terça-feira, 19 de março de 2013

Something Beautiful


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HD-pretty-ness - Let's clarify one thing here, I did not edit this video to get famous off of someone else's work, I did not intend to get this much attention on it. Also I put music on the clips…
00:02:50
Adicionado em 31/01/2013
50.499 exibições

de Maria Cecília Braile:

Queridos amigos, algo mais leve da minha parte-: o Oscar para o Melhor Filme
 Curta de Animação (ou "desenho animado" como nós chamávamos), deste ano foi
 para  o filme "Paperman".

 “Paperman” foi produzido com uma técnica que combina o desenho à mão com o
 feito no computador. O curta se passa em preto e branco, e conta a história de
 um jovem morador de Nova Iorque que no caminho para o trabalho se depara com
 uma linda mulher — ele acredita que ela é a garota dos seus sonhos.(duração 1
 minuto e um pouco mais).


http://www.youtube.com/watch?v=RGycL7-4eIw

 Na noite de entrega do Oscar, a produtora, Kristina Reed,  que levou o prêmio
 com o Paperman,  começou a jogar aviões de papel de seu assento no mezanino,
 depois de ir buscar o prêmio no palco. Aviõezinhos de papel têm tudo a ver com
 a história, mas mesmo assim  ela foi expulsa da cerimônia.

 Mas a expulsão foi apenas temporária. Depois de 10 minutos de protesto, ela
 conseguiu voltar para seu assento,provavelmente garantindo que se comportaria
 e, suspeito eu, ser revistada à procura de folhas A4.

A dieta do sono - Iara Biderman

folha de são paulo

Capa
Nova pesquisa sugere que o consumo de certos alimentos antioxidantes pode ajudar você a dormir mais horas
IARA BIDERMANDE SÃO PAULOReceita para dormir mais e melhor todo mundo tem. Mas, agora, dá para montar um cardápio anti-insônia baseado numa grande pesquisa que relacionou comida com horas de sono.
O estudo, publicado na última edição da revista científica "Appetite", foi feito por uma equipe do departamento de medicina do sono da Universidade da Pensilvânia e envolveu 5.587 pessoas.
Os pesquisadores cruzaram os dados sobre alimentos consumidos e horas dormidas dos participantes, que tinham entre 18 ae 60 anos. As informações usadas são do levantamento nacional de saúde e nutrição dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
A parte mais original do trabalho foi quantificar, além de calorias e grandes grupos de alimentos (proteínas, gorduras, carboidratos), substâncias que, embora fundamentais, são necessárias em pequenas porções e, por isso, chamadas de micronutrientes: vitaminas e minerais.
Aí surgiram ingredientes surpreendentes tanto para os estudiosos do sono quanto para os da área de nutrição.
TOMATE E CHOCOLATE
Segundo a pesquisa, as substâncias ingeridas em maior quantidade pelas pessoas que dormem de sete a oito horas em relação aos que dormem seis ou menos horas por dia são os antioxidantes -desde sempre associados à prevenção de doenças, mas nunca antes considerados facilitadores do sono.
Os destaques foram o licopeno (que dá a cor ao tomate); a luteína (pigmento responsável pelo tom amarelo-alaranjado de alimentos como gema de ovo e milho); o mineral selênio; a vitamina C e a teobromina, um componente químico do cacau.
"Essas substâncias nunca tinham aparecido em pesquisas. A relação entre dieta saudável e o sono é pouco explorada", disse à Folha o psicólogo Michael Grandner, principal autor do estudo da Universidade da Penislvânia.

    BONS DE CAMA
    Ingredientes consumidos em maior quantidade por pessoas que dormem de sete a oito horas por noite
    SELÊNIO
    O mineral ajuda a produzir enzimas antioxidantes e a eliminar toxinas, além de regular o funcionamento da tireoide, que comanda a produção de hormônios. Fontes: castanha-do-pará, frutas secas, peixes e frutos do mar
    Para um bom sono, segundo a pesquisa, a média de consumo deve ser de112 microgramas/dia (3 castanhas)
    -
    VITAMINA C
    Reforça o sistema de defesa do corpo e ajuda na absorção de outros micronutrientes, como o cálcio. Tem ação antioxidante. Presente em frutas de cor laranja e vermelha ( laranja, acerola)
    No estudo, o consumo médio de vitamina C das pessoas com a quantidade considerada ideal de sono era de 85 miligramas/ dia (um copo de suco, por exemplo)
    -
    TEOBROMINA
    Estimulante do sistema nervoso central, aumenta a formação de hormônios ligados ao prazer e ao bem-estar. A principal fonte é o cacau
    Um consumo médio diário de 43 miligramas (30 g de chocolate) foi relacionado a pessoas que dormem o suficiente
    -
    LICOPENO
    Presente em vegetais vermelhos. É melhor absorvido em forma de molhos ou sucos
    No estudo, quem dormia mais comia 6.152 microgramas/dia (1 goiaba+ 1 fatia de mamão+ 2 tomates crus+ 1 concha de molho de tomate)
    -
    LUTEÍNA E ZEAXANTINA
    Carotenoides responsáveis pelas cores laranja, vermelha ou amarela dos alimentos, ajudam na síntese da vitamina A. Estão na gema de ovo, no milho e em vegetais verdes-escuros
    A média de consumo de quem dorme bem, no estudo da Universidade da Pensilvânia, é de 1.413 microgramas por dia (1 ovo + 1 espiga de milho)

      Da mesa para a cama
      DE SÃO PAULOPessoas que consomem licopeno, selênio, luteína, teobromina e vitamina C em maior quantidade do que outras dormem melhor que essas últimas, concluiu uma nova pesquisa sobre dieta e sono, da Universidade da Pensilvânia. Mas os pesquisadores não sabem o que é causa ou efeito.
      "Sabemos que esses micronutrientes têm impacto positivo na saúde em geral. Precisamos de mais pesquisas para comprovar o efeito no tratamento clínico de distúrbios do sono", segundo Michael Grandner, coordenador da pesquisa.
      O estudo dá pistas, observa o psiquiatra e especialista em medicina do sono Maurício Viotti Daker, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Falta comprovar se a falta dessas substâncias faz a pessoa dormir menos.
      Para o psiquiatra Alberto Remessar, que dirige uma clínica de distúrbios do sono em São José dos Campos, é preciso descobrir quais nutrientes têm influência real. "Não sei o quanto dos efeitos observados são apenas resultado de um padrão de vida saudável", diz.
      GORDURA E AÇÚCAR
      Pesquisas anteriores já mostraram que quem dorme pouco tende a comer mais coisas gordurosas, açucaradas e calóricas. "A privação de sono ativa circuitos cerebrais que fazem a pessoa procurar esse tipo de alimento", diz a neurologista Dalva Poyares, do Instituto do Sono de São Paulo, ligado à Unifesp.
      Os centros de sono no cérebro, que ficam na região do hipotálamo, estão próximos dos centros ligados ao apetite, explica a neurologista.
      Pequenas mudanças no cardápio diário fizeram grande diferença nas noites da socióloga Beatriz Galves, 58.
      Há três meses, ela segue uma dieta funcional para tentar resolver dois problemas: o aumento de peso e o cansaço, ambos causados por distúrbios endócrinos.
      "Vivia cansada de dia e não conseguia dormir à noite; com algumas substituições de alimentos, em dez dias melhorei meu sono", diz.
      Beatriz conta que sempre teve hábitos saudáveis, mas, com ajuste na dieta, começou a comer ainda mais vegetais. O cardápio também inclui grãos, castanhas-do-pará (fonte de selênio) e, diariamente, uma barrinha com cobertura de chocolate -algo que ela comia "no máximo duas vezes por ano".
      Chocolate é rico em teobromina, um dos ingredientes apontados na pesquisa como facilitador do sono. Causa surpresa, porque é uma substância estimulante, também encontrada em chás e café.
      "A teobromina aumenta a produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores ligados ao prazer e ao bem-estar", diz a nutricionista Daniela Jobst, do Centro de Brasileiro de Nutrição Funcional.
      Esses neurotransmissores agem na produção de melatonina, o hormônio do sono, segundo a explicação da nutricionista e bioquíma Lucyanna Kalluf, de São Paulo.
      "Dietas muito restritivas afetam o humor o dia todo e atrapalham quem quer dormir bem à noite", diz Kalluf.
      Esse era um problema para a arquiteta Patrícia Khül de Castro, 36. "Eu tinha dificuldade em acordar, sentia sono fora de hora. Quando fazia regime, ficava pior", conta.
      Uma dieta rica em antioxidantes e com suplementação de vitaminas e minerais resolveu os dois desconfortos da arquiteta: além de perder os quilos desejados, nunca mais teve problemas para dormir ou acordar.


      RECEITAS PARA DORMIR BEM
      Frutas com calda de chocolate amargo
      - 1 colher (chá) de óleo de coco
      - 1 barra (100 g) de chocolate amargo (70% de cacau)
      - 1 colher (chá) de mel
      - 1 banana em rodelas
      - 1/2 xícara (chá) de morangos e manga em cubos
      Pique o chocolate e leve ao fogo baixo junto com o óleo e o mel, mexendo até derreter. Sirva a calda sobre as frutas picadas.
      O chocolate é rico em teobromina e o mel e a banana têm triptofano (ajuda a produzir melatonina, hormônio do sono). As frutas vermelhas e alaranjadas são fontes de vitamina C e o óleo de coco é antioxidante.
      -
      Gaspacho com farofa de castanha
      - 1/4 de pimentão vermelho picado
      - 2 tomates sem sementes picados
      - 1/2 pepino japonês picado
      - 1 colher (sopa) de cebola picada
      - 1 colher (sopa) de vinagre
      - 1/2 xícara (chá) de água
      sal e pimenta a gosto
      Bata todos os ingredientes no liquidificador e leve à geladeira.
      Farofa
      - 1 xicara (café) de semente de girassol
      - 1 xícara (café) de gergelim
      - 1 xícara (café) de germe de trigo
      - 1 1/2 xícara (café) de castanha-do-pará picada
      Triture a semente de girassol, o gergelim e o germe de trigo até obter uma farofa. Junte a castanha, polvilhe sobre o gaspacho gelado e sirva.
      Tomates e pimentões são fontes de licopeno; a farofa é rica em selênio.
      -
      Omelete de espinafre com açafrão-da-terra
      - 2 ovos inteiros
      - 1 xícara (chá) de folhas de espinafre picadas
      - 1 colher (chá) de cebola picada
      - 1 pitada de açafrão-da-terra
      sal e pimenta a gosto
      Em uma tigela, bata bem os ovos com um garfo ou batedor manual. Junte as folhas de espinafre, a cebola, o açafrão, sal e pimenta. Despeje a mistura em uma frigideira antiaderente untada com um fio de azeite, frite um lado até as bordas do omelete ficarem firmes, vire e frite o outro lado.
      Ovo, espinafre e açafrão são ricos em luteína e zeaxantina, substâncias antioxidantes.

        Vida real - Denise Fraga

        folha de são paulo

        Experiência coletiva
        Um celular pode tocar, alguém pode tossir, um grito pode soar no meio da plateia e um ator pode morrer
        ACONTECEU ALGUMAS vezes. Estou em cena, com o público na plateia, quando sou invadida pela sensação. "Que coisa engraçada a gente aqui, falando deste jeito, com este figurino... Eles ali, quietos. Que milagre ninguém romper com isso!" É como se, por instantes, eu tomasse consciência plena do aqui e agora do Teatro. É um pensamento perigoso, preciso me esforçar para voltar à concentração.
        Mas foram nesses momentos que compreendi quase concretamente a coisa única que é o evento teatral.
        Ouvi uma vez de um estudioso de nossa arte que o público continua indo ao teatro na grande esperança de ver um ator morrer em cena. Adoro essa ideia. Quer dizer, não creio que o público torça exatamente por isso, e Deus me livre algum dia eu mesma contribuir para a literalidade de tal máxima, mas amo pensar que o Teatro é algo que corre vivo num fio de navalha.
        Temos tudo combinado, mas, a qualquer momento, tudo pode acontecer, até mesmo a morte, e é essa extrema atualidade e o perigo que fazem esse ritual ancestral ainda acontecer por aí.
        Odeio quando toca um celular na plateia, coisa bastante frequente, aliás, mas confesso que também sinto um clandestino prazer.
        De alguma maneira, o toque do celular e o burburinho subsequente nos une na consciência do que estamos vivendo naquele momento.
        Pessoas que saíram de suas casas, escolheram o que vestir, muitas vezes compraram ingressos antecipadamente, combinaram com a amiga de pegá-la na porta do prédio, teceram uma rede de trivialidades humanas em torno das nove horas daquela noite, quando se encontraram numa sala escura para, juntas, ficar em silêncio ou rir, em onda sonora, conectadas ao campo dos sonhos, unidas em emoções e pensamentos semelhantes provocados por uma história contada por pessoas que correm o risco de não chegar ao fim do espetáculo. Não é incrível?
        O teatro é mesmo uma rara experiência coletiva onde todos nós, atores, equipe e público agimos sob um pacto oculto. Sabemos o perigo que é. Um celular pode tocar, alguém pode tossir, um grito pode soar no meio da plateia e um ator pode morrer.
        Na maioria das vezes, só ouvimos o celular e a tosse, graças a Deus, mas suspeito que Dionísio mantém uns telefones esquecidos nas bolsas de certas senhoras para que, nestes tempos tão virtuais, acordemos momentaneamente do sonho para perceber que estamos em pleno exercício do coletivo. Para lembrarmos da aventura e do prazer que é envolver-se neste ritual.

        Nocaute natural

        folha de são paulo

        Dá para tratar insônia com plantas? Apesar de bons resultados em vários casos, médicos dizem faltar estudos e lembram: ervas também têm efeitos colaterais e causam dependência
        MARCOS GOMESCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAQuando passa por períodos de insônia, a dona de casa Simone Vereda, 42, recorre ao chá de folhas de maracujá ou à tintura de farmácia à base de maracujá que lhe foi receitada por um fitoterapeuta: "Faço chá bem forte ou diluo uma tampa da tintura em meio copo de água e tomo meia hora antes de ir para a cama. Funciona bem".
        Já Paulo Vereda, 46, marido de Simone, diz não ter a mesma sorte. "Se não consigo dormir, as plantas medicinais não funcionam. Já tomei várias tampinhas de tintura de maracujá diluídas em água e nada de fazer efeito."
        E é isso o que acontece: para certas pessoas as plantas medicinais funcionam, para outras, não.
        DIAGNÓSTICO
        Mas é possível tratar insônia com esses remédios? Médicos acham que não.
        "A pessoa pode fazer uso de plantas medicinais por um período curto, mas para tratar a insônia é necessário fazer um diagnóstico, pois pode ser sintoma de doença, como depressão, ou resultar de mau condicionamento", diz Rosa Hasan, neurologista do Grupo de Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
        "O problema das plantas medicinais é a falta de estudos confiáveis. Esses estudos passam por várias fases e abrangem amostras amplas, o que os torna muito caros", afirma a médica.
        "Dessas plantas todas [usadas para combater a insônia], só tomei conhecimento de estudos comprovando algum efeito na valeriana", diz Hasan.
        E a neurologista adverte: "Não é para usar esse tratamento o tempo todo porque as plantas também causam dependência e tolerância e têm efeitos colaterais como os outros remédios".
        DOCES E 'CASCUDAS'
        José Garbin, clínico geral que trabalha em um retiro adventista em Itapecerica da Serra (SP) e é adepto da fitoterapia, também ressalta a importância do diagnóstico e da conversa com o paciente.
        No caso de pacientes com dificuldades para pegar no sono, Garbin afirma que tem alcançado bons resultados com o uso, por curtos períodos de tempo, de plantas medicinais como lúpulo, valeriana, maracujá e capim-limão. "Mas a alimentação também é importante: a falta de magnésio é um dos fatores que pode causar insônia", diz Garbin, que recomenda aos insones o consumo de folhas verdes no jantar.
        Já a fitoterapeuta Luciane Couto, que mora e trabalha em Parati (RJ), diz que indica a planta dependendo do biótipo da pessoa: "Pessoas doces se dão melhor com chá de melissa; para pessoas mais 'cascudas', recomendo mulungu, feito de cascas, ou valeriana, feita de raízes."

          PLANTAS
          VALERIANA
          (Valeriana officinalis)
          São usadas as raízes. Entre seus princípios ativos estão os valepotriatos, que aumentam as concentrações do ácido gama-aminobutírico, neurotransmissor que inibe a atividade cerebral causando relaxamento. É tóxica em altas doses e em uso contínuo, alerta Sylvio Panizza, em seu livro "Plantas que Curam: Cheiro de Mato" (São Paulo, Ibrasa, 1998).
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          LÚPULO
          (Humulus lupulus)
          É parente da maconha, mas não tem THC (o princípio psicoativo). Na planta, que é usada no preparo da cerveja, foram isoladas mais de 300 substâncias, destacando-se óleo volátil e resinas, como a lupulona. É indicada como calmante, mas faltam estudos que expliquem seu funcionamento.
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          CAPIM-LIMÃO
          (Cymbopogon citratus)
          São usadas as folhas. Embora faltem estudos científicos sobre seus componentes químicos, sabe-se que essa planta é desprovida de ação tóxica. Porém, microfragmentos das suas folhas, no chá, podem causar irritação na boca e nas mucosas.
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          MARACUJÁ
          (Passiflora edulis e Passiflora incarnata)
          São usadas as folhas. Segundo Harry Lorenzi e Abreu Matos ("Plantas Medicinais no Brasil", Instituto Plantarum, 2002), o efeito calmante do maracujá se deve principalmente a um alcaloide chamado passiflorina e a um flavonoide chamado crisina. As folhas da planta também possuem uma molécula que ao ser quebrada pela água se transforma em substância tóxica (ácido cianídrico).
          Por isso é recomendada a fervura demorada do chá.
          Doses altas de passiflora e tratamento repetido por largos períodos são desaconselhados por especialistas.
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          ERVA-CIDREIRA
          (Melissa officinalis)
          São usadas as folhas. A planta é tradicionalmente indicada como calmante em casos de ansiedade e insônia. Contém citronelol, limoneno, linalol, geraniol, triterpenoides, flavonoides, resinas, substâncias amargas e óleo essencial. Também faltam estudos sobre a ação da melissa no sistema nervoso.
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          MULUNGU
          (Eythrina mulungu)
          São usadas as cascas. Tradicionalmente empregada para combater ansiedade e insônia. Possui várias classes de alcaloides, inclusive de ação hipotensora, mas faltam pesquisas demonstrando sua ação no sistema nervoso.

            Alunos são acusados de trote racista em MG

            folha de são paulo

            Universidade diz que vai investigar o caso para apurar abusos de estudantes; ato gerou protestos na internet
            Diretório de estudantes repudia a ação dos alunos, que considerou 'altamente racista, machista e fascista'
            PAULO PEIXOTODE BELO HORIZONTEUm trote realizado na Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) na sexta-feira gerou protestos nas redes sociais. A universidade considerou o ato "racista".
            Duas fotos foram parar nas redes sociais, causando a discussão. Uma delas mostra participante do trote segurando uma corrente, pela qual está presa uma moça com o corpo pintado de preto. Em cartaz preso ao corpo dela se lê: "Caloura Chica da Silva".
            A outra fotografia mostra rapaz amarrado com fitas em pilastra, com o rosto pintado e bigode ao estilo de Adolf Hitler. Com ele, três participantes com braços estendidos fazem a saudação nazista.
            "A fotografia nos chocou a todos [na reitoria da UFMG], principalmente pelo conteúdo racista", disse à Folha a vice-reitora Rocksane Norton.
            Segundo ela, a reitoria da universidade determinou abertura de processo administrativo disciplinar para apurar os "abusos" e determinar eventuais punições, já que o trote é proibido.
            No final da tarde de ontem, uma nota de repúdio intitulada "Trote Não é Legal" foi divulgada pela universidade. Assinam a nota a vice-reitora e o reitor Clélio Diniz.
            Eles repudiam os "atos de violência, opressão, constrangimento ou equivalentes, praticados contra membros da comunidade universitária", em particular os trotes "aos novos estudantes".
            Após aberto o processo administrativo disciplinar, a universidade tem até 30 dias para investigar o caso. Os envolvidos podem receber punições que vão de advertência até a expulsão.
            Até a conclusão desta edição, nenhum estudante que aparece nas fotos havia sido identificado pela UFMG. Isso será feito pela direção da Faculdade de Direito.
            O Diretório Central dos Estudantes da UFMG divulgou nota repudiando "a ação dos alunos da Faculdade de Direito responsáveis pelo trote com caráter altamente racista, machista e fascista".
            Segundo o diretório, a utilização da imagem de Chica da Silva como algo pejorativo "é inadmissível e fere a história de nosso povo".
            Após o ocorrido, a Anel (Assembleia Nacional de Estudantes - Livre) lançou campanha contra os trotes "racistas e machistas" e marcou reuniões para discutir o caso.

              Francisco Daudt

              folha de são paulo

              Utopias
              Quando o distanciamento da realidade é levado a sério, o sujeito é um escolhido pelos deuses
              "ONDE É que ele está com a cabeça?", perguntei-me ao ouvir o candidato à presidência dizer que o PT era o bolchevismo sem utopia. Fiquei pensando na frase por bem uns minutos até entender que, em linguagem de dia de semana, o que a frase queria dizer era: o PT é autoritário e não é idealista.
              Utopia: "não-lugar" (lugar que não existe), a ilha ideal que morava na cabeça de Thomas Morus antes que Henrique 8º o decapitasse, existe sim na nossa cabeça onde vários lugares existem, quase todos eles diferentes daquele em que estamos -as chamadas heterotopias (lugares diferentes, do grego).
              "A felicidade está onde nós a pomos, e nós nunca a pomos onde estamos", dizia meu avô. De fato, o mais comum em nossas vidas é estarmos com a cabeça em outro lugar, como o candidato falando para um público muito culto, enquanto o outro falava para as multidões.
              Quem venceu?
              Não é que passear pelas heterotopias seja algo errado ou doentio. Estamos parados no tráfego, mas, com o rádio do carro ligado, viajamos para longe dali, ainda bem. Certo, ela pode ser perigosa se falamos ao telefone dirigindo. Digitar é bem pior. Quando nos apaixonamos, viramos nefelibatas (andamos nas nuvens), com a cabeça no mundo da lua. O emprego está chato, mas já estou naquelas férias planejadas.
              Todas as drogas e vícios, tabaco, álcool, carboidratos e compras desnecessárias têm a sedução de nos tirar de onde estamos e nos transportar, por minutos que seja, para um mundo diferente.
              Na heterotopia mora o planejamento: vejo-me velho, daqui a uns trinta sempre adiáveis anos, mas amparado pela previdência ("a capacidade de ver antes"), não a pública, deus me perdoe, mas a que construí com meu trabalho -que ser velho já é ruim, pobre então...
              Claro, há heterotopias malucas, quando o distanciamento da realidade é levado a sério, o sujeito é um escolhido pelos deuses, é uma reencarnação de Napoleão, de Jesus Cristo (é curioso, mas os napoleões de hospício saíram de moda... será falta de cultura?), e etc.
              A utopia é uma heterotopia do tipo faca de dois gumes. O primeiro gume corta o tempo-espaço como um farol-guia, dando princípios éticos que sabemos inatingíveis, mas que valem pela simples tentativa.
              O segundo gume corta pescoços, ceifa vidas em seu nome. A primeira vez que entrei em contato com uma delas foi pelo livro "A chave do tamanho", de Monteiro Lobato. Como tantos comunistas, ele tinha a utopia da sociedade perfeita, pacífica e semelhante a uma colmeia de abelhas instalada por golpe extremo (a "revolução").
              Emília, incomodada com a 2ª Guerra, reduz o tamanho dos humanos a poucos milímetros. Claro, a guerra cessa, e os sobreviventes (bilhões são devorados por gatos, cães, pássaros etc. Mas, para a utopia, sempre há um "pequeno custo") se organizam na "cidade do balde", todos iguais, bondosos, pacíficos e cooperativos, uma espécie de falanstério de Fourier.
              Pela utopia homens se explodem, já morando no paraíso com suas virgens (e as mulheres-bomba, o quê as motiva?)

              Nizan Guanaes

              folha de são paulo

              Francisco
              Marca, design, conduta, relações públicas, alinhamento interno: "habemus papam"
              Que coisa mágica é a vida. Estava eu chegando a Buenos Aires na semana passada para uma reunião de trabalho e jamais poderia imaginar que estivesse ali naquele dia para presenciar a mão do Espírito Santo e da história.
              Saí do Aeroparque, o belo aeroporto ribeirinho da capital argentina, e fui até o meu hotel trocar de roupa antes de minha reunião. Liguei a televisão e, para a minha surpresa, o papa já havia sido escolhido.
              Durante a próxima hora, eu e o mundo esperamos para ver que novo papa a fumaça branca nos traria. E eis que ele chegou. Surpreendente como a vida. Um argentino. E eu em Buenos Aires.
              Começava ali uma aula de comunicação para o mundo que resume e mostra de maneira instintiva tudo o que os teóricos enchem a paciência e perdem um tempo enorme para explicar: a comunicação de 360 graus.
              O cardeal Jorge Mario Bergoglio mostrou sem PowerPoint nem lero-lero como uma palavra pode mudar tudo, como um nome pode ser capaz de transmitir para o mundo todo uma mensagem tão poderosa e precisa.
              A palavra é Francisco.
              Francisco é uma palavra rica de significados num mundo pobre de significado.
              Francisco quer dizer coma moderadamente num mundo obeso. Francisco quer dizer beba com alegria num mundo que enfia a cara no poste. Francisco quer dizer consumo responsável em sociedades de governos e consumidores endividados. Francisco quer dizer o uso responsável do irmão ar, do irmão mar, do irmão vento e de todas as riquezas debaixo do irmão Sol e da irmã Lua.
              Francisco é um freio de arrumação não só na Igreja Católica Apostólica Romana, mas na sociedade a quem ela deve guiar. Em 24 horas, Bergoglio pegou uma instituição que estava emparedada e a tirou da parede, transportou-a dos intramuros do Vaticano para o meio da rua, para o meio do rebanho.
              Comunicar é o papel da igreja. Para isso, foram escritos o Velho Testamento e o Novo Testamento, e Jesus não deixa dúvida quando disse aos apóstolos: "Ide e anunciai o Evangelho".
              Ide, ao contrário do que faz a gorda Cúria Romana, quer dizer ir, não quer dizer ficar em Roma. Quer dizer ir e anunciar.
              E anunciar hoje é muito mais do que o comercial de 30 segundos. Anunciar hoje é usar todas as ferramentas disponíveis, todos os pontos de contato com seu público. Papa Francisco sabe disso muito bem.
              Tanto sabe que muito antes de se apresentar ao mundo na sacada do Vaticano baixou um Steve Jobs nele, e, quando o monsenhor veio lhe oferecer uma veste toda rebuscada, Francisco Jobs retrucou: Se o senhor quiser, pode vesti-la, monsenhor, eu, não. O carnaval acabou.
              É digno de reparo que Francisco não fez pesquisas nem testes antes de criar tudo isso. Não precisava. Foi buscar sua mensagem no DNA da igreja. E está escrevendo certo por linhas tortas.
              Mesmo as coisas conservadoras que têm dito, coisas com as quais eu pessoalmente não concordo, são muito relevantes. A igreja não pode querer agradar a todo mundo. Ela tem que marcar territórios e significar coisas, e, ao fazê-lo, naturalmente exclui almas de seu rebanho.
              Marca, design, conduta, relações públicas, endomarketing, alinhamento interno: "habemus papa".
              Francisco se utilizou de todos os recursos do marketing para passar sua mensagem rapidamente, com alto impacto e precisão, para o público interno e para o público externo.
              Parece até que o 3G Capital assumiu o comando da igreja. Choque de gestão, orçamento base zero, alinhamento com a cultura perdida, volta às raízes, fé no trabalho, administração franciscana e disciplina de jesuíta de santo Inácio e professor Falconi.
              Paradoxalmente, Francisco hoje acredita numa gestão mais parecida com Lutero do que com a tradição romana. Mas a igreja só teve que se enfrentar com Lutero porque ao longo do tempo se esqueceu da palavra Francisco.
              NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC, escreve às terças-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.

                Cristina pede a Francisco ajuda para obter Malvinas

                folha de são paulo

                O NOVO PAPA
                Após derrota em referendo, presidente apela a argentino para pressionar Londres
                Encontro no Vaticano também foi usado para tentar 'aparar arestas' com Francisco, que foi crítico de seu governo
                BERNARDO MELLO FRANCOENVIADO ESPECIAL A ROMAUma semana depois de ser derrotada no plebiscito das Malvinas, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, apelou ontem ao papa Francisco para tentar pressionar o Reino Unido a negociar o controle das ilhas.
                Ela foi a primeira chefe de Estado a ser recebida pelo compatriota Jorge Mario Bergoglio e disse ver uma "oportunidade histórica" para reabrir a disputa após sua eleição para comandar a Igreja.
                O Vaticano não deu sinais de que o novo pontífice tenha concordado com a proposta.
                "Abordamos um tema que é muito sensível para nós argentinos, a questão das Malvinas", afirmou Cristina, sugerindo sintonia com o papa.
                Bergoglio foi um duro crítico dos governos Kirchner como arcebispo de Buenos Aires. Ele defendia a soberania argentina sobre as Malvinas, mas não há garantias de que encampe essa bandeira à frente do Vaticano.
                Depois da eleição de Bergoglio como papa, o premiê britânico David Cameron afirmou que respeita a opinião, mas mantém a decisão de não negociar as ilhas.
                Ontem, Cristina disse torcer para que Francisco repita os passos de João Paulo 2º, que mediou disputa de fronteiras entre Argentina e Chile em 1978, quando os países eram governados por ditaduras.
                Ela voltou a criticar o governo britânico, mas não comentou o plebiscito em que 99% dos moradores das Malvinas disseram apoiar a manutenção dos laços políticos com o Reino Unido.
                'PÁTRIA GRANDE'
                Cristina tentou usar o encontro para aparar as arestas e transmitir uma imagem de harmonia com o novo papa.
                Relatou que ele teria chamado a América Latina de "Pátria Grande", uma expressão usada por Simon Bolívar e repetida por governantes de esquerda do continente.
                "Para uma argentina, uma latino-americana, ouvir da boca do papa este termo me impressionou muito", afirmou, depois de presenteá-lo com uma cuia de mate, bebida tradicional no país.
                A presidente evitou comentar a acusação de que o papa teria colaborado com a ditadura militar em seu país, o que é negado pela Santa Sé.
                Ela chefia uma delegação de 140 pessoas em Roma, segundo o "Clarín". Na semana passada, o papa pediu que os argentinos não viajassem para assistir sua posse hoje.

                  "Modernizar" igreja não deve ajudar a conter a fuga de fiéis

                  folha de são paulo

                  ANÁLISE / VATICANO
                  É improvável que o novo papa decida fazer mudanças profundas em questões de moralidade pessoal e gênero
                  REINALDO JOSÉ LOPESCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAÀs vezes é difícil evitar a impressão de que reportagens sobre as crises da Igreja Católica são produzidas por robôs, dotados de algum tipo de gerador automático de textos (e incluo nessa categoria várias das reportagens que eu mesmo escrevi, claro).
                  Basta combinar palavras-chave como "celibato", "aborto" e "pedofilia" com a expressão "fuga de fiéis" e "voilà", tem-se a fórmula para explicar o declínio supostamente inexorável do catolicismo.
                  Seria leviano dizer que essas coisas nada têm a ver com o encolhimento da igreja (e, no caso da pedofilia, uma completa insensibilidade com as vítimas desse horror).
                  Ao mesmo tempo, contudo, não parece claro que um clero católico casado, que inclua mulheres e se disponha a realizar matrimônios de divorciados ou gays (digamos), seja suficiente para trazer multidões de ovelhas desgarradas de volta ao rebanho.
                  A questão é que todas essas mudanças "modernizantes" foram adotadas pelas chamadas igrejas protestantes históricas, separadas de Roma há uns 500 anos -os anglicanos, calvinistas e luteranos, por exemplo.
                  Não adiantou grande coisa, ao menos se definirmos "adiantar" como "segurar os fiéis".
                  Para as igrejas cristãs, a situação é particularmente alarmante no norte da Europa: num arco que vai do Reino Unido à Finlândia, entre dois terços e três quartos da população afirma não acreditar em Deus (desses, um terço diz crer numa vaga "força cósmica maior") -embora, nominalmente, a maioria da população ainda batize os filhos como anglicanos ou luteranos.
                  No Brasil, nunca é demais lembrar que, junto com os evangélicos, a fatia demográfica que mais cresce é a dos sem religião.
                  É improvável que o novo papa decida fazer mudanças profundas em questões de moralidade pessoal e de gênero.
                  Caso escolha fazê-lo, no entanto, a última coisa a considerar é a sangria de fiéis católicos. Talvez seja melhor examinar se alterações desse tipo são, de fato, uma questão de justiça, de seguir o espírito do Evangelho que a igreja afirma defender -e esquecer o concurso de popularidade.

                    A arte dos ninhos - Maria Esther Maciel


                    Estado de Minas: 19/03/2013 


                    Sempre tive certo fascínio por ninhos de pássaros. Tanto pelo que são quanto pelo que representam enquanto espaços de recolhimento, abrigo e criação. Além disso, podem ser verdadeiras obras de arte, dependendo do requinte com que são construídos pelas aves.

                    Encontrei, há poucos dias, um livro magnífico sobre ninhos, intitulado Berços da vida – Ninhos de aves brasileiras, com textos e fotos de Dante Buzzetti e Silvestre Silva, numa belíssima edição da Terceiro Nome. A capa já nos oferece uma pequena amostra do que vem dentro: a foto de um elaborado ninho de beija-flor. Mas só na página 99 surge a descrição desse ninho, construído pelo beija-flor balança-rabo-canela. É feito de raízes entrelaçadas, fibras vegetais e folhas secas envolvidas em delicadas teias de aranha, e fica geralmente dependurado na folha de uma palmeira ou de um filodendro. O jogo de cores – formado pelo verde da folha, o marrom das raízes e o branco transparente das teias – faz do ninho um elegante poema visual em forma de cone. A foto traz ainda um beija-flor em estado de aparente imobilidade, mas com as asas em movimento, alimentando os filhotes com o bico. Pela descrição, essa espécie faz parte dos chamados beija-flores das sombras, que habitam espaços de pouca luz no fundo da mata. Aliás, já ouvi dizer que o beija-flor é o único pássaro capaz de voar em marcha a ré. E já repararam como bate as asas com rapidez? Mas como nem tudo é perfeito, ele não consegue andar no chão, pois tem as patas frágeis e curtas.

                    Pelo que se vê no livro, os ninhos dessa ave variam de acordo com a espécie. E, só no Brasil, há mais de 80 espécies. Uma das fotos mostra o beija-flor rabo-branco-de-garganta-rajada, conhecido por enfeitar o ninho com um líquen vermelho que, sob o efeito do calor, tinge os ovos de um tom rosado. Logo depois, vem a imagem do beija-flor-de-fronte-violeta, que prefere criar ninhos em arbustos baixos e forrá-los com paina. Já o beija-flor-preto reveste a parte externa do ninho com liquens cinzentos para camuflá-lo, e o besourinho-de-bico-vermelho faz o ninho sob barrancos, à margem de estradas ou riachos. Mais adiante, vê-se a imagem de um pequeno ninho feito de cascas e líquens, com dois filhotes dentro, ambos à espera de comida. É do beija-flor verde. Lindo.

                    Diferentes espécies de beija-flor e outras aves brasileiras estão na obra. Os ninhos são de diferentes tamanhos, cores e texturas. Cada um com sua beleza própria. Há também fotos que mostram ninhos com ovos. Mas, pelo visto, nenhum ovo se compara aos da perdiz, de cor arroxeada, e aos do macuco, que são azuis. Se bem que existem os da saíra-diamante, de cor lilás. Parece que têm esse tom graças a um fungo arroxeado que a ave usa para tramar o ninho.

                    O livro mostra, do início ao fim, como os pássaros conhecem e dominam várias técnicas da escultura, da arquitetura e da costura. Sabem colar, tecer, escavar e entalhar, como poucos humanos. Valem-se, para isso, dos mais distintos materiais extraídos da natureza. E podem nos ensinar muito sobre a arte e a vida.

                    Se hoje pudesse começar um novo ofício, acho que me tornaria fotógrafa, só para ir em busca de ninhos. De preferência, nos lugares mais difíceis. Ou impossíveis

                    Tv Paga

                    Estado de Minas - 19/03/2013

                    Vai dar praia

                    As amigas Marcela Witt, Michelle Schlanger, Violeta Caminos, Marina Werneck e Emilie Biason vão curtir as férias dos sonhos em Santa Catarina. Mais precisamente na Praia do Rosa, onde as cinco surfistas vão se aventurar não apenas nas ondas do balneário, mas encarar trilhas e mergulhos e se divertir em festas pela região ou praticando wakeboard, stand up paddle e sandboard. É o que promete a série Férias no Rosa, que estreia hoje, às 22h, no Multishow.

                    Canal Off convocou as
                    feras do skate vertical


                    Novidade também no canal Off, que reservou para hoje, às 23h, um documentário sobre a edição 2013 do Vert Jam, no Rio de Janeiro. O programa mostra o evento de skate vertical mais tradicional do Brasil e ainda sessões com grandes nomes da modalidade nos principais picos do Rio. Entre eles, Bob Burnquist, maior ícone do skate mundial, e também Edgard Vovô, Rony Gomes, Karen Jones e Dan Cézar.

                    Lobisomem ataca os
                    agricultores na África


                    Documentário curioso é o que o NatGeo está anunciando para as 21h30, na série O homem e as feras. O episódio inédito “O lobisomem africano” relata casos registrados na Tanzânia, onde a paz das plantações está sendo perturbada pelos assustadores gritos dos agricultores arrastados até a morte por uma enorme e violenta criatura. Os moradores da região dizem que a criatura é tão agressiva e esperta que poderia ser um humano transformado em animal. E mais ainda, dizem que a lua cheia é um sinal de ataque iminente.

                    Documentário explica
                    o exílio de um artista


                    No canal Bio, a atração é um documentário que já foi exibido pelo Canal Brasil, mas que vale a pena ser visto por quem ainda não conhece a produção: Simonal – Ninguém sabe o duro que dei. Dirigida por Micael Langer, Calvito Leral e Cláudio Manoel em 2009, a produção mostra que a ascensão do cantor Wilson Simonal foi tão meteórica quanto seu declínio. Um astro da MPB nos anos 1960 e começo dos 70, Simonal teve a carreira praticamente interrompida ao ser acusado de informante do governo durante a ditadura militar. Simonal morreu em 2000, no ostracismo e deprimido em decorrência do alcoolismo. No ar às 18h30.

                    Canal Brasil estreia a
                    fita Estado de exceção


                    O capitão Jorge Santos começa a ter alucinações envolvendo a própria identidade e a do santo. Profundamente abalado com pesadelos sobre sua morte, ele arrisca a carreira e o destino de seus três companheiros de viatura numa jornada de 24 horas. Essa é a trama de Estado de exceção, filme de Juan Posada, em cartaz hoje no Canal Brasil, às 22h. No mesmo canal, à 0h15, será exibido o penúltimo filme da Mostra Zé do Caixão, Inferno carnal, rodado em 1977.

                    Muitas alternativas na
                    programação de filmes


                    Na concorrida faixa das 22h, o assinante tem mais 10 opções: Amizade colorida, no Max HD; Larry Crowne – O amor está de volta, na HBO HD; Hancock, no Studio Universal; Thor, no Telecine Premium; Rede de mentiras, no Space; Auto focus, no AXN; Valente, na Warner; Terror na Antártida, na TNT; No rastro da bala, no FX; e As pontes de Madison, no TCM. Outras atrações da programação: Cegos, surdos e loucos, às 21h, no Comedy Central; e Bruna Surfistinha, às 22h25, no Megapix.

                    Encruzilhada no PSDB - Tereza Cruvinel


                    Estado de Minas: 19/03/2013 


                    Pode não ter sido definitiva a conversa de ontem entre o pré-candidato tucano, o senador Aécio Neves (MG), e o ex-governador José Serra, mas ela prenuncia grandes conturbações no PSDB. Serra tem feito chegar a Aécio e seu grupo que se não for ele o próximo presidente do partido, não o apoiará e deixará a legenda. Aécio, por seu lado, sabe que sua candidatura nasceria ferida e enfraquecida se aceitasse esta imposição. O próprio ex-presidente Fernando Henrique, apesar da antiga amizade com Serra, seria contra a concessão. E, para complicar, o governador de São paulo, Geraldo Alckmin, também estaria sendo, no dizer de um dirigente tucano, “contaminado” pela intransigência de Serra.

                    Intermediários voltaram a lhe oferecer a presidência do Instituto Teotônio Vilela, o que ele teria considerado uma ofensa. Na estratégia dos aliados de Aécio, ele próprio deve assumir a presidência do partido na convenção de maio, que lhe dará púlpito e mobilidade para trabalhar a candidatura. Hoje, a presidente Dilma tem a caneta mais poderosa da República e todo o poder e visibilidade conferidos pelo cargo. Eduardo Campos (PSB) tem o governo de Pernambuco. Aécio dispõe apenas da tribuna do Senado. Não pode fazer uso eleitoral dela o tempo todo, ainda mais numa Casa comandada por aliados de Dilma.

                    Mas não só pelas facilidades que a presidência do partido pode propiciar ao candidato é que a turma de Aécio se recusa a cedê-la ao ex-governador tucano, que disputou a presidência em 2002 e 2010. O que mais preocupa é a previsível discórdia pública que haveria, caso Serra ocupasse o posto, entre o presidente do partido e o candidato. Quem conhece as diferenças entre eles e o estilo de Serra sabe que frequentemente ele externaria divergências públicas com alguma ação ou declaração de Aécio. E esse sinal de desunião dentro de casa tem sempre efeito nefasto junto ao eleitorado. O PT e o PMDB são conhecidos por suas dissensões internas mas vêm conseguindo administrá-las, ou pelo menos dissimulá-las o melhor possível. Campos, por sua vez, tem um partido pequeno porém coeso.

                    Serra tem mágoas de Aécio, a quem acusa de ter feito corpo mole em suas campanhas de 2002 e 2010. Já as razões de Alckmin são ligadas à sua própria reeleição, que não será um passeio. Está desgastado, e o PT armado para conquistar o Palácio dos Bandeirantes. Alckmin tem dialogado com o PSB de Campos, que integra sua base na Assembléia Legislativa. As sereias lhe dizem que deve deixar uma porta aberta para o socialista, o que carrearia votos para sua reeleição. Boa parte do PSDB, paulista, entretanto, está bem composta com Aécio e compreende que São Paulo já deu o candidato presidencial tucano em todas as eleições pós-democratização. O apoio de Alckmin, dono do palanque estadual, é fundamental para Aécio. Mas a ameaça de Serra, que poderia migrar para o PPS, muitos tucanos, inclusive paulistas, acham que ele deve pagar para ver.


                    O beijo do Papa
                    O novo papa já caiu no gosto do povo e, com isso, cai a ficha dos governantes sobre a conveniência da boa relação com ele. Que o diga a presidente argentina Cristina Kirchner, que da frieza inicial passou à emoção com o beijo que ganhou de Francisco ontem, depois de um almoço reservado em que pediu sua mediação no contencioso sobre as Malvinas com o Reino Unido. Por sinal, de maioria anglicana, o que limita a influência dele. O beijo pode ter o sentido de perdão, tema de uma das falas do papa depois de eleito. Cristina teria lhe negado muitos pedidos de audiência, afora as rusgas públicas. Ela visivelmente mudou de tom, adotando a linha de Dilma. O papa pop pode não ser um aliado, mas não pode ser um adversário. Os governantes de centro-esquerda sul-americanas sabem que ele imprimirá forte viés pastoral-social à Igreja no continente, concorrendo com as políticas públicas para os mais pobres. Neste caso, mais vale a aliança que a disputa.


                    Barbosa: longe da política
                    Têm circulado notícias de que o ministro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, estaria tendo conversas frequentes com o senador Aécio Neves. Especulou-se até que poderia vir a ser vice do presidenciável tucano. Barbosa nega. Encontrou-se com Aécio em sua posse e não mais se falaram. A política não o tenta, e muito menos a ideia de filiar-se a um partido político, assegura ele.


                    Três vértices
                    O decreto que criou o sistema nacional de TV digital reservou canais para as emissoras privadas já existentes, canais para a rede nacional de TV Pública e algo que demorou a ser compreendido e regulamentado, o Canal da Cidadania. Em dezembro, o Ministério das Comunicações regulamentou esta previsão: será criada uma rede com canais em cada município, que poderão operar quatro programações simultâneas, a chamada multiprogramação. Um será operado pela prefeitura local, outro transmitirá programação institucional do estado (unidade da federação) e outros dois, programação comunitária. Agora, o ministério autorizou as TVs educativas estaduais a operarem como canais da cidadania, oferecendo as quatro programações. Com anos de atraso, e mesmo no ritmo lento do sistema digital, vai se criando o equilíbrio entre canais privados, públicos e estatais previstos pela Constituição.

                    Invasão do Iraque - 10 anos - Sergio Dávilla

                    folha de são paulo

                    Moradores de Bagdá relembram guerra que faz 10 anos hoje
                    Sobreviventes de ataques dos EUA e de massacre atribuído a Saddam Hussein relatam à Folha como é sua vida hoje
                    Em dez anos de invasão, morreram até 120 mil civis iraquianos, e os EUA gastaram um PIB brasileiro no conflito
                    SÉRGIO DÁVILAENVIADO ESPECIAL A BAGDÁHá dez anos, num fim de tarde de março de 2003, o bairro de Al Shola, um reduto xiita pobre na periferia de Bagdá, ouviu um barulho como nunca antes, seguido de gritos, choros, latidos e alarmes de (poucos) carros.
                    Um artefato explosivo atingira o mercado central do bairro, no que foi o maior massacre civil do início da Guerra do Iraque, que hoje completa dez anos. Ao menos 58 pessoas morreram e 49 ficaram feridas. Restos humanos se espalharam pelas calçadas do comércio, formando caminhos de sangue seguidos pelos olhares de curiosos, adultos e crianças.
                    Um deles era Fuad Ramadan, então com 25 anos. Já com os cabelos ralos, ele aparece no canto de foto feita pela Folha na ocasião. Após uma busca de alguns dias que envolveu um tenente da polícia bagdali e dezenas de moradores, o comerciante foi localizado pelo jornal ontem.
                    Mais calvo, hoje vende bolinhos de falafel não muito longe de onde houve a explosão. Casado, tem um filho nascido três anos depois do massacre e se lembra bem do dia.
                    "Eu vendia kebabs quando ouvi o barulho", diz. "Corri ao local e fiquei aliviado ao saber que nenhum parente e amigo tinha morrido", continua, "mas revoltado ao ouvir que o artefato era de fabricação iraquiana". A tese, defendida pelos locais, é que se tratava de artilharia antiaérea de Saddam Hussein desviada por erro ou má-fé -o ditador, da minoria sunita, perseguia xiitas como Ramadan.
                    O vendedor acha a vida melhor hoje. Seu bairro não melhorou muito. O esgoto continua a céu aberto, as moscas abundam, há inundação nas chuvas. Mas as lojas vendem eletrônicos de última geração e celulares, num cenário não muito diferente das favelas paulistanas.
                    Em dez anos, de 110 mil a 120 mil civis iraquianos morreram, segundo o grupo Iraq Body Count. Cerca de US$ 2,2 trilhões foram gastos pelos EUA no conflito, de acordo com a Brown University -equivalente à riqueza produzida pelo Brasil em 2012.
                    Levantamento Gallup divulgado ontem conclui que 53% dos americanos acham que ir à guerra foi um erro. Não há pesquisas confiáveis entre os iraquianos, mas o sentimento geral parece ser de duplo alívio -com a queda, prisão e execução de Saddam e com a retirada dos americanos, no fim de 2011.
                    Outros personagens de 2003 aproveitam a data para um balanço. É o caso de Hazam Salah, hoje com 46 anos, que cuidava de um estacionamento ao lado do Ministério das Telecomunicações quando um míssil americano atingiu a rua sem ser detonado, deixando uma cratera.
                    O buraco foi coberto, mas as marcas estão lá. "Como não sou político nem religioso, Saddam me deixava em paz, mas as coisas de fato melhoraram", diz Salah, hoje dono de um estacionamento.
                    Menos feliz é a família Abdalla. Os irmãos, suas mulheres e seus filhos e netos moram desde o século 19 na mesma vizinhança. Que nos anos 70 recebeu o escritório central do correio iraquiano, seguido nos anos 90 por uma antena de telefonia, atingida em 2003 por um míssil.
                    Ao ver a foto da Folha feita então, os Abdalla revelam que suas casas já foram destruídas três vezes: na Guerra do Golfo de 1991, na Operação Raposa do Deserto, em 1998, quando o governo de Bill Clinton atingiu alvos iraquianos, e na guerra de 2003.
                    Eles se dividem hoje entre duas salas improvisadas ao ar livre -Bagdá não vê chuva 330 dias por ano-e um contêiner dado pelos americanos antes de sua saída.
                    "Que culpa temos de morar aqui?", pergunta Mansur Abdalla, 39, que com a morte dos pais há dois dias virou o patriarca. "Quem vai nos ressarcir?"

                      FRASES
                      "Ganho dez vezes mais -US$ 250 por mês- e posso falar o que penso"
                      FUAD RAMADAN
                      comerciante, comparando sua vida em 2003 e hoje, depois da guerra; ele foi fotografado pela Folha dez anos atrás
                      "Como não sou político nem religioso, Saddam me deixava em paz, mas as coisas de fato melhoraram"
                      HAZAM SALAH
                      dono de estacionamento em Bagdá, sobre mudança no dia a dia da cidade
                      "Que culpa temos de morar aqui? Quem vai nos ressarcir?"
                      MANSUR ABDALLA
                      patriarca de família cujas casas foram atingidas três vezes desde 1991 e hoje mora em contêiner e sala improvisada

                      Iraque é viável, diz embaixador brasileiro
                      DO ENVIADO A BAGDÁHá pouco mais de um ano e pela primeira vez em duas décadas, o Brasil conta com embaixada própria em Bagdá, depois de um período de representação à distância, na vizinha Jordânia.
                      Seu titular, Ánuar Nahes, 60, tomou posse em março de 2012, num dos postos mais perigosos da diplomacia mundial e mais bem pagos da brasileira. Leia trechos da entrevista que ele concedeu por e-mail à Folha.
                      (SD)
                      -
                      Folha - Em que as relações Brasil-Iraque mudaram entre 2003 e 2013?
                      Ánuar Nahes - Na esteira da invasão do Kuait em 1991 por tropas do regime de Saddam Hussein, o Brasil desativou sua embaixada em Bagdá e a transferiu para Amã, inicialmente como seção da Embaixada na Jordânia.
                      Mas, tão logo instaurado pela ONU o regime de Petróleo por Alimentos, o Brasil retomou contatos comerciais. À medida que o Iraque pós-2003 começou a se reestruturar, eles foram aumentando.
                      Com a retirada das tropas americanas, em 2011, o governo brasileiro considerou ser o momento de reabrir sua embaixada. Eu já estava em Amã desde dezembro de 2011 e cuidei da transferência. Nunca interrompemos as relações: só as adequamos às circunstâncias da história.
                      O Iraque já foi um dos principais parceiros comerciais do Brasil, nos anos 80. Como aumentar e tornar mais variada a pauta comercial entre os dois?
                      O Iraque é um país rico, precisa se reconstruir, luta para se reerguer internamente e se reposicionar internacionalmente. Atualmente, não focamos as relações apenas no setor comercial. Há cooperação cultural, educacional, coordenação política.
                      É só dar tempo ao tempo, aproveitar as oportunidades e seguramente o relacionamento bilateral se intensificará.
                      O Iraque é viável como país? A violência sectária não pode inviabilizar o projeto de união?
                      Sim, é viável. Sempre existem os interessados em fazer o jogo étnico ou sectário para atender a seus projetos de poder. Se o Iraque mantiver o regime democrático e fizer eleições regularmente nos próximos 10 a 20 anos, terá vencido a batalha. No Brasil foi assim. Democracia se constrói com paciência e pertinácia.

                        PERSONAGENS DA GUERRA
                        O que aconteceu com eles depois de 2003
                        Kadom al Jabouri, 52
                        Fisiculturista ficou famoso ao ser exibido na TV martelando a base da estátua de Saddam que acabara de ser derrubada. "Eu odiava Saddam, mas o que veio depois dele foi desapontador", diz hoje
                        Salam Pax, 40
                        Blogueiro que ganhou fama mundial com a invasão hoje é assessor de imprensa da Unicef, usando seu nome verdadeiro, Salam Abdulmunem. Procurado, ele disse que não quer falar sobre a invasão
                        Tariq Aziz, 76
                        Único cristão do gabinete de Saddam Hussein, ex-chanceler e ex-vice-premiê foi condenado à morte em 2010 e continua preso em Bagdá, aguardando a execução


                        DIÁRIO DE BAGDÁ - 10 ANOS DEPOIS
                        Ônibus de dois andares voltam à capital; moeda do país se valoriza
                        Elba em Bagdá 1
                        Dez anos depois, os ônibus de dois andares estão de volta a Bagdá. Sumidos desde a queda de Saddam Hussein, em 2003, os típicos veículos vermelhos londrinos circulam pela cidade para alegria dos bagdalis -são os únicos com ar-condicionado. Londrinos, pero no mucho: da marca Elba, são fabricados na Jordânia. E têm o motor desligado caso o motorista resolva se desviar da rota preestabelecida.
                        Elba em Bagdá 2
                        Apesar disso, são raros os ônibus em Bagdá (risco de terrorismo + calor de 50ºC no verão + descaso do governo). Mais raros ainda são os motoqueiros -e inexistentes os motoboys.
                        Dinheiro na mão
                        Há dez anos, o Iraque era isolado da comunidade financeira internacional pelo bloqueio das Nações Unidas.
                        Assim, para o estrangeiro no país receber dinheiro, tinha de encontrar um iraquiano confiável com conta na Jordânia, que dava o equivalente em dinares locais aos dólares que fossem depositados para ele lá fora, menos uma comissão.
                        Hoje, saques em caixas eletrônicos (a maioria deles ainda em hotéis) são operação corriqueira.
                        Dinheiro na mão 2
                        O dinar também se valorizou. Não era incomum ver pessoas com quilos de notas com o rosto de Saddam Hussein em barracas na rua -ninguém roubava, ninguém ligava, a cotação era 3 milhões de dinares para US$ 1.
                        Atualmente, mil dinares novos compram o mesmo tanto de dólares.
                        Para casar?
                        Dependendo da divisão do islamismo a que pertence e do povoado ou da tribo de que vêm, os homens árabes podem se cumprimentar com três beijos, como os cariocas. No Iraque, a juventude economiza tempo dando os três na mesma bochecha.

                          País vive nova onda de violência sectária às vésperas de pleito
                          Sunitas e xiitas retomaram ataques em 2011; 130 civis foram mortos desde início de março
                          DO ENVIADO A BAGDÁDesde que a Folha chegou a Bagdá, na segunda-feira, 4 de março, 130 civis iraquianos foram mortos de maneira violenta, vítimas da segunda onda de disputa sectária que toma o país desde a invasão de 2003. Outros 134 foram feridos.
                          Eles se juntam a um grupo que, só em 2013, já passa dos 2.000. Um deles é Hyder Hasson, 18. No dia 28 de fevereiro, na avenida que cruza Al Shola, na periferia de Bagdá, e divide uma comunidade xiita de uma sunita, ele assistia a um jogo de futebol. Jogadores e plateia eram xiitas.
                          No campo de terra, estavam dois times amadores de amigos dele. No meio do jogo, Hasson ouviu um estouro. Ele e todos os outros olharam para trás e viram um carro-bomba explodido.
                          Antes que pudessem voltar a atenção de volta para o jogo, um suicida com um colete de explosivos já estava no meio do campo.
                          Depois de gritar Allahu Akbar (Deus é o maior, em árabe), ele puxou o detonador, se matando e a 24 dos jogadores e plateia. Eram meninos entre 15 e 24 anos.
                          Hasson sobreviveu e conta a história à Folha. Nos memoriais improvisados, há fotos de todos os mortos. Num deles, as luvas do goleiro estão com as pontas dos dedos queimadas.
                          No lado oposto do campo, a banda sunita da avenida, a trave está intacta. No lado onde a maior parte das mortes ocorreu, a banda xiita, a trave está torta como um grande canudo usado de refrigerante. Originalmente branca, traz marcas de sangue.
                          O menino levanta a calça do abrigo: há uma ferida ainda aberta da explosão na perna esquerda. Ele levanta a blusa do abrigo e mostra cicatrizes antigas no braço esquerdo. Hasson é um sobrevivente duplo: quando era mais jovem, estava presente em outro ataque suicida, que não o matou.
                          INSURGÊNCIA
                          Até a queda de Saddam Hussein, em 2003, as duas comunidades viviam lado a lado em relativa harmonia. Os ataques começaram durante o auge da insurgência contra a presença americana, entre 2005 e 2007. Xiitas atacavam sunitas, que atacavam xiitas; eventualmente, os dois lados se aliavam para atacar o invasor.
                          Com a saída dos americanos, no fim de 2011, extremistas ligados à Al Qaeda do lado sunita retomaram os ataques. Milícias do lado xiita voltaram a retaliar. E grupos em ambos os lados usam de rapto e sequestro para o financiamento de armas.
                          A situação tende a piorar conforme se aproximam as eleições municipais de abril. Em Nínive, província de maioria sunita no norte do país, 14 pré-candidatos retiraram sua candidatura, e 150 funcionários eleitorais revelaram ter recebido ameaças.

                            Cinderela indie - Carolina Braga

                            O documentário Procurando Sugar Man revela como se construiu a lenda sobre Sixto Rodriguez. Astro na África do Sul, o cantor e compositor ficou misteriosamente desaparecido por décadas 


                            Carolina Braga

                            Estado de Minas: 19/03/2013 


                            A história que circulava pela África do Sul era mesmo digna de um mito do rock. Sixto Rodriguez, o cantor do cultuado álbum Cold fact, que teria vendido mais discos do que Elvis Presley, morrera tragicamente no palco durante um incêndio. A lenda indie se manteve por anos a fio e o caso só foi esclarecido graças à persistência de fãs fervorosos. Os bastidores dessa cruzada serviram de matéria-prima – ou melhor, de cereja do bolo – para Procurando Sugar Man, vencedor do Oscar 2013 na categoria melhor documentário.

                            Ainda sem data de estreia no circuito comercial brasileiro, o filme – assim como seu personagem – tem construído carreira impulsionada pela internet. Lançado há menos de um ano, o longa do jovem cineasta Malik Bendjelloul desperta curiosidade no mundo inteiro. Além do Oscar, o diretor ganhou 12 prêmios internacionais, incluindo o conferido pelo Festival de Sundance e o britânico Bafta. O documentário foi também brindado com os louros dos sindicatos de diretores e de roteiristas norte-americanos.

                            O diferencial de Procurando Sugar Man não está no formato, na música e tampouco na maneira diferente de tratar a saga de Rodriguez. O segredo é simples: Bendjelloul aborda um fato que beira o surreal. “É uma história de Cinderela, que ressoa nas pessoas. Além de ser verdadeiro, diz também sobre como a esperança deve prevalecer”, comenta o jornalista Craig Bartholomew Strydom, especializado em música.

                            A comparação com os contos de fadas pode parecer exagerada, mas é plausível. Afinal de contas, esperança não faltou a nenhum dos envolvidos no documentário – inclusive ao repórter Craig Strydow, diretamente envolvido com a pauta sobre o misterioso Sixto Rodriguez. Procurado pelo diretor Malik Bendjelloul há cinco anos, o jornalista duvidou da eficácia de levar aquele caso para as telas.

                            “No primeiro momento não tive certeza, mas aceitei. Trabalhei com o diretor em 2008 e em 2010. No fim das contas, o filme é a visão dele sobre a descoberta de Rodriguez”, resume Craig Strydom.

                            Procurando Sugar Man não é um musical no formato documentário. Ainda que sutilmente, o filme revela a mudança substancial da lógica de funcionamento da indústria fonográfica, sobretudo nesta era de compartilhamentos na internet. “Durante décadas, as gravadoras fecharam contratos que não eram nem justos nem equilibrados. Elas dominaram os artistas, roubaram dinheiro, praticaram uma espécie de crime do colarinho branco. Com a internet, os músicos agora estão no comando”, acredita Craig Strydom. Sixto Rodriguez é exemplo disso.



                            Namorada O documentário de Malik conta como o repórter Craig e o vendedor de discos Stephen “Sugar” Segerman desvendaram o mistério. Ao estilo Bob Dylan, o folk de Rodriguez era cultuado na África do Sul na década de 1970. Completamente desconhecido em seu país, os Estados Unidos, ele vendeu meio milhão de discos a fãs africanos, depois de lançar os álbuns Cold fact (1969) e Comming from reality (1972).

                            Diz a lenda que as canções cruzaram o Atlântico levadas por uma jovem americana para o namorado sul-africano. Como pólvora, as mensagens libertárias de Rodriguez se espalharam no país do apartheid. O cantor e compositor se converteu num símbolo de rebeldia. Jovens universitários gravaram fitas cassete para os colegas, até que álbuns do artista chegaram informalmente à África do Sul. No entanto, Rodriguez jamais apareceu por lá ou recebeu um centavo de direitos autorais.

                            Quando o álbum Cold fact completou 40 anos, Craig e Stephen não se deram por satisfeitos com a lenda sobre seu autor. “Achávamos que ele havia se matado, imolando-se no fogo diante do público. Era algo inacreditável, não um simples suicídio. Ou, provavelmente, o suicídio mais grotesco da história do rock”, comenta Stephen no filme. A dupla decidiu investigar que fim teve – mesmo – o cantor cultuado nos arredores de Cape Town. Vem daí a grande surpresa do documentário.

                            Injustiça A estrutura de Procurando Sugar Man é bastante corriqueira, baseada em depoimentos. Porém, há certo suspense na forma de contar a história, que envolve o espectador na cruzada em busca de Rodriguez. “O documentário prende pela história, fantástica por si. Fosse ficção, ela soaria inverossímil demais. A grande proeza, sem dúvida, é revelar a pequena, mas rica, obra do compositor ao grande público. Trata-se de um desses raros casos em que o tempo corrige a injustiça no mundo das artes enquanto o autor ainda está vivo”, afirma o publicitário mineiro Ivan Pawlow, que assistiu recentemente a Procurando Sugar Man.

                            O roteiro se inspira nas tramas de ficção. Há pelo menos três guinadas na história, devidamente embaladas por canções de Rodriguez. As letras contribuem para dar ritmo ao filme, ainda que a música não seja a protagonista. Quando o documentário acaba, fica a pergunta: quantos artistas não amargaram o mesmo esquecimento experimentado por essa “ex-lenda”do pop?

                            “Tenho certeza de que há muitos casos como o de Rodriguez. No passado, muitos contratos assinados nunca foram pagos a artistas. Eles ficaram à mercê de gravadoras ricas. Hoje, graças à internet, não acho que haja mais tantos músicos perdidos”, conclui o jornalista Craig Strydow.

                            Realmente, a história agora é outra. Está mais para salve-se quem puder.




                            Saiba mais

                            DE VOLTA AO PALCO


                            Nascido em 10 de julho de 1942, o americano Sixto Rodriguez é um músico de folk radicado em Detroit. Filho de mexicanos, ele iniciou sua carreira na década de 1960. Lançou apenas dois discos até o início da década de 1970, quando desistiu dos palcos. “A música de Rodriguez toca as pessoas porque ele canta verdades universais”, afirma o jornalista Craig Strydom. O compositor voltou em 1997: fez turnês pela África do Sul e tem-se apresentado em outros países. Em abril, embarca para a Ásia. “O filme o apresentou a uma nova legião de fãs”, conclui o repórter. 

                            Intérprete da realidade - Ailton Magioli

                            Francisco Bosco conta que passou a escrever para lidar com o cotidiano. Escritor lança hoje o livro Alta ajuda 


                            Ailton Magioli

                            Estado de Minas: 19/03/2013 

                            Francisco Bosco, de 36 anos, recorre a postura contrária à do então ministro da Educação, Eduardo Portella, autor da clássica frase “eu não sou ministro, estou ministro”, para se posicionar publicamente. Atração do Projeto Sempre um Papo hoje à noite, no Teatro Oi Futuro Klaus Vianna, onde lança o livro Alta ajuda, o jovem poeta, letrista, filósofo e escritor carioca gosta de dizer que ele não está professor, mas é professor. “Embora desvinculado da universidade, dou diversos cursos e palestras, e não me considero menos professor do que ensaísta”, justifica o filho do cantor e compositor João Bosco, que volta a encarar o denominado “público leitor” ao vivo, mais uma vez, embora deteste a própria expressão.

                            “Estou sempre em contato com o leitor já que, para mim, leitor é toda e qualquer pessoa que tem a generosidade e a curiosidade de ouvir minhas ideias”, acrescenta Francisco Bosco. Para ele, o interesse do leitor quando vai ao encontro do autor é quase que exclusivo pelas ideias dele, não por sua pessoa.

                             “Não sou um leitor de biografias, por exemplo. As maiores biografias que conheço são as de Ulisses por Homero; de Dom Quixote por Cervantes; de Bentinho por Machado. Escrever a vida (biografar) é tarefa difícil, e são os ficcionistas, muito mais do que os biógrafos, quem dominam essa arte”, afirma.

                            Privilégios Como filho de artista, Francisco também faz questão de dizer que é mais um fã (“e dos maiores”) do pai João Bosco. “O que lamento é a obsessão que a mídia costuma ter com essa coisa de ‘filhos de famosos’ . É uma redução da dimensão pública à dimensão privada, do mundo das ideias ao mundo da fofoca. Subestima o leitor, pois parte do princípio de que o interesse dele é sempre voltado para o plano íntimo, o que é infantilizador”, lamenta.

                            “E ainda há nisso um princípio de transmissão de privilégios que, me parece, reproduz privilégios históricos na sociedade brasileira. E essa reprodução, por sua vez, logo se revira em vingança social: a mídia incentiva isso, para depois vingar-se, julgando com severidade redobrada os "filhos de famosos". Hoje em dia, isso só ocorre comigo residualmente, mas já foi forte”, acrescenta. Para o escritor, o contato fundamental entre autor e leitor é por meio do livro.

                            “Um autor é um autor por causa de sua obra; logo, se você quer conhecer um autor, deve conhecer sobretudo sua obra. No meu caso, minha obra pode ser conhecida por meio da minha fala tão bem quanto por meio dos meus livros (o mesmo não ocorre com ficcionistas e poetas)”. “Dito isso”, prossegue Francisco, “é claro que há sempre um charme especial no contato físico com um autor. Os autores que mais admiro, tenho sempre vontade de conhecer o grão da sua voz, seus gestos, o conjunto expressivo da sua pessoa”, admite.

                            Tudo e nada Sobre a naturalidade de refletir sobre o tudo e o nada, atribuída a ele pelo também autor José Miguel Wisnik, diz: “De um lado isso vem da minha história pessoal. Não sou um intelectual de gabinete; tornei-me escritor por necessidade urgente de interpretar a realidade à minha volta, que, muitas vezes, me feria. Sartre dizia, a propósito, que a criação não é um dom, mas uma saída que se inventa em situações desesperadas. Por outro lado, isso também se deve a meu encontro decisivo com a obra de Roland Barthes. Foi ele quem me ensinou que os fenômenos mais banais estão cheios de sentidos insuspeitados”.

                            Uma das maiores virtudes da web, segundo Francisco Bosco, tem sido a aproximação do autor de seus leitores. “A cultura se descentralizou e globalizou. Hoje, os artistas e intelectuais podem disseminar suas obras sem necessariamente passar pelas instâncias tradicionais de filtragem. No mundo digital, ninguém mais sofre de solidão subjetiva”, garante o escritor, para quem as redes sociais são a televisão do século 21. “Com a inestimável vantagem de que sua programação não é orientada por uma única ideologia nem por razões de mercado. Aprendo muito por meio das redes sociais.”

                            Depois de reunir em Alta ajuda os textos que escreveu ao longo dos últimos seis anos, publicados em jornais e revistas, Francisco anuncia que o próximo livro terá reunião de ensaios mais longos, que ele vem escrevendo também nos últimos tempos. “Mas ainda vai demorar”, avisa. Sobre a presença da poesia em sua obra, ele considera que ela vive no ensaísmo que pratica: “Meus textos são, como costumam ser os poemas, bem próximos da vida”.

                            FRANCISCO BOSCO – SEMPRE UM PAPO
                            Lançamento do livro Alta ajuda e bate-papo com o escritor, hoje, 20h, no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, Av. Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras. Entrada franca. Informações: (31) 3261-1501

                            Esperança contra a artrose-Bruna Sensêve‏

                            Norte-americanos criam terapia que impede o surgimento da inflamação nas articulações em ratos. Especialistas querem testar a técnica em humanos 


                            Bruna Sensêve

                            Estado de Minas: 19/03/2013 

                            A osteoartrite é uma das doenças mais comuns  na terceira idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 70% das pessoas entre 55 e 77 anos sofram com a inflamação, popularmente chamada de artrose e causada pela redução da cartilagem que protege as articulações. Agora, uma pesquisa divulgada por cientistas da Faculdade de Medicina Baylor e do Instituto Médico Howard Hughes, ambos nos Estados Unidos, apresenta uma nova frente de combate ao problema. A equipe de especialistas desenvolveu uma terapia genética que impediu o aparecimento do mal em ratos. A esperança é que, mais para a frente, o tratamento possa dar bons resultados em humanos.
                            Para alcançar o feito, publicado na revista científica Science Translational Medicine, os especialistas olharam para uma síndrome rara, de nome também estranho: artropatia-camptodactilia-coxa vara-pericarditis. Portadores desse mal, que surge na infância, são deficientes na produção de um tipo específico de proteína chamada lubricin, que ajuda na lubrificação das articulações. Nesses pacientes, o desenvolvimento da artrose é acelerado e pode acontecer ainda na infância.
                            “A partir desses dados, nos perguntamos: se uma deficiência em lubricin apressa a osteoartrite, níveis mais elevados poderiam proteger contra a inflamação?”, conta Brendan Lee, principal autor do estudo. Para testar a hipótese, ele e colegas produziram camundongos modificados geneticamente para que suas células produzissem lubricin em excesso. Os animais se desenvolveram normalmente e foram observados em detalhes até atingirem a velhice. Como esperado, suas articulações continuaram muito semelhantes às de roedores jovens, apesar do envelhecimento normal.
                            Os resultados levaram a equipe a buscar, então, uma forma de terapia gênica que pudesse ser aplicada em camundongos normais. O objetivo era alterar a informação genética das células produtoras de lubricin nos animais. Para tal, os pesquisadores utilizaram um vírus sintético que transportou a terapia até as células-alvo. O vírus foi injetado nas articulações dos animais e se espalhou pelo local, “infectando” as células com a nova “programação” gênica. Lee explica que, além de ajudar na lubrificação, a terapia alterou o metabolismo das células na cartilagem. “A proteína foi expressa durante toda a vida dos camundongos após uma única injeção”, ressalta.

                            Dificuldades Segundo Ricardo Fuller, chefe do grupo de osteoartrite e médico assistente do serviço de reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a artrose é multigênica e tem como característica uma série de fatores que, em conjunto, levam ao  desenvolvimento dela. “Pode ser que esteja produzindo pouco colágeno ou de má qualidade, produzindo pouco proteoglicano, os fatores de crescimento também precisam estar bem”, enumera.
                            Ele explica que a terapia gênica para o tratamento da artrose já é pesquisada há algum tempo, mas, segundo o médico, ainda não apresentou resultados expressivos porque não é tão poderosa como parece. “É difícil mudar todo o arcabouço genético de um indivíduo. Você não vai conseguir infectar todas as células dele. Outra coisa é que quando elas aumentarem a produção da substância, só esse fator será alterado. Se tem o joelho torto ou uma sobrecarga mecânica, isso não será trabalhado.”
                            Fuller considera que a perspectiva em humanos dessa terapia não é excelente. Iniciativas melhores para o tratamento biológico da artrose estariam na bioengenharia. A proposta seria a reconstrução da cartilagem artificialmente. “Um material inerte parecido com um andaime é preenchido por células novas que colonizam aquele espaço e são capazes de refazer um novo tecido. Mas também ainda é bastante inicial”, detalha Fuller. Antes de partir para testes em humanos, a equipe de Lee planeja testar a terapia genética em animais de grande porte, como cavalos, que sofrem de artrose de forma semelhante aos seres humanos.

                            Mal de muitas causas
                            As duas principais formas de inflamação nas articulações possuem causas diferentes. Enquanto a artrite reumatoide surge de uma reação autoimune do organismo, a osteoartrite costuma ser o resultado do desgaste da cartilagem nas articulações, um tecido resistente e flexível que tem como função principal o amortecimento e a proteção.
                            Essa cartilagem reduz o atrito, permitindo que os ossos deslizem uns sobre os outros — é o que garante, por exemplo, a flexão dos joelhos e dos braços. Ela é composta por uma parte não celular bastante especializada chamada de matriz, células denominadas condrócitos e algumas substâncias especializadas, como o colágeno e os protoglicanos. Para desempenhar suas funções, a matriz requer uma integridade perfeita, e os condrócitos são os responsáveis por isso. Eles trabalham ininterruptamente no serviço de manutenção, fabricando novas e melhores moléculas e retirando aquelas que não são mais adequadas.
                            Uma série de comandos e substâncias modula esse processo, calculando a quantidade, a velocidade e o tipo de produção de colágeno, assim como a própria degradação do tecido que não é mais apropriado. A artrose é a insuficiência desse tecido, isto é, um desequilíbrio em um ou vários pontos desse processo, seja a produção de um colágeno de má qualidade ou mesmo um desgaste maior que a capacidade de renovação.

                            Carga pesada A doença é uma indicação de que a cartilagem já não é capaz de suportar a carga sobre ela. Isso pode acontecer por uma série de fatores, como obesidade, problemas de postura, lesões e até mesmo excesso de atividades físicas que exigem o uso das articulações. Ao longo dos anos, esses problemas fazem com que a espessura da cartilagem diminua e ela se torne menos resistente. Outro possível motivo para a doença é o fator genético, que faria com que houvesse a deficiência de produção de alguma substância ou a criação de células perfeitas. Indivíduos com a rara que serviu de ponto de partida para o estudo norte-americano são exemplo dessa ocorrência. (BS)