viagens, mas quando no aeroporto estiveres, e chegares ao portão 4, alto-falantes te mandarão para o 78C; e quando o 78C alcançares, serás mandado de volta ao portão 4, e faminto pagarás R$ 16 num pão de queijo e numa Coca, e a Coca será de máquina, e o pão de queijo estará frio.
    Então, visto que se aproximava a viração do sétimo dia, Deus se apressou, e disse: que o sal umedeça, que o bolo seque, que a meia fure, que a privada entupa, que o dinheiro escasseie, que o cupim abunde, que a unha encrave, que a internet caia, que o time perca, que a criança chore, que o churrasco do teu cunhado seja melhor que o teu, e que todos assim concordem, inclusive Eva, e que, largado num canto da varanda, com tua Kaiser quente na mão, te lembres que eu sou El Shaddai, e que estou acima de todas as coisas, inclusive de tua careca, que não temerá a finasterida, não aceitará o minoxidil nem reagirá às preces que, em vão, me enviarás.
    E, dizendo isso tudo, o Senhor Deus lançou Adão para fora do jardim do Éden, e lançou Eva para fora do jardim do Éden, varão e fêmea, os lançou.

      Parece o mesmo filme de dez anos atrás no Iraque, mas há diferenças - Sergio Dávila

      folha de são paulo
      ANÁLISE
      Parece o mesmo filme da ação contra o Iraque, mas há diferenças
      SÉRGIO DÁVILAEDITOR-EXECUTIVO
      Amparado por evidências questionáveis reveladas ao mundo por seu secretário de Estado, diante de uma nação dividida e passando deliberadamente por cima da ONU, o presidente norte-americano surpreende a todos e avisa que vai atacar um país do Oriente Médio.
      Foi o que George W. Bush fez em 17 de março de 2003, dias antes de invadir o Iraque, depois de Colin Powell anunciar que os EUA haviam comprovado que o governo de Saddam Hussein tinha capacidade de produzir armas de destruição em massa (o que se mostraria uma inverdade).
      É o que Barack Obama faz agora, dez anos depois, ao dizer na tarde de sábado que os EUA devem agir militarmente contra alvos do regime sírio, após John Kerry afirmar que está claro que Bashar al-Assad usou armas químicas (o que ainda não foi 100% comprovado).
      Mudam os atores, o filme é o mesmo? Mais ou menos.
      Bush quis esticar o crédito de boa vontade mundial conseguido após o ataque da Al-Qaeda ao World Trade Center (2001), que resultou na Guerra do Afeganistão, com ação militar autorizada pelo Congresso e avalizada pelas principais potências mundiais.
      Perdeu-se porque, no Iraque, cumpria uma agenda pessoal, quase uma vendeta de faroeste. No anúncio, feito solitariamente num corredor interno da Casa Branca, o republicano mencionava Saddam e seus filhos e dava um ultimato a eles: saiam do poder ou encarem as consequências.
      Ontem, Obama seguiu outro roteiro. Acompanhado do vice-presidente, Joe Biden, sob o sol do jardim da residência presidencial, disse que, embora não precise, o líder da "democracia constitucional mais antiga do mundo" pedirá autorização ao Congresso para agir.
      Bush se isolou antes mesmo de o primeiro míssil ser disparado. Obama divide o peso da decisão com senadores e deputados. Além disso, diferentemente de seu antecessor, que no auge do conflito enviou dezenas de milhares de soldados para o front, o presidente do "drone", que intensificou o uso dos aviões não tripulados, só fará ataques pontuais por ar.
      É uma grande diferença. Quando ele atacar --já parece ser uma questão de "quando", não de "se"--, fará sem baixas do lado norte-americano e com o Legislativo ao seu lado. O resto do mundo continua sendo ignorado, mas o público interno tenderá a estar mais unido.

      Tv Paga


      Estado de Minas: 01/09/2013 


       (callas© Publifoto/Divulgação)
      Passe a noite com Maria Callas



      Domingo sempre tem um bom musical na telinha. Entre muitas
      atrações mais populares, duas produções relacionadas à música
      erudita se destacam. Às 11h45, na Cultura, o programa Clássicos
      apresenta o terceiro episódio de Glenn Gould toca Bach. À noite,
      às 22h, no Arte 1, vai ao ar a biografia da diva Maria Callas (foto).


      Que fome!
      Já preparando os assinantes para a nova temporada de Brasil no prato, que estreia dia 10, às 22h15, o canal Bem Simples exibe hoje, às 19h30, um especial com dois episódios em sequência do programa apresentado por Carla Pernambuco (foto). No cardápio, camarão pistola, tertelette e gratinado de cebola, fusilli vegetariano, strozapretti, piadina e caipirinhas.

       (Fox Life/Divulgação)


      Ciências
      No segmento dos documentários, o History sai na frente com Humanidade: a história de todos nós, às 17h30, hoje falando das grandes mudanças sociais ocorridas por meio de revoluções populares. Mais tarde, às 18h30, o Nat Geo apresenta o especial Jornada ao centro da Terra, que explora o mundo escondido debaixo de nossos pés.

      Cinema
      Outro documentário que merece a atenção do assinante é Federico Fellini: eu sou um grande mentiroso, às 23h30, na sessão É tudo verdade, do Canal Brasil. O longa analisa a vida e a carreira do diretor italiano, com entrevistas do próprio Fellini, seus amigos e colaboradores, além de trechos de seus principais filmes.


      ENLATADOS » Era uma vez o medo
      Publicação: 01/09/2013 04:00

      Misto de romance, aventura e fantasia, Once upon a time rapidamente ganhou o gosto do público. A terceira temporada, seguindo tendência de séries campeãs de audiência, será dividida em duas. A primeira parte, com 11 episódios, estreia nos Estados Unidos dia 29 deste mês; a outra metade, somente em 9 de março. Pois o cenário da trama será a Terra do Nunca. Emma, Margaret/Branca de Neve, David/Príncipe, Sr. Gold/Rumplestiltskin, Capitão Gancho e a Rainha Regina chegam ao reino mágico de Peter Pan para resgatar Henry. Só que o lugar passou por uma transformação e acabou se tornando muito perigoso.

      Recrutas – Versão policial de Grey’s anatomy – pois gira em torno de jovens que acabaram de se formar na Academia e vivem de namoro na divisão policial em que atuam –, Rookie blue chega à terceira temporada. No Brasil, já que o novo ano estreia sábado, às 17h, no Universal, e nos EUA a quarta temporada já está na metade. O primeiro episódio vai contar com a participação do veterano William Shatner, que será o avô de uma menina desaparecida.

      Chantagem – Na quinta-feira, às 22h, o Universal Channel apresenta o último episódio da primeira temporada de Bates Motel. Em “Midnight”, Norma (Vera Farmiga) tenta se livrar da chantagem feita por Jake Abernathy (Jere Burns). Para tal, tentará usar métodos não muito ortodoxos.

      Reta final – Amanhã, a partir das 16h30, o Universal promove maratona com os cinco últimos episódios da segunda temporada de Grimm. A exibição vai até as 23h, quando o canal apresenta o desfecho inédito deste segundo ano.

      Antes da TV – A partir de hoje, a primeira parte da quinta temporada de Breaking bad estará disponível no Netflix. Agora, o site de streaming deve mostrar a segunda parte dessa temporada, que estreou com alarde há semanas no Netflix americano. 

      Suzana Singer - Folha Ombudsman

      folha de são paulo
      oMBUDSMAN
      Médicos e monstros
      Papel do jornal é trazer luz para esse debate extremado sobre o novo programa de saúde do governo federal
      A importação de médicos cubanos equivale a encher um "avião negreiro", como tachou a colunista Eliane Cantanhêde, ou os médicos brasileiros que fazem oposição ao programa do governo são "corporativistas" que "colocam a vida de pacientes abaixo de seus interesses", como acusou Gilberto Dimenstein?
      A discussão em torno do Mais Médicos pegou fogo nesta semana. As posições favoráveis e contrárias são tão extremadas que fica difícil para o leitor formar uma opinião.
      Quais as reais condições de trabalho oferecidas aos cubanos? Está certo exigir que passem por um exame duro (Revalida), se eles vão lidar com atenção básica à saúde? O que os médicos brasileiros que criticam tanto a vinda dos estrangeiros propõem para melhorar o atendimento nas periferias das metrópoles e no interior?
      Não são perguntas simples e o papel do jornal nessa hora é trazer luz ao debate. AFolha vinha razoavelmente bem nessa cobertura. Fez reportagens relevantes, abriu espaço para a polêmica e, na terça-feira passada, teve a sensibilidade de publicar na capa a fotografia de um médico cubano sendo vaiado por colegas brasileiros, que também gritavam: "Escravo, escravo!"
      Era uma imagem forte, que acabou sendo usada pelos que defendem o programa para tentar deslegitimar as críticas, movidas, segundo eles, por puro preconceito.
      Na sexta-feira, foi a vez de o jornal dar munição aos que condenam o Mais Médicos, com a manchete "Prefeitos demitirão médicos locais para receber os de Dilma". Só que desta vez a Folha errou um pouco a mão, a começar pelo título infeliz - "os médicos de Dilma" são o cardiologista Roberto Kalil Filho e o oncologista Paulo Hoff, do Hospital Sírio-Libanês, não os que estão inscritos no programa.
      A reportagem elencava 11 cidades do Norte e do Nordeste que decidiram trocar profissionais para ficar com os selecionados pelo governo federal. A vantagem seria uma economia no orçamento municipal, já que a União bancará o salário dos contratados pelo programa.
      Segundo o texto, essa troca de mão de obra "ameaça o objetivo do programa", que é diminuir a carência de médicos. Foi dado grande destaque à médica Junice Moreira, demitida do município de Sapeaçu (BA) para, segundo colegas de cooperativa, "dar lugar a um cubano".
      Embora uma das regras básicas da Folha seja sempre ouvir o "outro lado", o Ministério da Saúde não foi procurado.
      Foi precipitado dar manchete para os 11 casos relatados, que correspondem a 2% dos 539 municípios que serão atendidos nessa etapa do Mais Médicos.
      Pode-se imaginar que a Folha detectou a ponta de um iceberg, ou seja, que muitos prefeitos planejam essa manobra. Se tivesse ouvido antes o Ministério da Saúde, o jornal teria registrado que há um cadastro on-line que permite ao governo monitorar mudanças de equipe e punir os municípios que fizerem trocas.
      Das 11 cidades listadas com a intenção de substituir médicos, três contestaram as informações publicadas. As prefeituras de Barbalha (Ceará), Sapeaçu e Jeremoabo (Bahia) negam que vão trocar seus profissionais pelos do governo federal.
      O coordenador da Agência Folha afirma que a apuração está correta e que as entrevistas estão gravadas - à exceção de Jeremoabo, cuja prefeitura não conseguiram contatar.
      Na avaliação da Redação, não havia necessidade de ouvir o Ministério da Saúde, porque "não se trata de uma acusação contra o governo". "O outro lado eram as prefeituras dos municípios."
      O Mais Médicos vai começar de verdade amanhã, quando os primeiros profissionais chegarem aos municípios carentes. Vai ficar mais fácil espanar as nuvens ideológicas e avaliar, na prática, a qualidade do programa. Tomara que o jornal não deixe essa novela esmorecer.