quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Quadrinhos - Charge

folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS

Todos os motivos do mundo - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 28/08/2013

Da série “Morro e não vejo tudo”: 165 mil pessoas de mais de 120 países se inscreveram para participar do programa de assentamento em Marte, projeto elaborado pela organização holandesa Mars One. Os brasileiros estão em terceiro lugar em número de inscritos: 8.686 – perdem apenas para americanos e chineses. No próximo sábado, encerram-se as inscrições.

A empresa pretende desembarcar quatro voluntários em 2023, e depois novos cosmonautas a cada dois anos, a um custo de US$ 6 bilhões, parte financiada por um reality show sobre os primeiros anos de existência da colônia. Idade mínima: 18. Taxa de inscrição: de US$ 5 a US$ 75, dependendo da nacionalidade do cidadão, que deve enviar também um vídeo de um minuto falando sobre os motivos de querer viver em Marte para sempre.

Um minuto de motivos? Cronometre aí.

“Desatentos” que continuam jogando lixo na rua – multa para todos, não só para os cariocas. O custo de vida. Fraudes em licitações. Corrupção em todos os setores da sociedade. A demora em concluir obras. A péssima qualidade dos serviços públicos. Gente levando tiro dentro de hospital. Crianças sendo violentadas por parentes. Policiais envolvidos em crimes. Irresponsáveis dirigindo a 150 km/h. Fanáticos religiosos. Impostos que são verdadeiros assaltos.

Burocracia que impede a agilidade de novos negócios. Calçadas em péssimas condições. Estradas que ficam intransitáveis aos primeiros cinco minutos de chuva. Irregularidades em contratos. Violência urbana sem controle. Professores mal pagos. Funcionários mal treinados. Ruas sem placas de identificação. Tornozeleiras eletrônicas que não funcionam. Enchentes a cada temporal. O quê? Já passou um minuto?

Nem deu tempo de falar do que acontece fora do Brasil, como utilização de armas químicas na Síria, os índices de mortalidade na África, o fundamentalismo islâmico, a recessão europeia etc. etc.

E tem ainda as crises pessoais. O que não falta por aí são pessoas desmotivadas, devendo dinheiro, administrando fracassos, sem perspectiva de crescimento, amargando dores de cotovelo, entediados com a vida, aborrecidos crônicos, sem fé no futuro. A oportunidade de em 10 anos partirem em uma expedição inédita e eternizarem seu nome através de um projeto sem precedentes na história da humanidade daria a eles um sentido pra vida. Colonizar Marte – e com cobertura da imprensa!

A viagem durará alguns meses. A espaçonave é estreita. De alimentação, apenas produtos liofilizados e enlatados. Banho, só com toalha úmida. Desistir no meio do caminho está fora de cogitação. Pedir para descer, nem pensar. E a passagem é só de ida.

Ainda assim, 165 mil pessoas se inscreveram, o que me faz chegar a duas conclusões: que a vida na Terra, definitivamente, não está para brincadeira. E que Marte deve ter wifi grátis. 

Tendências/Debates

folha de são paulo

Eduardo Matarazzo Suplicy: Eu tenho um sonho, 50 anos depois

Ouvir o texto
Tendências / DebatesEm 1908, Leon Tolstói (1828-1910), autor de várias obras, entre elas "Guerra e Paz", escreveu uma carta aos hindus, conclamando-os a lutarem, por meios pacíficos, pela independência da Índia.
Essa carta foi lida por um jovem advogado atuante na África do Sul, Mahatma Gandhi, que já havia se convertido aos ideais da não violência e da resistência por meios pacíficos. Após a leitura de "O Reino de Deus Está em Vós", que Tolstói publicou em 1894, Gandhi se correspondeu com o escritor russo por um ano, até que este veio a falecer.
Gandhi desenvolveu um extraordinário movimento em seu país, propugnando sempre por manifestações de resistência pacífica, ações de desobediência civil e greves de fome, as quais comoveram a humanidade, em especial os povos indiano e inglês, até que, em 1947, foi proclamada a independência da Índia.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a consequente valorização dos direitos humanos, ficou clara a situação de desrespeito aos direitos civis e de voto dos negros nos EUA. O impasse era de tal ordem que a sociedade norte-americana passou a viver momentos de tensão.
Aos negros não se permitia estar no mesmo lugar que os brancos. Em diversos Estados do Sul, os negros nem sequer podiam votar.
Em 1955, no Alabama, Rosa Parks, uma senhora negra de 42 anos, ao voltar de seu trabalho, sentou-se no ônibus, na área reservada aos brancos. Ao ser instada a dar lugar a um deles, de lá só saiu carregada por policiais.
Eis um típico exemplo de desobediência civil que seguia as recomendações de Tolstói e Gandhi e que passou a ser estimulado pelo jovem pastor Martin Luther King Jr., inspirado nos apóstolos da não violência.
Preocupado com as ações de diversas organizações, como os Panteras Negras, que agiam por vezes com violência, chegando a incendiar vários quarteirões de cidades como Detroit e Los Angeles, Luther King intensificou a sua campanha pelos direitos civis com passeatas e pronunciamentos pelos EUA.
No aniversário de cem anos da Proclamação da Emancipação da Escravidão, em 1863, Luther King Jr. conclamou os americanos a comparecerem ao Memorial de Abraham Lincoln, em Washington. O presidente John Kennedy disse que o ato poderia levar à destruição da capital, mas Luther King garantiu que a manifestação seria pacífica.
No evento, com mais de 200 mil pessoas, Martin Luther King Jr. fez um dos mais belos pronunciamentos da história da humanidade. Afirmou que não era possível mais aceitar as recomendações dos que propunham aguardar as mudanças graduais, pois se não houvesse as necessárias e urgentes transformações, os Estados Unidos viveriam mais um período violento.
Recomendou, entretanto, que não se tomasse do cálice do ódio, da vingança e da violência. Todos deveriam procurar confrontar a força física com a força da alma. Tão comovente foi aquela manifestação que, pouco tempo depois, o Congresso norte-americano aprovou a Lei dos Direitos Civis e a Lei dos Direitos Iguais de Votação, 1964 e 1965, respectivamente.
No momento em que tantas organizações sociais conclamam o povo brasileiro a se manifestar nas ruas, como no próximo 7 de setembro, para que todos lutemos pela melhoria dos direitos à cidadania, à educação, à assistência, à saúde, ao transporte público, à cultura e a uma reforma política, é bom lembrarmos dos notáveis exemplos de Tolstói, Gandhi e Luther King: manifestar com vigor, mas sem violência!
EDUARDO MATARAZZO SUPLICY, 72, doutor em economia pela Universidade de Michigan, é senador pelo PT-SP

FERNANDO BRANT » O importante é se comunicar‏


Estado de Minas: 28/08/2013 


A timidez da infância costuma, às vezes, me visitar. Vivendo de trabalhar com palavras, essas me faltam em certas situações. Dizer o exato para o momento é essencial. Quantos amores não se realizam, quantas amizades não se perdem na falta da expressão justa e oportuna. Quantos conflitos, quantas guerras, quanta incompreensão não poderia ser evitada se houvesse a correta comunicação.

Para que os relacionamentos sociais transcorram na normalidade é necessário que cada um ouça o que o outro tem a dizer. Mas não basta que o som atravesse os ouvidos do interlocutor. É preciso que ele receba com atenção e desarmado e reflita a opinião do parceiro de conversa. Berrar não é forma de dialogar, é fugir da mútua compreensão, é se considerar senhor da razão. A ideia preconcebida é inimiga da convivência. Isso é fácil na teoria e complicado de se aplicar na prática do dia a dia.

A divergência de algumas pessoas é tão arraigada que é necessária muita paciência para toureá-la. O importante é partir do princípio de que não há verdade absoluta, não existe uma só verdade, ela é sempre relativa. Esse é meio caminho andado para o possível entendimento.

Nos tempos pré-internet, o telefone e o correio eram os veículos que usados para falar com nossos amigos e parentes, principalmente quando havia quilômetros separando as moradas. O telefone até bem pouco tempo era precário e caro. Como era penoso fazer ligações nacionais e internacionais em um tempo não tão distante. Era exigida muita paciência e grana para ouvir a voz de um amigo ausente.

A opção era o correio, que podia demorar semanas até chegar ao destinatário e voltar. Mas como era bom receber a visita dos mensageiros, que traziam notícias do mundo de lá, de cidadezinhas afastadas no interior do Brasil ou de metrópoles europeias e seus cartões -ostais. Tudo era mais lento, devagar, mas ninguém reclamava, pois a velocidade ainda não fora inaugurada. Se a lentidão era própria do interior do país, o ritmo das capitais não era nada diante do que vemos nesse nosso mundo globalizado. Mas a vontade de se comunicar sempre houve.

Assim é que, quando um amigo se mudava para uma outra cidade, os dois manifestavam claramente o desejo de receber novidades. E nem sempre havia assunto, mas era importante não falhar no compromisso de amizade. Foi assim que um dia inventei um personagem, o Juvêncio Eleutério Carcomido, o Juva. Através dele, o Paulinho Lagoa, lá de Porto Alegre, sabia que eu estava vivo e bem-humorado. Quando faltava assunto, tudo era válido em matéria de forma.

Escrevi palavras afetuosas até em papel higiênico. O conteúdo era poético e era nobre o uso que lhe dei. Pois o importante era e é se comunicar.

Frei Betto-Antiterror antijurídico‏

Em nome do combate ao terrorismo, tudo se justifica aos olhos e à consciência da Casa Branca e de seus teleguiados, como o Reino Unido 


Frei Betto

Estado de Minas: 28/08/2013 


Sem base legal, a polícia britânica deteve, no aeroporto de Heathrow, Inglaterra, o brasileiro David Miranda, no domingo, 18 de agosto. Miranda fazia o voo Berlim-Rio, com escala em Londres. Seu crime: ser companheiro do jornalista estadunidense Glenn Greenwald. O crime de Greenwald: divulgar documentos confidenciais do governo dos EUA em poder de Edward Snowden, ora exilado na Rússia. O crime de Snowden: tornar público que os serviços de segurança dos EUA espionam milhões de pessoas, instituições e governos em qualquer ponto do planeta.

Em todo esse encadeamento, crime mesmo só há um: a espionagem do governo dos EUA, violando leis, fronteiras, acordos diplomáticos, privacidades e ética. O governo brasileiro não gostou ao saber disso, mas em agosto o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, esteve em Brasília e, na cara do ministro Patriota e da presidente Dilma, declarou que não faria autocrítica nem seu país mudaria de atitude.

As nações metropolitanas resolveram mandar às favas escrúpulos e direito. Durante a Guerra Fria, com o mundo bipolarizado entre EUA e União Soviética, o pretexto para o Ocidente burlar a legislação, promover golpes de Estado, torturar e assassinar era a ameaça comunista. Em nome do anticomunismo, Constituições foram rasgadas e a democracia tripudiada, como se passou no Brasil em 1964, com o golpe militar, e em outros países do continente: Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia, Peru, El Salvador e Guatemala.

Agora, em nome do combate ao terrorismo, tudo se justifica aos olhos e à consciência da Casa Branca e de seus teleguiados, como o Reino Unido: sequestro de muçulmanos pela CIA, em vários países, e a tortura e prisão deles na base naval de Guantánamo, em Cuba, ocupada pela Marinha dos EUA; voos de drones (aeronaves militares sem tripulantes), para assassinar civis, confundidos com terroristas, no Afeganistão; aprovação explícita de tortura pelo então presidente Bush; os sete tiros dados por policiais ingleses na cabeça do brasileiro Jean Charles de Menezes, no metrô de Londres, por desconfiarem de que ele era terrorista; a perseguição a Julian Assange, ora abrigado na embaixada do Equador em Londres, por divulgar no Wikileaks documentos secretos; a interceptação da aeronave presidencial de Evo Morales, ao voar de Moscou a La Paz, obrigada a pousar em Viena, sob suspeita de levar Snowden a bordo etc. Os exemplos são múltiplos.

As leis antiterroristas são, de fato, medidas draconianas que jogam o direito na lata de lixo. Não só o direito, mas também a lógica. Quando do bombardeio da Líbia, em 2011, a oposição estadunidense se queixou de que Obama não havia solicitado autorização do Congresso para realizar operações militares naquele país. O presidente respondeu com esta pérola de cinismo: não era necessário pedir autorização, já que as operações dependiam de máquinas, e não de humanos.

Hoje em dia, as leis nacionais e internacionais já não dão conta de abordar aspectos legais e éticos do uso da informática, dos robôs e dos drones no suposto combate ao terrorismo. As tecnologias avançam a passo de coelho; a legislação, a passo de tartaruga. Se em teste bélico um robô mata acidentalmente um funcionário da fábrica, quem responde perante a Justiça? O inventor, o dono da fábrica, o montador?

Ilude-se quem pensa que a cultura de dominação colonial é coisa do passado. Os EUA e seus aliados na Europa Ocidental estão pouco se lixando para os protestos de nossos governos subalternos. Em nome de sua segurança e de seus interesses, continuarão a bombardear civis, torturar supostos terroristas, invadir nações, espionar cidadãos e governos, deter ao bel-prazer e atirar à menor suspeita.

É a lógica do capital que predomina, e seu direito de não respeitar nenhum direito. O terrorismo é o grande pretexto para nos infundir a perversa ideologia de que devemos trocar liberdade por segurança e acreditar que capitalismo e democracia são sinônimos. Exatamente como pensavam e agiam os caubóis do Velho Oeste interessados no dinheiro das diligências do Wells Fargo Bank.

Tv Paga


Estado de Minas: 28/08/2013 


 (Viva/Divulgação)

Se bem me lembro…

Protagonista da primeira telenovela diária do Brasil, Glória Menezes (foto) é a convidada da estreia de Damas da TV, hoje, às 21h, no canal Viva. A atriz estrelou 2-5499 Ocupado em 1963, na extinta TV Excelsior, já fazendo par romântico com o marido, Tarcísio Meira. Entre outras curiosidades, Glória conta como eram desafiadoras as condições de trabalho na época, gravando durante a madrugada, entre meia-noite e 8h, para aproveitar as câmeras e o espaço da emissora.

Sílvia Poppovic diz que
sabe onde fica a cozinha


No canal Bem Simples, a jornalista Sílvia Poppovic participa hoje do Programa da Palmirinha, às 22h15. Silvia experimenta uma torta caipira, enquanto conta histórias dos mais de 35 anos de carreira. As amiguinhas da Vovó Palmirinha também podem conferir um vídeo sobre a história da comida caipira e ver Silvia preparando um lanche que a família dela adora.

Thalita Rebouças agora
mira o público adulto


No Canal Brasil, às 21h30, o quadrinista argentino Liniers é o entrevistado de Eric Nepomuceno em Sangue latino, falando sobre assuntos que envolvem destino, religiosidade, a perda do tempo, a amizade e o amor. Já à meia-noite, em Com frescura, Rogéria conversa com Thalita Rebouças, escritora que se especializou em literatura para adolescentes.

Documentário do Futura
leva assinante ao Jalapão


No Futura, o programa Sala de notícias, que vai ao ar às 14h35, apresenta hoje o documentário Mumbuca – Risco de extinção. Dirigido por Fábio Nascimento, o filme conta a história do povoado de Mumbuca  e uma realidade do interior do Brasil pouco conhecida do grande público. A vila de descendentes de escravos e índios está encravada entre as veredas e montanhas do Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins.

Richard Jenkins merecia
o Oscar por O visitante


No pacotão de filmes, o destaque é a Mostra internacional de cinema, às 22h45, na Cultura. O cineasta Toni Venturi é o convidado da vez, comentando o longa-metragem O visitante, que Thomas McCarthy rodou em 2007, com Richard Jenkins no papel que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. No caso, um professor de economia de Connecticut que precisa ir a Nova York para uma conferência e descobre que um casal de imigrantes ilegais está morando em seu apartamento e acaba se encantando pela cultura dos “novos amigos”.

Telecine Cult exibe fitas
premiadas em Veneza


O Telecine Cult preparou uma programação especial em homenagem ao Festival de Cinema de Veneza, que chega à sua 70ª edição. De hoje a sábado, sempre às 22h, o canal exibe quatro filmes premiados na mostra italiana, começando com Casa de loucos, do russo Andrey Konchalovskiy. O assinante tem mais oito opões na faixa das 22h: Querô, no Canal Brasil; Pronto para recomeçar, no Telecine Touch; Super 8, no Telecine Action; O legado Bourne, no Telecine Premium; Alguém tem que ceder, no Glitz; Quero ser John Malkvich, na MGM; Vozes do além, no Studio Universal; e Sombras da noite, na HBO. Outros destaques da programação: O quarto do pânico, às 21h10, no Universal; Adágio ao sol, às 22h30, no Cine Brasil; O Falcão está à solta, às 23h, no Comedy Central; e O feitiço de Áquila, às 23h45, no Megapix
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CARAS & BOCAS » Saudades da infância


Estado de Minas: 28/08/2013 


Cantora Paula Lima é recebida por Júlio e fala da vida e da carreira no TV cocoricó (Jair Magri/Divulgação)
Cantora Paula Lima é recebida por Júlio e fala da vida e da carreira no TV cocoricó

A turminha do Paiol mostra, hoje, a trajetória da cantora Paula Lima. Ela é convidada especial do TV cocoricó, às 11h30, na Cultura (TV paga). Além de contar histórias da sua infância e de como trocou o direito pela música, a artista também fala do novo álbum, Samba é do bem, que será lançado em setembro. Produzido por Leandro Sapucahy, o disco é o primeiro que Paula dedica inteiramente ao samba. “Tem uma banda incrível com cavaquinho e banjo. Estou apaixonada”, conta. Sobre sua infância vivida na Vila Mariana e no Ipiranga, bairros de São Paulo, a cantora relembra que brincar de bicicleta e jogar bola eram alguns dos seus hobbies. A paixão, porém, eram as bonecas. “Adorava minhas bonecas Barbie e Susie. Por isso fazia uma coisa muito feia: não as emprestava para nenhuma amiguinha”, revela, aos risos. A família sempre exigiu empenho nos estudos, pois era a única forma de ter uma vida segura. E Paula cursou direito, trabalhou na área, mas não pensou duas vezes em trocar de profissão e escolher a música.

VALDIRENE SOFRERÁ COM
INDIFERENÇA DO PALHAÇO

Em Amor à vida (Globo), Valdirene (Tatá Werneck) perderá o rumo ao ser abandonada, grávida, no altar, pelo milionário Ignácio (Carlos Machado). Quando for atrás de Carlito (Anderson Di Rizzi), a quem chama de Palhaço, levará um tremendo fora. É que, cansado de ser deixado para trás pela Delícia, como ele a trata carinhosamente, Carlito começará a namorar uma enfermeira do Hospital San Magno. Quando Valdirene cobrar fidelidade do Palhaço, ele não perdoará: “Você nem tem moral para falar comigo, Delícia, porque você só queria dar os golpes da barriga em milionário. Estou fora! Vai correr atrás dos ricaços e esquece de mim”. O fato é que Valdirene espera um filho de Carlito. E a moça pedirá: “Palhaço, eu posso mudar, eu posso ser uma pessoa melhor que eu era. Me dá uma chance”. Ele fica irredutível.

VOLUNTARIADO É O TEMA
DE HOJE DO OPINIÃO MINAS

Hoje, na comemoração do Dia Nacional do Voluntariado, o Opinião Minas, às 8h30, na Rede Minas, mostra a história da primeira instituição que trouxe esse tipo de trabalho para o Brasil: a Cruz Vermelha. O bate-papo é com o coordenador do Departamento Voluntariado da Cruz Vermelha, Gerson Ferreira de Oliveira. Mais: o que move alguém para se tornar um voluntário? Segundo os especialistas, para oferecer ajuda é preciso ter disponibilidade e compromisso. Camila Diniz, mestre em ciências sociais e professora da UNA, fala mais sobre o tema.

TV PAGA LANÇA MAIS UMA
SÉRIE COM MUITA AVENTURA

Diversão e aventura estão garantidas na estreia da animação Littlest Pet Shop, que estreia sábado, às 8h30, no Nickelodeon (TV paga). A série se passa em Downtown City, uma cidade modelo depois de Nova York (EUA). A história segue Blythe Baxter e seu pai enquanto eles se mudam para um apartamento acima do Littlest Pet Shop, um acampamento para animais de estimação de todos os tipos. E a verdadeira aventura começa quando Blythe descobre que pode entender e falar com todos os animais de estimação. E ela e seus adoráveis amiguinhos farão tudo para impedir que a loja feche quando um pet shop maior é inaugurado nas redondezas.

SOBRE SEXUALIDADE

Marília Gabriela entrevista no Gabi quase proibida desta quarta-feira, à meia-noite, no SBT/Alterosa, a cantora Daniela Mercury (foto). Ela fala sobre vida pessoal, opiniões sobre sexualidade e sobre ter se declarado bissexual no começo deste ano. “Sou militante social, claramente livre, não me prendo a pudores”, afirma a baiana. “Não gosto da palavra assumir. Eu comuniquei a minha relação (com Malu)”, garante. Daniela também assume: “Tive poucas relações com mulheres. Nunca neguei estar com mulheres, mas realmente as minhas relações mais longas haviam sido com homens”. A cantora ainda relembrou os tempos de juventude. “Fiquei entre virar freira e fazer sexo pela primeira vez. Fiquei 10 dias em um convento quando era moça, rezando para que passasse o tesão.”
 (Carol Soares/SBT)

viva
Aílton Graça, o doce Quirino de Flor do Caribe, um dos destaques da novela.

vaia
As reduzidas emoções de Flor do Caribe já na reta final. Desfechos não empolgam.  

Encontro com o autor - Carlos Herculano Lopes


Estado de Minas: 28/08/2013 


Gonçalo Tavares é um dos mais prestigiados escritores da língua portuguesa (Paulina Pimental/Divulgação)
Gonçalo Tavares é um dos mais prestigiados escritores da língua portuguesa

O escritor português Gonçalo Tavares volta a Belo Horizonte, a convite do Projeto Sempre um papo. Com uma vasta produção literária que já lhe valeu prêmios importantes, como o José Saramago, em 2005, com o romance Jerusalém; e o Portugal Telecom, em duas ocasiões, em 2007, com o mesmo livro, e em 2001 com o volume de poemas Viagem à Índia, Tavares está lançando a antologia de contos Canções mexicanas (Editora Casa da Palavra, 78 páginas, R$ 28,90).

Todas as histórias deste recente trabalho de Tavares, que nasceu em Luanda (Angola), em 1970, mas foi criado em Portugal, remetem à Cidade do México, uma das maiores metrópoles do mundo, com todo o seu fascínio e contradições e onde o que existe de mais moderno convive com o arcaico e o tradicional.

No conto Mapas, mapas, por exemplo, ele escreveu: “Não estou no México para salvar um mapa, mas até parece que sim, não olho para as pessoas, não as vejo, tenho-o na mão, é um mapa enorme, enorme, e eu peço apenas o da catedral, compro-o e quando o abro percebo que é bem maior que o da Cidade do México, uma catedral maior que uma cidade...”.

Com textos curtos, mas intensos, o que já é uma das suas marcas registradas, às vezes fica a sensação durante a leitura de Canções mexicanas de que pequenos tremores de terra – também comuns na região evocada – estão sacudindo a cabeça do leitor.

SEMPRE UM PAPO
Lançamento do novo livro de Gonçalo Tavares e debate com a plateia. Hoje, a partir das 19h30, no Auditório da Cemig (Av. Barbacena, 1.200, Santo Agostinho). Entrada franca. Informações: (31) 3261-1501.

Eduardo Almeida Reis-Assunto‏

Admiro pessoas que projetam viagens com antecedência de meses e conseguem viajar na data marcada


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 28/08/2013 

Quinta-feira invernal de frio infernal: acordo, tomo café com os remedinhos, que são poucos, ligo o aquecedor elétrico pertinho do computador onde aparece o bem-vindo anunciando o Windows 7 Ultimate, logo seguido pela hora, dia e a notícia de que lá fora os termômetros acusam 6ºC. Confiro os três endereços eletrônicos, um deles com vídeo de 11 MB sobre as estripulias sexuais de uma senhora assistida por dois cavalheiros, outro de 3 MB sobre linda senhorinha sem piercings e tatuagens, dois ou três bilhetes sérios, um dos quais de querido amigo que dá um curso de direito em Boa Vista, capital de Roraima, e se queixa dos 34ºC à sombra, sonhando voltar dali a dois dias para o frio das suas Minas Gerais.

Isto posto e disposto, constato fenômeno raro aqui em casa: estou sem assunto para começar a jornada. Que fazer? Nada, a não ser empurrar o aquecedor para a poltrona da sala e retomar a leitura de um livro de Ruy Castro. Minutos mais tarde chega a comadre com os jornais do dia. Passo a vista em dois deles e volto ao computador. Banho com direito a barba, almoço, segundo charuto do dia e siesta de 40 minutinhos ao sol tímido que invade um canto da sala. No exato momento em que escrevo são 16h25 e resolvo conferir o número de palavras escritas neste dia sem assunto. Vejamos: até agora tenho 1.497 + 549 lexemas alinhados sem esforço – e isso num dia de nenhuma inspiração. Lexema ou lexia, para os esquecidos, é unidade de base do léxico, que pode ser morfema, palavra ou locução.

Projetos


Faz tempo que desisti de fazer projetos para daí a dois ou três dias: comigo não funcionam. Admiro pessoas que projetam viagens com antecedência de meses e conseguem viajar na data marcada. Rapazola, conheci na noite carioca um sujeito muito educado, que tinha brevê de piloto amador e vivia me convidando para voar. Com os seguintes detalhes: me chamava de “amigo Eduardo” e me telefonava aos domingos, sempre muito cedo, perguntando: “Amigo Eduardo, vamos voar?”. Naquele tempo, domingo cedo era sinônimo de ressaca dos álcoois da véspera e de noite maldormida, com ou sem hífen, que deixo a critério do leitor. Telefones fixos daqueles idos só desligavam se a gente tirasse a tomada da parede, coisa complicada pela disposição dos móveis e das tomadas da Companhia Telefônica Brasileira (CTB).

Mal clareava o dia, tocava o telefone preto com o convite para voar. Penitencio-me de ter dito ao rapaz que gostaria de fotografar, do alto, minha granja de galinhas, que demorava uns 20 minutos de voo do aeroporto de Manguinhos, à beira da Avenida Brasil, saída do Rio para Minas. Até que um dia, depois de dezenas de convites, resolvi encarar o teto-teco. De ressaca, tomei um banho rápido, peguei minha Rolleiflex com os filmes e fiquei na esquina à espera carro do piloto amador. Há pouco, procurei seu nome no Google e não encontrei. Antes mesmo de chegarmos à metade da viagem entre minha casa e o aeroporto, o tempo fechou. Chegamos a Manguinhos debaixo de um temporal que impediu o voo. E o projeto aviatório entre convite, banho, café, Rolleiflex e automóvel não envolveu hora e meia. Desde então, prefiro improvisar. Não nasci para projetar absolutamente nada. No exato momento em que componho estas bem traçadas, furou projeto de viagem para quatro dias de estada na roça mineira.

O mundo é uma bola


28 de agosto: faltam 125 dias para acabar o ano, sinal de que faltam 100 dias para o odioso período de férias. Continuo achando que todas as férias deveriam ser proibidas. No ano de 475, nepotismo revoltante: o general germânico Orestes depõe o imperador romano Júlio Nepos, da capital Ravena, e põe no cargo seu próprio filho Rômulo Augusto. Existe uma Ravena mineira, mas a histórica Ravenna fica na Emília-Romana e Rômulo Augusto foi destronado por Odoacro, que o humilhou publicamente fazendo-o desfilar como prisioneiro vestido de camponês. Que se pode esperar de um sujeito chamado Odoacro?

Em 489, Teodorico, rei dos Ostrogodos, derrota Odoacro na Batalha de Isonzo e se instala na Itália. Como é sabido por todos, menos por mim, os ostrogodos eram um ramo dos godos, povo germânico que surgiu na região meridional da Escandinávia, como acabo de aprender com Jordanes, em latim Iordanis, funcionário e historiador do Império Romano do Oriente, que viveu no século 6. Em 1565, os espanhóis fundam St. Augustine, seu primeiro assentamento permanente no atual território norte-americano. Saint Augustine fica na Flórida, norte magnético dos belo-horizontinos ricos. Em 1941, vai ao ar o Repórter Esso, primeiro programa noticioso do rádio brasileiro. Em 1991, a Ucrânia declara sua independência da União Soviética. Em 1023, nasceu o imperador Go-Reizei do Japão, nome que me lembra querido amigo às voltas com uma evangélica, que rezava antes e depois do ato. Nasceu e morreu tanta gente conhecida em 28 de agosto, que vou parando por aqui.

Ruminanças

“Além de exacerbar a libido, o poder sobe à cabeça que fica por cima do pescoço e o mineiro faz os piores papéis.” (R. Manso Neto).

Coquetel de anticorpos barra o vírus ebola‏

Feita a partir da nicotina, vacina curou 43% dos macacos infectados e começará a ser testada em humanos. Tratamento estará disponível para uso clínico em até cinco anos 


Estado de Minas: 28/08/2013 

A cura para infecções causadas pelo vírus ebola pode estar em um coquetel terapêutico feito com três anticorpos produzidos a partir da nicotina. A mistura mostrou-se eficaz no tratamento da doença em testes com macacos rhesus mesmo depois de dois dias de contágio. Chamado de MB-003, o coquetel foi desenvolvido por pesquisadores da Divisão de Virologia do Instituto de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos (USAMRIID) e tem chances de se transformar na primeira intervenção mais efetiva contra a grave doença infecciosa, já que o tratamento atual se baseia em ações paliativas. A estimativa dos cientistas é de que a droga esteja disponível para uso clínico até 2018.
A mistura é formada por três anticorpos monoclonais — que são proteínas muito similares aos anticorpos encontrados no corpo humano. Individualmente, eles oferecem proteção contra o vírus da família Filoviridae; quando combinados, conseguem abafar os efeitos da infecção. Os testes de eficiência realizados em macacos mostraram que o coquetel curou 43% do total de animais infectados. A taxa de mortalidade do ebola varia entre 50% e 90%.

“Nós demonstramos que o coquetel funciona de forma terapêutica mesmo depois que a doença já se estabeleceu. Até agora, as drogas em desenvolvimento foram testadas apenas após a exposição imediata ao vírus”, explica Larry Zeitlin, Ph.D. em biotecnologia e um dos autores da pesquisa. O estudo foi divulgado na revista científica Science Translational Medicine. O próximo passo do grupo de cientistas é realizar testes de eficiência em macacos e, em seguida, iniciar os experimentos com humanos.

Alerta global O vírus ebola foi identificado pela primeira vez em 1976, na atual República Democrática do Congo, e batizado com o nome de um rio da região. Desde a sua descoberta, cerca de 2 mil casos — dos quais 1,3 mil foram fatais — foram registrados, de acordo com os Médicos Sem Fronteiras (MSF). O pior surto ocorreu em 2000, em Uganda, quando 450 pessoas foram infectadas e cerca da metade morreu. O último surto ocorreu em agosto do ano passado. Uma epidemia do vírus causou a morte de 16 pessoas também em Uganda e outras 50 foram diagnosticadas como possíveis vítimas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O risco de infecção pelo vírus é considerado caso de saúde pública na África e no Sudeste da Ásia, tanto para humanos quanto para animais. Os surtos ainda estão restritos a certas localidades, mas, devido ao aumento do fluxo de pessoas e mercadorias, existe uma forte tendência para que ele atinja outras áreas.

“Nossa principal preocupação é que a doença venha à tona no mundo todo. Com o comércio e as viagens globais, um vírus pode viajar de um ponto a outro em 24 horas e infectar pessoas e animais”, explica James Pettitt, pesquisador da Divisão de Virologia do Instituto de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos e autor-chefe do estudo.
Outra preocupação é que o vírus seja usado como arma terrorista, em razão dos efeitos rápidos e devastadores provocados por ele. “Existem registros de que o vírus foi usado como arma pela antiga União Soviética. Atualmente, os surtos estão limitados, mas poderiam ser uma ameaça real para a saúde pública caso chegassem aos grandes centros”, relata Larry Zeitlin.

Transmitido pelo ar, pelo contato sexual, pelo sangue e por secreções de pessoas contaminadas, o vírus ebola ataca veias e artérias do corpo e provoca febre hemorrágica generalizada. A origem da doença ainda é desconhecida.

“Sabe-se apenas que ela é muito contagiosa e que muitos profissionais de saúde que cuidaram de doentes adoeceram e morreram”, conta o epidemiologista Pedro Tauil, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB). Para o especialista brasileiro, o coquetel é uma forma inovadora de lidar com a infecção. “É uma abordagem terapêutica diferente das tradicionais, pois não há ainda doenças infecciosas tratadas dessa forma”, ressalta.

Com uma proteína

Em dezembro de 2011, cientistas da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, deram um passo importante para a criação de uma vacina contra o ebola. O grupo também utilizou a nicotina para a produção de vacinas. Nesse caso, o DNA do vírus foi inserido na folha do tabaco, fazendo com que ela produzisse uma proteína eficaz contra o micro-organismo causador da doença. De acordo com Charles Arntzen, que participa do estudo, a vacina desenvolvida é mais barata, e o composto produzido, altamente estável, o que torna possível armazená-lo em temperatura ambiente por períodos prolongados.
A vacina está em fase de testes com camundongos.

Setores culturais reagem ao uso da lei Rouanet na moda

folha de são paulo
JULIANA GRAGNANI
DE SÃO PAULO
PEDRO DINIZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
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O uso da Lei Rouanet em benefício de desfiles de moda, liberado pelo Ministério da Cultura na semana passada, causou as primeiras reações de setores culturais.
Entidades do teatro devem enviar nesta semana um ofício à ministra Marta Suplicy. O documento critica a autorização para que os estilistas Pedro Lourenço, 23, Alexandre Herchcovitch, 42, e Ronaldo Fraga, 46, tentem captar mais de R$ 7 milhões via Rouanet --que é um mecanismo de fomento à cultura por meio de renúncia fiscal.
No texto, a APTI (Associação de Produtores Teatrais Independentes) e a Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro pedem uma reunião com a ministra.
Presidente da APTI, o ator e diretor Odilon Wagner afirma que não vê problemas na inclusão da moda na Lei Rouanet, desde que o benefício vá para a parte criativa dos artistas do setor e não para a "promoção" de suas obras por meio de desfiles.
"É muito comum outras áreas quererem entrar na calha da lei. Sofremos uma concorrência muito desleal", diz.
Editoria de Arte/Folhapress
A decisão de aprovar os projetos de moda foi tomada por Marta depois de a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, que decide quem pode captar via Lei Rouanet, ter indeferido o pedido de incentivo para dois desfiles de Pedro Lourenço na semana de moda de Paris, em outubro deste ano e março de 2014.
"Os desfiles têm publicidade espontânea enorme, e os empresários poderão aplicar seu dinheiro nisso. O teatro não tem como fazer merchandising nos espetáculos", diz Eduardo Barata, presidente da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro.
Os projetos de Fraga e Herchcovitch nem sequer foram votados pela comissão:foram aprovados em caráter de urgência por Marta. Segundo a ministra, os desfiles fortalecerão a imagem do país no exterior.
DISCUSSÃO CORPORATIVA
O diretor do Museu da Cidade de São Paulo, Afonso Luz, que integrou a secretaria de Políticas Culturais e hoje é um dos responsáveis por intermediar a relação entre nomes da moda e o ministério, critica a ideia comum de que o setor seja elitista.
"Se alguém pede [o incentivo], é porque precisa. Essa discussão é mais corporativa. Ser reconhecido como setor cultural e não usufruir dos benefícios públicos disponíveis é como não ter cidadania. Moda não se resume à indústria do luxo", diz.
"O problema é que, na hora de dividir o bolo [da Lei Rouanet], ninguém quer compartilhar", afirma o estilista Ronaldo Fraga. Para ele, "a moda precisa de incentivo fiscal", e o Ministério da Fazenda e o do Desenvolvimento deveriam abrir as portas para os estilistas.
"Mas, se o primeiro passo veio do Ministério da Cultura, ótimo, qual é o problema? A lei não vai resolver o problema da indústria, porque ela já está perdida", diz Fraga.
A Lei Rouanet já foi centro de outras polêmicas. Em 2006, a companhia canadense Cirque du Soleil foi autorizada a captar R$ 9,4 milhões, apesar do valor alto de seus ingressos. Em 2011, a cantora Maria Bethânia obteve autorização para captar R$ 1,3 milhão para fazer um blog. Alvo de críticas nas redes sociais, desistiu do projeto.
Durante os debates sobre o projeto de Lourenço na Cnic, a associação teatral já havia enviado uma carta à comissão, que dizia que os desfiles "provocariam distorções imediatas e uma insuperável assimetria concorrencial com os segmentos culturais na disputa por verbas".
Em 2012, o setor teatral captou cerca de R$ 252 milhões pela lei de incentivo fiscal, representando quase 20% do total distribuído por meio da Rouanet.
A moda, por sua vez, captou R$ 168 mil, ou 0,01% do total (veja quadro ao lado).
Embora não haja políticas públicas específicas para o setor da moda, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior faz investimentos na área por meio do Texbrasil (Programa de Exportação da Indústria da Moda Brasileira).
Até agora, R$ 125 milhões foram investidos em ações para a moda, como o financiamento de desfiles de marcas brasileiras no exterior. Parte dos recursos sai de investimentos privados.
Cursos e doações são a contrapartida dos novos projetos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHAOs projetos que permitem aos estilistas Pedro Lourenço, Alexandre Herchcovitch e Ronaldo Fraga captar recursos da Lei Rouanet para seus próximos desfiles preveem como contrapartida a doação das roupas para acervos de museus e a realização de workshops em faculdades de moda e exposições.
Como resultado de sua "Mostra de Moda Brasileira em Paris: Internacionalização da Criatividade", o designer Pedro Lourenço irá ministrar cursos gratuitos de moda nas instituições paulistanas Anhembi Morumbi, Senac e Santa Marcelina, segundo o projeto.
O Museu da Cidade de São Paulo também deverá receber o curso, além de parte das 75 peças que formam as coleções a serem apresentadas em Paris. O projeto prevê a doação de roupas ao Museu Carmen Miranda, no Rio.
Tema recorrente em desfiles e símbolo de um conceito de brasilidade tipo exportação, a cantora inspira a coleção de Lourenço.
O designer Alexandre Herchcovitch também irá oferecer cursos para estudantes como contrapartida.
A "antropofagia cultural" e a relação entre os valores estéticos do Ocidente e da Europa serve se base para a coleção do estilista.
Herchcovitch deve abrir seleção de estágio para 20 alunos de faculdades de moda.
De acordo com o texto enviado ao governo, todas as roupas serão doadas.
O Ministério da Cultura deverá indicar outras instituições que devem receber parte da coleção de peças, além do Museu da Cidade de São Paulo, do Museu de Moda do Rio de Janeiro e do Senac de São Paulo.
O desfile de Alexandre Herchcovitch em Nova York, que será gratuito, prevê a presença de apenas 200 convidados, entre público e "formadores de opinião". Em São Paulo, serão 500 pessoas.
"Quem nunca teve acesso a um desfile, agora terá", diz Herchcovitch.
Já Ronaldo Fraga, que pesca inspiração para suas próximas temporadas nas obras do artesão Espedito Seleiro e dos escritores João Cabral de Melo Neto e Mário de Andrade, pretende realizar uma exposição, ainda sem local e datas definidos, depois do primeiro desfile na São Paulo Fashion Week.
Assim como Herchcovitch, Fraga apresenta coleções na semana de moda paulistana e irá doar peças para museus e ministrar oficinas.
"A apresentação será aberta, fora da Bienal [do Ibirapura, onde ocorre o evento]. Procuro um lugar onde caibam mil pessoas", diz o estilista mineiro. As peças serão confeccionadas em parceria com bordadeiras de Tabira, interior de Pernambuco.

    Ruy Castro

    folha de são paulo

    Bolas no nariz

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    RIO DE JANEIRO - Se você sempre admirou aquela frase, "Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja" --sim, é o começo de "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa--, e se imaginou reescrevendo o livro a partir daí com suas próprias palavras, saiba que isso logo será possível. É só o Brasil adotar a nova plataforma da Amazon, a Kindle Words, pela qual os fãs de um livro terão o direito de imiscuir-se nele e se apoderar de seus personagens, podendo até vender sua "criação", aliás chamada de "fan fiction".
    Para que o autor original ou seus herdeiros não fiquem aborrecidos ou se sintam roubados, a Amazon pensou em tudo. Por um valor xis, o autor ou herdeiros terão "licenciado" o livro para quem quiser meter-lhe o bedelho --e esta será uma maneira de ganhar algum dinheiro com literatura, já que, pelo que a Amazon decidiu, os royalties dos escritores deixarão de existir. No novo mundo digital, o direito de apropriar-se, copiar, reproduzir, parodiar e negociar textos alheios estará assegurado.
    Segundo os ideólogos dessa pirataria, a receita de um escritor não virá mais dos livros que ele vender, mas do que estes lhe renderão em aparições pessoais, palestras, programas de TV, mesas-redondas na Flip e "produtos associados" --por exemplo, o escritor só dará entrevistas usando um boné do Gatorade ou do Fosfosol, sendo pago por isso. Autores capazes de equilibrar bolas no nariz levarão vantagem sobre os gagos, os com língua presa ou qualquer dificuldade para falar em público e que prefeririam ficar em casa, quietinhos, escrevendo.
    Enfim, é o futuro. O mesmo que os compositores de música popular, que não têm saúde ou disposição para fazer shows, já estão vivendo. Se não cantarem para uma plateia ao vivo, não comerão.
    Por via das dúvidas, vou começar a treinar as bolas no nariz.
    ruy castro
    Ruy Castro, escritor e jornalista, já trabalhou nos jornais e nas revistas mais importantes do Rio e de São Paulo. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas, quartas, sextas e sábados na Página A2 da versão impressa.