sexta-feira, 14 de junho de 2013

Quadrinhos

folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      JUNE
JUNE

Novo protesto tem reação violenta da PM

folha de são paulo
GUERRA DA TARIFA
Quarto ato contra reajuste no transporte deixa dezenas de feridos no centro de SP; 192 são detidos
O quarto dia de protestos contra a alta da tarifa de transporte em São Paulo foi marcado pela repressão violenta da Polícia Militar, que deixou feridos manifestantes, jornalistas --sete deles da Folha-- e pessoas que não tinham qualquer relação com os atos.
O confronto teve início quando manifestantes tentaram subir a rua da Consolação, em direção à avenida Paulista, onde havia um bloqueio policial. Sem ter sido agredida, a Tropa de Choque cercou os manifestantes e disparou bombas de efeito moral e balas de borracha. Assustados, motoristas abandonaram os carros.
Depois, manifestantes repetiram as cenas de depredação dos protestos anteriores, danificando ônibus e uma agência bancária na avenida Angélica. Ao todo, 192 manifestantes foram detidos. Segundo o Movimento Passe Livre, cem pessoas ficaram feridas.
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que o ato de ontem foi marcado pela violência policial. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a PM não vai tolerar "depredação, violência e obstrução de vias públicas". O secretário da Segurança, Fernando Grella, afirmou que a polícia agiu para "garantir a ordem", mas ordenou que a Corregedoria apure relatos de abuso.
    Bombas e balas de borracha deixam centro em pânico
    Motoristas abandonaram carros nas ruas, e até prédio da PUC foi alvo de gás; manifestantes estimavam cem feridos
    PM diz que só atua após agressões e crimes; protesto voltou a ter vandalismo, como pichação e depredação
    DE SÃO PAULOCom balas de borracha e bombas de efeito moral, policiais militares agiram com violência para reprimir a quarta manifestação contra a alta da tarifa de transporte em São Paulo em uma semana.
    A PM promoveu um cerco ao centro e à avenida Paulista, agravando os confrontos e deixando em pânico pedestres e motoristas, que, no meio da confusão, chegaram a abandonar carros na rua.
    À noite, havia 192 detidos. A polícia não informou sobre feridos. O Movimento Passe Livre, que organiza os protestos, afirma que cem manifestantes se machucaram. Eles programam novo ato na segunda, às 17h, em frente à estação Faria Lima do Metrô.
    O protesto também voltou a ter cenas de vandalismo e depredação, embora com menor intensidade que nos anteriores. Uma agência bancária e um hotel tiveram vidros quebrados. Ônibus foram apedrejados e, assim como muros, pichados. Lixeiras foram incendiadas e utilizadas como barreira contra a PM.
    A manifestação saiu por volta das 18h30 do Theatro Municipal, no centro, em direção à praça Roosevelt, onde terminaria, após acordo entre manifestantes e polícia. Havia 5.000 pessoas, diz a PM. O grupo fala em 20 mil.
    O ato era pacífico até chegar à esquina das ruas da Consolação e Maria Antônia.
    O confronto começou quando um grupo tentou furar um bloqueio policial para seguir em direção à Paulista.
    Policiais da Tropa de Choque passaram a dar tiros de borracha para todos os lados e a lançar bombas. Manifestantes revidaram com pedras.
    Bombas de gás chegaram a ser lançadas até dentro de um prédio da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
    Um aluno relatou à Folha que professores se trancaram em salas para se protegerem.
    "Parecia que estávamos na ditadura militar", disse a arquiteta Isabelly Frederico, 36, que assistiu ao início da confusão de cima de um prédio.
    Centenas de jovens, muitos chorando, correram para se refugiar nos fundos de um posto de combustível --também alvo de bombas da PM.
    A ação da polícia, seguida de confrontos, se repetiu em ruas como Augusta, Angélica, Frei Caneca e Bela Cintra.
    Houve detenção de manifestantes que carregavam vinagre --para amenizar efeitos do gás-- ou máscaras.
    No final da noite, os manifestantes chegaram à Paulista, bloqueada pela PM e novamente palco de confronto.
    Ao menos 55 pessoas foram atendidas em um posto de emergência montado no espaço independente Matilha Cultural, disse Pedro Campana, 26, médico responsável.
    A Folha presenciou um PM agredindo, com chutes, um manifestante imobilizado, no chão, em frente à prefeitura.
    Nina Cappello, do Passe Livre, diz que "houve abuso" da polícia. O tenente-coronel Marcelo Pignatari, comandante da PM na Paulista, disse achar "impossível que a PM tenha agido sem ter sido agredida ou presenciado crimes".

      A PM começou a batalha na Maria Antônia - Elio Gaspari

      folha de são paulo
      DEPOIMENTO
      Quem acompanhou a manifestação viu: distúrbios começaram pela ação da polícia, na mesma rua do confronto de 1968
      ELIO GASPARICOLUNISTA DA FOLHAQuem acompanhou a manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus ao longo dos dois quilômetros que vão do Theatro Municipal à esquina da rua da Consolação com a Maria Antônia pode assegurar: os distúrbios de ontem começaram às 19h10, pela ação da polícia, mais precisamente por um grupo de uns 20 homens da Tropa de Choque, com suas fardas cinzentas, que, a olho nu, chegaram com esse propósito. Pelo seguinte:
      Desde as 17h, quando começou a manifestação na escadaria do teatro, podia-se pensar que a cena ocorria em Londres. Só uma hora depois, quando a multidão engordou, os manifestantes fecharam o cruzamento da rua Xavier de Toledo.
      Nesse cenário havia uns dez policiais. Nem eles hostilizaram a manifestação, nem foram por ela hostilizados.
      Por volta das 18h30 a passeata foi em direção à praça da República. Havia uns poucos grupos de PMs guarnecendo agências bancárias, mais nada. Em nenhum momento foram bloqueados.
      Numa das transversais, uns 20 PMs postaram-se na Consolação, tentando fechá- -la, mas deixando uma passagem lateral. Ficaram ali menos de dois minutos e se retiraram. Esse grupo de policiais subiu a avenida até a Maria Antônia, caminhando no mesmo sentido da passeata. Parecia Londres.
      Voltaram a fechá-la e, de novo, deixaram uma passagem. Tudo o que alguns manifestantes faziam era gritar: "Você é soldado, você também é explorado" ou "Sem violência". Alguns deles colavam cartazes brancos com o rosto do prefeito de São Paulo, "Malddad".
      Num átimo, às 19h10, surgiu do nada um grupo de uns 20 PMs da Tropa de Choque, cinzentos, com viseiras e escudos. Formaram um bloco no meio da pista. Ninguém parlamentou. Nenhum megafone mandando a passeata parar. Nenhuma advertência. Nenhum bloqueio, sem disparos, coisa possível em diversos trechos do percurso.
      Em menos de um minuto esse núcleo começou a atirar rojões e bombas de gás lacrimogêneo. Chegara-se a Istambul.
      Atiravam não só na direção da avenida, como também na transversal. Eram granadas Condor. Uma delas ficou na rua que em 1968 presenciou a pancadaria conhecida como "Batalha da Maria Antônia". Alguns sobreviventes da primeira batalha, sexagenários, não cheiram mais gás (suave em relação ao da época), mas o bouquet de vinhos.
      Seguramente a Polícia Militar queria impedir que a passeata chegasse à avenida Paulista. Conseguiu, mas conseguiu que a manifestação se dividisse em duas. Uma, grande, recuou. Outra, menor, conseguiu subir a Consolação.
      Eram pessoas perfeitamente identificáveis. A maioria mascarada. Buscaram pedras e também conseguiram o que queriam: uma batalha campal.
      Foi um cena típica de um conflito de canibais com os antropófagos.

        Painel - Vera Magalhães

        folha de são paulo
        Vai rolar a festa
        Órgãos públicos gastaram ao menos R$ 4 milhões na compra de ingressos da Copa das Confederações, que começa amanhã. A Terracap, estatal do Distrito Federal, gastou R$ 2,8 milhões em 1.000 ingressos e um camarote com 18 lugares para receber, segundo o governo do DF, "personalidades da cidade e potenciais investidores''. O Banco do Brasil gastou R$ 1,3 milhão para convidar clientes de alta renda. A Caixa Econômica Federal adquiriu 146 ingressos por R$ 265 mil.
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        Só VIPs O Banco do Brasil diz que a prática é comum no mercado bancário e não informa a quantidade de camarotes ou ingressos, alegando estratégia comercial.
        Loteria A CEF diz que adquiriu os ingressos para promover campanha interna de vendas junto à rede lotérica do banco'', e não forneceu mais esclarecimentos.
        Exportação A Apex, agência federal de exportações, gastou R$ 445.780 com a compra de 1.987 ingressos para compradores estrangeiros, investidores e empresas.
        Local 1 A Prefeitura do Recife gastou R$ 250 mil por um camarote e 459 entradas. A assessoria não informou quem irá ao camarote e disse que os ingressos serão dados a estudantes municipais.
        Mimos A maioria dos ingressos vendidos para esses órgãos faz parte de um pacote chamado "hospitality". Ele inclui serviços de bufê, aperitivos e bebidas antes e depois dos jogos, além de brindes.
        Mimos 2 A Caixa adquiriu ingressos na categoria "Match Lounge", com mesas e balcão com aperitivos, bebidas e área de boas vindas com atendentes multilíngues.
        Check-in A Infraero escalou diretores para darem plantão nos aeroportos de 5 das 6 sedes da Copa das Confederações (o de Brasília é privatizado) nas datas de jogos e dias subsequentes, para avaliar e resolver problemas.
        Alarme Diante do aumento da repressão aos protestos de ontem contra o aumento nas tarifas de transporte público, aliados de Geraldo Alckmin se preocupavam com a demora do governador em condenar energicamente a violência policial.
        Monitoramento A Presidência tem recebido relatórios da Prefeitura de São Paulo sobre os protestos. Os informes dizem que movimentos como o Passe Livre não têm controle sobre a situação ou sobre os manifestantes.
        É a inflação O PSDB nacional deve usar os protestos em capitais para bater na tecla de que Dilma Rousseff começa a ser alvo de insatisfação da população por conta do aumento do custo de vida, e não apenas das passagens.
        Impasse Às 19h, os manifestantes disseram a representantes da prefeitura que encerrariam a caminhada caso fossem recebidos por Fernando Haddad. Ele disse que não negociaria enquanto mantivessem o protesto.
        Mudou? Historicamente críticos à repressão de protestos, vereadores do PT diziam ontem antes do auge do confronto que a polícia agiu corretamente ao deter militantes com pedras. "Foi uma ação preventiva para evitar depredação", disse Alfredinho.
        Mãozinha Aécio Neves elogiará o Programa Recomeço, do governo Geraldo Alckmin, que financia o atendimento de dependentes de crack, na propaganda do PSDB de São Paulo, a ser exibirá na TV a partir do dia 21.
        Visita à Folha Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, visitou ontem aFolha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Rui Dantas, assessor de imprensa.
        com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
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        TIROTEIO
        "Ao voltar de Paris, Alckmin e Haddad agem com violência e mostram que seus governos têm medo do descontentamento popular."
        DO DEPUTADO FEDERAL IVAN VALENTE (PSOL-SP), sobre a ação do governo e da prefeitura diante de protestos contra a alta das tarifas de ônibus e metrô.
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        CONTRAPONTO
        Curto-circuito
        Em reunião com dirigentes da Força Sindical, em abril, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), confessou que previa dificuldades caso decidisse levar adiante sua candidatura à Presidência, em 2014. Campos disse ao deputado Paulinho da Força (PDT) que o governo federal tentava sufocar sua movimentação.
        --O governo tenta me deixar sozinho no escuro.
        Segundos depois, um fotógrafo do governo pernambucano esbarrou em um interruptor e apagou as luzes da sala. Campos disparou, bem-humorado:
        --Ah! Já identifiquei um governista no Estado!

          O rosto da Amazônia - O vale-tudo da política brasileira [tendências/debates]

          folha de são paulo
          JOÃO AUGUSTO RIBEIRO NARDES
          TENDÊNCIAS/DEBATES
          O rosto da Amazônia
          Fomos em busca dos homens e mulheres responsáveis por práticas que contribuam para o aperfeiçoamento da gestão das unidades de conservação
          Euclides da Cunha esteve na Amazônia em 1905 para estabelecer os limites da fronteira entre Brasil e Peru. Entre os escritos que produziu, destaca-se o referente aos povoadores, gente sem a qual a região "seria um deserto", brasileiros que atuaram como mediadores entre a "gente nova" que chegava e "as tribos bravias que ocupavam as margens dos rios".
          Anotou que quase não havia famílias e que se pressentia em tudo "uma perpétua véspera de viagem naquelas escalas provisórias em que o homem predetermina ficar um, dois, três anos no máximo, para enriquecer e partir, e não voltar".
          Situação de baixa coesão social, que exigia outros estímulos, "para além do anseio da riqueza fácil", que pudessem assegurar a permanência do homem.
          Mais de cem anos se passaram e ainda podemos sentir parcela da angústia do escritor. A Amazônia abrange cerca de 7 milhões de quilômetros quadrados. É a maior floresta tropical do mundo, e o bioma Amazônia abrange oito países além do Brasil.
          Que estímulos são necessários para assegurar a permanência do homem? O desenvolvimento de atividades como agricultura, pecuária, mineração, indústria e turismo, além do grande interesse científico que existe sobre a área, demandam sistema eficiente de governança.
          O Tribunal de Contas da União (TCU) assinou termo de cooperação técnica com tribunais de contas estaduais para a realização de auditoria coordenada com o objetivo de avaliar a gestão das unidades de conservação (UC).
          Considerada uma das principais estratégias internacionalmente reconhecidas para conservação da biodiversidade, as UC integram o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), que protege aproximadamente 1,5 milhão de quilômetros quadrados do território brasileiro e engloba 312 unidades federais e 610 estaduais.
          No mês de maio, a convite do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizamos visita técnica à Floresta Nacional do Tapajós e à Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (Resex), no Estado do Pará.
          Fomos em busca do rosto da Amazônia, dos homens e mulheres responsáveis por boas práticas que contribuam para o aperfeiçoamento da gestão das UCs localizadas no bioma Amazônia.
          Lá encontramos gente como Antônio Oliveira, o Mucura, 75, que empresta sua experiência aos alunos da Escola da Floresta, em Santarém, e ensina formas sustentáveis de exploração dos recursos naturais.
          Ou como Raimundo Pedroso, 73, que lidera a comunidade Maguari, às margens do rio Tapajós.
          Mulheres como Maria Odilia, presidente da associação dos moradores da comunidade de Anã, na Resex, que, com o apoio das Mulheres Sonhadoras em Ação (Musa), desenvolve projeto sustentável de criação de tambaquis.
          São todos exemplos de boas práticas coletadas pela auditoria e que, ao final, serão transmitidas aos outros países da Amazônia.
          O trabalho apenas começou. As equipes devem visitar cerca de 25% das unidades de conservação situadas no bioma, e os resultados deverão subsidiar trabalho conjunto com as entidades membros da Organização Latino-Americana e do Caribe de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Olacefs), atualmente presidida pelo TCU.
          Em parceria com os países vizinhos, vamos tentando vencer "a guerra de mil anos contra o desconhecido", como Euclides da Cunha definiu a luta pelo conhecimento pleno da floresta, triunfo que virá "ao fim de trabalhos incalculáveis", quando, então, "não haverá segredos, e a definição dos últimos aspectos da Amazônia será o fecho de toda a História Natural".
            CARLOS GIANNAZI
            TENDÊNCIAS/DEBATES
            O vale-tudo da política brasileira
            Afif contribui para a descrença, cada vez maior, na política, nos partidos e nas chamadas instituições democráticas do Brasil
            Para nós, que lutamos para que a política seja, em seu sentido grego, um instrumento para transformar as injustas estruturas que oprimem a vida da maioria da população, é inadmissível o acúmulo de cargos do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, com o de ministro da Micro e Pequena Empresa.
            A insistência de Afif em permanecer com um pé em cada canoa reforça o vale-tudo da política brasileira, no significado completo da expressão: fisiologismo, clientelismo, mandonismo, genrismo, coronelismo, nepotismo.
            Essa perversa linhagem tem como finalidade apenas estar no poder e ocupar o máximo possível de espaços e cargos na administração pública, em proveito pessoal, partidário e econômico.
            Ao surfar nesse rebaixamento da política brasileira, Afif contribui para a descrença, cada vez maior entre amplos setores da sociedade, na própria política, nos partidos e nas chamadas instituições democráticas do Brasil.
            Qual é a coerência política? Afif é filiado ao PSD de Gilberto Kassab e vice-governador de Geraldo Alckmin, do PSDB, com quem vive em desafeto. Agora é nomeado ministro do governo Dilma, do PT, adversário do governador de São Paulo.
            Até ontem, foi um profundo crítico dos governos Lula e Dilma. É dele a afirmação de que Dilma não tinha biografia para ser presidente do país. Agora que "chegou lá", sua opinião ácida e de ódio aos antigos adversários se transforma em pó!
            As críticas eram "retórica de campanha", justifica o recém-nomeado ministro, que adere ao governismo de cooptação do PT, sigla que fez a aliança com o PSD apenas para ter mais tempo de TV na eleição do ano que vem e garantir, em sua base de sustentação no Congresso Nacional, um partido que "não é de esquerda, nem de direita, nem de centro".
            Como entender um vice-governador de oposição que é, ao mesmo tempo, um ministro da situação? Não, Afif, não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo. Essa história é conhecida e sempre acaba muito mal. Já dizia Jesus que os mornos serão vomitados.
            Se ética e coerência já não significam nada para amplos setores políticos, não me restou, como deputado estadual, alternativa se não acionar juridicamente o Ministério Público Estadual e a Assembleia Legislativa. Entrei com duas representações exigindo a cassação do mandato de vice-governador e a instalação de uma ação civil pública.
            Tive como base o artigo 28, §1º da Constituição Federal, que trata da incompatibilidade funcional, e o artigo 42 da Constituição estadual, que prevê a perda do cargo em caso de acúmulo irregular.
            Nossa tese tem a concordância de juristas, promotores e inclusive do procurador-geral de Justiça do Estado, que acatou a representação, recomendando que a Alesp retire o mandato de Afif. Sem contar o respaldo jurídico que temos da Procuradoria da Alesp e da Comissão de Ética do Estado.
            Conclamamos a todos que acreditam na ética e na coerência política a pressionar os deputados estaduais a votarem, com base na lei, pela perda do mandato do atual vice-governador, que desprezou o cargo para assumir o 39° ministério criado pela presidente Dilma.

              Cheias e vazantes - Marina Silva

              folha de são paulo
              Cheias e vazantes
              Ainda não contabilizamos o prejuízo que a campanha eleitoral permanente causa ao nosso país. Mas já dá para ver a redução drástica das ações estratégicas, dos projetos de prazo mais longo, das reformas básicas e estruturais, enfim, o encolhimento de uma pauta republicana em detrimento de um debate puramente eleitoral que precisa e deve ser feito, mas não antecipadamente.
              Política não é só eleição. Quem diz isso pode ser chamado de ingênuo ou mal-intencionado. Mas, mesmo correndo o risco de suscitar essa dúvida nos que têm o democrático direito de descrer da integridade ou maturidade de minhas posições, insisto que não podemos aceitar a redução do debate aos termos da disputa de votos, assim como não podemos medir o desempenho de um governo apenas pelos seus índices de popularidade.
              Os prefeitos eleitos no ano passado não completaram seis meses de gestão, as cidades clamam por soluções para seus graves problemas (agora mesmo, em São Paulo, o adiamento de decisões estratégicas sobre o trânsito provoca manifestações que são duramente reprimidas pela polícia) e mal acabamos de sair da temporada de enchentes e desmoronamentos que poderiam ser evitados com planejamento e investimento corretos. Mas todas as atenções se voltam para a antecipação da campanha eleitoral e a movimentação dos possíveis candidatos.
              O que ocorre é uma espécie de sequestro da democracia. Vivemos em eterna liminar, jamais chegando ao mérito das causas. O debate de conteúdo, o amadurecimento das decisões, a expansão e o aprofundamento das políticas públicas e, afinal, a própria consolidação da democracia só podem ocorrer nos intervalos. Eles não são o limbo da política, mas justamente o seu momento mais denso. Talvez porque na política, como a comparou Bauman com a oportunidade da cura, o melhor momento para o navegar dos bons projetos não é a cheia, mas a vazante.
              Pensei que houvesse um razoável consenso sobre isso, mas vejo que a campanha eleitoral permanente atende a uma ansiedade profundamente enraizada em nossa visão de como funcionam o mundo e a política. E quem se posiciona de outra forma fica parecendo índio em filme de bangue-bangue, armado de arco e flecha, tentando atravessar um cerrado tiroteio entre mocinhos e bandidos (podendo ser confundido com um ou outro, quase nunca considerando outra forma de ser, pensar e agir).
              Devemos, porém, insistir em mudar a pauta. Qualquer vitória conquistada na prática, com consequências efetivas na vida, vale mais do que índices em pesquisas. Ao menos quando a alma não é pequena, como dizia Fernando Pessoa. Que sua poesia eterna nos inunde e inspire em nossas passageiras vazantes.

              Ruy Castro

              folha de são paulo
              Gritos e sussurros
              RIO DE JANEIRO - Na terça-feira, enquanto eu lançava meu livro "Morrer de Prazer" na Cultura do Conjunto Nacional, em SP, o pau comia lá fora entre os manifestantes contra o aumento das passagens e a polícia. Por minha causa, amigos se viram em meio a correrias, depredações, pedradas, incêndios, balas de borracha e bombas de efeito moral. Ao ouvir o relato dos que chegavam, lembrei-me de uma passeata estudantil de que participei em 1967, no Rio.
              Era para ser como todas as passeatas. Os estudantes sairiam pe- la avenida Rio Branco gritando "Abaixo a ditadura!". A polícia daria em cima com seus cavalos e cassetetes, e, depois das escaramuças, os garotos tentariam se dispersar, correndo em direção à Candelária ou à estação das barcas na praça 15. E assim se fez. Só que, quando atingimos a Candelária, o que havia? Um casamento na igreja. E grã-fino, com homens de casaca e mulheres de chapéu. A noiva e seus convidados preparavam-se para entrar.
              Não sei de quem partiu a ordem. Mas, diante da cena, afrouxamos o passo, para não provocar pânico, e simulamos naturalidade. Os encasacados olhavam. E só voltamos a correr quando já estávamos longe da igreja. Grã-fino ou não, o casamento foi respeitado.
              No Rio, também houve protesto contra o aumento das passagens. E, assim como em São Paulo, houve vandalismo: prédios históricos, entre os quais duas igrejas com mais de 400 anos, tiveram vitrais quebrados e fachadas pichadas. Alguns dos manifestantes presos eram menores, sem-teto e universitários, que não pagam passagens. O que estavam fazendo ali? O povo do RJ e de SP não apoia esses baderneiros.
              Voltando a 1967. Ao passarmos pela porta da Candelária ouvimos quando dois jovens convidados ao casamento sussurraram para o nosso grupo: "Abaixo a ditadura!". Naquele dia, até os grã-finos nos apoiaram.

                Eliane Cantanhêde

                folha de são paulo
                Armistício
                BRASÍLIA - Nunca antes na história de 25 anos do PSDB, o partido esteve tão unido quanto agora, em torno da candidatura de Aécio Neves à Presidência da República.
                Em São Paulo, Franco Montoro estava acima de Mário Covas, que tinha ciúme (mútuo) de Fernando Henrique, que tem convivência quase protocolar com Geraldo Alckmin, que mal digere José Serra, que... criava e cria confusão com os demais.
                Sem nenhum paulista candidatando-se à Presidência, o clima se desanuvia e fica mais fácil todos cerrarem fileiras com um candidato além-fronteiras, caindo de paraquedas dos céus de Minas Gerais. A disputa, a inveja e o ciúme mútuos se diluem e ficam restritos às composições locais.
                Se há um resquício de dúvida sobre o destino de Serra --que tem respeito das elites e "recall" nas pesquisas, e não apoio no partido--, ninguém cogita hoje uma candidatura de Alckmin ao Planalto. Ele trabalha abertamente pela reeleição ao Bandeirantes e até convidou pessoalmente Aécio para dividir os holofotes do programa partidário em São Paulo.
                No resto do país, velhos líderes tucanos, como Tasso Jereissati (CE), governadores, como Beto Richa (PR), e jovens prefeitos, como Rui Palmeira (Maceió), parecem felizes da vida com essa novidade: o partido tem, enfim, um único nome, inquestionável. Isso reflete no ânimo das bancadas de senadores e deputados.
                A prioridade de Aécio é fortalecer candidaturas próprias que tenham reais chance de vitória nas disputas estaduais, mas reservando as cabeças de chapa no resto --onde o PSDB não tenha opções fortes-- para partidos e aliados regionais que possam vir a engrossar sua campanha nacionalmente mais à frente.
                Ele passa a impressão de não brincar em serviço, recrutando quadros técnicos e forjando uma imagem que alie o seu lado JK, jovial, simpático, com uma capacidade estratégica que poucos conhecem, ou reconhecem.
                Tem consciência, porém, que o futuro à deusa economia pertence.

                  Jogadores de clubes e seleções recebem cada vez mais para usar chuteiras personalizadas-Tiago de Holanda

                  Jogadores de clubes e seleções recebem cada vez mais para usar chuteiras personalizadas 


                  Tiago de Holanda

                  Estado de Minas: 14/06/2013


                  Os saudosistas não se cansam de louvar o futebol de antigamente. Alguns, com implacável fidelidade ao passado, execram até as chuteiras coloridas. “Ah, mais dignas eram as pretas, que cobriram os pés de Pelé e Maradona”, defendem. À parte a nostalgia, os calçados mudaram bastante. Além de ganhar uma infinidade de cores e modelos, foram aperfeiçoados, ficaram mais confortáveis. Passaram a engordar as contas bancárias dos jogadores, que ganham uma fortuna para usar produtos de uma ou outra marca. E são cada vez mais cobiçadas por quem sonha em fazer parte de um time profissional.

                  A Copa do Mundo de 1958, na Suécia, foi vencida por uma encantadora Seleção Brasileira, cujo grupo tinha nomes como Pelé, Garrincha, Didi, Nílton Santos, Vavá e Djalma Santos. Quem viu a equipe jogar com tanta desenvoltura pode não imaginar que, vez por outra, os atletas sentiam uma espetada nos pés. Na época, quase ninguém usava chuteiras de origem estrangeira. Feitas de couro, as nacionais tinham travas fixadas com pequenos pregos. Não era raro que as pontas ultrapassassem a sola e afligissem os boleiros. “O roupeiro botava o calçado com a sola para cima, pegava o martelo e batia as tachinhas. 

                  Às vezes, elas entravam no pé da gente, como se fossem agulhas. Por isso, as meias eram muito furadas”, lembra o ex-volante Wilson Piazza.
                  No auge da carreira, Piazza foi capitão do Cruzeiro e integrou a Seleção de 1970, tricampeã mundial no México. “Durante o jogo, às vezes os preguinhos incomodavam e você tinha que tirar a chuteira para o roupeiro rebater as travas. Além disso, ficavam encharcadas quando chovia”, conta ele, hoje aos 70 anos. Às vésperas daquela Copa, duas fabricantes alemãs se dispuseram a fornecer os pisantes dos convocados. “As marcas nacionais eram boas, mas não chegavam ao nível de Adidas e Puma”, avalia. Na disputa pela preferência dos craques, as duas concorrentes ofereceram dinheiro. “Eu jogaria de graça, o material era excelente. A oferta nos pegou de surpresa. Acho que foi nesse momento que essa coisa de patrocínio começou”, diz o mineiro. Em geral, as multinacionais deram US$ 3 mil a quem as escolhesse. “Assinei com a Adidas, porque foi a que calçou melhor.”

                  Com o passar do tempo, o uso patrocinado se disseminou. Atualmente, são poucos os profissionais que não firmaram contrato com alguma fabricante. No atual elenco do Cruzeiro, por exemplo, todos os jogadores lucram com isso, segundo o roupeiro Geraldo da Silva Barros, conhecido como Geraldinho, de 46 anos. Na função há 32 anos, ele acompanhou o processo pelo qual o patrocínio do calçado se difundiu. “Quando comecei, quase não existia. O clube fornecia as chuteiras para a maioria dos jogadores.” Se antes um par era usado por seis ou sete meses, hoje não costuma durar mais de dois, o que não tem a ver com a qualidade do produto. “Eles trocam muito porque precisam divulgar os lançamentos. Os jogadores gostam de chuteiras mais gastas, mas o patrocínio obriga a trocar.”

                  Fartura Nos clubes brasileiros de primeiro escalão, cada atleta tem três ou quatro pares de chuteiras. Quando o Cruzeiro precisa jogar fora, leva uma média de 100 pares. “Se a viagem for só para um jogo, levamos três por jogador: dois com travas de borracha e um de alumínio, para o caso de chover e o gramado ficar molhado”, explica Geraldinho.

                  Alguns atletas têm calçados personalizados. É o caso do atacante Élber, cujas chuteiras têm bordados o nome dele em uma das laterais e o de sua esposa, Letícia, na outra. O mesmo fez o atacante italiano Mario Balotelli, do Milan, que bordou no calçado o nome de sua namorada, a modelo Fanny Neguesha.

                  Escolha na base


                  Thalles César Silva, de 15 anos, se lembra de quando ganhou o primeiro par de chuteiras. “Fiquei muito ansioso para calçar. Queria usar para todo lado, sair com ela de noite”, conta, rindo. Ele é goleiro no infantil do Atlético e, assim como os colegas, fica atento ao que os ídolos calçam nos gramados. Porém, os futuros profissionais não se deixam seduzir apenas por cores ou desenhos chamativos. Aprenderam que devem escolher o modelo mais adequado a seus pés e à posição em que atuam.

                  “Chuteiras inadequadas aumentam o risco de lesões, principalmente dos ligamentos das articulações, do joelho e do tornozelo. A escolha depende mais da adaptação ao formato do pé do que da marca”, ressalta o professor José Alberto Aguillar Cortez, responsável pelo Grupo de Estudos e Pesquisas de Futebol e Futsal, da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo.

                  Antes de o atleta decidir qual par usar, as características de sua “pisada” deveriam ser avaliadas em um laboratório de biomecânica, segundo Cortez. “Pena que isso seja inviável para a maioria dos jogadores”, reconhece o professor. De qualquer modo, os produtos vêm se aperfeiçoando. “As principais mudanças ocorreram no posicionamento das travas, para permitir melhor apoio e equilíbrio, e na qualidade do couro, embora a maior parte dos jogadores prefira modelos sintéticos, que oferecem mais cores.”

                  Tv Paga


                  Estado de MInas: 14/06/2013 


                  Guerra dos sexos


                  Depois da noite mais insana de suas vidas, dois estranhos sem nada em comum, Jack e Joy, acordam em Las Vegas e descobrem que não apenas se divertiram, eles também estão casados! Assim começa o filme Jogo de amor em Las Vegas (foto), que será exibido às 22h, no FX. Na trama, a anulação do casamento não vai ser algo tão fácil, pois Jack ganha um prêmio de US$ 3 milhões apostando uma moeda de Joy, e um juiz irritado sentencia o casal a seis meses de "casamento para valer". O que se segue é uma divertida guerra dos sexos, pois tanto Jack quanto Joy fazem de tudo para enganar um ao outro e ficar com o dinheiro.

                  Uvas saborosas em
                  produção no sertão


                  O documentário Baco dos trópicos, exibido às 14h35 no Canal Futura, vai mostrar que, enquanto uma parte do Nordeste brasileiro vive a maior seca das últimas quatro décadas, parreirais de uma região às margens do Rio São Francisco conseguem produzir até três colheitas por ano. São uvas para exportação ou produção de vinhos e espumantes. A mão de obra feminina caiu nas graças dos produtores.

                  Para quem gosta de
                  gastronomia exótica


                  ‘‘Comida digna dos deuses’’ é o nome do episódio do Eat street, atração que vai ao ar às 21h30 no canal Fox Life. O programa descobre delícias na Ms P's Electric Cook, em Austin, no Texas, onde são preparados pratos de comfort food sulistas, como o World famous waffles e o Dirty black eyed peas. Em Tampa Bay, na Flórida, ele encontra a taco bus e sua cochinita pibil, rajas con queso e uma suculenta butternut squash tostada. Portland é a parada final, onde ele conhece a Lardo's, que serve almôndegas de porco e sanduíche com porco, ovo e queijo.

                  Frio combina com
                  comida quentinha


                  Com a chegada do frio, não há nada mais gostoso que preparar as delícias de inverno na cozinha. E a gastronomia brasileira é farta de opções para esta época, com caldos, sopas, e uma série de especiarias de dar água na boa. Inspirada neste universo, Carla Pernambuco, apresentadora do Bem Simples, separou algumas das receitas que mais gosta de fazer. É isso que ela ensinará ao seu público hoje, às 22h45, no programa Brasil no prato.

                  O julgamento mais
                  visto de todo o mundo


                  O Multishow apresenta, às 23h, na programação especial dedicada a Michael Jackson, as polêmicas na trajetória do artista. Em 2005, ele foi ao tribunal acusado de assédio sexual de menores. O seu julgamento, para além do aspecto jurídico, foi verdadeiro reality show e se tornou um dos mais assistidos do mundo. Centenas de fãs cercaram o tribunal dia e noite e organizaram manifestações a favor e contra o ídolo pop.

                  Traição provoca uma
                  reviravolta para casal


                  A tentação é o filme que o Telecine Premium mostra às 22h. Nesse drama, Sasha trai o marido Joe, religioso fervoroso, com o ateu Gavin. Ao descobrir sobre o caso da mulher, Joe dá a Gavin uma escolha: ele pode pular do alto de um prédio ou deixar que Joe mate Shana. A produção, com direção de Matthew Chapman, traz no elenco Charlie Humann, Terrence Howard e Liv Tyler.

                  LITERATURA » Incentivo à leitura (13ª Feira Nacional do Livro Ribeirão Preto) - Carlos Herculano Lopes‏


                  LITERATURA » Incentivo à leitura 

                  Carlos Herculano Lopes

                  Estado de Minas: 14/06/2013 



                  Ribeirão Preto – Desde o começo do mês, Ribeirão Preto, na região Nordeste de São Paulo, está respirando literatura e música, com a realização da 13ª Feira Nacional do Livro   http://www.feiradolivroribeirao.com.br/         . Com custo estimado em R$ 3,4 milhões, até domingo, quando termina o evento, cerca de 120 convidados, de todas as partes do país, terão participado do encontro, que homenageia a Alemanha e os escritores Monteiro Lobato, Pedro Bandeira e Florestan Fernandes.

                  Cada criança das escolas públicas da cidade recebeu um cartão de crédito-livro, além de lanche. É grande a presença da garotada. Para a professora Heliana Palocci, vice-presidente da Fundação Feira do Livro e curadora do evento, o encontro é, antes de tudo, oportunidade para incentivar a leitura e aproximar as pessoas. “A presença de Minas está intensa, com a vinda de escritores, professores e estudantes de São Sebastião do Paraíso, Poços de Caldas, Passos e outras cidades. Também a Editora da UFMG está presente”, disse Heliana.

                  No Salão de Ideias, no Theatro Pedro II, onde está sendo realizadas, a maioria das palestras, a escritora Stella Maris Rezende, que no ano passado faturou três prêmios Jubuti com o romance A mocinha do Mercado Central, bateu papo com o público, além ter lido trechos dos seus livros. Em outra palestra, o gaúcho Menalton Braff falou sobre o seu método de criação. “Escrevo e reescrevo várias vezes um texto e também costumo deixá-lo descansar por algum tempo, quando vejo que a coisa não está rendendo”, disse. Seu romance O casarão está entre os finalistas deste ano do Prêmio Portugal Telecom.

                  Entre as atrações de hoje, além de lançamentos e debates, encontro com Rubem Alves, às 16h, no Salão de Ideias, e show de Diogo Nogueira, às 21h, na Praça 15 de Novembro. Às 18h30, Frei Betto autografa seus livros e conversa com o público.

                  O repórter viajou a convite  da organização do evento.

                  Linha Vermelha - Eduardo Almeida Reis

                  O banditismo corre solto no país inteiro e não é por culpa do brasileiro nem da frouxidão de nossas leis: deve ser culpa é da espécie humana, que não vale nada 


                  Eduardo Almeida Reis

                  Estado de Minas: 14/06/2013 

                  A polícia do Rio ocupou mais duas favelas visando instalar UPPs, unidades de polícia pacificadora, de olho na Copa e nas Olimpíadas. As favelas ficam em torno do estádio do Vasco e ao lado da Linha Vermelha, via de acesso à cidade para quem usa o aeroporto do Galeão ou chega de Minas e das serras fluminenses. Numa próxima etapa, é intenção das autoridades “pacificar” o Complexo da Maré, conjunto de favelas vizinhas da Linha Vermelha.

                  Sempre que alguém fala das favelas cariocas, paulistanas, belo-horizontinas, soteropolitanas, manauaras e outras, faz questão de afirmar que os bandidos que as dominam são pouquíssimos e que 99,7% delas todas são compostas de pessoas ordeiras, honestas e trabalhadoras.

                  Se é assim, sugiro que o país inteiro seja transformado numa favela, considerando que o número de pessoas ordeiras, honestas e trabalhadoras nos bairros considerados “nobres”, é muitíssimo menor que os tais 99,7%. O banditismo corre solto no país inteiro e não é por culpa do brasileiro nem da frouxidão de nossas leis: deve ser culpa é da espécie humana, que não vale nada.

                  Espécie como um todo, o que não impede a existência de gente da melhor supimpitude. Por exemplo: os leitores do grande jornal dos mineiros. Nasci e morei no Rio quando a “nobre” Zona Sul só tinha duas grandes favelas: Praia do Pinto e Catacumba. A hoje imensa Rocinha era, pasme o leitor, parte do circuito das corridas de Fórmula 1. Surgiu por lá um dos primeiros motéis, o Trampolim do Diabo, alusão ao trecho do circuito automobilístico, estabelecimento que dispensava a apresentação de carteira de identidade e certidão de casamento. Pois é: no Centro da cidade havia hotéis modestos que exigiam certidão de casamento.

                  Não me canso de contar cena que vivenciei diversas vezes: em imensos cavalos da Hípica, passávamos por dentro da Praia do Pinto e a reação dos favelados era de admiração pelo tamanho e aspecto dos cavalos. Vindos do interior, não conheciam cavalos imensos e a tevê não existia nem no Rio. Assim como não havia o ódio que se vê hoje. E não foi há milênios, mas ainda outro dia.

                  Esse fato desmente, em parte, minha afirmação de que a espécie humana é bela porcaria, mas aí entra o depoimento do professor Napoleon Chagnon, o mais famoso antropólogo vivo, que estuda os ianomâmis desde 1964 e prova que a espécie humana é mesmo de lascar: os ilustres silvícolas, ainda na Idade da Pedra, se drogavam e se matavam com um entusiasmo de fazer inveja aos piores traficantes das favelas “pacificadas”.


                  Tá maus!
                  Caderno Prosa, O Globo, 18/5/13, primeira página, anúncio da NAU Editora, PUC Rio: “Autobiografias: verdades ou ficções? Em Devires autobiográficos, Elizabeth Muylaert Duque-Estrada (doutora em Letras, PUC Rio) discute a formação do ‘eu’ a partir da escrita autobiográfica. Para o professor de teoria da literatura da Uerj Gustavo Bernardo, ‘esse livro já nasce clássico, fazendo-se obrigatório em qualquer estante de quem deseje pensar o sujeito moderno, a subjetividade contemporânea e, enfim, a si mesmo’”.

                  Em matéria de idioma português, recorro a Sócrates (469–399 a.C.) para dizer que “só sei que nada sei”. Escrevo de ouvido, mas desejo pensar o sujeito e a sujeita modernos. Acho impossível que um professor de teoria da literatura tenha escrito o texto que lhe foi atribuído no anúncio do livro de Elizabeth.

                  Que, por falar em português, zapeando o televisor acabo de ouvir o pândego pastor Malafaia criticando os “esfameados”. Como não nasci ontem nem trasantontem, fui ao verbo esfaimar e descobri que vem do português antigo esfamear (derivado de fame forma antiga de fome), pela forma metatética *esfaemar em que -e- > -i- > esfaimar.

                  Donde se conclui que é um perigo criticar certos pastores. De repente, existe “esfemeado” para aqueles famintos de mulheres, como o piedoso pastor Marcos Pereira, proprietário da Adud, Assembleia de Deus dos Últimos Dias, que passou alguns dos últimos dias na cadeia depois de estuprar uma porção de crentes.


                  O mundo é uma bola

                  14 de junho de 1897: o exército de Napoleão Bonaparte derrota o Exército russo na Batalha de Friedlândia, atual Pravdinsk. Em 1846, fundação do estado norte-americano da Califórnia. Em 1900, o Havaí se torna parte dos Estados Unidos. Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército alemão invade Paris. Fosse hoje, os alemães encontrariam por lá um monte de jornalistas mineiros.

                  Em 1965, Paulo VI cria a Diocese de Itabira, terra de gente da melhor supimpitude. Em 1966, o Vaticano anuncia a abolição do Index Librorum Prohibitorum, o Índice de Livros Proibidos, no que obrou muito mal. Há livros, e não são poucos, tão chatos, que devem ser proibidos. Em 1982, termina a Guerra das Malvinas com a rendição dos argentinos em Port Stanley.

                  Em 1801 nasceu o paleontólogo dinamarquês Peter Wilhelm Lund, o nosso doutor Lund, que morreria em 1880. Em 1832 nasceu o engenheiro alemão Nikolaus Otto, inventor dos motores de ciclo Otto. Em 1977, nasceu a linda Camila Pitanga. Hoje é o Dia Mundial do Doador de Sangue.


                  Ruminanças

                  “Como os tempos mudaram! Há 20 anos, ser bicha, só muito escondido. E machão nem precisava disfarçar.” (Millôr Fernandes, 1923-2012)